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CAPÍTULO 10
~Ponto de vista de Zara~
O carro estava silencioso no caminho para casa. Embora eu esperasse que Snow me questionasse sobre Ivan, para minha surpresa, ele não disse uma palavra sobre isso.
Snow se concentrava na estrada. Desde que saímos da casa da matilha Lua de Marfim, sua expressão estava calma, mas eu podia sentir a tensão em sua pegada no volante.
"S…" Meu telefone vibrou de repente, quebrando o silêncio. Olhei para a tela e vi uma mensagem da Clarissa.
Encontre-me no Clube dos Lobos do Século. Agora. Precisamos conversar. É importante.
Meu primeiro pensamento foi apagar ou ignorar a mensagem, mas então lembrei de algo — essa era uma conversa que precisava acontecer. Já passava da hora de eu confrontar essa cadela sinistra por todos os planos de morte que ela tinha contra mim em minha vida passada.
Alguém poderia suspeitar que eu tinha a experiência de minhas vidas passadas para me guiar e ajudar nesta vida. Que pena. Já havia alterado o curso desta vida quando me casei com Snow.
No passado, a única vez que vi Clarissa depois do nosso casamento foi quando ela veio à minha casa trazendo presentes de felicitações dos meus pais.
Naquela noite, Ivan não dormiu em nossa cama, e quando fui procurá-lo, encontrei-o na sala de estar sem fazer nada. Muito depois, descobri que ele também tinha dormido com ela naquela noite.
Suspirei e olhei para o texto mais uma vez. Meu estômago se contraiu com irritação e um pouco de curiosidade. O que ela poderia querer?
Olhei para Snow. "Você pode me deixar em algum lugar?"
Seus olhos se voltaram para mim desde que começamos a viagem. Não consegui dizer se era suspeita ou algo mais. "Onde?"
"Preciso resolver uma coisa", disse simplesmente, sem revelar nosso ponto de encontro.
Ele hesitou por um momento, mas depois assentiu. Snow esperou até se aproximar de um bom lugar para estacionar antes de parar o carro.
"Você não quer que eu te leve até o seu destino?" Seu tom era casual, mas seus olhos afiados me observavam atentamente.
Balancei a cabeça. "Não, vou ficar bem. Não quero te incomodar."
Eu sabia que ele queria dizer algo, mas ele ficou quieto e assentiu. Ainda assim, seu olhar não vacilou. "Ok. Volte rápido, ou mandarei meus guardas atrás de você."
Eu poderia ter apenas sorrido e deixado por isso mesmo, mas, em vez disso, não me contive. "Por quê?" Eu retruquei com um toque brincalhão na voz. "Meu marido já está com saudades?"
Seus olhos se estreitaram levemente, fixando-se nos meus. Logo me arrependi das minhas palavras quando Snow se inclinou em minha direção, seu rosto a poucos centímetros do meu. Por um momento, pensei que ele fosse me beijar.
Minha respiração engatou, pega de surpresa pela súbita proximidade. Eu podia sentir sua respiração na minha pele, a intensidade de seu olhar acelerando meu pulso.
Mas ele parou pouco antes, seus lábios pairando perto dos meus. Sua voz baixou. "Não teste minha paciência, Zara. Esteja em casa às 21h, em ponto."
Suas palavras me advertiam, mas seu tom me desafiava a revidar. Meu coração batia acelerado com desafio e emoção. Engoli em seco, sentindo o calor subir nas minhas bochechas, mas recusei a desviar o olhar.
"Ou o quê?" Não consegui me conter.
Seus lábios se curvaram em um leve sorriso. "Ou você vai descobrir exatamente o quanto vou sentir sua falta."
Ele recuou lentamente, seu olhar ainda preso ao meu e, por um segundo, senti um arrepio percorrer minha coluna. Com um último sorriso sarcástico, ele se recostou no assento.
"21h, Zara", ele repetiu.
Contive um sorriso, abri a porta do carro e saí, sentindo o ar fresco contra minha pele aquecida. Ao sair, o vi dirigir para longe antes de rapidamente chamar um táxi. Eu não tinha intenção de arrastá-lo para o drama que Clarissa estava armando.
O táxi me levou ao clube e eu mandei uma mensagem para ela. Ela me direcionou para uma rua silenciosa e deserta onde ela estava esperando, encostada em seu carro. Seus braços estavam cruzados, e ela parecia convencida como sempre.
Saí, me aproximando dela com passos lentos.
"O que você quer, Clarissa?"
Ela sorriu com desdém, se afastando do carro para me encontrar, talvez com medo do que eu pudesse fazer com o carro dela como fiz com o amante.
Sorri só de pensar nisso. Clarissa deve ter entendido errado as coisas, já que sua escolha de palavras mostrava o quão limitada era sua capacidade mental.
"Então, você não pode ter um carro depois que seus pais te deserdaram e você se casou com um miserável."
Meus sobrolhos se ergueram. Ela disse alguma coisa?
Clarissa continuou, confundindo minha calma habitual com tolice. "Ou você vendeu seu carro para pagar as contas agora?"
Sua risada era aguda como o seu ser inteiro.
Exalei lentamente e avancei um bom passo, diminuindo a distância entre nós. "Diga isso de novo", eu a desafiei.
"Oh, você não é só inútil, agora é surda?" ela zombou, sentindo-se no topo do mundo.
Se houvesse algo, o idiota deveria ter visto que meu traje falava de milhões de dólares. Ainda assim, seu pensamento era tão superficial.
Parece que ela era mais cega do que eu pensava.
"Então basicamente você me chamou aqui para perder meu tempo. Vejo que seu conceito de importância é tão baixo quanto o seu próprio ser."
