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Chapter 10 - 10- Hinata

Algumas horas já tinham se passado desde o pequeno incidente com Hinata.

Agora, a noite havia caído sobre Konoha, e o céu estava coberto por um manto de estrelas cintilantes.

Enquanto caminhávamos pelas ruas, a brisa noturna soprava suavemente, trazendo consigo o perfume das árvores e flores que se espalhavam pelo vilarejo.

O silêncio era quase absoluto, bem diferente da agitação que tomava conta dessas mesmas ruas durante o dia.

Quase não se via mais ninguém por ali, exceto por um ou outro morador que ainda voltava para casa.

Eu estava andando ao lado de Hinata, o som de nossos passos ecoando pelas pedras da rua enquanto íamos na direção da casa do clã Hyuga.

De vez em quando, eu lançava um olhar para ela. Hinata mantinha a cabeça abaixada, provavelmente ainda chateada com o que tinha acontecido mais cedo.

Eu não conseguia tirar da minha mente o que tinha presenciado. Cheguei a tempo de evitar que a situação saísse do controle, mas a expressão de desconforto e vergonha no rosto dela me marcou.

Depois de interferir, eu perguntei logo de cara o que tinha acontecido. Eu precisava entender.

"Eu... estava apenas comprando algumas coisas no mercado," ela começou, com a voz quase em um sussurro. "Sem querer, esbarrei em um dos garotos. Foi um acidente, mas... as coisas simplesmente escalaram. Eles começaram a me provocar, e eu... não sabia o que fazer."

Eu ouvi cada palavra com atenção, e dava pra sentir o peso em sua voz. Não era só um incidente bobo pra ela.

Hinata sempre carregava essa insegurança, por mais que tentasse disfarçar. A verdade é que, mesmo sendo uma kunoichi habilidosa, ela ainda lutava contra essas situações sociais.

"Ei, não se preocupe com isso," eu disse, tentando soar o mais tranquilo possível, apesar de sentir a raiva pelo comportamento dos garotos. "Você fez o que pôde, e eles é que foram longe demais. Não deixe isso te abalar."

Ela assentiu, mas não parecia tão convencida. Hinata sempre se preocupava com os outros, mesmo quando a culpa não era dela.

Caminhamos em silêncio depois disso. Não era um silêncio desconfortável, mas eu sabia que havia algo no ar. Era como se eu precisasse dizer mais, mas não tinha certeza de como. Talvez o simples fato de estarmos ali, lado a lado, já fosse o suficiente por agora.

Enquanto nos aproximávamos dos portões enormes da casa do clã Hyuga, meus pensamentos estavam longe. Para mim, era estranho ver Hinata passar por essas situações.

Por trás de toda a timidez, ela era muito mais forte do que qualquer um conseguia perceber. Eu só me perguntava se, algum dia, ela enxergaria isso em si mesma.

'Como princesa do clã Hyuga, Hinata obviamente tem muitos tutores e recursos à sua disposição. Mesmo que sua personalidade tímida não a favoreça nesse papel, ainda assim, ela é uma lutadora excepcional. Seu Byakugan é poderoso, e sua técnica do punho suave é excelente. No entanto, às vezes sinto que ela ainda não percebe sua própria força.

[Mestre, permissão para anunciar uma missão.]

A voz em minha cabeça interrompe meus pensamentos, mas não era o momento para distrações. "Agora não, deixa eu levá-la para casa, e aí você pode falar."

[Entendível.] A voz se calou, voltando ao silêncio usual.

Quando finalmente chegamos aos imponentes portões do clã Hyuga, soltei suavemente a mão de Hinata, que eu nem percebi que segurava com tanta firmeza durante todo o caminho. Os portões, grandes e silenciosos, pareciam quase uma barreira entre nós e o mundo aqui fora.

"Chegamos." Minha voz saiu mais séria do que eu pretendia. "Tenha mais cuidado da próxima vez que sair. Eu não vou estar sempre ao seu lado para te proteger."

Hinata olhou para mim por um breve momento antes de desviar o olhar novamente. "S-sim," respondeu ela, a voz baixa e hesitante como sempre.

