Chereads / Alypse: 人類の失敗 (Jinrui no Shippai) / Chapter 2 - Capítulo 1: A Cidade Além dos Céus.

Chapter 2 - Capítulo 1: A Cidade Além dos Céus.

Eu sou Danme, Danme Arkanji. Meus cabelos são escuros como a sombra, com pontas azuis tão escuras quanto o fundo do mar. O degradê? Isso eu deixei de lado há muito tempo. Meu cabelo é meio ondulado, com cerca de cinco dedos de altura, ligeiramente arrepiado, com a textura que lembra espinhos de pena. Tenho olhos azuis como um lápis-lazuli. Minha pele é branca e reflete a luz leve, sou magro, tenho 1,77 m de altura e só 15 anos — ainda tenho muito pra crescer.

Meu estilo é mais rebelde, bem das ruas. Hoje, por exemplo, tô usando um gorro cinza, uma camisa polo vermelha escura e um colar de corrente dourada pendurada no pescoço. A calça é preta e bem larga, quase parece um rolo de filme, com várias bolsas espalhadas. Nos pés, o clássico tênis branco, porque estilo é tudo. Não importa se vou só até a esquina pra um lanche, vou estar 100% arrumado. Levo meu tempo escolhendo o que vestir, mesmo morando nos arredores do "Estrela".

Mas, afinal, o que é o "Estrela"? O último lugar realmente seguro que restou acima da Terra, em órbita. Pelo que sei, o Estrela foi criado há muito tempo. Aparentemente, foi a única maneira que encontraram para ficar completamente longe dos espíritos que caem dos céus, os Hinan's. Eu nem sei como eu e meu irmão gêmeo chegamos aqui, afinal nunca conhecemos nossos pais biológicos. Luthan nos adotou e criou desde muito novos, apesar de também ser bem novo na época. Ele não tem família, mas não queria que a gente também não tivesse uma, e eu admiro muito isso nele. Sou muito grato por ele não ter nos deixado viver sozinhos na miséria.

E quanto ao meu irmão? Mercil. Ele pode ser meu irmão gêmeo, mas não tem nada de parecido comigo. As pontas do cabelo dele são vermelhas-escuras como sangue coalhado. Os olhos dele também são diferentes: ao invés de azul-escuro, parecem um preto-escuro profundo, que esconde a sombra do seu vazio.

Ouvi o som da porta do quarto se abrindo: "cli-clack".

— Danme. A gente tem que ir logo. Tamo atrasado. — Falando no diabo, olha ele aí. Ele estava vestido com uma camisa polo azul escura, como se a gente estivesse completando um ao outro. Um calça preta bem larga, pra realçar a sua arrogância habitual e uma bota preta bem simples mas agressiva, como uma pantera se escondendo na moita. Ele também sempre tá usando um headset preto pra escutar suas músicas, se o headset não tá no ouvido, tá no pescoço, como agora.

— O que? Eu ia me encontrar com a Hana.

— Se eu fosse cê, iria logo então. A gente tem missão hoje.

Eu bufei como um touro, queria apenas ficar tranquilo hoje. Mercil logo já saiu do quarto, eu já tinha noção de onde ele ia ir. Então eu já fui procurar as minhas chaves da casa, afinal, cada um tem a sua. Procurei pelo meu lado do quarto do quarto primeiro, que ficava no lado esquerdo, procurei na pilha de roupas sujas que ficava do lado do guarda-roupa, joguei as roupas pro lado e pro outro, mas nada das minhas chaves. Então procurei dentro do meu guarda-roupa, um guarda-roupa madeirado e polido, e tinha algumas roupas velhas e novas, remédios que eu prefiro não detalhar, acessórios, alguns cosméticos bem vagabundos e improvisados, mas nada das minhas chaves. Então eu procurei debaixo minha cama, e só tinha alguns pedaços de comida, e por algum motivo um rato morto, eu me levantei e fiquei de pé olhando pro nada por um instante, mas logo em seguida voltei a procurar minhas chaves. Passei a mão debaixo do meu travesseiro branco, mas nada delas. Passei a mão debaixo do lençol vermelho, mas nada deles.

Então eu fui até o lado do quarto do Mercil, o lado mais "organizado". Eu peguei em uma linha na parede e subi ela, revelando um baú bem grande de ferro, onde Mercil guarda tudo nele. Então logo procurei minhas chaves, procurando entres as roupas, e outras coisas estranhas como ferramentas de construção e... Cirurgia? Bom não importa, eu fechei o baú e sem minhas chaves.

— Cadê isso afinal? — eu coloquei as mãos na cintura, refazendo meus passos.

Até que enfim, eu lembrei de um buraco na parede que eu guardo as minhas chaves, é ao lado da cama do Mercil, a cama dele inclusive, também é mais arrumada que a minha, com o lençol azul de diferença da minha. Então eu finalmente peguei minha chaves, da parede parede de concreto com alguns pedaços de aço perfurado. O quarto é pequeno, não muito grande, mas antes de sair de casa e poder me encontrar com a minha namorada... Preciso tomar meu remédio, o famoso "Xanax". Então eu pego uma garrafa pet de água com gás em cima da minha cama, pego meu remédio do meu guarda-roupa, e tomo meu remédio com a água, a felicidade espumosa descendo pela a minha garganta. Antes de sair, eu pego um maço de beck, acendo com meu isqueiro do bolso, e tranquilizo minha mente perturbada e suja com o mal do meu passado, meus erros, as merdas que podem acontecer, e quando eu dou mais um trago, eu digo tchau pra ansiedade, pelo menos por enquanto. Eu sei que isso me mata, mas é o único jeito que posso me sentir vivo.

