Download Chereads APP
Chereads App StoreGoogle Play
Chereads

Os 7 barões do Pecado

🇧🇷AcaoComics
--
chs / week
--
NOT RATINGS
319
Views
Synopsis
Uma chuva misteriosa ocorre em um mundo medieval mágico, un homem procura uma sacerdotisa de cura, porém uma ameaça pode fazer que tudo saia do esperado
VIEW MORE

Chapter 1 - Apresentação

O céu estava nublado, com nuvens espessas que cobriam até o horizonte, mas, de alguma forma, a cidade ainda mantinha sua tranquilidade. As ruas, feitas de pedras gastas pelo tempo, e as casas rústicas alinhadas ao longo delas criavam um cenário harmonioso de vida simples. No centro da cidade, a praça fervilhava de atividades. Feirantes ofereciam seus produtos — alimentos frescos, tecidos, especiarias e artesanatos. As pessoas passavam umas pelas outras com sorrisos amigáveis e risadas abafadas, como se todas compartilhassem da mesma paz silenciosa. Era um domingo como qualquer outro.

Mas o ar estava diferente. Algo no tempo não se encaixava, e a sensação de tranquilidade parecia frágil demais para durar.

No alto da colina noroeste da cidade, a catedral se erguia, um ponto de paz. Sacerdotisas sorridentes cumprimentavam os fiéis enquanto chegavam para o culto da manhã. Entre elas, uma jovem loira varria o pátio do templo, acompanhada por uma garota morena e baixa, de cerca de 1,43m. Ambas estavam dedicadas à limpeza até que um sacerdote se aproximou delas com um olhar sério.

— Heaslynglow, isso não é nada bom, estar aqui exercendo essa atividade. — ele disse, olhando para a jovem loira. — Hoje é o dia do seu batizado, onde será promovida a sacerdotisa do templo, já deveria estar arrumada.

Heaslynglow olhou para ele com um sorriso tímido, mas sentiu uma leve preocupação crescer em seu peito. A responsabilidade de ser uma sacerdotisa era algo pesado, e ela ainda não sabia se estava pronta para isso.

— Tudo bem, sacerdote, eu já irei me arrumar. — ela respondeu, seu tom suave, mas com uma pitada de apreensão.

Enquanto isso, na cidade, o clima começava a mudar. As ruas estavam mais movimentadas do que o normal para um domingo de manhã. As pessoas iam e vinham, fazendo suas compras, trocando palavras amigáveis. Mas algo parecia estar no ar — uma tensão invisível, mas presente. Guardas medievais, montados em cavalos e armados com lanças, patrulhavam as ruas. Eles passavam pela praça com um olhar atento, fazendo os transeuntes recuar, suas armaduras de couro e prata reluzindo sob a luz fraca do dia nublado.

— Lembrem-se! — um dos guardas gritava enquanto cavalgava pela cidade. — Se houver qualquer vestígio de chuva, voltem para casa ou procurem abrigo! Ninguém deve ficar fora quando a chuva cair.

A multidão ouvia, mas não parecia tão preocupada. Havia tanto tempo que essa chuva não caía, que a sensação de naturalidade parecia bem estabelecida. Apenas os mais velhos olhavam pela janela, resmungando sobre a quantidade de gente na rua com todo aquele tempo fechado. Já os mais novos, ou aqueles que tinham presenciado a chuva de prata uma vez, não tinham tanto medo, pois ela era fácil de detectar antes de ocorrer.

— O Lorde tem medo que a chuva de prata possa aparecer sem aviso. — comentava um comerciante com outro enquanto arrumava suas mercadorias. — Mas nunca aconteceu. Não vamos nos preocupar com isso, não é mesmo?

— Sim, claro. Nada para temer. — respondia o outro, mas o sorriso em seu rosto parecia forçado. — Faz seis anos que não acontece isso, e conseguimos identificar a chuva melhor que antes. Hoje só será uma chuva normal.

