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Chapter 3 - A chegada

Quando Elvira alcançou a sua propriedade, ela não comprimentos ou reconheceu uma única alma que lá vivia. Ela seguiu o seu caminho pelas poucas ruas da pequena aldeia até chegar ao seu pequeno castelo e entrou pelas grandes portas duplas de madeira escura como se houvesse um exército atrás dela.

"Vixtra!", chamou enquanto percorria o longo corredor até o seu escritório, sabendo que a pequena elfa a encontraria lá.

Ela conseguiu identificar os longos cabelos loiros da pequena elfa mal ela entrou na sala. Vixtra era considerada baixa para a sua espécie ainda que estivesse na altura média para as mulheres deste mundo. Ela tinha os olhou de um tom azul claro e a sua pele era de um tom rosado que destacava os seus traços afiados e orelhas pontudas. Ela tinha aparecido na sua porta vários séculos atrás, tendo sido exilada do seu povo por causa da sua altura minuta que não combinava com o seu domínio de nível Alfa. Ela tinha pedido a ajuda de Elvira, embora a temesse, e nunca deixou a pequena aldeia desde então, sendo agora o seu braço direito.

"Senhora" Vixtra comprimentos com uma leve reverência quando Elvira se sentou na sua cadeira no outro lado da mesa " Em que posso ajudar?"

Elvira acenou-lhe com a cabeça levemente e fez sinal para que ela se sentasse à sua frente. Quando a elfa estava acomodada confortavelmente na sua cadeira, ela falou.

" Vamos receber dois visitantes em breve, um homem e uma menina." ela esperou por uma reação antes de continuar, recebendo uma quando Vixtra acenou em compreensão, " Quero que espalhes a notícia na aldeia para que todos se preparem para a sua chegada. Eles devem chegar em dois dias, talvez três. Quero aposentos preparados para eles aqui mesmo, no castelo. Eles devem ser encaminhados para mim logo após a sua chegada. Isso está claro?"

Vixtra tremeu mentalmente, os calafrios a descer pela sua espinha com a força na voz de Elvira, mas acenou com a cabeça, levantou-se e com uma pequena reverência, saiu do escritório. Elvira percebeu o desconforto da pequena elfa, mas nada foi despertado dentro de si em relação a Vixtra. Não como tinha acontecido com o homem e a menina no prado. Isso intrigou-a, o facto de que uma mulher que estava com ela à séculos, que lhe oferecia a sua lealdade e amizade à séculos, não conseguiu fazer surgir nela uma pequena onda de emoção como dois estranhos que nunca tinha visto antes conseguiram.

Ela inclinou-se mais na sua cadeira, deixando-a suportar o seu peso e balançou as pontas dos dedos, brincando com as sombras que emergiam da sua pele e escorregavam entre eles. Algo surgiu dentro dela, um empurrão começou no fundo do seu peito e ela estremeceu com a sensação desconhecida. Levou a sua mão desocupada de sombras ao peito, massageando-o como se isso fizesse a sensação ir embora. A mente dela vagou, os seus sentidos atraídos numa direção diferente e ela deu por si a segui-los de boa vontade, o aperto no seu peito empurrando-a mais fundo na sua mente para pensamentos agora rechados com uma menina e uma risada inocente, e uma voz masculina intoxicante na sua doçura e suavidade. A sensação no seu peito empurrou-a mais fundo, fazendo-a querer mais...

" Mais do quê?" ela sussurrou na sala vazia e de repente, deu-se conta de que a sensação desconhecida no seu peito era na verdade uma emoção, um sentimento. Curiosidade, algo que lhe foi negado devido à sua natureza, despertava dentro dela em relação às duas inocentes criaturas que caminhavam pela sua terra. Uma necessidade crescente dentro dela encorajou-a a seguir o sentimento e a satisfazer a sua curiosidade e ela convidou a sua magia, a parte mais íntima dela, mais ela do que qualquer outra parte sua, a mostrar-lhe o que sabia sobre eles.