— Bom, já deu minha hora. — eu saí do meu quarto, fechando a porta de ferro enferrujada, o cheiro metálico de ferrugem emanando da porta.

A nossa casa não é grande, inclusive só tem uma sala, banheiro e apenas um quarto. O Luthan dorme na sala pra eu e Mercil ter o nosso próprio quarto. Como é a sala? Tem aproximadamente 30 metros de cada lado, 5 de comprimento, 6 de largura. Altura do chão pro teto são mais ou menos 7 metros. As paredes são pintadas de preto, apesar da tinta tá descascando da parede, revelando o concreto sujo e tedioso. Alguns pedaços das paredes revestidas com placas de ferros parafusadas, placas de ferro ofuscantes, cegando a luz, com a ferrugem intoxicando o metal. O piso de mármore preto, deixando o ambiente obscuro. O sofá de couro no meio da sala, com alguns rasgos revelando sua espuma, um tapete circular na frente do sofá, com cores radiantes e quentes. A frente do sofá, uma televisão de tubo improvisada, Luthan achou a carcaça dessa televisão a muito tempo, como ele sabe lidar com engenharia elétrica, ele improvisou a televisão com pouca coisa. Na sala também tinha uma mini área de cozinha, uma pia com um pequeno armário, e outro armário em cima cravado no teto, ambos brancos de baunilha, com detalhes de madeira, do lado, um fogão preto elétrico e plano, com cinco bocas, como não tem lâmpada na sala, tem luzes led no arredor da pia pra iluminar pelo menos uma parte da sala.

Não tem muita coisa na nossa casa, afinal, a gente mora no "ADBR do Norte", o que são os "Arredores"? No Estrela tem uma certa divisão de estados: Central Star — o centro do Estrela, o estado central, quem vive no centro, é quem tem a melhor vida e tranquila possível. Agora os Arredores, são as pontas do Estrela, fora da linha do Central Star, e existem 4: Norte, Oeste, Sul e Leste. "Arredor Detectado para Baixo Reconhecimento" ou "ADBR", são como favelas do Estrela, não recebemos quase nada dos mesquinhos da elite, enquanto a gente luta pelo o pão de cada dia. O preço de não viver em uma Terra com os demônios que assolam ela, é a desigualdade.

Bom, eu já falei demais, agora preciso me encontrar com a Hana, minha namorada. Trabalhei muito pra comprar nossa aliança, a gente vai fazer 1 ano juntos, e sinto que ela é a única garota que me entende, é a única pessoa que tá comigo nos piores momentos.

— Vai se encontrar com ela? — Mercil me perguntou, sentado no sofá e assistindo um reality show na TV.

— É claro que vou. É um novo passo no nosso relacionamento, tudo tem que ser perfeito. — eu peguei o anel do bolso da minha calça, um anel de prata com uma pérola de ametista, e apertei firmemente com meu punho.

— Se eu fosse você, abriria o olho.

— Cê quer dizer o que com isso?

Mercil se espreguiçou no sofá, parecendo um gato mole. — Eu não entendo muito desses sentimentos que vocês tem, mas não sentir o que todos sentem, me dá a habilidade de não confiar em ninguém.

Antes que eu pudesse responder, quem resolveu aparecer?: Luthan Huskim. Luthan é um cara alto de 1,97 m, as vezes me pergunto se ele pode ver o céu, parece uma montanha pra mim, por conta do físico dele também ser de um atleta. Ele é um homem negro, mas sua pele consegue realçar o brilho com nitidez. O cabelo dele é raspado, e escuro como, com um freestyle no seu cabelo, que é um dragão japonês com duas cabeças, que estende até sua nuca. Seus olhos são castanhos como madeira, amargo como chocolate. A mandíbula dele é bem maciça, o nariz igual ao de um romano, e sua boca com os lábios superiores um pouco mais exuberantes que os inferiores. Ele tá usando um casaco amarelo, com uma listra bem larga e preta no meio, o capuz é preto por dentro, e os cadarços do capuz pretos também, ele usa o casaco aberto, então fica mostrando o seu abdômen e peitoral, com algumas faixas brancas enroladas na linha das suas costelas. Uma calça preta envolve suas pernas, e ele usa um chinelo básico, demonstrando sua humildade, e sua despreocupação com o mundo.

— Meus branquelos favoritos tão aqui, hã? — ele jogou a mochila dele no chão.

— Luthan! Como é que foi lá no trampo? — eu perguntei, estava feliz por ele ter chegado antes de seu sair, preciso dos seus conselhos.

— Ao que parece, os que não tem o que fazer, vão começar uma greve, uma disputa por direitos. Resumindo, a fábrica vai ficar fechada até a greve acabar. — ele andou até a cozinha na sala, e eu esqueci de mencionar, mas nossa geladeira fica dentro do chão, então ele pegou na alça e puxou a geladeira, é como uma prateleira azul e gelada, o problema é que tem apenas arroz no pote, alguns ovos, e uma lata de cerveja, que o Luthan pega e começa a tomar, então ele abaixa a geladeira.

