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CAPÍTULO 3
~Ponto de vista de Zara~
Andei para fora, meus saltos ecoando contra o pavimento de maneira aguda. Parei em frente ao carro do Ivan, seu precioso brinquedo novo e reluzente e meus lábios se curvaram para cima.
"Adeus, Ivan", murmurei, e levantei meu salto, chutando o para-brisa. O vidro se estilhaçou e despedaçou enquanto o alarme soava imediatamente.
Satisfeita, me afastei da cena, deixei os restos da nossa vida para trás e esperei na calçada pelo carro da Mansão de Snow.
Ele não poderia revidar. Ao chegar, mandei uma mensagem para a Ella vir buscar meu carro no apartamento. Eu sabia que ela tinha perguntas mas eu não estava pronta.
Ela estaria aqui a qualquer momento. Eu esperava que Snow chegasse antes. O carro chegou logo depois, um Bugatti La Voiture elegante e polido, exalando luxo e poder.
Levantei uma sobrancelha. Talvez eu tivesse subestimado o homem com quem acabei de me casar. A porta do carro se abriu, e sem me dar tempo para pensar, um chofer saiu, abaixando a cabeça.
"Bom dia, Srta. Zara."
Ah, entendi, nosso garoto de aluguel não me apresentou à sua carona contratada? Quem quer que ele fosse, simplesmente não me importava.
Eu respondi a ele e mandei que pegassem minha bagagem. Com a porta do passageiro aberta, eu deslizei para o banco de trás, sentindo o couro macio sob mim.
O motorista me deu um aceno de cabeça educado e me entregou um telefone. "O Sr. Snow gostaria de falar com você", ele disse.
Peguei o telefone, meu coração de repente batendo forte novamente. "Alô?"
"Zara", veio a voz calma e profunda de Snow. "Eu gostaria que você viesse para minha casa imediatamente. Temos algumas formalidades para resolver."
Engoli em seco, assentindo mesmo sabendo que ele não podia me ver. "Claro. Estarei lá."
Quanto mais dirigíamos, mais eu percebia que Snow não era um homem comum. Chegamos a uma grandiosa mansão, três vezes o tamanho do simples apartamento do Ivan.
Fiquei boquiaberta por um momento antes de recuperar minha compostura. Endireitando os ombros, me preparei contra o luxo intimidador.
Fui conduzida para dentro, o interior suntuoso brilhando com pisos de mármore, lustres de cristal, e móveis ornamentais que eu nunca tinha visto antes.
Respirei fundo. Nunca tendo tido essa experiência em minhas vidas passadas, eu não sabia o que esperar.
Fui levada para uma sala de estar elegante e pediram para eu esperar. Sentei no sofá macio, tentando assimilar tudo o que aconteceu nas últimas horas.
Snow apareceu alguns minutos depois, sua expressão calma, mas seus olhos tinham uma nitidez e ousadia que me deixaram sem palavras.
"Olá, Zara." Sua voz aveludada e profunda fez minha loba reagir de uma maneira que eu conhecia muito bem.
A Astrid gostou dele.
Ele segurava um documento em uma mão e uma caneta na outra. Ele se movimentava com uma calma confiança que me desorientou.
"Bem-vinda à minha casa." Eu tentei levantar, mas ele me impediu, tomando assento à minha frente. "Por favor, sente-se."
Ok, eu definitivamente vou matar a Ella por fazer isso comigo. Eu não estava preparada para essa merda.
Mas eu nunca mostrei isso nem poderia perguntar se isso era tudo verdade ou uma farsa. Eu tinha minhas dúvidas, mas logo perceberia onde estava o meu erro.
Sentei de novo, tentando manter minha compostura. "Então, o que precisamos assinar?"
"Presumo que você entenda a importância deste acordo", ele começou, seu tom caloroso, mas calculista, colocando o documento na mesa de vidro entre nós e deslizando uma cópia para mim.
Inclinei minha cabeça, encontrando seu olhar diretamente. "Presumo que você entenda que eu não estou aqui para brincar", eu devolvi.
Ele deu um sorrisinho, um indício de diversão em seus olhos. "Bom. Porque eu também não. Leia com atenção. Não gosto de surpresas, e duvido que você também goste."
Não respondi.
"Isso delineia nosso acordo", ele continuou. "Um ano. Mantemos aparências, mas nossas vidas pessoais permanecem separadas. Qualquer violação deste contrato resultará em uma penalidade severa."
"Não estou interessada em nada além dos termos que concordamos", declarei firmemente.
"Concordado", Snow assentiu, mas o brilho em seu olho me dizia que havia mais nisso do que aparentava. "Assine, e nosso casamento contratado será oficial." Ele me estendeu a caneta, seus dedos roçando os meus por um instante, e eu senti um choque de algo que não conseguia identificar.
Segurei a estilosa caneta de caligrafia, sem nem olhar para os papéis. "Por mim, tudo bem", respondi e assinei meu nome. Suas sobrancelhas se ergueram surpresas.