A sua magia rodopiou dentro dela ao seu pedido, ao seu comando, e espalhou-se pelas suas veias como um ardor gelado, mas quando alcançou os seus olhos, pronta para lhe mostrar o que sabia, dor alcançou a sua cabeça, deixando-a tonta e sensível enquanto pintava a sua visão de branco. As suas mãos subiram à sua cabeça, e ela alcançou a sua magia novamente, pronta para congelar a ameaça e curar o dano cometido. Ela atacou, desejando que a sua magia tivesse um efeito calmante e refrescante, mas a queimadura piorou e a dor ameaçou engoli-la, um frito estrangulado escapou dos seus lábios antes que ela pudesse impedir e ela deixou a sua magia escapar, incapaz de segura-la. A dor cessou completamente, fazendo-a pensar que estava na sua imaginação , mas quando alcançou a sua magia novamente, percebeu que elea estava crua, como se tivesse sido usada de forma destreinada e parecia estar quase esgotada, escapando ao seu toque, o que devia ser impossível. Ela era uma Deusa, a sua magia vinha do próprio Universo, não se podia esgotar por nenhuma razão além da falta de crença, mas quem não acredita na morte quando ela é uma parte tão importante da vida? E ainda assim... Lá estava ela, com a magia desgastada, a cabeça sensível e dor tão intensa que a tinha feito gritar ainda que fracamente. E a curiosidade permanecia, aquela necessidade de saber mais sobre os visitantes só crescia conforme o tempo passava.

Ela deixou-se escapar, alcançando dentro de si um lugar que a impedia de sentir a sua curiosidade, uma sensação que fez com que ela usasse a sua magia de uma forma que o Equilíbrio não aprovava. Bem, se ela não pudesse usar a sua magia para saber mais sobre os visitantes, ela apenas teria de usar a magia de outra pessoa.

Com o seu propósito renovado e um novo destino em mente, ela levantou-se e partiu, prometendo a si mesma estar de volta a tempo de receber os seus visitantes.

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A Floresta de Prata era tão mágica quanto as histórias diziam, Lúcios percebeu. Até eles chegarem ao prado de flores que marcava a fronteira da floresta mágica, não havia nenhuma prova de que a magia ou de que as criaturas de que ele tinha ouvido falar enquanto criança eram verdadeiras. Não havia troncos a cair no seu caminho, nem corvos a ataca-los ou flores venenosas a persegui-los enquanto exploravam a trilha. A floresta era quieta e os seus habitantes mantinham-se para si mesmos, não se deixando abalar pela presença deles. Era quase acolhedora na sua presença se não fossem os galhosa ficarem presos nas suas roupas e cabelos e a dificuldade de encontrar água para ele e Lília. Quando chegaram ao prado algo mudou, a felicidade e o alívio pareceram inunda-lo e Lilia saiu de perto dele numa corrida, ansiosa para brincar com as flores. Quando ele finalmente a alcançou, estavam os dois com sorrisos enormes. Mas a sua preocupação não tinha desaparecido, ainda não. Ele sabia que a jornada até lá era a parte mais fácil, seria a entrada no coração da floresta a traria os desafios e os ataques dos monstros que habitavam a floresta, protegendo a sua dona. No entanto, pouco depois de entrarem, com Lilia firmemente enrolada no seu colo para o caso de terem de fugir de algo, um galho surgiu na frente dele, bloqueando o seu caminho, impedindo que ele passasse por cima, por baixo, pela esquerda ou pela direita movendo-se com ele. Assustado com o comportamento da árvore prateada à sua direita, ele aconchegou Lilia melhor no seu colo, ajustando o seu aperto e preparando a sua magia para lançar um escudo caso a árvore decidisse atacar. Era ridículo mesmo, atacado por uma árvore! Mas a apreensão crescia dentro dele e ele defender-se-is a si e à sua filha, mesmo que fosse de uma árvore. Lília, inquieta, espreitou por cima da sua manta, observando os movimentos dançantes do galho e soltou uma risada divertida. O galho saltou, como em surpresa, sacudiu-se mais violentamente e depois, quando a risada de Lilia cresceu, parecendo crescer em orgulho, desprendeu madeira de um dos seus lados e apontou para a sua esquerda.

Lúcios observou, com certa surpresa, a sua filha inclinar-se para a frente com a mão estendida, com os olhos arregalados de admiração, como se fosse acariciar o galho. Antes que ele pudesse impedi-la de alcançar a árvore, outro galho se descolou da árvore e se enrolou na mãozinha esticada de Lília, balançando-a gentilmente e depois acariciando a sua bochecha rechonchuda, fazendo-a soltar um espirro, com uma careta adorável e soltar mais uma risada.

