Faz apenas 1 semana que deixamos Valíria então é normal encontrarmos outros navios, já que ainda estamos na rota marítima usada por todos. Eu digo a um dos homens para ficar em um dos pequenos escorpiões por precaução e então sinalizamos contato também antes de nos aproximarmos.
Depois de fazermos os sinais do porto valiriano o navio responde que também é de lá. Mantemos distância e enviamos um dos homens com um pequeno bote convidando seu Capitão para tomar café da manhã com os donos do navio Rafael e Omar Velaryon. Não demora muito antes do pequeno bote voltar com 2 homens. Um era valiriano e estava com roupas bonitas, mas era possível ver couro reforçado por baixo dela, e o outro era um homem bronzeado musculoso. Com certeza o guarda-costas do Capitão.
Eu e Omar o cumprimentamos quando chegam e vamos até a cabine de Henry para tomarmos café. Quando nos sentamos o homem se apresenta como um Capitão do porto do distrito norte seu nome era algo difícil de pronunciar. Ele nos pergunta se já sabemos do desastre e confirmamos, ele então conta que estava a poucas horas de distância no dia e que viu tudo, além disso ele confirma a morte de todas as 39 famílias só restando alguns senhores de dragões dispersos nas colônias.
Ele enrola bastante antes de finalmente dizer, que vários navios sobreviventes estão pensando em atacar uma certa ilha que tem muitos recursos e nos convida para participar. No começo eu e Omar não recusamos e tento obter mais informações.
—A colônia está em uma ilha que fica a 15 dias de viagem na direção noroeste de onde estamos, ela é protegida por 10 cavaleiros e 100 soldados valirianos... Confirmamos que ela tem uma mina de prata. Depois que capturarmos a ilha os direitos da mina vai ser dividido igualmente entre aqueles que participarem do ataque. Disse o Capitão.
"Sinto muito Capitão, 15 dias para ir mais 15 dias para voltar vai ser muito problemático para nosso navio. Temos carga perecível de comida e muitos passageiros civis, como informamos no começo da conversa, se fosse mais perto poderíamos considerar. Mas lhe desejamos sorte amigo, e no futuro podemos até fazer negócios quando você for um dos senhores da ilha."
O homem sorri com o elogio de "senhor da ilha", mas interiormente eu falo "senhor pirata". Então ele se despede e agradece o café da manhã antes de voltar a seu navio. Ele não tenta nada engraçado e segue na direção da tal ilha.
Parece que o problema da pirataria é bem grave, ele poderia ter nos atacado se tivesse mais navios ao seu lado, mas também é muito ousado. Ele provavelmente ouviu falar dos sobreviventes que muitos dragões morreram e que poucos vão contestar a pequena ilha. Mas agora, sem a fonte de ouro das 14 chamas, qualquer mina de prata e ouro de outras colônias vão ser prioridade, vai levar muitos anos antes que todos os senhores de dragões morram e até lá é um jogo arriscado tomar qualquer coisa que pertença a eles.
Seguimos nossa rota, mas Omar reforça o Capitão para atenção dobrada com qualquer navio que se aproxime muito.
No dia seguinte, começo vários testes envolvendo minhas habilidades. Mas antes disso tento seguir o passo a passo do feitiço cura menor do elemento água. O feitiço usa uma pequena safira de cor azul do tamanho de uma usada em um pequeno anel. Tenho algumas dessas e decido seguir o procedimento, o primeiro passo seria desenhar uma runa num recipiente e mergulhar a pedra preciosa e tinta dentro deles, após isso a tinta ganha uma cor não natural azul-mágica, em seguida, vou para a segunda parte onde preciso desenhar outra runa, dessa vez na palma da mão, mas quando chego nesse passo a tinta perde o brilho quando tento colocá-la na pele da minha mão antes de uma mensagem do sistema me alertar.
[O usuário não possui afinidade elemental da água]
Falhou! Então essa é uma forma de descobrir se alguém tem a afinidade necessária... Depois vou testar com outras pessoas para ver os efeitos. Tudo o que posso confirmar é que a tinta ainda continua brilhando, mas a safira desapareceu. Que tinta valiosa, parece que vou ficar pobre rápido se todos os feitiços forem tão custosos. Pelo menos dá para tentar 6 vezes antes da tinta acabar.
Dou sequência nos experimentos, dessa vez no feitiço Síntese. Eu uso ela na sala de alquimia e faço todos os procedimentos de segurança necessários.
Tento primeiro combinações simples de química, o feitiço permite juntar vários elementos em um novo sem os processos longos necessários de fervura, resfriamento e etc. Então tiro dois peixes frescos que guardei no meu inventário, e tiro suas escamas que são de cores diferentes e coloco juntas antes de usar síntese novamente.
O resultado é uma escama de uma cor completamente nova. Isso me anima e me espanta ao mesmo tempo, se eu usar isso em dois animais diferentes eles vão se combinar na hora? Mas então me lembro dos avisos do sistema sobre doenças e mutantes. Decido fazer testes mais complicados quando tiver um local seguro onde eu possa incinerar tudo imediatamente caso algo dê errado. Mas para finalizar os testes, combino também 2 gotas de sangue, dois pedaços de espinhos pequenos, dois olhos e no final combino dois pedaços de carnes usando Síntese e criando uma terceira carne. Aproveito para fritar as 3 carnes, mas não houve muitas mudanças, o cheiro das 3 é idêntico para mim, claro, não ouso comer a combinação dos 2 peixes, mas decido guardar essas 3 carnes fritas antes de me livrar dos outros resultados queimando tudo num balde de metal com uma bola de fogo que quase derrete o balde junto.
