Download Chereads APP
Chereads App StoreGoogle Play
Chereads

Sob o Destino de Uma História que Não É Minha.

Coragem7Amada7
--
chs / week
--
NOT RATINGS
347
Views
Synopsis
Yuki desperta no corpo de Hanami Kihisui, uma jovem desprezada em um mundo marcado por poderes elementares e conflitos iminentes. Tentando sobreviver nesse universo hostil, ela precisa lidar com a reputação controversa de Hanami e as consequências de suas escolhas. Em meio a mistérios, alianças inesperadas e a ameaça de uma organização sombria, Yuki luta para proteger quem ama enquanto desafia um destino cruel. Mas será que sua determinação será suficiente para mudar o curso de uma história já escrita?
VIEW MORE

Chapter 1 - Capítulo 1: Entre a Realidade e a Ilusão

Numa noite serena, sob a luz prateada de um astro que lembrava uma lua, em um canto mal iluminado, um garoto permanecia imóvel, encurralado contra a parede por uma garota. Ela era bonita e exibia um sorriso divertido nos lábios, como se estivesse desfrutando de um espetáculo particular.

"Ah, o que foi mesmo que você disse? Repete!" pediu a garota, o brilho travesso em seus olhos refletindo sua diversão.

"Eu... eu perguntei se você está livre amanhã," balbuciou o garoto, o rosto corando intensamente devido à proximidade entre eles e à posição em que se encontravam.

"Amanhã? Completamente livre," respondeu a garota, seu sorriso malicioso se ampliando enquanto aguardava o que viria a seguir.

"Bom... sabe, vai ter o evento dos luminares e..." Ele fez uma pausa, engolindo em seco antes de continuar, "eu queria te convidar para ir comigo. Um... um encontro, Hanami."

"O que faz você achar que eu sairia com você?" respondeu a garota, a zombaria evidente no tom de sua voz. Seu braço continuava prensando o garoto contra a parede enquanto a outra mão erguia o queixo dele, forçando-o a encará-la. Sem afastar o olhar, ela se inclinou, reduzindo ainda mais a distância entre os dois.

"Que audacioso... só porque tem um rostinho bonitinho, acha mesmo que eu vou dizer sim?!" disse ela, com um sorriso sarcástico se formando em seus lábios.

Antes que pudesse continuar, seu semblante mudou. A diversão zombeteira desapareceu de seus olhos, substituída por uma expressão de confusão repentina. Com calma, ela afastou a mão do queixo dele e retirou o braço que o prendia contra a parede. Em seguida, virou-se ligeiramente, soltando uma leve tossida.

Depois de alguns segundos em silêncio, a garota começou a se afastar, seus passos lentos e calculados. Mas, antes de desaparecer completamente, olhou por cima do ombro, seus olhos brilhando com diversão e um canto dos lábios arqueado em um sorriso enigmático.

"Está certo!" disse ela, com um tom casual, antes de finalmente sair de vista.

O garoto permaneceu atordoado, fixando o olhar no lugar onde ela estivera, até que sua figura desapareceu completamente. Passaram-se alguns minutos, e, de repente, a ficha caiu.

"Ela disse sim, não é?!" perguntou a si mesmo, com uma alegria confusa tomando conta de sua expressão. "Isso foi um sim, certo?!" insistiu, o tom de voz subindo. "Não é?!" enfatizou mais uma vez, a dúvida lutando contra o entusiasmo que crescia dentro dele.

Convencido de que havia obtido uma resposta positiva, ele finalmente relaxou.

Mas então, lembrou-se de um detalhe importante.

"Droga! Eu deveria ter perguntado o horário!" resmungou, esfregando a nuca com frustração. Por um momento, encarou o céu, ainda com um sorriso bobo no rosto. "Bom, eu posso perguntar amanhã... ou talvez ela me diga quando nos encontrarmos." Apesar da pequena falha, a esperança alegre em seus olhos não diminuiu.

________________________________________

Enquanto isso, a garota caminhava sem rumo, os passos cada vez mais lentos, até parar de repente. Olhou para os lados com cautela, como se procurasse algo ou certificasse que estava sozinha. Após alguns segundos, soltou um longo suspiro, seus ombros relaxando ligeiramente.

"Então é isso," murmurou, com um tom baixo, quase inaudível. Sua expressão zombeteira de momentos atrás havia desaparecido, dando lugar a algo mais ponderado, como se estivesse avaliando as consequências do que acabara de acontecer.

"Você realmente gosta de se isolar, hein, Hanami?" A voz feminina surgiu inesperadamente por trás dela, fazendo-a virar rapidamente. Sua colega de quarto estava ali, com um sorriso brincalhão no rosto, os braços cruzados. "Ou deveria dizer... 'encurralar inocentes'?"

