Caspian guardou alguns donuts para mais tarde, entrando no trem quando ele chegou.
O bilhete não tinha sido tão caro, o que significava que mais dinheiro poderia ser usado para sua sobrevivência até ele conseguir um emprego. Ele escolheu outro assento perto da janela, seu olhar fixo lá fora durante todo o trajeto.
Ele deveria estar cansado, mas não se sentia nem um pouco sonolento, a excitação pulsando em suas veias. Ele quase esqueceu de comer seus donuts, só se lembrando quando estava a uma estação de seu destino.
Quatro horas pareciam passar num piscar de olhos, e logo ele estava descendo do trem com os outros passageiros, segurando sua bolsa firme na multidão.
Cidades eram bem diferentes de vilarejos, até mesmo vilarejos como Beckley. Havia tanta coisa acontecendo apenas na estação que ele se sentiu desorientado, sua cabeça girando de um lado para o outro enquanto tentava descobrir para onde ir.
"Ei, você parece que poderia usar alguma ajuda," Um Beta de aparência amigável se aproximou dele. Ele estava vestido com uma camisa social amarrotada e calças desbotadas, uma bolsa sobre o ombro.
"Desculpe, é minha primeira vez aqui, você poderia me indicar a saída da estação?" Caspian respondeu, suspirando aliviado.
"Depende de para onde você está indo," O Beta colocou um braço ao redor de seu ombro para levá-lo para longe da multidão de pessoas.
"Duvido que você esteja indo para o centro, mas essa é a melhor saída," Ele apontou para um corredor escuro que era o mais distante deles. "Área Central também é para onde eu estou indo, posso te levar até lá."
Caspian não estava confortável com o braço dele ao redor de seu ombro, mas se sentiu mal em rejeitar, já que o Beta havia sido generoso o suficiente para oferecer sua ajuda a um estranho.
"Ob-Obrigado." Ele murmurou.
O Beta realmente o conduziu para fora da estação lotada e foi até gentil o suficiente para chamar um táxi para ele. "Você disse que está indo para o 2º Distrito?" Ele confirmou.
Caspian assentiu, um pouco sobrecarregado com toda a ajuda. Havia motéis baratos lá, então ele encontraria um decente para ficar.
"Ele está indo para o 2º Distrito," disse o Beta ao motorista do táxi que ele chamou, oferecendo-lhe uma nota amarrotada. "Aqui, eu vou pagar por ele."
Caspian estava entrando no táxi naquele momento, mas pausou quando o Beta disse que pagaria, "Obrigado!" Ele disse com uma voz mais energética, "E eu não peguei seu nome."
"É Max," O Beta sorriu, acenando para ele enquanto o táxi partia.
Caspian não percebeu o que tinha sido feito com ele até que estava no balcão do motel que escolheu e alcançou sua bolsa para descobrir que todo o seu dinheiro havia sumido, o horror se instalando nele com a realização.
A caixa mascando chiclete atrás do balcão franziu a testa impaciente quando ele não agiu rápido com o pagamento, seu batom roxo escuro rachando enquanto ela o olhava com desdém. "Se você não tem dinheiro, dê lugar para meus clientes que pagam."
Caspian não teve opção senão sair do motel sob os olhares dos estranhos. Sua boca tinha gosto de metal, o mesmo metal que pesava em seu estômago, fazendo-o sentir como se o fundo de seu estômago estivesse prestes a cair.
O que ele ia fazer? Ele estava preso em uma cidade estranha sem um único centavo no nome e não conhecia ninguém.
Deveria ter lhe parecido estranho que Max tivesse tirado tempo para se aproximar dele, mas vindo de uma pequena cidade com um monte de gente intrometida, aquilo não era um comportamento tão estranho para ele. Ele estava distraído enquanto saía do motel, tendo que pular para trás quando um carro passou por ele, o motorista gritando ofensas.
Ele estava realmente em um lugar estranho agora, ninguém sequer olhava para ele, todos cuidando de seus próprios assuntos. Ele vagou até chegar a um parque onde poderia encontrar um lugar para sentar e pensar no que poderia fazer. Ele vasculhou sua bolsa direito e descobriu que o ladrão de bolsos não havia deixado nem mesmo seu telefone celular velho e trincado, levando tudo de valor. Tudo o que lhe restava eram suas roupas velhas e livros.
Caspian abraçou seus joelhos no banco de metal em que estava sentado, descansando sua cabeça no topo de seus joelhos enquanto simplesmente tentava respirar para não se afogar em suas emoções.
Era final da tarde agora, mas logo escureceria e ele não tinha onde dormir. Ele odiava comparar, mas até mesmo o sofá de Noah era uma opção muito melhor do que um banco de metal frio ao ar livre.
Sua situação era angustiante, mas ele não se deixava abater, se ele conseguisse passar a noite, poderia tentar encontrar um emprego em um restaurante ou algo assim.
Se seu chefe fosse bondoso o suficiente, ele poderia pedir para dormir no trabalho até receber, então encontraria um lugar para ficar.
Caspian ergueu a cabeça, tirando seu gorro para que pudesse passar dedos esguios pelo cabelo, seu nariz vermelho brilhante por conter as lágrimas com tanta força.
Fazia anos que ele sentia falta dos pais assim, mas à medida que escurecia e ficava mais frio, ele daria qualquer coisa só para vê-los novamente.
Ele meio que esperava ser expulso do parque, mas não foi, mesmo depois que ele esvaziou e o sol se pôs, ele ainda sentou no banco, olhando para os prédios altos e o céu grande e implacável. Ele estava apenas aliviado por não estar chovendo, isso tornaria realmente difícil dormir sob as estrelas.
Caspian não conseguia adormecer apesar de seu dia agitado e não tinha nada a ver com o banco duro onde estava deitado. Ele pulava e estremecia com o menor dos ruídos, as únicas luzes do parque eram fracas, então era fácil enxergar monstros nas sombras.
Isso significava que no momento em que uma pessoa real se aproximava, ele imediatamente pulava com um grito agudo, já extremamente tenso.