— Nossa... Então cê vai ficar sem trabalhar? — eu fiquei um pouco preocupado, Mercil não ligou muito, continuou assistindo na TV, mas dessa vez um programa de anatomia de animais.

— Eu vou ter que arrumar algum bico pra fazer. Parecem que nunca aprendem. Ao invés de se contentar com o pouco que a gente tem, o povo fica de baderna, que saco. — ele deu um gole da sua cerveja, a lata cinza sem marca alguma, a gente não tinha dinheiro pra comprar alguma coisa de marca.

— Relaxa, Luthan. Eu e o Mercil vai arrumar uma grana hoje, não se preocupa, a gente te ajuda.

Luthan me olhou com aquele olhar desconfiado, mas deu uma risada pra mim. — Beleza meu nego. Eu vou tomar banho. E fala o que cê ia perguntar pra mim.

Eu fiquei impressionado, eu nem cheguei a perguntar sobre a Hana. — Como você percebeu?

— Eu te crio desde que tu cagava nas calças Danme. Desembucha. — ele tirou seu casaco, ficando sem camisa, ela aterrissando até o chão. Ele se encostou na traseira do sofá, com os braços cruzados, me olhando com os olhos meio cansados, e um riso fechado despretensioso.

— B-beleza! — eu tava com vergonha. — Eu vou entregar o anel de namoro pra Hana hoje, mas não sei como fazer isso. Tipo, pra pedir ela em namoro e tals... — eu disse um pouco cabisbaixo, tava com tanta vergonha que não olhava prós olhos do Luthan. — Não que a gente já n-não namorasse! — eu balancei minhas mãos e a cabeça, mas logo voltei a normal. — É só... Ter um comprometimento maior.

Luthan deixou o rosto cabisbaixo, arqueando as sobrancelhas, me olhando com um olhar de tipo "é sério?".

— Aí! Tô falando sério... — eu estava visivelmente nervoso.

— Tá tá kkkk — ele se aproximou de mim. — Pedir uma gata pra ter compromisso sério, não é tão difícil como parece. Só segue meu ritmo.

— Beleza. Vamo nessa. — eu chacoalhei meus braços.

— Cê vai chegar na sua gata e vai falar: — ele se ajoelhou, fazendo uma cara seduzente, segurando minha mão como se eu fosse uma donzela delicada, quebrando a seriedade. — Aí gata, eu e tu, amor. Bora?

— Que?! Tá falando sério? — claramente ele tava me zoando.

— Seríssimo pae. Funcionava comigo nos meus tempos. Vai tenta aí. — ele deu um toque no meu ombro.

— Beleza, beleza... Tudo pela Hana. — eu me ajoelhei, tentei fazer uma cara seduzente, mas ficou parecendo mais uma careta esquisita. Eu peguei na mão do Luthan tremendo, fazendo um biquinho. — Aí gata, eu e tu, amor. Bora?

— HAHAHAHAHAHAHAHAAAAA!!! — Luthan rachou em gargalhadas, eu sabia que ele tava de palhaçada com a minha cara.

— Ha. Ha. Tá cheio de graça né palhaço? — eu fui até a porta da saída de casa, uma porta de segurança metálica meio oval, parece vindo de um domo, a maçaneta é uma válvula vermelha, como se eu tivesse saindo pro fundo do mar.

— Boa sorte meu chocolate branco. Me conta como foi depois. Vai conseguir. — ele ficou apoiado com os braços no sofá.

Eu olhei pra ele de relance antes de sair. — Valeu.

— Antes de sair, pega teu presente pae! — Luthan pegou da mochila dele, um uma luva dourada de exoesqueleto, com frases japonesas como detalhes, era como 5 anéis e a carapaça de uma luva.

— Mentira! Me dá, me dá! — eu peguei a luva e botei na minha mão, eu queria muito essa luva pra andar estiloso por aí. — Valeu Luthan, valeu mesmo.

— Agora mete o pé garoto. Boa sorte lá, eu vou ver o que dou de presente pro seu brother.

Eu olhei pra ele de relance, antes de fechar a porta. — Obrigado.

Então eu abri a porta e sai de casa, o ADBR do Norte é um aglomerado de casas feitas de ferro e improvisações. Casas quadradas, enferrujadas, como se as ruas fossem pintadas de ferro. Fiações de antenas rebeldes como o povo, sujando o céu artificial com suas linhas complexas. Assim como outros ADBRs, o ADBR do Norte já tentou adotar um nome próprio, mas a punição de quem tá no centro, foi a falta de recursos, parece que a gente não pode ter uma identidade própria, como se não fôssemos humanos. No ADBR do Norte também tem alguns prédios pequenos de ferro e metal improvisado, normalmente são prédios de gente importante do Norte. Tem alguns poços de água que molham as estradas rachadas e rochosas. O cheiro de ferro enferrujado por todo lado, misturado com fumaça e gasolina do lugar, a situação é precária, e isso é evidente, o ADBR do Norte é como um Arredor mais voltado pro industrial, afinal, é claro que o Central Star se aproveita da mão de obra dos Arredores.