Eu me virei para sair, pensando que a conversa tinha acabado ali. Mas, antes que pudesse dar o primeiro passo, senti um puxão suave na minha camisa.

Quando olhei para trás, vi Hinata com a cabeça abaixada, segurando minha camisa com uma das mãos. Algo em sua postura, tão frágil e ao mesmo tempo determinada, me fez parar imediatamente.

"E-eu queria agradecer..." Sua voz era um sussurro quase inaudível. "P-por ter me ajudado."

Eu sorri, mesmo que ela não pudesse ver. "Não precisa agradecer, somos amigos." As palavras saíram com facilidade, como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Hinata, no entanto, continuava segurando minha camisa, sem me soltar. Seus dedos tremiam um pouco, e eu me perguntei o que mais ela queria dizer. Após um breve silêncio, ela murmurou, ainda olhando para o chão:

"M-mesmo assim... meu aniversário está chegando e e-eu queria te convidar."

Fiquei surpreso por um momento. Hinata sempre foi tão reservada, principalmente em relação a eventos pessoais como esse.

"Seu aniversário? Claro, vou estar lá," respondi, tentando soar o mais natural possível, embora por dentro estivesse me perguntando o que a tinha levado a me convidar.

Ela finalmente soltou minha camisa e deu um pequeno sorriso tímido, embora ainda evitasse meu olhar. "O-obrigada."

Eu apenas acenei com a cabeça e me virei para ir embora, deixando Hinata sozinha com seus pensamentos.

Conforme Hinata via a silhueta de Sekiro se afastando, ela sentia um aperto em seu coração e seu rosto ficou levemente avermelhado.

Ninguém sabia o que estava na mente dela, provavelmente nem ela memso sabia, mas isso não importava no momento.

Para Hinata, a única coisa que importava é que agora ela sabe que tem mais um amigo.

Com um leve sorriso no rosto, Hinata se virou para entrar em sua casa.

...

[Posso falar agora?] a voz do sistema ecoa em minha mente, enquanto continuo organizando minhas compras no armário.

"Vá em frente," respondo, sem me preocupar, já que não estou em uma situação que demande muita atenção.

[Primeiramente, vamos te dar sua recompensa por ter completado a missão,] o sistema anuncia, parecendo animado.

Imediatamente, efeitos sonoros e visuais de celebração soam em minha mente. É como se sinos de comemoração e música festiva ressoassem internamente. Embora exagerado, acabo sorrindo ligeiramente com a tentativa do sistema de tornar tudo mais grandioso.

[Por ter completado os três objetivos, sua recompensa é.... 300 ouros!]

Eu paro e reflito por um momento, sentindo que algo não se encaixa. "Tenho a impressão de que isso não é muito," comento.

"Mas, pela sua comemoração, preciso perguntar: isso é realmente tanto assim?"

[Não,] o sistema responde sem hesitar. [Mas quando falamos de moedas kármicas, cada unidade vale mais que um planeta.]

"Sério? Não parece." retruco, ainda um pouco cético.

[Elas são valiosas porque poucos podem criá-las, não por seu valor monetário.] o sistema explica, seu tom assumindo um tom mais instrutivo.

[Se você olhar para o céu, verá incontáveis planetas e estrelas, mas é quase impossível encontrar uma moeda kármica flutuando por aí.]

"Uhm, isso faz mais sentido." Fecho o armário com um clique, sentindo a familiaridade da situação. "Qual é a próxima missão, então?"

[Agora, vamos anunciar... sua primeira missão de verdade!] A voz soa mais empolgada.

Um pergaminho azul e prateado começa a se desenrolar diante de mim, flutuando no ar como um objeto mágico. As palavras se formam nas folhas de papel macio, com uma caligrafia impecável que eu já conheço bem. É como se estivesse lendo um antigo texto de artes marciais, elegantemente desenhado.

「Nova missão de vida recebida」

「Hinata: auxilie Hinata em sua jornada para se tornar uma incrível e forte kunoichi.」

「Objetivo 1: ajude-a a aprimorar sua habilidade com 'taijutsu: punho suave'.」

「Recompensa: taijutsu: punho suave, nível 1.」

「Objetivo 2: conclua o objetivo 1 para desbloquear.」

Eu passo os olhos pelo pergaminho. Hinata, hein? Isso soa interessante. Parece mais desafiador do que as missões que tive até agora.

