O Céu de Heliópolis
O sol já se havia posto quando Heitor chegou às imponentes fronteiras de Heliópolis, a capital dourada do Império Solariano. Ele estava flutuando no ar, sua armadura Defesa Absoluta reluzindo com uma intensidade mortal, como se o próprio céu tivesse sido cortado pela sombra de sua presença. A vastidão da planície diante dele estava tomada por um exército imenso — 150 mil magos do Império Solariano, todos com seus feitiços prontos, protegendo a cidade de Heliópolis da ameaça iminente.
No campo abaixo, a linha de defesa parecia quase imbatível. Magos de batalha formavam círculos de proteção ao redor de suas tropas, os feitiços de barreira se alinhando em camadas, como um escudo intransponível contra o que quer que fosse essa ameaça. Mas a verdade era que nenhum feitiço ou encantamento poderia parar o que estava prestes a acontecer.
Adonis Mayer, o mais experiente e temido espião de Andrew Solarian, estava no centro do campo. Ao ver Heitor voando acima, uma sensação de pavor se apoderou de sua mente. Ele sabia que os magos do Império Solariano tinham acesso a poderosas magias, mas ninguém — nem mesmo os magos arcanos mais poderosos — podia voar sem ter atingido o núcleo negro. E a lenda de Heitor, o Desperto, falava sobre a ascensão de um ser que transcenderia todos os limites da magia.
Adonis estava diante de um dilema. Ele conhecia os rumores. Sabia o que Heitor era capaz de fazer. Mas seu dever era proteger o Império Solariano, mesmo que isso significasse lutar contra algo que parecia impossível de vencer.
Com a mão levantada e sua voz cheia de autoridade, Adonis gritou para o céu, sua palavra ecoando por todo o campo:
"Pare, Heitor! Você será destruído se não se render! O Imperador Andrew Solarian não permitirá sua invasão! Renda-se ou morra!"
Heitor, sem mostrar qualquer sinal de hesitação, olhou para Adonis com seus olhos negros e profundos, como se a escuridão de seu próprio ser estivesse refletida nos olhos do comandante do Império Solariano. A leve brisa que tocava sua face parecia desaparecer, dando lugar a uma aura de silêncio mortal. Ele estava mais próximo agora, descendo lentamente como uma sombra que se apoderava do campo de batalha.
"Você não entende, Adonis", disse Heitor, sua voz calma, mas cortante como uma lâmina afiada. "Eu não vim aqui para destruir Heliópolis... se o Imperador se render, então você terá minha palavra de que a cidade ficará intacta. Mas se ele não o fizer, não haverá mais um lugar seguro em seu império."
Adonis, de pé, agora em um campo de batalha cercado pelos magos do Império, sentiu um calafrio correr por sua espinha. Ele sabia que Heitor estava além de qualquer poder que eles pudessem enfrentar. Mas não poderia simplesmente ceder. Ele acreditava no Império, na liderança de Andrew, e na proteção que ele proporcionava ao seu povo. Ele não poderia permitir que Heitor fosse mais um deus destruidor que arrasaria tudo no caminho.
"Você é apenas um homem!", gritou Adonis, tentando recuperar a compostura. "Acha mesmo que pode vencer 150 mil magos? Você está sozinho contra um império inteiro! Não é invencível!"
Heitor sorriu, uma expressão sombria que indicava uma verdade desconcertante. O som de sua armadura pesada reverberava no ar enquanto ele começava a descer, sua presença esmagando qualquer esperança de resistência.
"Considero isso um 'não'", respondeu Heitor, sua voz um sussurro de morte. "Então, prepare-se para as consequências."
Com um gesto imperceptível, Heitor ergueu a mão, e o ar ao redor dele se distorceu. A terra abaixo parecia tremer em antecipação, e os ventos ao redor começaram a rugir como uma tempestade prestes a se soltar. Ele não precisava de palavras. A magia ao seu redor começou a se acumular, e a energia que emanava de seu corpo era tão esmagadora que parecia que o próprio espaço e tempo estavam se contorcendo diante dele.
Em um movimento tão rápido quanto um raio, Heitor disparou em direção ao exército. O impacto foi imediato, um tsunami de energia que atravessou a linha de defesa como se fosse feita de papel. Os feitiços de barreira se desintegraram diante da força elemental de Heitor, e os magos, mesmo os mais poderosos, caíam um após o outro. O poder de Aniquilação Elemental se espalhou em todas as direções, sem piedade.
Adonis, vendo a destruição tomar conta do campo, sentiu o peso da realidade. Ele não conseguia mais manter a calma, o medo agora enraizado em seu peito. Ele olhou para o céu e então para os magos ao seu redor, todos tentando conjurar feitiços poderosos para enfrentar o impossível. Mas tudo o que viam era Heitor, em sua fúria silenciosa, consumindo a própria terra com cada movimento.
"Corra! Renda-se!", Adonis gritou para o exército, mas seus próprios olhos não podiam mais esconder a verdade. Eles estavam diante de uma força que não poderia ser derrotada. O Império Solariano, com todos os seus magos, não tinha chance contra Heitor.
Mas o que Adonis não sabia era que, mesmo com a destruição tomando conta de Heliópolis, Heitor não buscava a aniquilação completa. Seu objetivo era simples: forçar o imperador a se render, e se isso significasse destruir a cidade para que ele fosse ouvido, ele o faria sem hesitar. A vingança de Heitor não era apenas pessoal, mas uma mensagem.
O destino de Heliópolis estava agora selado, e as únicas perguntas que restavam eram: até onde o império poderia ir para defender sua liderança? E até onde Heitor estava disposto a levar sua vingança?