Elizabeth corria pelo corredor escuro, os passos ecoando em sua mente como um tambor, amplificando o som do próprio coração. Seu corpo tremia, as pernas enfraquecendo a cada passo, como se o peso da sua própria respiração a estivesse consumindo. Cada movimento, cada centelha de pânico, parecia uma eternidade. Ela mal podia acreditar no que acabara de descobrir, na face familiar e traidora por trás da máscara.
A chave tremia entre seus dedos, a mão suada dificultando o movimento. O metal da fechadura parecia se desintegrar à medida que ela tentava girá-la, cada movimento torturando ainda mais sua mente já saturada de medo e desespero. Quando finalmente conseguiu, a porta se abriu com um som abafado, e ela se lançou para o corredor sombrio. A escuridão era densa, quase palpável, e a luz tênue da lâmpada no teto mal iluminava o caminho à frente.
Respirando pesadamente, Elizabeth avançou. O corredor parecia se esticar infinitamente à sua frente, como um túnel que não levava a lugar nenhum, e ela mal podia ouvir sua própria respiração pelo som ensurdecedor da música clássica que continuava a tocar, vinda de algum lugar, provavelmente da antiga sala de estar. Era uma melodia lenta, triste, e quase etérea, que parecia se infiltrar em sua alma, como se tentasse acalmá-la, ou talvez apenas aprofundar sua angústia. Não havia como escapar de tudo o que estava por trás dessa música, esse lugar, esse pesadelo que se desenrolava diante de seus olhos.
Quando os passos se tornaram audíveis atrás dela, um calafrio percorreu sua espinha. Ele estava vindo. O som das suas botas pesadas contra as escadas de madeira ecoava cada vez mais próximo. O pânico a dominou de imediato, uma onda de terror que fez suas pernas quase falharem sob seu peso. Ela não sabia por quanto tempo havia estado ali, mas não importava. O tempo parecia distorcido, as horas se arrastando, cada segundo mais longo que o anterior.
De repente, ao alcançar o topo da escada do porão, Elizabeth se viu em um ambiente totalmente diferente. O ar estava pesado, um cheiro de mofo e decadência impregnava o lugar. À sua frente, uma grande janela se abria para o campo vasto e desolado, o horizonte coberto por uma espessa camada de névoa que parecia engolir o mundo. A mansão estava isolada, perdida em uma enorme área rural, rodeada por um bosque sombrio e desolado. As árvores estavam secas, suas folhas caídas como fragmentos de uma história antiga, amontoadas no chão, como uma tapeçaria de lamentos esquecidos.
A melodia clássica continuava a tocar, uma presença sinistra no ambiente vazio e sufocante.
Ela hesitou por um momento, tentando processar a vastidão da solidão à sua frente. Seus olhos percorreram o cenário à sua volta até que, entre as árvores, ela viu algo que a fez parar de repente. Três cruzes estavam erguidas, e os nomes gravados nas sepulturas próximas foram o suficiente para fazer seu sangue gelar. Os nomes pareciam familiares, como ecos de um passado que ela tentara esquecer. E entre eles... estava o nome de uma amiga sua, desaparecida há mais de um ano.
Uma onda de desespero a envolveu, seu corpo instintivamente se encolhendo ao ler aquele nome. Não, não poderia ser. Não, ela não podia estar vendo aquilo. Os dedos dela se apertaram contra a boca enquanto um grito de angústia estava preso em sua garganta. A verdade estava diante dela, fria e implacável, e ela sabia que tudo isso tinha um propósito, que ela estava ligada a esse pesadelo de uma forma mais profunda do que jamais imaginara.
Mas antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ouviu a voz dele. Ele estava atrás dela, gritando seu nome com aquela voz áspera e furiosa. "Onde você está, Elizabeth? Não adianta se esconder. Eu vou te encontrar."
O terror se transformou em uma força impulsionadora, e ela correu. Não pensou, não calculou o risco, apenas se lançou pelo bosque seco. Suas pernas tremiam, mas ela forçava seu corpo a continuar. O som dos passos dele na distância, e o arranhar da espingarda contra o chão, era o único som que ela ouvia. Ela se esquivou das árvores, seu coração batendo tão forte que quase podia ouvi-lo gritar.
"Eu sei que você está aqui!" Ele estava mais perto agora, e o som de um disparo ecoou nas árvores, a bala cortando o ar. O grito dele reverberava, "Vem aqui! Eu sei onde você está!"
O medo tomava conta, e cada passo de Elizabeth parecia arrastá-la mais fundo no desespero. Ela se escondeu atrás de um tronco de árvore, sua respiração rasgada e rápida, suas mãos tremendo tanto que mal conseguia se apoiar. Ela ouviu os passos dele se aproximando, e sua respiração estava tão pesada quanto a dela. "Onde você está, garota? Eu sei que você está aí."
A cada palavra dele, uma onda de pavor se espalhava por ela. Mas, de repente, ela ouviu algo. A porta da mansão havia se fechado com um estrondo, e ele parou por um instante, seu corpo se virando rapidamente, como se tivesse escutado algo mais.
"Será que você entrou de novo? Ou foi só o vento?" ele murmurou para si mesmo, de costas para o bosque. Seus olhos pareciam procurar qualquer movimento, mas a escuridão não revelava nada. O pânico começou a ser substituído pela sensação de que talvez, por um breve segundo, ela tivesse a chance de escapar.
Ele voltou para a mansão, mas não sem antes olhar uma última vez para o bosque, os olhos dele fixados na escuridão como se esperasse que ela saísse de sua caverna. Elizabeth, escondida atrás da árvore, mal conseguia respirar. Ela ouvia seus próprios pensamentos em silêncio, e no fundo sabia que o jogo estava longe de acabar. Mas ela estava viva. Por enquanto.
E isso era tudo o que ela poderia esperar.