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Veneno de maçã

John_Al
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Chapter 1 - Prólogo

A chuva caía pesada sobre a cidade, em cortinas escuras que abafavam qualquer som. Baekhyun observava pela janela embaçada o reflexo das luzes distantes, cada gota arrastando-se pelo vidro, ecoando a angústia que crescia em seu peito. Ele podia ver os telhados iluminados da cidade abaixo e, além disso, as sombras imponentes da mansão que agora chamava de "lar". As paredes frias e o ar viciado daquele lugar só reforçavam o peso que sentia — um fardo que não escolheu carregar, mas do qual não podia escapar.

Seu reflexo na janela parecia estranho, quase irreconhecível. Havia uma fragilidade que ele não sabia se algum dia deixaria de existir. Um ômega puro, vulnerável e desejado, preso em um mundo onde ele mal se via como uma pessoa. Aquele rosto pálido, os olhos fundos e o toque de tristeza eram agora a lembrança viva de um passado que lhe fora arrancado.

Quando seus pais partiram, deixando-o sozinho, ele nunca imaginou que o vazio em sua vida seria preenchido por alguém como Chanyeol. Ele ouvira falar sobre o alfa dominante antes de sequer pisar naquela mansão. Chanyeol era uma lenda — e não no bom sentido. Cruel, calculista, dono de uma beleza que beirava o perigoso, ele possuía um tipo de autoridade que não precisava ser dita; ele apenas existia, e o mundo ao seu redor obedecia.

Desde o instante em que Baekhyun chegara ali, sentiu o peso do olhar de Chanyeol sobre ele, um olhar que o despia até o fundo da alma, frio e implacável. Ele sabia que era prisioneiro daquele alfa, e não havia lugar para onde pudesse correr, não havia portas abertas ou saídas escondidas. Tudo o que havia eram as paredes que ecoavam sua solidão, e os passos constantes de Chanyeol, que sempre pareciam tão próximos.

Por vezes, Baekhyun se perguntava se alguém lá fora saberia de sua existência. E, se soubessem, se ao menos se importariam. Sua única esperança parecia residir nos sete guardas que, na calada da noite, tornavam-se mais do que apenas vigias. Eles eram seus amigos, aliados inesperados em uma guerra silenciosa, e, por meio de olhares e palavras contidas, Baekhyun encontrava forças para manter o pouco que restava de si mesmo intacto.

Mas, mesmo com essa chama tímida de esperança, ele sabia que sua vida estava nas mãos de Chanyeol — o homem que o mantinha ali, como uma peça valiosa de uma coleção privada, algo a ser possuído e jamais libertado. Naqueles olhos de aço, Baekhyun via um desejo perigoso, uma obsessão que o prendia em um laço invisível, tão sólido quanto as próprias paredes.

Afinal, fugir não era apenas escapar da mansão. Fugir significava encontrar uma forma de quebrar os grilhões que o prendiam a uma vida sem escolhas, sem liberdade.

Enquanto o barulho da chuva enchia a noite com seu ritmo triste, Baekhyun respirou fundo, sentindo o peso do que estava por vir. Ele sabia que aquela não era apenas uma batalha por liberdade; era uma luta pela própria alma.