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Chapter 8 - ecos do passado

não seria fácil, mas nunca imaginei que os desafios internos seriam tão avassaladores quanto a guerra contra Velas. Cada cidade tem suas próprias demandas, e algumas começam a questionar se a descentralização realmente funciona." Ele fez uma pausa, buscando as palavras certas. "O que precisamos é de uma visão que una todos — uma maneira de mostrar que não voltaremos aos tempos de tirania, mas também não cairemos no caos."

A sala ficou em silêncio por um momento. Os membros do conselho, representando várias regiões, trocavam olhares, claramente divididos. Alguns viam a necessidade de impor regras mais rígidas para manter a ordem; outros temiam qualquer medida que lembrasse o autoritarismo de Velas.

Um homem mais velho, Orlan, que representava as Terras do Norte, pigarreou. "Os velhos medos não desapareceram. Em minha região, muitos acreditam que o Conselho de Unidade é apenas Velas com outro nome. Eles pedem autonomia total e ameaçam se separar se não forem atendidos."

Antes que Asha pudesse responder, um jovem conselheiro, Malik, falou com uma expressão séria: "E em Sulis, a anarquia cresce. Sem regras claras, os líderes locais começaram a impor suas próprias leis. Não podemos ignorar isso por medo de parecer autoritários. Há um meio-termo que ainda não exploramos."

Asha assentiu lentamente, absorvendo as preocupações. "O meio-termo... talvez seja isso que estamos perdendo. Precisamos criar estruturas que promovam cooperação e diálogo entre as cidades, mas sem tirar delas o poder de decidir seu futuro. Isso será possível?"

Adelmo sorriu, mesmo que de forma cansada. "Se não for, então tudo o que conquistamos estará em risco. A verdadeira luta começa agora."

Uma Proposta Arriscada

Nos dias seguintes, o Conselho de Unidade trabalhou incansavelmente em um plano ousado: um Congresso Itinerante, onde representantes de todas as cidades se reuniriam em locais rotativos para debater suas diferenças e buscar soluções conjuntas. Além disso, Adelmo sugeriu a criação de uma Carta de Princípios, um documento que delinearia os valores fundamentais da nova era — liberdade, justiça e cooperação.

Mas a proposta foi recebida com resistência. "E se as cidades simplesmente ignorarem a carta?" perguntou Orlan. "Ou pior, usarem essas reuniões para manipular o sistema a seu favor?"

"Então, aprenderemos com nossos erros," respondeu Asha, firme. "Não há caminho sem riscos. O que não podemos fazer é voltar atrás."

Os Ecos do Passado

Enquanto o plano era debatido, ecos da tirania de Velas começaram a ressurgir de forma inesperada. Em algumas regiões, líderes locais que haviam lutado contra Velas agora aproveitavam o vácuo de poder para impor seus próprios regimes. Histórias de abusos e execuções sumárias começaram a chegar ao Conselho, reacendendo os temores de um retorno à opressão.

Adelmo sentiu o peso da situação. Durante uma caminhada pelos arredores da cidade, encontrou uma anciã que cuidava de um pequeno jardim. "Você lutou por nós," ela disse, sem levantar o olhar. "Agora lute contra o que está crescendo no lugar da tirania. É um veneno diferente, mas igualmente mortal."

Essas palavras o perseguiram, inspirando uma nova determinação. Em uma reunião emergencial, ele declarou: "Não lutamos para substituir um tirano por outro. Se falharmos agora, estaremos traindo todos que deram suas vidas por esta causa."

Um Futuro Incerto

O capítulo terminou com o Congresso Itinerante sendo aprovado por uma votação apertada. Adelmo e Asha, junto com outros líderes, começaram a planejar a primeira reunião em uma cidade que simbolizava tanto a liberdade quanto a divisão: Árvoras Gêmeas, onde a rebelião havia começado.

Enquanto a tensão crescia, as últimas linhas do capítulo traziam uma reflexão sombria: "Os ecos da tirania ainda ressoavam, mas era nas mãos daqueles que resistiam que repousava a decisão de silenciá-los ou deixá-los crescer novamente. A escolha não era fácil, mas nunca havia sido."