Eve
O ar estava pesado, mas eu me forcei a olhar para frente. Para Jules. Seus olhos também estavam em mim, ilegíveis de uma maneira sinistra.
Eu abri minha boca para pedir desculpas, mas a mão dela levantou.
"Você não precisa", ela disse. "Não foi sua culpa. Só estou feliz que você está melhorando."
Eu olhei para baixo, para as mãos que ela dobrava em seu colo. Todas as outras partes dela estavam imóveis como uma estátua, exceto pelos dedos, que se entrelaçavam inquietos, traindo a expressão calma que ela mostrava. O silêncio se estendeu entre nós, tenso e delgado, como se qualquer palavra errada pudesse estilhaçá-lo.
Eu queria acreditar nela. Que não era minha culpa. Mas o peso pressionando contra meu peito não se aliviava.
"Jules..." Eu disse o nome dela suavemente, saboreando a hesitação na minha língua. "Eu—"
Os dedos dela se aquietaram. O olhar dela subiu para encontrar o meu, agudo e investigador.