Chereads / BATMAN: CIDADE DO MEDO | Por: Pedro Tobias / Chapter 4 - Capítulo 4 - Códigos e Mentiras

Chapter 4 - Capítulo 4 - Códigos e Mentiras

O Batmóvel avança pelas ruas escuras de Gotham até se aproximar de South Gotham. Batman estaciona em uma área oculta, aproveitando a cobertura natural de sombras que a linha de metrô desativada oferece. Esse antigo ramal, pertencente às Indústrias Wayne, havia sido abandonado há anos e estava praticamente fora do radar. Era o esconderijo perfeito para operações criminosas.

Batman sai do veículo e avança em silêncio, os passos leves e calculados. Ele atravessa um corredor de concreto gasto pelo tempo, movendo-se como uma sombra, cada movimento executado com precisão e cautela. Logo, ele se posiciona acima de uma plataforma com uma visão clara para o ponto onde as negociações estão acontecendo.

Ao longe, ele avista um grupo de homens armados ao redor de caixas empilhadas, algumas delas marcadas com símbolos de contrabando. A conversa baixa deles se mistura com o som ecoante de gotas de água pingando do teto, criando um ambiente de tensão. Um homem, claramente o líder, confere o conteúdo de uma das caixas, revelando pequenos pacotes transparentes contendo drogas — todas identificadas com um discreto logotipo dos Falconi.

— Tudo parece em ordem, mas vocês sabem o combinado. Nada sai daqui sem o aval do chefe — diz o líder em um tom ameaçador, lançando um olhar frio para o outro grupo, que parece composto de intermediários locais, talvez chefes menores dentro do esquema de distribuição.

— E o preço? Ele subiu? — questiona um dos compradores, hesitante, tentando manter a voz firme.

— Preço? — o líder repete, com uma risada debochada. — Se o chefe decidiu que vai custar mais, é assim que vai ser. Vocês fazem o trabalho de distribuir, mas a última palavra é nossa.

Batman escuta atentamente, analisando os detalhes da transação. Os homens parecem impacientes, mas ninguém ousa contrariar o líder, o que só reforça a influência dos Falconi nesse setor. Ele se abaixa e ativa o sistema de escuta do traje, gravando a conversa para possíveis pistas. Silenciosamente, ele se desloca para um ângulo mais próximo, escondendo-se nas sombras de um antigo pilar enferrujado, observando como os compradores recolhem os pacotes.

Os vendedores observam enquanto os compradores se afastam, aliviados por terem finalizado a negociação. Assim que os compradores desaparecem pela escuridão, um dos vendedores, um homem de expressão dura e cicatrizes visíveis, começa a falar.

— Não podemos continuar dependendo deles. Temos que trazer mais da fonte, e ouvi dizer que a carga está vindo de Chinatown — comenta ele, a voz carregada de desconfiança.

— Chinatown? — responde outro, coçando o queixo pensativo. — Faz sentido. Eles têm as conexões certas. Mas se algo der errado...

Batman se mantém atento, registrando cada palavra. A menção a Chinatown acende um alerta em sua mente. As drogas poderiam estar vindo de lá, e essa informação era crucial para mapear toda a operação.

Decidido, ele rapidamente retira um pequeno dispositivo de escuta e o coloca em uma das caixas, assegurando que a conversa continue a ser registrada. Com a informação guardada, ele sai da estação de metrô, deslizando pelas sombras e utilizando sua agilidade para evitar qualquer alerta que pudesse chamar a atenção dos vendedores.

Ao sair, ele nota que os compradores ainda não foram embora. Rápido, Batman se posiciona em um canto estratégico e observa os veículos que estavam estacionados próximos. Um deles é um SUV escuro, aparentemente novo, e ele se aproxima furtivamente, colando um rastreador magnético na parte de baixo do veículo antes de recuar e se esconder em um beco.

Subindo em uma das estruturas abandonadas que cercam a área, ele se posiciona para ter uma visão clara do movimento na rua. Agora, de uma altura segura, Batman observa o SUV deixar o local e se junta a um grupo de carros, seguindo em direção ao Distrito Federal.

Enquanto o veículo avança, Batman ativa sua escuta e ouve a conversa dos homens dentro do SUV.

— A carga deve chegar à nossa nova base em algumas horas. Precisamos estar prontos, se algo sair errado, pode ser um grande problema — diz um dos homens, sua voz tensa.

— Não se preocupe. O chefe já se encarregou disso. Ninguém vai interferir, não com a proteção que temos — responde outro, confiante.

