O tempo era um conceito abstrato no porão onde Elizabeth estava confinada. Sem janelas, sem relógios, os dias pareciam se misturar em um ciclo interminável. O sequestrador vinha até ela regularmente, trazendo refeições que ela mal tocava no início. Ele era sempre meticuloso, com um tom calmo e uma postura que parecia cuidadosamente ensaiada. Sua aparência, impecável e bem cuidada, contrastava com o terror e a sujeira que permeavam o lugar.
Elizabeth não sabia se sua recusa inicial à comida era por orgulho ou desespero. A fome, no entanto, era implacável, e, com o passar dos dias, ela começou a aceitar os pratos silenciosamente, ainda que com um nó na garganta.
Ele nunca falava muito, mas quando o fazia, sua voz soava distante, quase robótica. Usava uma máscara o tempo todo, escondendo qualquer traço de humanidade. Elizabeth imaginava mil rostos por trás daquele disfarce: um estranho, alguém próximo, ou talvez ninguém que ela pudesse reconhecer. A dúvida corroía sua mente quase tanto quanto o medo.
Na solidão do porão, Elizabeth começou a lutar contra a própria sanidade. As memórias de sua vida antes do cativeiro, sua casa, sua família, pareciam cada vez mais distantes, como um sonho do qual ela acordara bruscamente. Ela se agarrava à esperança de reencontrar o que havia perdido, mas a realidade era sufocante.
Seu sequestrador parecia manipular cada aspecto de sua existência. Ele trazia pequenas concessões, como uma foto de seus pais que ela havia implorado para ter. Um gesto que deveria trazer conforto, mas que só reforçava o domínio que ele exercia.
Elizabeth começou a observar os padrões dele, tentando decifrar seus gestos, sua rotina. Era um jogo perigoso, mas necessário. Ela percebeu que ele, aos poucos, afrouxava o controle: deixava-a banhar sozinha ou relaxava em sua presença, como se estivesse testando sua obediência.
A mente de Elizabeth, exausta, oscilava entre uma falsa aceitação e um desejo desesperado de liberdade. Ela sabia que ceder poderia ser sua melhor chance de encontrar uma brecha. Mas isso a dilacerava por dentro. Até que ponto ela teria que se submeter? Seria sua rendição apenas uma estratégia ou o prenúncio de uma mudança irreversível?
Certa manhã, enquanto estava no luxuoso banheiro que contrastava cruelmente com o sofrimento que vivia, Elizabeth se viu diante de um espelho. Pela primeira vez em dias, encarou a própria imagem. Sua expressão estava desgastada, seus olhos tinham perdido parte do brilho. Ainda assim, havia algo naquele reflexo que parecia desafiá-la: uma faísca de quem ela já foi.
Ela deslizou os dedos sobre a superfície fria do vidro, como se tentasse se conectar à pessoa que um dia fora. Era um momento de introspecção, uma pausa para lembrar que, apesar de tudo, ainda estava viva. Mas a sensação de estar sendo observada era inevitável.
Seus pensamentos se voltaram ao sequestrador. Ele a estudava, testava seus limites, como um jogador move peças em um tabuleiro. Elizabeth começou a acreditar que ele estava esperando algo dela – um erro ou um gesto que revelasse suas intenções. Ela precisaria ser cuidadosa, calculada, se quisesse encontrar uma maneira de sair daquele inferno.
Ela mordeu seus lábios em um gesto provocativo, e com suas mãos deslizou em seu corpo, ela parecia dançar diante daquele espelho, com alguma música em sua mente, se sentia relaxada, enquanto olhava discretamente vendo se o seu sequestrador, nomeado de Mestre estava a observando, e com seus próprio toques e movimentos ela fingiu prazer, dando o que o sequestrador tando desejava, abrindo um caminho que antes não habia entre eles.
A tensão pairava no ar como um fio prestes a se romper. Elizabeth, por mais frágil que parecesse, estava decidida a não ser apenas uma peça no jogo dele. Enquanto apertava o punho ao lado do espelho, repetiu para si mesma em seus pensamentos: Eu ainda sou eu. E eu vou sair daqui.
Mas suas palavras saíam algo como:
"Mestre, eu... preciso de algo mais. Me sinto vazia por dentro, me ajude a preencher isso!"