Mas agora não posso me concentrar nisso, tenho que me encontrar com a Hana, e elevar nosso relacionamento. Então depois de andar muito por ruas e vielas, eu subo em um cano de um pequeno prédio de 15 metros, então eu escalo até o topo, no telhado, e Hana já estava sentada lá, eu sabia que ela estaria alí, afinal a gente sempre vai lá por um único motivo: ver o espaço — o Sol, a Lua, a Terra, e algumas estrelas e planetas são possíveis de observar. É uma paisagem linda e vasta da imensidão interestelar. A gente só consegue ver o espaço, porque aonde tá é meio que a linha entre o Estrela e o espaço, por isso é possível observar uma paisagem tão linda e única como essa.

— Imaginei que estaria aqui. — eu comentei, com uma expressão amigável e amorosa.

Hana logo olhou pra trás e me olhou de cima a baixo, mas sem expressar muita reação. — Ah. Danme, que bom que veio. — logo em seguida ela voltou pra paisagem.

Eu estranhei a indiferença dela comigo, ela até me chamou pelo nome, mas tudo bem, preciso continuar. Sentei do lado dela, nossos joelhos mergulhando em um pedacinho do vazio especial.

— Cê tá bem?

— Uhum.

— Que bom... — ela me respondeu tão seco, mas opa, lembrei do que o Luthan me disse pra fazer: peguei na mão dela, fiz a cara sensual de biquinho. — Aí gata, eu e tu, amor. Bora?

Ela ficou em silêncio por um momento, mas logo deu uma risadinha boba. — Que que isso Danme? Andou assistindo comédia romântica kkk?

Eu logo soltei a mão dela e ajeitei minha compostura, olhando pra baixo. — Não é nada demais... É que eu tô tentando te pedir uma coisa.

Eu olhei pra ela, e ela se virou pra paisagem de novo, ela era linda, seu cabelo liso castanho que se estende até o pescoço, sua franja realçando sua doçura, seus olhos puxados e delicados, sua boca leve, doce e rosada, como uma flor. Suas roupas: uma jaqueta larga branca com detalhes em rosa, e um shorts curto branco, mostrando o quão delicada e sútil ela é.

Então eu respirei fundo, tirei o anel do bolso da minha calça, eu tava pronto pra isso. — Hana eu-

— Eu quero terminar Danme. — ela me cortou...

Assim que eu ouvi isso fiquei estático com os olhos totalmente abertos fixados no espaço, o sorriso aberto travado, que outrora tinha brilho, e agora uma decepção ofuscada. Eu não entendi o porquê, eu tava 1 ano com ela... 1 fudendo ano! Porque?

— Eu conheci outro. Ele se chama Geikou. Ele mora na Central Star, então eu vou poder dar uma qualidade de vida melhor pra mim e pra minha mãe.

Isso foi como uma facada no meu peito, não, pior: foi como milhares de cacos de vidro mutilando meu coração, transformando ele em carne moída.

Eu fiquei com a expressão inerte, eu não conseguia acreditar. A única coisa que consegui dizer foi: — ... — nada, assim como a sensação estranha que tomou conta do meu peito, como se meu peitoral estivesse vazio, com falta de ar.

— Espero que cê tenha tudo de bom na sua vida Danme.

— Mas... Mas onde eu errei?

— Você não errou em nada. Você foi perfeito. Não é você. Mas isso é por mim.

— Eu... Eu não entendo... — uma lágrima escorreu do meu olho direito, refletindo a bela luz do sol.

— Me perdoa Danme. Mas preciso focar em mim.

— Focar em você com outra pessoa?... — eu perguntei, com raiva, minha sobrancelhas tremendo e se contraindo.

Ela não me respondeu, apenas saiu, e foi embora, andando lentamente, cada passo ela se distanciando do amor que a gente um dia teve, e tudo isso enquanto observo o brilho flamejante do Sol. O sol, que é um símbolo de luz e esperança, acaba de testemunhar uma luz que se tornou a sombra da minha vida. Mas infelizmente, eu não podia ficar triste, eu tinha uma missão, Mercil começou a me ligar no walk-talk.

— A-al-... Alô? — eu falei coma voz trêmula e gaga, minha garganta dolorida por eu segurar minha tristeza, um riacho entalado na minha garganta.

— Câmbio. O chefe quer a gente lá pra agora. Conseguiu o que queria? — Mercil me perguntou pelo o walk-talk, mal sabia ele.

— Na verdade... Não.

— Como assim?

— Ela... — meus olhos se apertando automaticamente, como se estivesse espremendo meus olhos, não consegui segurar as lágrimas. — Daqui cinco minutos, me encontra no pontão. Leva meu casaco e a máscara.

— Cê tá chorando?

— Não. Te encontro lá, câmbio.

— Falou. Câmbio.

Eu dou uma suspirada tremida, fecho os olhos, respiro fundo, e aproveito o silêncio profundo que o espaço oferece. Então me levanto, me recomponho, e tento não pensar nisso, pelo menos não agora... Os sentimentos ruins se manifestando pelo meu corpo, mesmo sobre o efeito do meu remédio, esse é o motivo do Luthan dizer pra eu maneirar nos remédios, quando bate o baque, a tristeza é muito maior do que a felicidade que os remédios proporcionam.

Mercil tá me esperando no pontão: o "Big Clock", é um relógio enorme no centro do ADBR do Norte. O centro do Norte, é como uma área comercial, comerciantes em suas barracas de tecnologia tentando a vender seus produtos a todo custo, lojas de roupas, comidas, tecnologias, todo tipo de coisa, em vielas mais isoladas, casas para maiores de 18 anos, já deve imaginar o que rola lá. O centro do Norte é bem movimentado, muitas pessoas andam por ela com roupas despojadas e sujas de graxa, o Big Clock, é uma enorme torre de 29 metros, feita com cubos de ferro, e o relógio analógico branco na cabeça quadrada do relógio. Mercil me espera no topo desse relógio.