Hanami - ou melhor, Yuki - tentou disfarçar sua surpresa com um sorriso sem graça. "Não estava me isolando... só precisava de um momento de paz," respondeu, tentando soar casual.

"Ah, claro, paz," respondeu a colega, arqueando uma sobrancelha. "E é por isso que você estava se divertindo tanto com aquele garoto, certo?"

"Eu... só estava brincando," disse Yuki, desviando o olhar enquanto tentava parecer relaxada. "Nada demais."

"Hum, entendi. Bom, não vou te julgar. Só achei curioso, considerando como você tem sido nos últimos dias." A colega deu de ombros, mas seus olhos demonstravam uma curiosidade genuína. "De qualquer forma, é tarde. Vamos voltar para o quarto antes que nos coloquem de castigo."

Enquanto caminhavam em direção a algum lugar, Yuki fazia o possível para não parecer que estava simplesmente seguindo a outra garota. Controlava-se para não olhar demais para os lados, temendo que isso entregasse o quanto desconhecia o ambiente. Ainda assim, sua curiosidade venceu por um momento. Aproveitando a luz suave da 'lua' antes de entrarem em um corredor mal iluminado, ela observou a garota à sua frente.

Os cachos eram do tipo 3b, estilizados em um penteado geométrico com liguinhas. O topo do cabelo era dividido em pequenas seções, cada uma presa com as liguinhas, formando padrões de linhas ou "X". O restante do cabelo cacheado castanho-escuro caía solto, destacando o volume e a textura natural. Seus olhos pretos refletiam uma confiança tranquila, enquanto sua pele de tom médio, com um subtom neutro, parecia impecável. Três pequenas pintas decoravam seu rosto: uma no canto do olho, outra na bochecha e uma próxima à orelha, alinhadas de forma que lembravam as 'Três Marias' do céu.

Ela é muito bonita, pensou Yuki, genuinamente surpresa, abaixando o olhar de forma discreta.

Elas chegaram a uma porta que parecia ser de madeira, com detalhes entalhados. Yuki tentou forçar a visão, franzindo ligeiramente os olhos para captar mais dos desenhos na porta, mas a fraca iluminação tornou o esforço inútil. Com um suspiro discreto, desistiu, mantendo o foco na garota à sua frente.

Ao abrir a porta, a colega de quarto entrou rapidamente e, sem cerimônia, jogou-se na cama. Entre um bocejo e outro, resmungou:

"Ei, não sai mais para fora para paquerar. Não vou te proteger da próxima vez que o 'Vegiador' perguntar onde você estava depois do horário de recolher," disse, ajustando um tapa-olho sobre os olhos. Sem esperar resposta, virou-se de lado, dando as costas para Yuki, e começou a respirar lentamente, já adormecendo.

Yuki entrou logo em seguida, fechando a porta atrás de si com cuidado. O silêncio do quarto era quase reconfortante, mas também pesado. Sem saber ao certo o que fazer, ela caminhou até a única cama de solteiro disponível, no lado oposto da garota, presumindo que fosse a sua. Sentou-se por um instante antes de deitar, tentando se acostumar com a escuridão que preenchia o espaço.

Com o corpo cansado e a mente girando em pensamentos, Yuki se forçou a acreditar que aquilo era apenas uma ilusão. "Talvez, quando eu acordar, tudo isso seja só um sonho... só um pequeno sonho," murmurou para si mesma. Agarrando-se a essa esperança, fechou os olhos. A calmaria do ambiente escuro a envolveu, e, sem perceber, ela adormeceu.

________________________________________

O som agradável do canto dos pássaros encheu o ar, enquanto um feixe de luz atravessava a janela, atingindo os olhos da garota que dormia tranquilamente. Sua colega, já acordada e terminando de calçar um par de botas pretas de couro, lançou-lhe um olhar julgador, quase como se condenasse cada segundo de sono da 'bela adormecida'.

"Por quanto tempo você pretende ficar aí? Se não se levantar logo, vai perder não só o café da manhã, mas também a primeira aula do professor Joseph!" disse a garota, ajustando a última bota com firmeza.

A garota na cama franziu os olhos ao som irritante da voz insistente. Ainda sonolenta, resmungou algo inaudível antes de abrir lentamente os olhos, que pareciam lutar contra a luz. Confusa, começou a avaliar o ambiente à sua volta. Era Yuki, que agora se encontrava em um quarto completamente diferente do que conhecia, mas que, de algum modo, parecia estranhamente familiar. Um déjà-vu a invadiu, trazendo consigo uma onda de pensamentos desconexos.

Isso é... pensou, sentindo a realidade começar a se estabelecer. Então, não era mesmo um sonho... Ou será que ainda não acordei?

