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Chapter 2 - A sombra na chuva

A chuva caía em um ritmo constante, pingando na capa verde do homem enquanto ele caminhava pela cidade deserta. Seu capuz sombreava o rosto, ocultando suas feições, enquanto a água escorria pela sua mão que segurava um machado com firmeza. Ao redor, o cenário estava desolado; as ruas estavam cheias de silhuetas caídas, e as casas fechadas pareciam observar em silêncio.

Ele avançava, pisando sem cautela alguma fazendo barulho ao pisar nas poças de água que tinha um tom cinzento. Então, um som diferente chamou sua atenção. Um choro abafado, vindo de um ponto à frente. O homem parou, e seu olhar se fixou em uma jovem encolhida na varanda de uma casa, abraçada aos joelhos, tremendo. Atrás das janelas, cortinas se moviam rapidamente, como se os poucos moradores que restavam tivessem um vislumbre da cena e, logo em seguida, se escondessem de novo.

Ele se aproximou da garota, mas mantendo uma certa distância de talvez 10 metros, que levantou o rosto ao sentir sua presença. O olhar dela estava cheio de medo, os olhos marejados pelas lágrimas.

"Por que ninguém abriu a porta para você?" perguntou o homem, sua voz baixa e rouca.

A garota hesitou, engolindo em seco antes de responder: "Eles acham que... que fui infectada pela chuva."

O homem observou ao redor e, em seguida, olhou novamente para ela, parecendo ponderar. Uma risada reprimida ecoou baixo dele com um tom de sarcasmo. "ha ha" em seguida respondeu ela.

"Se estivesse infectada," ele disse calmamente, "já estaria como eles." O homem apontou o machado para a praça central onde a poucos minutos antes era uma feira comercial lotada de pessoas.

A garota mordeu o lábio, apertando os braços ao redor das pernas, e desviou o olhar para os corpos estendidos pela praça, imóveis e silenciosos. Seus olhos voltaram para ele, e ela sussurrou com um fio de voz, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair novamente.

Os corpos pareciam sangrar pelos olhos e ouvidos, espalhados aleatoriamente pela praça, alguns ainda se debatiam em agonia pelo chão tentando respirar arranhando a garganta enquanto babavam, dando seus ultimos suspiros numa agonia enorme.

"Eu... estou com medo," ela murmurou. "Mas... por que você está andando debaixo dessa chuva? Você não sente med?, a chuva vai te matar!"

Ele ergueu a cabeça e deixou escapar um leve sorriso suave, quase imperceptível . Sem dizer mais nada, arremessou o machado em direção a ela, cravando a lâmina no chão próximo aos seus pés. A garota se encolheu, surpresa, seus olhos arregalados de um extremo medo, mas ele apenas apontou para o machado.

"Não curto fazer caridades, mas espero que não tenha medo de usar isso," ele disse, com uma firmeza que fez o olhar da garota se fixar no objeto. "Se quer sobreviver, vai precisar dele, você já sabe o que acontece logo em seguida!"

A jovem encarou o machado no chão, sem saber ao certo o que fazer. Ela ergueu o olhar para ele e acenou a cabeça confirmando que sabia, porém no fundo de seu coração não imaginava ser capaz de usar o machado, mas o homem já estava de costas, seguindo seu caminho pela rua, deixando-a para trás com a única proteção que poderia lhe oferecer.

Enquanto caminhava ele murmurou baixo: "O terror começa quando essa merda de chuva parar, espero que eu já esteja fora da cidade com meu objetivo."

Enquanto caminhava, ele notava que algumas casas ao longo da rua estavam com as portas e janelas arrombadas, como se tivessem sido forçadas numa busca desesperada. Dentro delas, os poucos sinais de vida se encolhiam, aguardando, talvez, que tudo fosse apenas um pesadelo passageiro.

"Pobres almas, o mundo nunca será justo!"

Finalmente, ele chegou ao templo. A chuva começava a diminuir, seus pingos mais leves, enquanto ele parava na entrada, observando a porta entreaberta. Achou algo estranho, olhou para a lama em volta e percebeu dezenas de pegadas marcadas no barro cheia de poças de água.

Ao empurrá-la fazendo um rangido de enferrujada começou a estralar enquanto abria, nem pode adentrar no local, e o seu olhar recaiu sobre um salão vazio e silencioso, marcado por sinais de luta e destruição. O cheiro era forte, cheiro de sangue, mas ele já havia se acostumado a essa sensação pesada no ar.

Examinando o espaço, o homem murmurou para si mesmo, com uma voz que carregava um toque de amargura: "Cheguei tarde demais… Talvez minha sacerdotisa já não esteja mais viva."

Ele deu alguns passos pelo salão, em silêncio, absorvendo cada detalhe, alguns corpos no chão com sinais de mordidas sangrando, enquanto a última gota de chuva escorria pela sua capa, caindo no chão, misturava com o sangue.

"Malditos Zacks!" Resmungou retirando uma besta de suas costas já armada com uma flecha. "Espero que eu não esteja perdendo meu tempo aqui!"