— Vamo logo Danme. — ele comentou pra si mesmo, ele já tava usando o casaco por cima da sua roupa, um casaco preto, com um símbolo nas costas do seu casaco: um eclipse com a lua vermelha, com a cor do sangue.

Eu cheguei ao topo do prédio, disfarcei as minhas lágrimas, esfregando minhas mãos nos meus olhos, tentando não transparecer minha tristeza. — Mercil. — eu o chamei.

— Ah! Que bom que você chegou. Sabe Danme, o chefe ia ficar puto se a gente se atrasasse. — ele me jogou o casaco igual ao dele e uma máscara pro meu rosto. — Vamo pichar um pouco do lugar, e ir até o Central Star.

Eu coloquei o casaco. — Qual é a missão?

— Não sei. A gente só vai saber quando se encontrar com o chefe. — ele colocou a máscara, a máscara é preta, os olhos da máscara são brancos e estilizados de forma agressiva, como se fosse rabiscos. E metade da máscara na testa, é como se fosse uma silhueta de meia lua. — Tá pronto?

Eu também coloquei minha máscara, exatamente igual a dele. — Sim.

Então ele pegou a mochila dele do chão, e jogou a minha nos meus braços, e aí a gente deu um mega salto do topo do Big Clock. A gente no ar, deu um grito de euforia, as pessoas de baixo nós observando, então a gente sacou barras de ferro das nossas mochilas, e começou a deslizar pelos os cabos dos postes com elas, e a gente se soltou em um movimento radical, aterrissamos em um prédio, e continuamos a corrida, dando mais um pulo insano e deslizando pelos cabos, o som fino e quente das barras de ferro raspando. Até que a gente aterrissou um prédio que tinha um outdoor enorme sem nenhum anúncio, apenas com a carcaça limpa e branca.

— Vamo marcar território? — eu perguntei pro Mercil, com um tom descontraído.

— Vamos marcar. — ele tirou as latinhas de spray da mochila, enquanto eu tirei as minhas.

Então a gente começou a espalhar nossa arte no outdoor do Centro do Norte, numa loja de conveniência em "Tayogare", que é tipo uma cidade mais japonesa do ADBR do Norte, a gente também marcou na parede colossal, a fronteira entre o ADBR do Norte e o Central Star, e em todos os lugares que marcamos, fizemos uma lua vermelha com as letras BM em amarelo. Até que enfim, chegamos no Central Star, e fomos até um beco atrás de um prédio luxuoso, o beco é fechado, e tem algumas coisas como uma lixeira automática, feita de nanotecnologia, incrível como tudo na Central Star é brilhante e cintilante, até mesmo uma lixeira.

Você provavelmente tá se perguntando o que a gente tá fazendo aqui, deixa que eu explico pra você. Eu e o Mercil começou a dois meses a trabalhar com a facção do Norte: a Blood Moon. Por que? Você me pergunta; eu e o Mercil queremos apenas o que todo mundo quer, dinheiro. Vamos concordar que luxar às vezes é bom, afinal, os pagamentos tão melhorando, e além de a gente poder ajudar o Luthan em casa, a gente vai poder comprar nossas roupas, bom, pelo menos eu, sei lá o que o Mercil faz com o dinheiro. Mas a gente trabalha apenas com crimes menores, como pichar, entrega de drogas, transporte de cargas e furto. Nada muito perigoso, o que é bom pra a gente não se dar mal, então tudo é calculado.

A gente abriu a porta dos fundos, uma porta vermelha com duas placas finas de ferro no meio, então as escadas claustrofóbicas se estendia até a escuridão abaixo. Assim que descemos elas, a porta atrás de nós se fechou sozinha, e tinha mais uma sala fechada, com uma lâmpada esverdeada, uma sala bem pequena e estreita, com alguns poços de água refletindo meu rosto coberto pela minha persona, e paredes com musgos verdes se proliferando.

Então a gente abriu mais uma porta de madeira, e então, adentramos a uma boate proibida. Um jogo de luzes vermelhas e azuis, uma multidão de centenas de pessoas dançando freneticamente ao som de uma eletrônica bem sombria. O cheiro de suor e drogas impregnava o ar, parecia uma verdadeira "lombra" aos olhos. A gente então deu uma passada no bar da boate, fomos até a bancada e chamamos o bartender, até que um colega nosso de facção tava lá e me percebeu, eu não gosto muito dele, mas tinha que interagir.

— Danmeee! Meu parceiro! — não entendia porque ele forçava intimidade. Ele tava com a mesma máscara que a gente, ele era extremamente enorme, papo de 2,37 m de altura. Era extremamente musculoso, parecia um tanque de guerra. Ele não usava camisa, apenas duas correntes em que se enrolavam em "x" no seu corpo, e uma calça cinza de látex, além de andar descalço também. Ele também tinha uma tatuagem da Blood Moon nas suas costas.

— Eae Letino. — eu respondi de forma seca e tentando cortar papo.

Mercil pedia duas bebidas caprichadas pro bartender, que vestia um traje de garçom, envolvendo seu rosto com uma máscara totalmente branca.

