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Chapter 3 - Capítulo 3: Um Raio de Incerteza

O dia estava cinzento quando Lorena chegou ao centro oncológico de Nova York. O prédio, moderno e imponente, parecia intimidante. As pessoas entravam e saíam com expressões variadas: algumas com esperança, outras com o peso da preocupação evidente em seus rostos.

Lorena segurava sua bolsa com força, sentindo o coração disparar. Ela havia deixado Beatriz com Ana novamente, prometendo que não demoraria. Mas, no fundo, não sabia quanto tempo levaria nem o que esperar.

Ao se anunciar na recepção, foi conduzida a uma sala de espera pequena e silenciosa. O som de uma televisão ligada no noticiário ao fundo parecia distante enquanto ela tentava organizar os pensamentos. Não demorou muito para que uma enfermeira a chamasse.

Enfermeira: (com um sorriso gentil) Senhora Lorena, o Dr. Michel irá atendê-la agora. Pode me acompanhar, por favor?

Lorena assentiu, seguindo a enfermeira por um longo corredor. As paredes eram decoradas com quadros de paisagens serenas, mas nada parecia capaz de acalmar sua mente.

Ao entrar no consultório, ela encontrou o Dr. Michel. Ele tinha cerca de 40 anos, um semblante sério, mas acolhedor, e os olhos carregavam uma mistura de empatia e profissionalismo. Ele se levantou para cumprimentá-la.

Dr. Michel: (gentil) Bom dia, senhora Lorena. Por favor, sente-se.

Ela se sentou lentamente, sentindo as mãos suarem enquanto o médico folheava o prontuário que havia recebido. Após alguns segundos de silêncio, ele levantou os olhos para ela.

Dr. Michel: (calmo) Eu revi os resultados dos exames que você trouxe, e eles indicam a presença de um tumor nos pulmões. Mas antes de qualquer coisa, precisamos refazer todos os exames aqui no centro oncológico.

Lorena piscou, confusa.

Lorena: (hesitante) Refazer? Mas... os exames anteriores não são suficientes?

Dr. Michel: (paciente) Não. Precisamos de dados mais precisos. É importante confirmar o diagnóstico e entender exatamente o estágio da doença. A partir disso, poderemos traçar o melhor plano de tratamento para você.

Ela sentiu um nó na garganta. A palavra "tratamento" parecia tão definitiva, tão pesada.

Lorena: (com a voz trêmula) E como funciona esse tratamento?

Dr. Michel: (explicando) Depende do que confirmarmos nos novos exames. Em casos como o seu, geralmente utilizamos uma combinação de quimioterapia, radioterapia ou, em alguns casos, imunoterapia. Tudo será planejado com base nos resultados.

Lorena assentiu lentamente, tentando processar a enxurrada de informações.

Lorena: (quase sussurrando) É muito caro, não é?

Dr. Michel: (honesto) Infelizmente, sim. Mas podemos discutir alternativas e auxílios financeiros disponíveis. Não quero que você se preocupe com isso agora.

Ela engoliu seco, mas a pergunta que estava queimando dentro dela não pôde ser contida por mais tempo.

Lorena: (em lágrimas) Quanto tempo eu tenho?

Dr. Michel ficou em silêncio por um momento. Ele pousou o prontuário sobre a mesa, inclinando-se ligeiramente para frente, como se quisesse oferecer algum tipo de conforto.

Dr. Michel: (sincero) É impossível dizer, Lorena. Cada caso é diferente, e muitos fatores influenciam. Não gosto de estabelecer prazos porque, às vezes, podemos superar as expectativas.

Lorena: (desesperada) Mas eu tenho uma bebê de seis meses para criar. Ela precisa de mim.

A voz dela quebrou no final da frase, e ela levou as mãos ao rosto, tentando conter o choro. Dr. Michel sentiu uma pontada de compaixão. Ele havia atendido muitos pacientes ao longo dos anos, mas sempre que uma mãe jovem estava diante dele, a situação parecia mais difícil.

Dr. Michel: (calmo) Lorena, entendo que é assustador, mas o importante agora é focar no que podemos fazer. Vamos refazer os exames, entender exatamente o que estamos enfrentando, e então traçaremos o melhor caminho.

Ela ergueu os olhos para ele, tentando encontrar alguma esperança em suas palavras.

Lorena: (hesitante) E se não der certo?

Dr. Michel: (gentil) Não quero que pense nisso agora. Vamos nos concentrar no próximo passo. Você não está sozinha, Lorena.

As palavras, embora simples, trouxeram um pequeno alívio. Pela primeira vez em dias, ela sentiu que talvez pudesse enfrentar o que estava por vir, mesmo que ainda estivesse apavorada.

Lorena: (sussurrando) Obrigada, doutor.

Ele assentiu, entregando-lhe uma ficha com os pedidos de exames.

Dr. Michel: (sorrindo suavemente) Vou acompanhar tudo de perto, ok? Qualquer coisa, você pode me procurar.

Ela saiu do consultório com a cabeça cheia e o coração pesado, mas com uma pequena faísca de esperança. Enquanto atravessava novamente os corredores do centro oncológico, pensava em Beatriz, no rosto inocente da filha que dependia dela.

Lorena: (pensando) Eu não posso desistir. Não por ela.

A caminhada até a saída foi mais lenta, como se cada passo fosse um novo compromisso com a luta que estava por vir. Ela sabia que o caminho seria difícil, mas, de alguma forma, sentia que poderia contar com o Dr. Michel para ajudá-la a atravessar essa tempestade.