Do outro lado da cidade, em uma casa próxima à praça, uma senhora idosa e seu neto, um garoto de oito anos, compartilhavam uma refeição simples. O aroma suave de chá de camomila se misturava com o cheiro de pães recém-assados. A senhora olhava carinhosamente para o menino, que estava absorto em seu prato. Ele olhava para fora, onde a rua estava tranquila, com crianças brincando e correndo, mas o tempo cinza no céu parecia pesar sobre ele, assim como o peso das palavras de sua avó.

Foi então que a porta se abriu e três garotos da mesma idade do neto da senhora apareceram, com os olhos brilhando de excitação. Eles chamaram o menino, convidando-o para brincar na rua. Ele quase se levantou, o sorriso começando a se espalhar pelo rosto, mas a senhora, com um olhar atento pela janela, impediu-o.

— Não hoje, meu bem. — ela disse suavemente, mas com firmeza. — O céu não está bom, e você sabe o que acontece quando há uma chuva. Não queremos correr esse risco.

O menino, visivelmente desapontado, deixou os ombros caírem e resmungou, olhando para o prato de comida.

— É por causa da chuva de prata?

A senhora observou-o com um suspiro silencioso, antes de responder com um olhar distante, quase como se estivesse falando para si mesma:

— Você pode ir, se o tempo abrir expondo o Sol. Só termine a refeição, querido.

O menino olhou para ela, franzindo a testa. Não havia visto o sol por dias. A chuva parecia nunca querer parar, e sempre havia essa preocupação com a chuva de prata. Ele suspirou, fechando os olhos enquanto mordia o pão. O brilho de alegria em seu rosto havia desaparecido, substituído por uma sombra de frustração.

— Mas a última vez que essa chuva caiu eu tinha dois anos de idade! — ele murmurou baixinho.

A senhora encheu seus olhos de lágrimas e, com a voz amarga, respondeu:

— Sim, faz muito tempo. Se tivéssemos sido mais precavidos, seu pai ainda estaria aqui.

O menino deu um pequeno sobressalto, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. Ele olhou para o fundo da casa, para o porão escuro, onde algo parecia se mover, emitindo um grunhido abafado. Ele congelou, o olhar fixo na porta do porão, antes de desviar os olhos, sentindo uma estranha sensação de que algo o observava de lá.

A senhora, absorta em seus próprios pensamentos, não percebeu o olhar inquieto do menino. Ela continuava a observá-lo com tristeza, como se estivesse em um mundo à parte. O garoto engoliu em seco e, com a cabeça baixa, não disse mais nada.

De repente, um som estranho se espalhou pelo ar. O sino da cidade começou a tocar, mas não era a hora certa. O feirante, que estava organizando as frutas em uma banca, olhou confuso para o relógio.

— Isso está errado... não são nove horas ainda. — murmurou, desconcertado.

Mas outro homem, com a expressão tensa, arregalou os olhos.

— Não é para marcar as horas. — ele disse com voz grave. — É um alerta.

No mesmo instante, outros sinos começaram a tocar rapidamente, criando uma cacofonia de sons que espalhou uma sensação de pavor pela cidade. As pessoas pararam, olhando umas para as outras, sem entender o que estava acontecendo. Então, uma palavra surgiu no vento, repetida em uníssono por várias vozes:

— Chuva de prata! Chuva de Prata! Chuva de prata...

O medo tomou conta da multidão. Olhares se voltaram para o céu, e o que antes parecia ser uma manhã normal agora se transformava em um pesadelo. As primeiras gotas caíram, fortes e pesadas, como se o céu tivesse aberto suas feridas. O pânico se espalhou. Pessoas começaram a correr, gritando, tentando se abrigar, mas muitos caíam no caos.

Os comerciantes abandonaram suas bancas, e os gritos de "Chuva de prata!" ecoavam pelas ruas. Era o sinal: todos deveriam sair das ruas imediatamente, pois o pior não era quando a chuva caía, mas quando ela parava de chover.