— Cê não sabe da maior! O chefe tá doido pra ver vocês! — ele tava sentado no banquinho, desproporcional ao seu corpo. Me pegou pelo pescoço e esfregou a mão na minha cabeça. — Esse é meu Danme! Dando duro pra BM!

Essa merda ainda rimou. — Tá, tá, me solta Letino. Por que o chefe quer me ver?

— Por que seria? A graduação!

— Gradua o que? — eu não consegui ouvir direito por conta da batida rápida da música que tocava no fundo.

— GRADUAÇÃO! — quando ele disse isso, meu corpo gelou um pouco.

— Graduação?...

— Éeeeee! O chefe tá doido pra aproveitar o potencial de vocês. Vocês são como ratos fazendo as missões. Sempre furtivos nas sarjetas.

— Mas eu pensei que a gente só ia ficar como novatos... — isso não pode tá acontecendo comigo.

— Relaxa menor! É como cometer um crime menor, só que mais cabuloso. — foi a lógica mais sem sentido que eu já vi.

— Danme. Bebe logo pra a gente se mandar. — Mercil entregou o meu copo com vodka, enquanto ele levantou a máscara, mostrando sua boca, e tomou um gole da bebida dele.

Eu tava tremendo e ansioso, isso não podia tá acontecendo comigo, então eu peguei meu remédio em pó do meu bolso, e joguei na vodka, logo eu bebi em completo desespero. Minha respiração tava ofegante, mas eu tentava disfarçar minha ansiedade, o que será que vai acontecer se eu for pra um crime maior... E se?... E se tudo der errado?...

A gente então foi pra sala do chefe da Blood Moon. Eu e o Mercil ficamos sentados no sofá de couro, com uma luminária ao lado do sofá. A nossa direita, tinha um futebol de mesa, um aquário enorme na parede, que era basicamente um mini oceano artificial, um sofá de 8 assentos e uma mesa de madeira a frente desse sofá. A sala era escura, as paredes e o chão preto, com uma iluminação neon amarelo e rosa na parede a nossa frente. A nossa esquerda, a porta de madeira, dois seguranças, vestidos de ternos brancos, com a gravata vermelha, e óculos escuros vermelhos. Ambos com cabelos tingidos da cor da neve, como se fossem máquinas militarizadas.

De repente, o chefe abriu a porta com um chute, outro segurança igual ao os outros, mas com o cabelo preto vindo atrás dele. O chefe era careca, e tinha uma tatuagem tribal que subia do pescoço até o topo da cabeça, ele usava óculos redondos e vermelhos escuros, um terno branco, e uma gravata vermelha, parecia um executivo. Ele segurava uma pistola, mostrando sua imponência e ameaça. O segurança de cabelo preto, acompanhando ele a cada passo, até que o chefe se sentou no banco a nossa frente.

— Danme. What the hell do you think you are in this damn mess? — eu não entendi nada do que ele disse.

— Éeee... Como? — eu perguntei.

— Ele perguntou: O que você tá achando que você é nesse caralho. — o segurança de cabelo preto me respondeu.

— Ah... Eu... — eu não sabia o que responder, eu nem entendia o que tava acontecendo.

— Damn it! Shit, what the hell! I've got no respect left in this damn place! Nobody respects me anymore! Not even the Southern Shadows give a damn about me in this mess! Damn! — ele parecia puto, tava gritando que nem uma fera. — Shit! Shit! SHIIIIIT!!!

Até que segurança de cabelo preto deu um tiro na cabeça do chefe, eu tomei um susto, Mercil também ficou surpreso. O corpo sem vida do chefe caiu ao lado do banco, o sangue escorre de sua cabeça.

— Me perdoem por isso, ele não é o verdadeiro chefe aqui. — o segurança tirou seu terno, ficando apenas com uma regata branca. Ele passou as mãos pelo cabelo, bagunçando o estilo dividido ao meio—uma risca limpa e simétrica no centro, com os fios caindo naturalmente para cada lado, emoldurando o rosto de forma levemente desarrumada e descontraída. Ajustando seus óculos vermelhos, escondendo seus olhos vazios. — Me chamem de Alvo. Ouvi falar que os dois tem um ótimo desempenho nas missões. — ele falava de forma tranquila, e passiva.

— Por que nos chamou? — Mercil falou por mim.

— Quero graduar vocês. Os Sombras estão começando a ser um problema tanto pra a gente aqui de cima, quanto pra gente lá de baixo. E precisamos de mais membros capazes pra lidar com eles, e dominar tudo. — ele apontou a arma pra mim, estendendo seu braço definido. — Então, pegue a minha arma. — ele jogou a arma na minha mão.

— O que eu tenho que fazer?... — eu perguntei.

Então, eles trouxeram um refém aleatório, um jovem rapaz ruivo, provavelmente um playboy da Central Star. Ele tava apenas de cueca, todo sujo, e parecia que foi torturado, ele tava com as mãos amarradas atrás das costas, tava chorando e desesperado.

— Por favor! Me deixa ir! Por favooorr!!! — os seguranças botaram ele de joelhos a nossa frente.

Então eles me puseram em pé.

— Atira. — Alvo ordenou.

— O que? Eu não... Eu não posso... — eu não podia matar uma pessoa inocente a troco de nada.

— Você só tem uma escolha, e é atirar no cara que tá na sua frente. — ele parecia me ameaçar indiretamente, enquanto ele me encarava, sentado no banquinho.