Me virei pela metade, pronta para ir embora quando sua voz me fez parar.
"Não. Eu queria ver a expressão no seu rosto quando eu te dissesse que mesmo se você rastejar de joelhos, Ivan nunca vai te aceitar de volta. Você pode morrer com o seu marido insignificante."
Senti um lampejo de raiva, mas mantive minha expressão tranquila. "Insignificante, você diz? Olha quem fala, Clarissa. Talvez você devesse focar em sua própria vida patética em vez da minha."
Os olhos dela brilharam e ela avançou, a mão levantada para me bater. O instinto entrou em ação, girei e a esbofeteei com força no rosto antes que ela pudesse acertar.
Eu desejava ter feito isso muito mais vezes no passado. Ela cambaleou para trás, atordoada, segurando a bochecha. A incredulidade em seus olhos foi algo emocionante.
Eu geralmente era a calma, aceitando o que me despejavam porque eu procurava paz e me deixava intimidar por alguém abaixo do meu status.
"Sua pequena—" ela sibilou, mas antes que pudesse terminar, eu dei outro tapa para calá-la.
Vi uma lágrima escapar de seu olho e zombei. "Qualquer garota que consegue levar meu homem simplesmente significa que ele nunca foi meu para começo de conversa."
Minhas palavras pareciam ter a incendiado e ela se endireitou. Mas minha ação a seguir, ela nunca esperava.
Bati palmas, sorrindo, "Parabéns, vadia! Pode ficar com o meu lixo, pelo que me importa. Afinal, é só isso que prostitutas como você são capazes de manter... propriedade usada."
Meu insulto a enfureceu. Ela avançou mais uma vez, mas antes que qualquer um de nós pudesse agir, uma voz familiar e profunda cortou o ar.
"Quem vai voltar implorando?"
A voz de Snow era calma, mas afiada enquanto ele caminhava em nossa direção. "Zara ou você?"
Clarissa virou a cabeça rapidamente, seus olhos se arregalando em choque. Ela não esperava vê-lo. "Al-Alfa Snow?" ela gaguejou, lutando para se recompor.
Bom, ela o conhecia. Isso facilitava.
"Eu estava apenas... dando uma lição na minha irmãzinha estúpida. Tentando ajudá-la a não ser tão teimosa e tola..."
Snow arqueou uma sobrancelha, um leve sorriso em seus lábios. Ele andou mais perto, diminuindo a distância entre nós e, para o horror de Clarissa, envolveu seu braço possessivamente em volta da minha cintura. "E quem você está chamando de marido insignificante dela?" ele perguntou, seu tom enganosamente leve.
Clarissa piscou, confusão turvando seu rosto. "Espera... o quê? Você é... o marido dela?"
O sorriso de Snow se ampliou, mas seus olhos se tornaram frios. "Exatamente. E quem é você para dar lições à minha esposa?" Seus olhos brilharam de vermelho enquanto seu lobo avançava, ameaçando emergir.
O ar ao nosso redor se tornou pesado conforme a aura alfa de Snow se desprendia, pressionando como um peso esmagador. Clarissa ficou pálida, sua loba uivando em submissão sob essa força. Seus joelhos se dobraram e ela caiu no chão, olhos arregalados de terror.
"Por favor, Alfa Snow." Sua voz tremia. "Eu... Eu não sabia..."
A pressão se intensificou, e eu podia sentir o poder irradiando de Snow, espesso e intoxicante como uma força invisível pressionando tudo ao nosso redor.
O rosnado de seu lobo era profundo e retumbante, vibrando em meu peito, mas Astrid se manteve firme dentro de mim, uma loba alfa, recusando-se a se curvar.
Snow deu um passo adiante, apertando mais firmemente minha cintura. "Você não sabia?" ele zombou. "E mesmo assim achou que tinha o direito de atacar minha esposa, de insultá-la?"
A respiração de Clarissa vinha em rápida arfadas, sua cabeça baixa, incapaz de suportar o poder puro emanando de Snow. "Eu sinto muito", ela implorou. "Eu não queria... Eu juro..."
A aura de Snow brilhou ainda mais forte, seus olhos brilhando um vermelho intenso. "Conheça seu lugar!" ele rosnou e Clarissa caiu para a frente, sua testa no chão, "e fique longe da minha esposa."
Levantando a cabeça um pouco, Clarissa concordou freneticamente, ainda de joelhos, seu corpo tremendo. "S-Sim, Alfa."
Com um último olhar de desdém, Snow virou as costas para ela e me guiou para longe, seu braço ainda ao redor da minha cintura. Ao ver sua defesa, senti um surto de orgulho e outra coisa — algo mais caloroso.
Enquanto nos afastávamos, ouvi a respiração trêmula de Clarissa e sua loba lamentando em derrota. O poder de Snow havia sido esmagador, deixando claro quem tinha a autoridade ali. Apenas Astrid e eu conseguíamos nos manter firmes sob a pressão, e senti uma satisfação estranha nisso.
Os dedos de Snow apertaram em volta da minha cintura enquanto ele murmurava, "Você está bem?"
Olhei para ele, encontrando seu olhar intenso. "Mais do que bem", respondi com um sorriso maroto. "Graças ao meu marido insignificante."
Ele riu, a tensão saindo de seus ombros. "Você tem um jeito com as palavras, Zara."
"Adivinha por que você casou comigo", eu provoquei.
O sorriso dele se alargou e ele se inclinou, sussurrando perto do meu ouvido. "Entre outros motivos."
Senti o rubor subir às minhas bochechas, mas recusei comentar mais, deixando-o vencer.