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Laços Proibidos

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Synopsis

Capítulo 1. – A Fragilidade da Paz

O ambiente estava preenchido por um ar quente e cheio de fragrâncias doces, uma pequena bolha de vida em meio ao frio vazio do universo. Plantas de várias espécies, muitas delas exóticas e desconhecidas, cresciam em vasos cuidadosamente organizados, cercadas por musgos e flores vibrantes.

Lyria estava agachada ao lado de uma flor que sempre amara: uma mistura delicada de violeta e dourado, suas pétalas brilhando sob a luz artificial da estufa.

Seus dedos ágeis deslizavam pelo caule, sentindo a energia viva que fluía através da planta. Desde pequena, Lyria sabia que tinha uma conexão especial com o mundo ao seu redor, uma habilidade que vinha de sua linhagem Zaanya, herdada de seu pai.

Ao seu lado, sua mãe trabalhava com a mesma atenção meticulosa, ajustando a terra de um dos vasos, observando o crescimento das plantas com um olhar que misturava a curiosidade científica e afeto. Tendo sido outrora uma cientista, hoje era apenas uma mãe atenciosa e protetora. Os traços humanos gentis de Maelis contrastavam com o peso das experiências que vivera desde a morte do pai de Lyria e a traição de seus amigos.

Um golpe brutal, que ainda as assombrava, e que elas buscavam uma forma de recomeçar naquele lugar remoto, e gasto pelo tempo. No entanto, era difícil esquecer. Ele fora um dos últimos de sua espécie, uma raça antiga e poderosa, com habilidades que desafiavam as leis naturais.

— As plantas estão felizes hoje. — Lyria comentou, erguendo os olhos para a mãe. — Estão crescendo mais rápido do que o esperado, você não acha? – Comentou, pensativa.

Sua mãe sorriu, o cansaço de anos de exílio suavizado por aquele momento de tranquilidade.

— Sim, estão. Mas acho que isso tem mais a ver com você do que com qualquer outra coisa. Desde aquela época, a única coisa que parece estável são suas habilidades, filha.

Olhando para a flor em suas mãos, sentiu o pulso vibrante da vida que passava entre suas mãos e a planta.

— Às vezes, me pergunto se isso é uma bênção ou uma maldição. — Murmurou. — Tudo o que aconteceu... As pessoas que perdemos. Se não fosse por esse poder... Talvez estivéssemos seguras, e o pai...

Percebendo o tom que a conversa ganhara, sua mãe se aproximou, colocando uma mão reconfortante em seu braço, antes que terminasse a frase.

— Não foi sua culpa, Lya. As pessoas, são cruéis, e elas temem o que não compreendem. Seu pai era especial, e você também é. Por isso estamos aqui. Seu poder vai além do que qualquer um pode entender. Algumas pessoas, fariam qualquer coisa para controlá-lo.

— Com "algumas pessoas", quer dizer aquele Imperador elfo, não é? – Perguntou, sentindo as mãos tremerem. Maelis apenas assentiu.

Todas as histórias que havia lhe contado sobre os Altos Elfos, envolvia assassinatos e escravidão. Os seres diferentes deles não eram nada mais que objetos, para serem usados e desacartados.

Diante as palavras da mãe, suspirou. Sabia que o dom que possuía era poderoso, capaz de alterar vidas, curar ou destruir. Muitos desejavam capturá-la, acreditando que seu controle sobre a matéria orgânica poderia oferecer a imortalidade. Ou talvez, poderes inimagináveis. Estava cansada daquilo.

— Eu só queria viver em paz. — Confessou, voltando os olhos para a imensidão do espaço além das janelas da estufa. — Como éramos antes de tudo isso.

Sua mãe a olhou com compreensão, mas antes que pudesse responder, uma vibração leve percorreu o chão da estação, uma sensação quase imperceptível, mas que Lyria captou imediatamente devido seus instintos aguçados.

— Mãe... Sentiu isso? — Sua pergunta deixou transparecer preocupação, e olhando para Marílis, notou o mesmo nos olhos verdes dela.

Se levantando rapidamente, ela vasculhou o ambiente com urgência.

— Fique aqui, Lyria. — Ordenou, a voz firme. — Vou verificar o que está acontecendo.

Mas antes que pudesse dar um passo em direção à porta, um alarme soou pelos corredores da estação, seguido por um ruído metálico e abafado de passos pesados. Diante a aflição do desconhecido, Lyria sentiu o coração disparar em seu peito.

— Mãe, o que está acontecendo? — Sua voz saiu trêmula, mas Maelis não teve tempo de responder.

A porta da estufa deslizou abruptamente, revelando uma figura encapuzada à frente de uma dúzia de piratas espaciais. Os homens estavam armados com rifles e facas, seus rostos cobertos por máscaras que escondiam qualquer traço que pudesse facilitar reconhecimento.

O que parecia ser o líder dos piratas deu um passo à frente, seus olhos frios se fixando nela e em sua mãe.

— Parece que a informação não era  mentira... — Murmurou ele, seu tom carregado de malícia. — Finalmente, te encontramos, pequena Zaanya.

Lya sentiu o ar ser roubado de seus pulmões. O refúgio seguro em que vivera com sua mãe, estava prestes a se desfazer.