Batman analisa a cena, a mente trabalhando a mil por hora. O Distrito Federal era um local estratégico e perigosamente centralizado em Gotham, e se os Falconi estavam se estabelecendo ali, tudo enfim se encaixaria.

O SUV continua sua jornada pelas ruas de Gotham, cortando o tráfego como uma flecha na escuridão. Batman observa atentamente enquanto o veículo se aproxima de um prédio imponente e iluminado, um nexo de agitação noturna: o Clube do Iceberg. O local é conhecido por atrair uma clientela diversificada, desde cidadãos comuns até figuras duvidosas do submundo.

Assim que o SUV estaciona em frente à entrada principal, Batman sente que as informações obtidas na estação de metrô foram suficientes. Ele não precisaria esperar mais; as conexões entre os Falconi e a boate podiam ser mais profundas do que se imaginava. Com um movimento ágil, ele retorna ao Batmóvel e inicia o motor, a máquina ronronando com poder enquanto ele acelera em direção ao Clube do Iceberg.

O Batmóvel desliza pelas ruas escuras, fundindo-se com a noite enquanto se aproxima da boate. O local está pulsando com música e luzes piscantes, uma fachada vibrante que esconde os negócios ilícitos que ocorrem em suas profundezas. Batman estaciona em uma viela próxima, onde a escuridão proporciona uma cobertura perfeita. Ele desce do veículo e observa a entrada.

Os seguranças na porta parecem estar em alerta, mas a atmosfera animada da boate faz com que poucos notem sua presença. Batman utiliza seus binóculos embutidos no capuz para escanear a área. A segurança parece robusta, mas não invencível. Ele percebe algumas figuras conhecidas do submundo que entram e saem do local, todas com expressões que variam de ansiedade a euforia.

Com a determinação e a astúcia que o caracterizam, Batman decide que a infiltração seria sua melhor estratégia. Ele se move para a lateral da boate, buscando uma entrada menos vigiada. Com um salto ágil, ele se posiciona em um beiral, observando enquanto os seguranças conversam e se distraem.

— Se eles estão realmente recebendo uma nova remessa hoje, devemos estar prontos — diz um dos seguranças.

— Sim, o chefe não vai tolerar erros. Temos que garantir que ninguém atrapalhe — responde o outro, cruzando os braços.

A tensão no ar é palpável, e Batman sabe que precisa agir rapidamente. Ele encontra uma janela semi-aberta e, com um movimento silencioso, se infiltra no clube. A música e as vozes das pessoas se tornam um fundo sonoro enquanto ele se move pelas passagens internas, sempre atento a qualquer sinal de perigo.

Dentro do Clube do Iceberg, a atmosfera é carregada de música pulsante e luzes estroboscópicas, criando um ambiente que é ao mesmo tempo elétrico e sombrio. As pessoas dançam, rindo e se perdendo na euforia, mas em uma área reservada, longe dos olhares curiosos, negócios muito mais sombrios estão em andamento.

Um grupo de homens está reunido em uma mesa no fundo, cercados por garrafas de bebidas caras e uma nuvem de fumaça. Eles falam em voz baixa, mas a intensidade de suas expressões deixa claro que as apostas são altas.

— Essa merda precisa ser rápida! — grita um deles, um cara corpulento com tatuagens visíveis pelo pescoço. — Se o chefe descobrir que estamos segurando o estoque, vamos nos ferrar!

Outro homem, um jovem de cabelos desgrenhados e olhar nervoso, tenta acalmá-lo.

— Relaxa, cara. Nós já temos compradores na fila. A droga vai voar, confia em mim! — ele responde, acendendo um cigarro e puxando uma fumaça profunda.

A tensão aumenta quando um terceiro homem, mais velho e com um olhar de superioridade, interrompe a conversa.

— O que importa é que essa merda chegue lá e que ninguém se meta. O último que tentou dar uma de esperto acabou no fundo do rio — ele avisa, sua voz baixa, mas carregada de ameaças.

Os outros assentem, e o jovem nervoso se inclina para pegar um pacote pequeno de uma maleta que estava na mesa.

— Aqui está, essa é a nova remessa. Vamos vender essa porra rápido, e depois vamos nos divertir! — ele diz, exibindo os pacotes que brilham sob as luzes da boate.

Os homens começam a trocar olhares significativos, como se estivessem fazendo planos que poderiam levá-los a uma nova fase em suas vidas de crime. O clima de expectativa e medo permeia a conversa, e a música continua a tocar, abafando suas vozes enquanto eles discutem detalhes sobre os compradores.

— Eu ouvi que os Falconi estão apertando as coisas. Não podemos vacilar — diz o corpulento, seu tom de voz mais grave, quase um rosnado.