Depois de se empertigar e apontar novamente para a esquerda, o galho recolheu -se em si mesmo e voltou para a sua árvore. Decidindo seguir o conselho da árvore, Lúcios olhou para a sua esquerda, coberta por árvores, e mesmo questionando a sua lucidez, deu um passo nessa direção, esperando ter feito a escolha certa. O chão tremeu levemente e Lúcios parou, certo de que havia caído numa armadilha. No entanto, quando as árvores desprenderam as suas raízes do solo e abriram caminho para eles, Lúcios deixou que a sua suspeita se despertasse e seguiu em frente, soltando um suspiro de alívio quando nada aconteceu depois de dar uns passos. Ele baixou o seu olhar para a sua filha, que parecia terrivelmente animada enquanto olhava para a floresta e prendeu firmemente as perninhas da menina ao seu redor para seguir o caminho que a floresta escolheu para eles.

Foi assim que seguiram os dois dias seguintes de viagem, Lilia ou no colo de Lúcios quando estava cansada ou de mão dada ao seu lado, seguindo o caminho que a floresta abria para eles, comendo as frutas e sementes que ela fornecia, bebendo água que ela lhes mostrava e dormindo onde estavam ao raiar da noite com os galhos das árvores encantadas da floresta como proteção. As árvores e os animais pareciam saber quando Lilia se aborrecia, chamando pássaros para brincar com ela, montando diferentes formas com os seus galhos e balançando-a entre eles, causando risadas da pequena bruxa e evitando o seu mau-humor. Sempre que Lúcios tentava ir nela direção diferente do que a floresta mostrava, ela impedia-o, as árvores tapando a passagem e galhos batendo nas suas pernas para o mandar na direção certa. Nenhum monstro os atacou apesar de ele ouvir provas da sua existência à distância. Foi na terceira manhã que Lúcios ouviu algo diferente do barulho típico da floresta. Barulho muito parecido com o que ele ouvia na aldeia onde morava anteriormente. Ele olhou para Lília, que no momento estava adormecida no seu colo , com a cabeça apoiada no seu ombro e beijou a sua cabeça. De alguma forma, ele sabia que era para aqui que as árvores os conduziam. Ele avançou entre a florestação, espreitando através de uma árvore para a civilização à sua frente.Uma aldeia, ou melhor, uma vila, ele decidiu. Era demasiado grande para ser uma aldeia. As cores chamavam à sua atenção, os telhados das diferentes casas em madeira ou pedra pintados de diferentes cores que se misturavam. Havia tecidos de cores ricas pendurados nas janelas das casas, roupas ele percebeu. E o barulho, havia música, havia conversa, cavalos a relinchar e carroças e carruagens a passar. Havia tilintares de metal e ele sobressaiu-se quando um grande sino suou à distância , batendo uma, duas, três vezes antes de parar, cedo demais para ele perceber de onde vinha. As pessoas, tantas pessoas que pareciam formigas à distância, moviam-se desornadamente. E eram todas tão diferentes, havia bruxas, animais de todo o tipo(shifters, com certeza), elfos...

Atraído pela visão, ele saiu da proteção das árvores, sussurrando um agradecimento e sentindo-se tolo por esperar uma resposta. Ele ajustou a criança no seu colo, respirou fundo algumas vezes e avançou em direção à vila, parando quando avistou algo ao longe.

No centro da vila, uma construção erguia-se, um castelo negro, uma poça de escuridão no meio da vila colorida... Era enorme, tinha três torres mas essa era a única fonte de proteção à vista, sem ponte, sem fossos, sem muralhas. Parecia completamente desprotegido, com as inúmeras janelas, enormes e resplandecentes, constituindo pontos fáceis de entrada, além do enorme portão que estava aberto. Ele percebeu que também não havia muros ao redor da vila, nada impedindo a passagem das pessoas ou guardas a verificar quem entra. Ele retomou a caminhada , ainda admirado pela vista da vila à sua frente.

Num momento eles estavam na floresta, no outro eles estavam na estrada principal da vila. Eles destacaram-se imediatamente, as pessoas parecendo reconhecer que eles não faziam parte da pequena vila, e ele deu por si a encolher os ombros, tentando tornar-se menor enquanto escondia mais Lilia da vista. Ele chamou a sua magia, mas o seu lobo estava relaxado na sua mente , não se sentindo ameaçado, da mesma forma que estiveram durante toda a jornada. A pequena continuava adormecida no seu abraço, alheia ao que acontecia ao seu redor.

