Três meses haviam se passado desde os eventos na floresta. Wang Li manteve a farsa de sua alma ainda estar rachada, movendo-se com cuidado para não levantar suspeitas. Ele fingia dificuldades em realizar tarefas simples e forçava expressões de cansaço sempre que estava perto de sua nova mãe. A culpa de enganá-la pesava em sua consciência, mas sua ambição falava mais alto.
Naquela manhã, enquanto tomavam o café juntos, Liwei colocou um papel envelhecido à sua frente. Wang Li reconheceu imediatamente: era o cartaz da Seita do Dragão Ascendente.
"Eu ouvi rumores de que essa seita tem métodos avançados de cultivação. Talvez... talvez eles possam curar sua alma." A voz dela era hesitante, quase temerosa. "Eu sei que não é uma decisão fácil, mas você precisa tentar. Não posso suportar vê-lo sofrer assim."
Wang Li observou o rosto da mulher que o acolheu. Sua expressão estava marcada pela preocupação e pelo amor maternal, algo que ele raramente experimentara antes. Por um momento, uma ponta de arrependimento passou por ele. **Ela realmente acredita que eu preciso disso. Ela acredita que eu ainda estou quebrado.**
Ele respirou fundo, mantendo a máscara de fragilidade. "Mãe, eu também ouvi falar sobre a seita. Dizem que seus métodos podem alcançar níveis altos de cultivação... se eu puder chegar a um nível avançado, talvez minha alma finalmente se cure."
Os olhos de Liwei se encheram de lágrimas. Ela segurou as mãos de Wang Li com força, como se temesse deixá-lo ir. "Você tem que prometer que terá cuidado. Se não conseguir passar no teste de entrada, volte imediatamente. Não quero perder você também."
Wang Li assentiu, fingindo um sorriso fraco. "Eu prometo. E vou escrever para você todo mês, para que saiba que estou bem."
Liwei engoliu a angústia e, mesmo com o coração apertado, concordou. Ela sabia que era o melhor para ele, mesmo que significasse uma separação dolorosa.
### **Do lado de fora**
Enquanto mãe e filho discutiam, dois homens em trajes simples, mas de postura autoritária, estavam encostados em uma parede do lado de fora da casa. Eram os mesmos guardas que haviam interrogado Wang Li meses atrás. Eles ouviram a conversa, trocando olhares cúmplices.
"Eu sabia que tinha algo errado com esse garoto," murmurou um dos guardas, franzindo a testa. "A história dele nunca fez sentido, e agora ele quer ir para essa seita? Parece conveniente demais."
"Você viu como a mãe dele o olhava durante o interrogatório," respondeu o outro. "Ela parecia estranhamente inquieta, como se soubesse mais do que dizia. E agora ela está deixando-o ir para uma seita misteriosa? Não gosto disso."
Eles ficaram em silêncio por um momento antes de o primeiro guarda murmurar: "Recebemos ordens para vigiá-lo. Se ele for mesmo para essa seita, vamos segui-lo. Não confio nesse garoto nem por um segundo."
### **Preparativos e Partida**
Dentro da casa, Wang Li reuniu suas coisas em silêncio. Ele não levava muito: algumas roupas, um pouco de dinheiro e uma pequena espada que Gong Mu deixara para ele. Antes de partir, Liwei o abraçou com força.
"Eu sei que você é forte, meu filho. Você sempre foi. Mas às vezes ser forte também significa saber quando voltar para casa."
Wang Li a apertou contra si, engolindo a culpa que sentia por suas mentiras. "Eu voltarei, mãe. Não importa o que aconteça."
Quando saiu de casa, a luz do sol brilhava intensamente, mas o mundo parecia carregado de tensão. Ele sabia que estava sendo observado; podia sentir os olhos dos guardas fixos nele. Mas Wang Li apenas sorriu para si mesmo enquanto caminhava.
**"Sigam-me, se quiserem,"** pensou, a determinação crescendo em seu peito. **"Eu não sou o mesmo garoto que vocês interrogaram. E, quando chegar a hora, vocês verão exatamente quem eu me tornei."**
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Fechamento do Capítulo 8:
Enquanto Wang Li caminhava em direção ao desconhecido, a estrada à frente parecia interminável. Seu coração, no entanto, estava firme. Ele sabia que a jornada até a Seita do Dragão Ascendente seria perigosa, mas também sabia que esse era apenas o começo. Ele não era mais uma vítima, não era mais fraco, e certamente não era mais um tolo.