Então eu apontei a arma pro refém, minha mão tremendo, eu não conseguia apertar no gatilho, parecia que tinha algo puxando meu dedo pra frente, pra que eu não atirasse. Eu não sou assim, eu sou um cara ruim, mas não sou um cara mau.

— Eu não... Eu não consigo. — eu abaixei a arma, deixando o refém viver.

— Obrigado... De verdade, obrigado... — ele me agradeceu por tê-lo poupado.

Até que Alvo estalou os dedos, e o segurança pegou um canivete, e cortou a garganta do refém. Sua vida esvaindo na minha frente, eu vi ele se afogar com o próprio sangue, até que ele cai com a cabeça nos meus pés.

— Entregue a arma pro seu irmão. — Alvo me ordenou.

Eu tava com medo, a adrenalina subiu no meu sangue, é como se minha mente tivesse no modo automático, pensando todas as variáveis em frações de segundos, tentando saber como escapar daquele lugar. Então eu entreguei a arma pro Mercil, e me sentei no sofá, meus olhos arregalados, olhando pro refém morto na minha frente.

— Já que não conseguem matar um simples desconhecido, que tal matar logo um conhecido? — a gente não entendeu o que o Alvo quis dizer, quem ele vai trazer agora?

Outros seguranças entram na sala com um refém negro, não era qualquer refém, era o Luthan, eles retiram o corpo do outro refém morto do chão, levando ele pra outro lugar, e deixam Luthan de joelhos a nossa frente. Ele tava calmo, olhando pro chão, como se tivesse aceitado o seu destino, ele não reconheceu a gente, porque nossas máscaras escondiam nosso rosto. Ele tava sem camisa, tava apenas de cueca, parecia que tinha sido espancado, com o olho roxo, e alguns cortes de chicotes nas costas.

— Atira. — Alvo ordenou novamente.

Mercil não faria isso, ele vai fazer o mesmo que eu, e não vai matar o nosso pai, eu confio no meu irmão gêmeo. No entanto, ele apontou a arma na cabeça do Luthan, ele não tremia, não estava ofegante, parecia calmo. Será que o Mercil realmente não vai atirar? Ele tá muito calmo pra isso... Não... Não pode ser!

— Mercil! NÃO! — eu gritei em desespero, me levantei e segurei o ombro do Mercil.

Luthan, assim que ouviu o nome de Mercil, ficou em choque, ele levantou a cabeça, e olhou para seus dois filhos mascarados, um olhar de decepção, sua boca levemente aberta, uma lágrima escorrendo do seu olho.

— Atira. — Alvo disse.

Mercil então apertou o gatilho, a bala atravessando a testa de Luthan. Meu pai acabou de morrer, por minha culpa. Mas ele pareceu ainda consciente por alguns segundos, continuando de joelhos, e olhando para o teto, com um olhar de desespero e decepção, virando um olhar sereno, até que o brilho de seus olhos, se apagaram.

— Perfeito, temos um graduado pessoal. — Alvo começou a bater palmas, os 4 seguranças também começaram a bater palmas, estavam comemorando a graduação de Mercil, como se não tivessem acabado de nos forçar a matar nosso pai.

Eu apertei meu punho, a raiva subiu pra cabeça, eu queria matar... Queria matar o maldito Alvo.

— Então Danme. Sinto-lhe informar, mas vamos ter que cortar fora sua participação com a Blood Moon. Queremos máquinas aqui.

Eu paralisei, olhei pra ele com sangue nos olhos. Então eu olhei pra porta, olhei pra ele, olhei prós seguranças.

— Eu quero que saibam. Um dia, um dia... Vou matar cada um de vocês demônios. Principalmente você, Alvo. — eu disse com a voz calma e mexi o pé pro lado.

No entanto minha respiração começou a ficar tremida, minha pupila começou a dilatar, minhas veias pareciam saltar de tão pulsantes que estavam. Então eu corri pra sair daquela sala, eles começaram atirar na minha direção, mas nenhuma bala me acertou. Eu estava em um corredor, uma escada pra baixo levando a boate, e uma escada pra cima levando ao posto de comando e as naves, então eu corri para as escadas, eu em desespero, com a raiva tomando conta da minha mente, o desejo de vingança que eu ainda não posso cumprir. Eles corriam atrás de mim, atirando sem parar, Mercil ficou pra trás, observando o corpo de Luthan ajoelhado sem vida. Então eu abri as duas portas do posto de comando de uma vez, um posto enorme com hologramas, bandidos mascarados e armados, usando jaquetas e uma camisa vermelha por baixo, com calças pretas portando as pistolas. O posto parecia um cassino particular, com uma arquitetura rudimentar e clássica, com a varanda das naves mais a frente de mim, com os bandidos como meu obstáculo.

— ATIREM NELE! — Alvo gritou.

Então eles começaram a atirar, e eu me escondi atrás da mesa de sinuca, uma raiva incontrolável tomava de conta do meu peito, uma ansiedade estranha, eu tava respirando pesado e com falta de ar, minhas veias do corpo ficaram completamente dilatadas, eu não conseguia entender o que tava acontecendo comigo, mas eu sabia de uma coisa: eu precisava fugir dali. Então Alvo veio na minha direção, subindo as escadas, então eu soltei um grito, e uma energia vermelha se liberou do meu corpo, lentamente, e como uma rajada rápida, se espalhou por toda a sala, empurrando tudo a volta, tudo ficou espalhado e jogado no chão, copos de vidros quebrados, mesas destruídas, corpos nas paredes, mas eu ainda precisava correr, eu não entendia o que tinha acabado de acontecer, mas eu não tinha tempo de pensar, e precisava correr antes que eles recuperasse a postura. Então eu corri pra varanda, uma varanda extensa e reta, com algumas naves, era minha única chance, eu não podia ficar no Estrela, eu precisava fugir pra outro lugar... E tinha que ser a Inferterra.