— Foda-se os Falconi! Se não conseguirmos vender essa merda, vamos ter problemas com eles também — responde o mais velho, batendo a mão na mesa, fazendo as garrafas balançarem.

Enquanto eles continuam a planejar, risadas e gritos animados podem ser ouvidos do salão principal, contrastando com a tensão e o perigo da conversa que se desenrola nos bastidores.

As luzes piscantes iluminam as dançarinas, cujos corpos se movem ao ritmo da batida, criando uma atmosfera sedutora e enigmática. As mulheres, vestidas em trajes reveladores e glamourosos, dançam com a confiança que só a vida noturna de Gotham pode proporcionar, atraindo olhares de homens e mulheres igualmente envolvidos na festa.

Entre elas, uma figura se destaca: Selina. Com cabelos escuros e olhos que brilham com um misto de audácia e mistério, ela se movimenta como uma sombra, deslizando entre as mesas, entregando bebidas e trocando sorrisos com os clientes. Selina é uma conhecida no clube, e seu carisma é palpável. Os frequentadores a observam com admiração, mas também com uma pontada de desconfiança; todos sabem que ela tem ligações mais profundas com o submundo de Gotham.

Enquanto isso, no topo da boate, Carmine Falcone observa a cena abaixo pela janela, suas feições esculpidas em uma expressão de concentração. O ambiente é bem iluminado, um contraste com a escuridão que envolve o resto do clube. Falcone é um homem de presença imponente, seu terno perfeitamente ajustado e sua postura digna de respeito. Ele não é apenas um chefe do crime; ele é um homem calculista e estratégico, um verdadeiro lord de Gotham.

Quando Selina chega ao topo, Carmine se vira lentamente para ela, seu olhar penetrante avaliando a mulher à sua frente. Ele é o tipo de homem que não precisa levantar a voz para ser ouvido, mas quando fala, sua voz é suave e firme, como se cada palavra fosse escolhida com cuidado.

— Selina, minha querida — ele diz, com um leve sorriso nos lábios —, você sabe como me trazer boas notícias? O que me conta sobre o que se passa abaixo?

Selina se inclina levemente, cruzando os braços enquanto olha nos olhos de Falcone.

— Os negócios estão indo bem, senhor. As vendas estão em alta, e os compradores estão ansiosos — ela responde, sua voz confiante.

Falcone inclina a cabeça, avaliando as palavras dela.

Falcone inclina a cabeça, avaliando as palavras dela.

— Isso é exatamente o que eu queria ouvir — Falcone responde, seu tom de voz mantendo um equilíbrio entre a satisfação e a frieza. — O que está me preocupando são os rumores. Sempre há rumores em Gotham, mas alguns deles... bem, alguns podem acabar causando problemas.

Selina, percebendo a gravidade nas palavras dele, mantém seu olhar firme, mas uma sombra de dúvida passa por seu rosto.

— Problemas como? — ela pergunta, tentando manter a compostura enquanto se posiciona mais perto dele.

Falcone sorri, mas não é um sorriso que inspira confiança. É uma expressão que diz que ele está sempre no controle.

— A concorrência está se agitando. Nada como um pouco de pressão para fazer as pessoas cometerem erros, e, como você sabe, eu não sou um homem que tolera erros. — ele diz, as palavras pesadas no ar como uma ameaça velada.

Selina não sabe o que dizer e, por um momento, o silêncio entre eles se torna palpável. Ela sabe que Falcone é um homem que não hesita em eliminar qualquer um que considere uma ameaça ao seu império. Ela se afasta ligeiramente, analisando as intenções por trás de seus olhos frios.

— Eu vou garantir que tudo fique sob controle, senhor — ela afirma, tentando recuperar a confiança em sua voz.

Falcone a observa, um sorriso sutil surgindo em seus lábios.

— Boa garota. — responde Falcone, seu olhar se tornando mais afiado. Em seguida, ele se vira e passa a observar a cena vibrante do clube, a música e a dança se misturando em um espetáculo que parece quase hipnótico. Ele tem uma visão privilegiada da sala, onde a movimentação é frenética e as emoções estão à flor da pele.

Poucos segundos após Selina deixar o escritório, o ambiente já carregado de tensão se torna ainda mais denso. As sombras do escritório de Falcone se tornam ainda mais densas quando o Batman surge por trás do mafioso. Sem perder a compostura, Falcone gira lentamente sobre o calcanhar, encarando o vigilante com um olhar frio e avaliador. Ele já tinha ouvido rumores, especulações sobre a presença deste "Homem-Morcego" que aterrorizava os criminosos de Gotham.