"Está bem," digo, aceitando a nova tarefa enquanto observo o pergaminho que ela conjurou se enrolar lentamente, desaparecendo no ar com um leve brilho azul-prateado.

"Vamos ver onde isso vai nos levar."

[Você... vai aceitar a missão? Tipo... sem nenhum questionamento ou me julgar?] A voz do sistema ressoa na minha mente, mas dessa vez com um tom de surpresa.

É quase como se eu pudesse imaginá-la franzindo a testa, tentando entender minha reação.

"Não, por quê? Você fala como se eu fizesse isso o tempo todo," retruco, colocando uma das sacolas de compras no armário e tentando conter um sorriso.

[Bem... talvez...] Ela hesita, e posso sentir a leve tensão na sua resposta. Sempre que eu critico ou questiono suas missões, ela reage como se estivesse sendo testada.

"Sigh, a verdade é que eu não vejo problema nenhum com essa missão," digo, enquanto empurro a porta do armário com o pé.

"Você está me mandando ajudar uma amiga que está passando por dificuldades a se tornar mais forte. Não tem nada de errado nisso."

Ainda posso sentir o sistema ponderando minhas palavras, quase como se ela estivesse analisando minha atitude. Eu me sento no sofá, jogando a cabeça para trás, olhando para o teto.

[Mas e a recompensa? Você simplesmente vai ignorar o taijutsu dos Hyuga?] A voz dela se suaviza, mas ainda assim parece intrigada. [Esse estilo tem muito potencial, sabia?]

"Recompensa?" levanto uma sobrancelha. "Não, obrigado. O taijutsu dos Hyuga vale menos que um centavo para mim."

[Você não vai se decepcionar, e você deveria reconsiderar. O estilo do punho suave é... bem, é poderoso.] ela responde calmamente, como se estivesse tentando me convencer de algo óbvio.

"Será? Não sei. Talvez. Provavelmente." Me ajeito no sofá, cruzando os braços.

"Olha, pelas memórias que tenho, sei que a Hinata sempre teve dificuldade em dominar o punho suave. Mas isso realmente é o problema?

Quando mais velha, ela criou seu próprio golpe de taijutsu com base no estilo Hyuga. Então, talento ela tem. Isso nunca foi questionável."

[Isso é verdade...] Ela concorda, mas há um leve tom de dúvida na voz.

[Mas por que então ela está tendo dificuldades agora?]

"Essa é a questão, não é?" respondo, fitando o teto. "O que mudou da infância para a adolescência? Por que ela parece estagnada?

A verdade é que ela não evoluiu de uma hora para outra. Ela sempre teve o potencial, mas... certas pessoas ao seu redor não conseguiam ver isso. A falta de apoio e a pressão acabaram com ela."

Por um momento, o sistema fica em silêncio, como se estivesse processando o que eu disse. Sei que ela não vai me interromper sem refletir primeiro. E, depois de alguns segundos, a resposta finalmente chega.

[Olhando por esse ponto de vista... você está completamente certo. Mas ainda assim, isso não muda o desafio. O verdadeiro problema dela é a baixa autoestima, você sabe disso.]

"O problema nunca foi só isso..." digo, mas paro. Não preciso continuar a frase. Ela consegue ler meus pensamentos, e provavelmente já entendeu o que quero dizer.

[Eu entendo o que você está pensando,] ela responde com suavidade.

[Mesmo assim, você sabe que ela precisa superar isso.]

"Eu sei." Dou de ombros, já pensando em como será a abordagem para ajudá-la.

"Agora, sobre o punho suave... eu admito que ele tem potencial, sim. Mas o estilo Hyuga, em si? Isso é outra história."

[Mas o estilo Hyuga é o punho suave.] ela insiste, como se estivesse tentando corrigir meu pensamento.

"Não, não é," digo, balançando a cabeça. "Nunca foi e nunca será."

[Eu ainda não entendi.]

"Então espere, amanhã eu vou trabalhar nisso." Eu encerro a conversa e começo a assistir televisão.

O sistema até que tenta continuar o assunto, mas eu simplesmente à ignoro.

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