Ignorando temporariamente os protestos irritados de sua colega de quarto, Yuki deixou seu olhar vagar pelo ambiente. Com a iluminação adequada, pôde finalmente observar os detalhes do quarto antes ocultos pela penumbra. As paredes eram de um tom neutro: cinza com um sutil subtom azulado. As camas de solteiro, feitas de madeira robusta, tinham duas gavetas embutidas e eram acompanhadas por baús ao pé de cada uma. Uma estante com estrutura metálica preta e prateleiras de madeira dominava uma das paredes. Com quatro prateleiras abertas na parte superior e dois compartimentos com gavetas na parte inferior, sua aparência era funcional, mas elegante.

Espalhadas pela estante e por alguns cantos do quarto, as decorações variavam entre objetos familiares e outros completamente desconhecidos, quase alienígenas aos olhos de Yuki. A cama ao lado estava impecavelmente arrumada, em completo contraste com a sua, que agora mais parecia um ninho de caos.

Após uma breve análise do ambiente, ainda sonolenta, Yuki desviou o olhar para sua colega de quarto. Seus olhos se fixaram nas roupas da garota, analisando os detalhes com mais atenção do que pretendia.

A colega pareceu desconcertada com a troca repentina do foco de Yuki, que antes estava no quarto e agora recaía diretamente sobre ela. Com um pigarro leve e desconfortável, ela pegou um fichário preto que estava sobre a cama e começou a se dirigir à porta.

"Ugh, vê se não demora muito, o professor Joseph não é alguém que você queira irritar!" Após dizer isso, saiu, deixando uma Yuki desorientada e lamentável sozinha no quarto, mergulhada em seus próprios pensamentos.

________________________________________

Em uma sala de aula em formato de anfiteatro, a colega de quarto de Yuki já estava sentada em uma das fileiras de assentos dispostas em amplos semicírculos. O espaço era bem projetado, com áreas generosas para circulação. Cada mesa de madeira polida refletia a luz suave e mística que emanava de um cristal flutuante no teto, cercado por pequenas esferas coloridas que pulsavam levemente. As paredes, parcialmente adornadas com estantes repletas de tomos antigos, também exibiam vitrais iluminados com desenhos simbólicos que pareciam ter significados ocultos.

No meio do anfiteatro, um garoto estava sentado, seus olhos fixos na entrada da sala. Ele parecia ansioso, claramente esperando alguém. A cada aluno que passava pela porta, sua expectativa aumentava, mas logo diminuía. Quando uma dúzia de alunos atrasados entrou correndo, ele se endireitou, apenas para desanimar novamente ao perceber que quem ele aguardava não estava entre eles. Esse lamentável garoto não era outro senão aquele que fora prensado contra a parede por Yuki na noite anterior.

Momentos depois, o silêncio se instalou na sala. A porta ao fundo foi aberta, e o professor Joseph entrou com passos firmes, indo diretamente para a mesa do instrutor, localizada no centro do fundo da sala. Sua presença autoritária encerrou as conversas restantes entre os alunos, que se sentaram rapidamente, ajustando suas posturas.

O garoto soltou um suspiro, lançando um último olhar para a entrada antes de resignar-se. Ela vai se atrasar... ou talvez nem venha? pensou, um misto de decepção e dúvida em sua expressão.

Depois de cerca de trinta minutos, Haruki, já aceitando que a garota que tanto esperava provavelmente não apareceria por conta do horário, foi surpreendido ao vê-la entrando cautelosamente pela porta. Seus olhos se arregalaram ao perceber que era realmente ela. Para seu espanto, além de estar atrasada, Hanami estava uniformizada de maneira impecável, algo que não combinava com a personalidade que ele conhecia.

Ela caminhou em silêncio até a penúltima fileira, procurando não atrair mais atenção do que já havia causado. Haruki, que a observava atentamente, mal conseguia disfarçar sua perplexidade e alívio.

No entanto, o professor Joseph, conhecido por sua postura calma e relaxada, mas também por seu rigor com regras, interrompeu a tranquilidade da sala ao notar a entrada tardia. Sua voz ecoou pelo espaço, firme e clara:

"Hanami?! Não preciso dizer que este não é mais um horário aceitável para entrar em sala. Só não pedirei que se retire porque já está aqui, mas, após o término das aulas de hoje, compareça à sala dos professores."

Yuki, sentada, congelou por um instante ao ouvir a reprimenda. A sala inteira ficou em silêncio enquanto os alunos trocavam olhares curiosos e furtivos. Após alguns segundos de hesitação, ela acenou com a cabeça em compreensão, tentando evitar qualquer confronto adicional.

Haruki, por sua vez, soltou um suspiro de alívio ao vê-la sentada e segura, mas não conseguiu evitar que a confusão o invadisse. Ela veio... ainda bem. Mas o que deu nela? pensou, enquanto desviava o olhar rapidamente para evitar parecer meio óbvio.