— Uma hora você iria se confirmar como verdade, não é? — Falcone diz, a voz carregada de um desdém contido, enquanto caminha até a cadeira em sua mesa, onde se senta com um ar de domínio total.

Batman, com seu olhar sombrio, dá um passo à frente, não hesitando em intimidar Falcone com sua presença.

— Vamos poupar o tempo de ambos, Falcone. Fale sobre a distribuição da "Pepper" — exige Batman, sua voz grave ecoando pelas paredes do escritório.

Falcone permanece impassível, um leve sorriso irônico surgindo em seus lábios enquanto ele inclina a cabeça.

— Pepper? — ele murmura, com um toque de desprezo. — Uma droga comum, para aqueles que desejam escapar da realidade e... viajar em seus próprios devaneios. Nada mais que um atrativo para quem quer se divertir um pouco. Você devia saber disso, afinal, você parece entender como as mentes dos perdidos funcionam.

Batman não desvia o olhar. Ele percebe que Falcone está testando-o, jogando com as palavras.

— Não teste minha paciência, Falcone. Quem está fabricando a Pipper? — pergunta Batman, avançando um pouco mais, a presença dele ainda mais ameaçadora.

Falcone inclina-se na cadeira, os dedos tocando levemente a borda da mesa.

— Ex-funcionários da Química Ace. Alguns caras talentosos que... precisavam de um emprego. E encontraram um mercado em Chinatown, que, como você sabe, é um lugar... próspero. — Ele fala com uma calma estudada, cada palavra cuidadosamente medida, mantendo as informações vagas e propositalmente superficiais.

O Batman estreita os olhos, sabendo que Falcone está escondendo o jogo. Mas antes que ele possa pressioná-lo mais, um dos capangas de Falcone abre a porta do escritório e entra apressado, chamando por seu chefe.

— Senhor Falcone, eu... — ele começa, mas então percebe a figura sombria do Batman no ambiente. Seu rosto se endurece, mas ele não demonstra medo. O olhar, porém, revela que ele sabe que esse não é o momento certo.

— Desculpe, chefe. Eu... volto outra hora. — O capanga dá um passo para trás, aguardando uma resposta de Falcone.

Falcone inclina-se para frente na cadeira, observando Batman com um olhar frio e calculado, as mãos cruzadas sobre a mesa. A luz fraca do escritório lança sombras afiadas em seu rosto, realçando suas feições endurecidas pela vida no submundo.

— Homens como eu... e como você, no fundo sabemos a verdade sobre esta cidade — ele começa, a voz suave e ao mesmo tempo cortante. — Gotham não quer ser salva. Não pelas regras, não pela justiça... e certamente não por um homem que se esconde nas sombras.

Batman mantém o olhar fixo, imóvel como uma estátua, mas seus olhos brilham com intensidade.

Falcone continua, vendo que suas palavras não geram reação aparente. — Homens como nós, temos o poder de controlar... de moldar o que queremos. Eu faço isso à vista de todos, com regras próprias. E você? Um justiceiro mascarado que age nas sombras, fora da lei... mas ainda assim precisa da ordem, não é? — Ele ri, um riso seco e sem humor. — Estamos mais próximos do que você pensa.

Assim que Batman recebe uma mensagem em seu comunicador, ele desaparece do escritório de Falcone tão silenciosamente quanto entrou. O chefão do crime se vira para continuar seu discurso apenas para perceber que o vigilante se foi, deixando apenas a sombra das palavras que haviam sido trocadas pairando no ar. Falcone resmunga algo inaudível e, após um momento de hesitação, pega o controle remoto e liga a televisão, balançando a cabeça em desaprovação.

O rosto da âncora de notícias é imediatamente substituído por um gráfico vermelho de "Notícia de Última Hora." Uma repórter com expressão tensa surge na tela, em frente a uma viatura policial e a um prédio cercado por fitas amarelas.

— Esta noite, outra figura de destaque de Gotham foi encontrada morta em circunstâncias perturbadoras. Oliver Beaumont, ex-promotor público e advogado de defesa renomado, foi encontrado em sua casa, aparentemente assassinado de forma brutal. Segundo relatos, seus vizinhos ouviram sons de uma briga intensa no apartamento antes de chamarem a polícia. No entanto, quando as autoridades chegaram, Beaumont já estava sem vida — diz a repórter, com uma expressão de desconforto ao dar os detalhes.

A imagem corta para um policial falando com a imprensa, e a repórter continua a narrativa.