O que percebo é que essas habilidades do sistema do Mago de Sangue não possuem um custo ou limite diário de uso, pensei que elas precisariam de algo como um tipo de energia ou mana nos feitiços desse mundo, mas depois de ver o exemplo da safira que usei e os totens nos vulcões, vejo que as habilidades parecem usar energia natural ou outros reagentes como custo. Se existe algo como uma desvantagem seria os perigos de tais combinações e o fato de não poder ser usada em combate já que o tempo de uso é bem longo. A única coisa que me cansou foi usar a visão microscópica, nesse caso precisei verificar as bactérias e parasitas no corpo do peixe. E todos eles foram fundidos também durante o processo. Todos foram mortos durante a fritura da carne, mas os outros que estavam nos olhos, espinhas e sangue continuaram vivos depois de se fundirem, foi por isso que me livrei de tudo queimando. Isso me deixou extremamente preocupado, me fazendo encerrar o uso de Síntese em seres vivos, já que novos parasitas e bactérias poderiam ser o início de uma nova e perigosa doença.
No dia seguinte faço os experimentos da habilidade Alteração, novamente uso outros peixes, mas dessa vez uso alguns que pedi para pescarem e manterem vivos. A primeira coisa que experimento é tentar mudar sua aparência, uso a habilidade para alterar a pigmentação das escamas e sua própria pele, em outro, eu alongo seus bigodes para que sejam maiores, em um terceiro eu aumento seus dentes. Não percebo nada de estranho além de suas aparências agora diferenciadas. Dessa vez tento pesar eles antes do experimento e depois do experimento e finalmente descubro que seu peso corporal diminuiu quase imperceptivelmente, mas a mudança ainda está lá.
Em seguida faço mudanças mais severas em 3 estágios diferentes, e os 3 sofrem mudanças drásticas em seus pesos. Somente então aquele que fiz a maior mudança começa a boiar na água morto. Decido então prolongar por mais dias os experimentos. Para ter certeza que os demais peixes não irão morrer também. Mas antes, faço alterações temporárias em mais peixes, aumentando as nadadeiras ou suas caudas de forma anormal por 30 minutos. Todos os peixes sobrevivem, mas alguns estão bem estáticos na água. Decido mantê-los vivos em alguns "aquários" que improvisei. Quando coloco comida todos devoram rapidamente como se não comessem a dias, principalmente aqueles que sobreviveram as mudanças mais drásticas ou tiveram alterações temporárias mais brutas.
Nos próximos dias continuo observando os peixes e fazendo mais algumas alterações. Baseado em todo o experimento até agora é possível modificar qualquer parte que eu queira de um animal ou até pessoa, desde que tenha um entendimento da parte que estou alterando. Pode parecer simples, mas existem coisas como expectativa de vida, genética, reprodução e até mesmo a aerodinâmica envolvida no processo. Não tenho certeza se o que fiz será benéfico ao peixe a longo prazo, isso pode tirar sua capacidade de nadar e até mesmo a velocidade que antes alcançava, antes de entender se ele vai passar isso adiante nos ovos não posso considerar um sucesso. Além disso sempre que altero algo preciso tirar massa de algum lugar. Não posso colocar uma nadadeira maior sem diminuir o tamanho de outro lugar. Se eu não especificar um mudança simultânea o corpo irá consumir gordura, e quando não houver mais gordura consumirá músculos ou até os ossos e órgãos internos levando a criatura a morte.
Vamos ao verdadeiro uso da alteração e o que eu poderia ganhar aqui, tecnicamente eu poderia modificar um cão de guarda para que se tornasse um lobo ou tão feroz e potente quanto um lobo gigante. Mas teria que gastar muito tempo estudando os níveis de hormônios do animal e sua genética, além de sua própria expectativa de vida. Modificar um cão adulto poderia causar sequelas bem graves em sua coordenação motora pois seu cérebro teria que se adaptar ao seu novo corpo maior e mais forte. Isso poderia ser alterado conseguindo filhotes do cão alterado que já nasceriam com a alteração, mas isso envolveria algo que ainda não entendo sobre a genética e me levaria muitos anos ou muitos experimentos antes de garantir um verdadeiro sucesso. Isso me faz admirar ainda mais os Magos de Sangue valirianos que conseguiram não só criarem os dragões, mas também garantir seu enorme poder, suas longas expectativas de vida e capacidade de reprodução perfeita.
Na questão humana, se eu fosse 100% humano eu poderia fazer alterações em mim mesmo com 100% de garantia, mas não sou. Preciso entender minha própria biologia e anatomia valiriana. Os livros de biologia valiriana que coletei nas bibliotecas podem ajudar nisso, mas eu não sei se sou um valiriano puro já que não sei minhas verdadeiras origens materna, isso acrescenta mais problemas nas equações de minha própria genética.
Se incluirmos a runa estranha no meu coração que andei estudando recentemente eu já devo ser um humano alterado ainda no nascimento pela minha mãe. Então no momento, só posso tentar fazer testes em humanos primeiro e ver os efeitos colaterais em alguém que pode falar e me dar mais dados. Algum pirata infeliz com certeza passará maus bocados se tentar atacar meu veleiro hehe.