Depois de alguns olhares de canto e cochichos enquanto ele passeava pelas ruas, uma mulher aproximou-se deles. Ela usava um vestido verde escuro longo e um avental à cintura e gesticulou para ele, chamando-o para mais perto.

Ela tinha a pele de um azul suave, o mesmo dos seus olhos, embora o seu cabelo longo e trancado fosse de um azul mais escuro. Ela era alta e magra e o cabelo amarrada chamava a atenção para as orelhas pontudas dela. Uma elfa, e uma beta, ele percebeu quando chegou mais perto dela, surpreso por ainda conseguir ser mais alto que ela.

"Visitantes, sim?" - ela perguntoue continuou sem esperar por uma resposta - " Sou a Gwendolyn, dona da taverna no final desta rua. Vixtra espera por vocês lá, ela vai levar-vos onde precisam ir."

Mais uma vez sem esperar resposta ou dar tempo de fazer uma pergunta, ela virou-se e foi embora, parecendo ir para o lado oposto da taverna.

Sentindo que ele não teria muita escolha no assunto e desejando uma cama e algo para comer, ele mais uma vez ajustou Lilia no seu colo e seguiu em frente, em direção à taverna.

Era um edifício simples, projetado em madeira, com duas janelas pequenas espreitando para a rua mas dava para perceber que era movimentada mesmo àquela hora do dia, dicas de som passando para o exterior. Ele abriu a porta, passando por ela e sendo logo banhado em calor, o cheiro de suor e cerveja a encher as suas narinas, o som de gritos e música a encher os seus ouvidos e acordando Lília com um susto. Ela estudou rapidamente o ambiente ao seu redor antes de começar a chorar e enquanto ele tentava acalma-la, o barulho foi diminuindo ao seu redor. A música alta foi diminuindo para algo mais suave e os gritos altos foram diminuindo a intensidade para conversas agradáveis que nada mais pareciam que simples barulho de fundo. Lilia ainda tinha a cabeça escondida no seu pescoço e as lágrimas da menina caiam na sua pele descoberta, fazendo o seu coração doer com preocupação culpa para não ter acordado a menina antes de entrar, para que ela não ficasse chocada com a quantidade de barulho. Até mesmo Lúcios estava meio encolhido na entrada, recuperando-se da sua audição abusada enquanto esfrega círculos reconfortantes nas costas de Lília. Ele fez barulhos calmantes na orelha de Lilia, beijando o seu cabelo e sussurrando para ela, enquanto os seus soluços diminuíam. Alguns olhares preocupados surgiram na multidão, apesar de ninguém se oferecer para ajudar. Uma pequena mulher, outra elfa, esta de pele rosada, cabelos loiros e os mesmos olhos azuis de Gwendolyn surgiu de entre as mesas com pessoas recuando abrindo caminho para ela. Ele não entendeu porquê até poder olhar diretamente nos olhos dela e o poder do domínio Alfa dela lhe bater em cheio, fazendo-o desviar os olhos rapidamente para o chão e um nó apertar-se na sua garganta. Ele engoliu em seco e recuou conforme ela se aproximava, mudando ligeiramente a posição de Lilia para que ela estivesse mais escondida da vista da Alfa. Quando enfim ele bateu com as costas na parede, quase magiando a sua filha e não tinha mais por onde recuar, a elfa falou.

" O meu nome é Vixtra, eu estava à vossa espera" - os olhos da mulher percorreram o seu corpo e o pequeno corpo soluçante de Lilia, que ainda se agarrava e escondia no seu pescoço. Parecendo notar as ondas de dominação que emanava, ela suavizou a sua postura e tornou a sua aura mais acolhedora, fazendo-o e Lilia relaxarem um pouco. Agora sem os soluços de Lilia, ele podia respirar com mais facilidade. Ele estendeu a mão para a elfa, mantendo os olhos na altura dos seus joelhos, e apresentou -se quando ela a apertou com a dela.

" Sou o Lúcios e está é a minha filha, Lilia"

" Prazer em conhecê-lo Lúcios." - ela respondeu - " Nos devemos ir, a minha chefe não gosta muito de esperar, e ela conta com a vossa presença "

Ele desanimou um pouco, uma pontada na barriga lembrando-o da fome que tanto ele como com certeza Lilia sentiam, mas não reclamou. Em vez disso, interrogou com a maior suavidade possível, não querendo antagonizar a elfa.

" A sua chefe?"

" Sim, a minha chefe."- ela declarou- " Elvira... E ela espera por vocês."