— As semelhanças com o recente assassinato de Armand Krol, ex-vereador de Gotham, são evidentes. Assim como Krol, Beaumont teve o rosto completamente desfigurado e foi encontrado com um saco plástico amarrado com força ao redor do pescoço. No entanto, desta vez, ao lado do corpo, uma mensagem foi deixada pelo assassino. A frase, escrita com tinta vermelha nas paredes do apartamento, dizia: "O SILÊNCIO REVELA MENTIRAS."

A câmera mostra flashes de uma janela quebrada e, por um breve momento, o corpo coberto de Beaumont é levado em uma maca até uma ambulância, enquanto policiais bloqueiam a área. O nome de Beaumont e as palavras "O SILÊNCIO REVELA MENTIRAS" permanecem em destaque na transmissão.

A cena no apartamento de Oliver Beaumont está silenciosa, com o único som vindo do sussurro distante das sirenes da polícia do lado de fora e das vozes abafadas dos agentes que cuidam do perímetro. Batman se move pelo ambiente, seus olhos escaneando cada detalhe. Ele se ajoelha próximo ao corpo do promotor, que foi colocado sentado contra a parede, com o saco plástico envolvendo sua cabeça, o nó apertado ao redor de seu pescoço. Gordon observa ao lado, cauteloso, enquanto Batman examina a substância alaranjada ainda visível no pescoço de Beaumont, uma injeção recente que não deixa dúvidas.

— A mesma substância laranja... — murmura Batman, sua voz grave ecoando pelo quarto. Ele levanta-se e observa as manchas de sangue próximas à janela quebrada, os estilhaços espalhados pelo chão. — Vou tentar recriar os momentos finais.

Gordon assente, cruzando os braços e observando enquanto Batman se move até a entrada do quarto, relembrando a possível sequência dos eventos.

— O assassino já estava aqui quando Beaumont chegou — Batman deduz, os olhos percorrendo o espaço ao redor da porta. — Deve ter esperado que ele se acomodasse... talvez tenha se escondido.

Ele caminha até a cama de Beaumont, imaginando o promotor chegando em casa, cansado, talvez distraído, sem perceber a presença sombria o aguardando.

— Assim que Beaumont deitou, o assassino o atacou — continua Batman, indicando a marca de injeção no pescoço de Beaumont. — Injetou a substância alaranjada diretamente, provavelmente para induzir medo intenso e paranoia. Deve ter sido o suficiente para torná-lo incapaz de reagir com clareza.

Batman observa as marcas de sangue e a posição dos cacos de vidro espalhados pelo chão, formando uma trajetória que leva até a janela. Ele se aproxima da moldura quebrada, analisando cada fragmento.

— Sob o efeito da toxina, Beaumont provavelmente entrou em pânico, tropeçando enquanto tentava escapar de algo que só ele podia ver. Deve ter batido contra a janela... — Ele pausa, considerando o impacto necessário para que os estilhaços caíssem daquela forma. — Então, o assassino... abaixou a janela repetidamente na cabeça dele, desfigurando seu rosto até que se tornasse irreconhecível.

Gordon observa a brutalidade do método e balança a cabeça com um misto de frustração e desconforto.

— Frio e calculado — ele comenta, seu olhar fixo no corpo de Beaumont. — E então o saco plástico...

— Isso — confirma Batman, apontando para o nó apertado. — Colocou o saco na cabeça, prendendo-o como uma assinatura, algo pessoal.

Ele se move para a parede, onde a mensagem foi deixada, cuidadosamente escrita em um pedaço de papel. "O SILÊNCIO REVELA MENTIRAS."

Gordon observa as palavras, cruzando os braços enquanto reflete.

— Duas vítimas, duas figuras ligadas à política de Gotham. E ambas com um passado... obscuro. — Ele olha para Batman. — Acha que isso é algum tipo de protesto? Uma forma de expor essas figuras públicas pelo que fizeram?

Batman mantém o olhar fixo na mensagem, sua mente formulando hipóteses.

— É possível. Mas há algo mais nisso. Ele quer que as vítimas sofram, que confrontem seus próprios medos antes do fim. Isso vai além de protesto...

Gordon fica em silêncio, absorvendo as palavras de Batman, enquanto a ideia de um novo assassino com uma causa tortuosa se instala em sua mente.

Antes de sair da cena do crime, Batman cuidadosamente extrai uma amostra da substância alaranjada com uma seringa especial, armazenando-a em um pequeno tubo para análise. Ele guarda o frasco em um compartimento de seu cinto e se despede de Gordon com um breve aceno antes de desaparecer nas sombras.