Eu não tinha medo do que poderia estar escondido ali. Eu já tinha lidado com coisa pior.
"Você não vai ler?"
Encontrei seu olhar diretamente. "Não preciso. Sei no que estou me metendo. Isso é estritamente negócios, certo?"
Ele deu um sorrisinho, recostando-se em sua cadeira. "Se você diz. Mas devo avisá-la, existem cláusulas—"
"Não me importo", interrompi, levantando. "Desde que você não interfira na minha vida, estamos bem."
Snow me observou por um momento, depois assentiu, aparentemente divertido enquanto se levantava. "Muito bem. Respeito sua franqueza, Zara. Bem-vinda à sua nova vida", ele disse suavemente.
"Claro", declarei indiferente.
"Você pode descobrir que é mais do que esperava."
Encontrei seu olhar firmemente, sentindo um arrepio de desafio passar por mim. "Veremos", respondi.
Foi então que o meu telefone vibrou novamente. Olhei para baixo, vendo o nome de Ivan piscando mais uma vez. Os olhos de Snow captaram o movimento e ele levantou uma sobrancelha. "Problemas?"
Soltei um suspiro frustrado. "Meu ex-noivo. Ele não parece entender que eu já segui em frente."
O sorriso de Snow se tornou mais frio, mais cortante. "Deveria resolver isso?"
Eu ri. Suas sobrancelhas se franziram. Eu não duvidava dele, mas essa era minha luta. "Eu consigo lidar com meus problemas, obrigada."
Snow assentiu, mas havia um brilho em seus olhos que me fez refletir sobre o que ele estaria pensando. Ele pegou seu telefone, discou um número e, em segundos, as portas se abriram e dois homens vestidos em ternos pretos entraram.
Olhei para eles, depois para Snow, franzindo a testa. "O que é isso?"
"Apenas precaução", ele respondeu suavemente. "Para garantir que nosso acordo seja... protegido."
Levantei, meu coração acelerado. "Não preciso de proteção, Snow. Só preciso de espaço."
Ele se inclinou para frente, seus olhos escurecendo um pouco. "Você tem espaço, Zara. Só lembre-se, você é minha esposa agora, mesmo que seja só no papel. E eu levo minhas responsabilidades a sério."
Um arrepio percorreu minha espinha, mas eu me recusei a recuar. "Ótimo", rebati. "Porque eu também levo as minhas a sério, Sr…"
Foi nesse momento que eu soube que realmente estraguei tudo. Eu não verifiquei seu cartão ou me preocupei em ler o certificado de casamento também. Também não sabia seu sobrenome.
Snow sorriu um sorriso lento, perigoso. "Estou começando a gostar de você, Zara. Você tem fogo. Acho que vamos nos dar muito bem." Fiquei aliviada por ele não ter insinuado o meu erro anterior. "Ah."
"Sim?"
Seu olhar passou para minha bagagem. Reparei no olhar desaprovador e franzi a testa. Ele colocou a mão no bolso e me entregou um cartão dourado.
"Isso não é adequado, Zara. Aqui. Você precisará fazer algumas compras. Pode levar o chofer com você mais tarde."
"Não preciso. Eu tenho..." ele se moveu rapidamente. Em um segundo ele estava ao meu lado e pressionou o cartão na minha mão. Olhei para ele. Eu o reconheci. Era um cartão ilimitado com apenas três no país inteiro.
Levantei a cabeça para olhá-lo. Ele estalou os dedos e imediatamente duas empregadas bem vestidas entraram, abaixando a cabeça.
"Por favor, leve-a ao quarto dela." Fiquei aliviada por não estarmos dividindo o mesmo. Minhas ideias em breve se esvaíram.
"Deveríamos dormir juntos, mas tudo isso é improvisado. Precisarei me preparar."
Preparar? Para quê? Ele não estava brincando sobre nossa primeira noite juntos?
"Não precisa", cuspi.
"Ok então. Nós dois amamos nosso espaço." Quase caiu o queixo. Não era essa a parte em que ele deveria ter me convencido de que casais precisam dormir juntos, pelo menos para manter as aparências?
Acho que ele já mencionou aos funcionários. Engoli em seco. Era melhor assim.
Consegui sorrir e, ao me virar para sair, meu telefone vibrou novamente, mas desta vez não era Ivan. Era um número desconhecido. Atendi cautelosamente. "Alô?"
Houve uma pausa, e então uma voz familiar. "Zara, é..."
"Clarissa." Meu tom foi cortante.
"Bom. Precisamos conversar."
Congelei, o choque e a fúria me invadindo de novo. "Ah, vamos sim", sussurrei, apertando o telefone. "Pode acreditar, vamos e em breve."
Não esperei por ela e encerrei a ligação bruscamente. Senti olhares intensos nas minhas costas, mas não me virei e deixei as empregadas me levarem ao meu novo quarto.
Eu tinha uma nova vida para organizar e agora tudo que eu queria era sair dessas roupas e tomar banho.