Então entre 6 naves em fileira na ponta da varanda, eu entrei na do meio, abrindo a vidraça apertando o botão, a nave era espaçosa, e cabia no máximo 5 pessoas, era como um corvo de metal branco, só que mais estilizado e compactado, lembrando um corvo negro, o mensageiro da morte. Então eu sentei no banco do piloto, ao meu lado tinha outro banco, e atrás apenas um espaço vazio com o chão azul escuro, com armários brancos nas paredes. Na minha frente, um painel e montes de botões que eu não fazia ideia de como mexer.

— Droga! Como eu faço pra isso andar?!

Um sino tocou, então, um tablet surgiu do painel, revelando uma onda sonora vermelha. — Olá viajante! Vejo que é inexperiente com naves, não é mesmo? Para onde pretende ir.

— Graças! — eu coloquei as mãos no tablet desesperado. — Inferterra!! Me leva pra Inferterra!

— Claro! Pode me chamar de Drow para que fique mais confortável! — a voz robótica da nave estava feliz demais pra situação.

Então um cinto do assento branco e robusto envolveu todo meu corpo, a vidraça se fechou sozinha, e nave começou a flutuar.

— Próxima parada: Inferterra. Posso confirmar?

— SIM!

— Lá vamos nóoos!

Até que os bandidos começaram a atirar na direção da nave, mas então, em uma velocidade impressionante, a nave partiu em direção da Inferterra, saindo do limite gravitacional do Estrela a 16.666 km/s, meu corpo tava pressionando contra assento, tremendo com a velocidade avalassadora da nave.

— Alvo. O que vamos fazer? — o capanga perguntou.

Alvo apenas olhou para a ponta da varanda, que outrora estava eu com a nave, e agora só tinha o horizonte dos prédios luxuosos da Central Star. — Nada. Ele provavelmente vai morrer por algum "Condenado". Voltamos aos serviços pessoal, vamos atacar os Sombras no sul hoje a noite.

A nave ia em direção a Inferterra, eu saí do limite do Estrela, e o céu artificial, virou o espaço isolado e estrelado. Quando eu pude perceber, fiquei até com a expressão impressionada; na minha frente, a Inferterra, eu não podia ver ela antes com a Hana, no máximo dava pra ver o Sol, Vênus e Mercúrio, mas a Terra fica a 670.000 km do Estrela, e o ADBR do Norte fica no ponto que não é possível ver a Terra, ou Inferterra. Mas o que eu vi... Era algo indescritível... Um planeta, envolto de um anel imenso de energia, vermelha e negra, escura, com raios de espalhando pelo o espaço, mal dava pra ver os continentes, as nuvens eram negras e densas, mas o pior de tudo... Abaixo do planeta, tinha uma extensão dele, uma extensão do tamanho de júpiter, era como se fosse um planeta vermelho escuro, mal dava pra ver sua cor, grudado no polo sul da Inferterra, e a última coisa que eu consegui ver dessa extensão que eu não fazia ideia do que era, em um ponto específico, o planeta tinha um olho do tamanho de dois continentes no meio, um olho com a pupila azul, e ele olhou pra mim, me vendo entrar na órbita da Inferterra. Eu fiquei apavorado, senti um frio na espinha, eu não acreditava na cena que se desenrolava na frente dos meus olhos.

— Olha só! Estamos nos aproximando da Inferterra. Quer saber algumas curiosidades sobre ela?

— O que... O que é essa coisa debaixo da Inferterra?...

— É o submundo! A maldade em sua mais pura essência, dizem que poucos tiveram coragem de tentar descobrir o que tem lá! Não é legal? — O Drow falava de jeito robótico e feliz, parece que ele tá programado pra isso não importa a situação.

— O que tem no submundo?

— Ninguém sabe até hoje o que realmente tem lá. Mas até agora sabemos que existem: Titãs! Demônios! Bestas colossais! Todo tipo de coisa incrível e assustadora! — isso é o inferno? — Ô ou! Parece que o combustível está acabando, vamos ter que fazer a aterrissagem brusca! Se segure!

A nave acelerou ainda mais, entrando na atmosfera caótica da Inferterra. Passamos pelas nuvens negras e densas, com tempestades sobrenaturais, que parecem desafiar as leis da física, chuvas negras, com gotas de água ácidas se espalhando freneticamente, não consigo ver nada, e um raio acerta a nave, fazendo ela balançar, e eu bato a cabeça na vidraça, apagando. Assim que eu acordo, a nave aterrissou em uma cachoeira, no meio de uma floresta escura e negra, e a última coisa que eu ouvi, foi um grito de alguma coisa, não parecia ser de um humano, nem de um animal, mas era um grito agudo e monstruoso, que lembrava uma trombeta, os pássaros próximos voaram assim que ouviram o rugir.

— Olha só que legal! Você chegou ao seu destino! — o destino do meu fim.