O tempo, naquele porão, parecia se arrastar como se o próprio ar estivesse preso em uma eternidade sem fim. Elizabeth não sabia mais como contar os dias, ou se ainda havia dias para contar. O cativeiro roubara-lhe até mesmo a noção do tempo, e o silêncio daquelas quatro paredes se tornara um peso constante sobre sua mente.
O sequestrador vinha até ela de forma meticulosa, sempre com a mesma máscara, sempre com a mesma voz monótona e distante. Seus gestos, cuidadosos demais, pareciam fazer parte de uma encenação que ela nunca compreendeu. O homem por trás da máscara não era mais do que uma sombra vazia, uma presença inumana que passava por ela como se fosse apenas mais um objeto daquelas paredes.
Nos primeiros dias, Elizabeth recusava a comida. Sua mente gritava por resistir, por não ceder a qualquer forma de poder que ele tentasse estabelecer sobre ela. Mas a fome, implacável, não dava trégua. Cada vez mais, ela aceitou os pratos que ele trazia, apenas para calar o vazio dentro de seu corpo, embora o nó na garganta não desaparecesse. Ela se sentia como um espelho quebrado, incapaz de se juntar novamente.
A cada visita, ele parecia testar sua resistência. De vez em quando, deixava-a um pouco mais livre – mais liberdade para se mover, mais tempo sozinha. Elizabeth sabia que, naquele pequeno espaço, qualquer ação poderia ser um movimento estratégico. E, mesmo naquelas condições, ela tentava encontrar algo, qualquer coisa que fosse, para agarrar. Algo que a fizesse sentir que ainda tinha controle. Algo que não fosse ele.
Quando o sequestrador trouxe uma cadeira e uma mesa para que ela pudesse comer de maneira mais "civilizada", como ele sugeriu, Elizabeth não se sentiu grata, mas sim cínica. Ele estava tentando enganá-la com uma falsa gentileza, uma pequena concessão que escondia sua intenção de quebrá-la mais ainda. Ela aceitou, sentando-se à mesa com a postura de quem sabia o que estava em jogo. Cada gesto seu, cada movimento ao redor da refeição, era um estudo, uma tentativa de desmascarar o padrão dele.
Após a refeição, o clima entre eles mudara. Ele queria mais, como sempre. E Elizabeth sabia disso. Ele desejava algo que ela se recusava a dar, algo que ela nunca daria de bom grado. Mas, com a mente se tornando um campo de batalhas silenciosas, ela pensou por um momento em se usar como uma arma, em tornar-se o que ele esperava. Mas o que ele não sabia era que, por baixo daquela fachada de resistência, Elizabeth estava analisando tudo, calculando cada movimento com uma precisão cirúrgica.
Ela olhou para ele, sentindo o peso da sua presença. Ele queria vê-la ceder, queria vê-la se submeter, mas Elizabeth sabia o que estava fazendo. Ela o desafiava sem palavras, sem ações óbvias. Só ele não sabia ainda. E quando se virou, como se estivesse se entregando ao que ele desejava, a última coisa que ele esperava era o golpe silencioso de sua mente. Ela não estava ali para ser derrotada. Talvez não.
Ela se ajoelhou diante dele, mostrando toda a submissão, seu olhar penetrou na mente dele, e ela se usou para o saciar e dar aquilo que ele tanto almejava, e quando ele estava em seu máximo de prazer, Elizabeth com um ato traiçoeiro o mordeu em seu membro no exato momento em que ela sentiu o aroma quente deixado em sua boca, a mordida não foi forte o suficiente tirar um bom pedaço dele.as foi o nescessário para ele perder suas forças e cair no chão em uma posição fetal.
Elizabeth cuspiu o sangue e furiosamente o chutou diversas vezes no chão, ele gritava de dor, ela pisoteou seu rosto, fazendo a máscara negra e obscura soltar, saindo de seu rosto, o deixando desacordado no chão.
Quando a máscara dele caiu, Elizabeth sentiu o mundo ao seu redor desabar.
O rosto que apareceu diante dela não era de um estranho qualquer. Era alguém que ela conhecia. Alguém que ela confiava. O choque foi tão profundo que ela não soube se sua raiva era maior que seu medo ou se a dor era mais intensa do que qualquer sensação que ela já tivera.
Josef Fritz. Ele estava ali, respirando, vivo, mas... não. Não podia ser ele. A realidade se despedaçava em pedaços afiados enquanto o rosto familiar de seu quase amigo se tornava uma tortura viva. Não era possível. Ela o havia visto tantas vezes, mas nunca assim. Ele não deveria estar ali. Ele não deveria fazer parte disso. Ela nunca imaginaria que alguém tão próximo dela poderia ser capaz de fazer coisas tão cruéis.
Ela ficou paralisada, uma tempestade de emoções a atravessando. A raiva estava lá, fria e cortante, mas havia algo mais profundo que a fazia se contorcer por dentro. Uma mistura de medo, tristeza e uma dor indescritível. O coração dela, que já não aguentava mais, parecia bater mais forte, tentando gritar, tentando entender o que se passava. Mas ela não sabia o que fazer. A verdade a afligia, o peso daquilo tudo a esmagava.
A chave estava ali, ao alcance de sua mão. Ela a pegou, sem saber como conseguiu fazer isso, e correu para a porta. Seus dedos estavam trêmulos, sua visão embaçada pelas lágrimas que insistiam em cair. O alívio parecia estar ali, à frente, mas, ao mesmo tempo, algo em seu peito a fazia sentir-se mais perdida do que nunca. As lágrimas escorriam sem controle, como se seu próprio corpo estivesse dizendo o que sua mente não conseguia aceitar. Ela era apenas uma criança perdida, sozinha em um pesadelo sem fim.
Finalmente, ela conseguiu abrir a porta, e o mundo exterior, a liberdade que ela tanto desejava, estava ao alcance. Ou pelo menos parecia estar. O corredor diante dela era sombrio, uma luz fraca a iluminando com um brilho morto, e ela se lançou para frente, mas o peso das últimas semanas pesava em suas pernas. Seus pés pareciam falhar a cada passo.
Ela não podia acreditar. Outra porta. Outra barreira.
Desesperada, ela socava a porta, gritando por socorro, sua voz sendo engolida pela escuridão ao redor. Mas não havia resposta. Nada além do eco de sua própria frustração. E então, ela percebeu. A chave não estava ali para todas as portas. Ele a havia enganado, brincando com sua mente. Ele a fizera acreditar que havia uma única chave, uma única saída.
O medo tomou conta de sua mente. O que ela havia feito? Não revisou tudo. Não se preparou como deveria. Ele ainda a tinha. Mesmo ali, à porta da liberdade, ele ainda a possuía de uma forma que ela não podia entender.
Ela precisava voltar. Precisava voltar para pegar o controle. Precisava trancá-lo da mesma forma que ele a trancara, precisava fazer o que fosse necessário. Mas, antes que pudesse se mover, ouviu o som da porta que ela havia trancado sendo aberta. Impossível.
Ele havia voltado. O corredor à sua frente clareava lentamente, e, em meio à escuridão, Elizabeth viu a sombra dele. Ele estava de volta. E, mais uma vez, ela se viu à mercê de um pesadelo ainda maior.