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Chapter 54 - Piratas

 Desde que veio a esse mundo foi a primeira vez que Rafael sentiu tanta pressão assim, estar na presença de Esmer era igual a estar na presença de uma figura política importante ao mesmo tempo que algum tipo de aura ou energia mágica pressionava você. Quando ele perguntou sobre um item roubado essa pressão duplicou e Rafael teve que suportar em silêncio e sem transparecer que estava sendo afetado. O que era assustador era que a cor nos olhos do Mago de Sangue mudava constantemente entre um verde cristal, verde âmbar e verde escuro como uma fera observando-o constantemente.

Agora enquanto ele suava e respirava como se tivesse corrido uma maratona de 40 quilômetros, ele ficou agradecido que tudo correu bem. Ele esperava que Esmer levasse o assunto do ovo a sério e não fizesse nada muito grandioso com ele, isso tudo sobre o ovo ter fortes poderes do destino foram apenas mentiras inventadas com intuito de fazer Esmer duvidar de suas proteções que nem mesmo o sistema poderia passar, além disso ele finalmente conseguiu informações sobre Kalindor…

Ele não entendia porque o sistema ainda não havia dado uma missão sobre esse sobrevivente. Mas já estava se preparando, Esmer e Imortal poderiam ser os únicos que soubessem sobre esse Mago de Sangue valiriano. As informações sobre o ovo do verme de fogo foi algo muito valioso porque serviria também para domesticar qualquer outro tipo de animal.

Indo para sua cama essa noite, tudo que Rafael fez foi se esforçar ao máximo para meditar, antes de dormir devido ao cansaço mental.

Pensando que iria dormir até mais tarde hoje e faltar no treino de espadas e a aula de idiomas, Rafael foi acordado por um sino alto. Ele levantou assustado quando percebeu o que o sino significava, algum navio hostil estava se aproximando. Rafael pulou da cama e calçou rapidamente os sapatos e confirmou que já estava com sua armadura de couro por baixo das roupas, fazia sentido em um navio dormir preparado para uma luta, ser pego no meio da noite sem uma armadura era um erro que nenhum marinheiro experiente ou novato cometeria.

Saindo da cabine para ver a situação, Rafael viu dois navios veleiros de médio porte se aproximando, eles ainda estavam a alguns minutos de distância, e um dos tripulantes disse que eles não deram nenhum tipo sinal de contato.

Eram piratas!

Já que ainda tínhamos algum tempo eu ordenei que atirassem com os escorpiões e focassem em apenas 1 dos navios, em seguida eu tirei minhas braçadeiras de couro e coloquei as de metal. Quando olhei para o lado já vi Omar segurando uma das espadas mais bonitas que já vi. Um nome me veio em mente, mas rapidamente deixei apenas nos meus pensamentos.

Omar deu a ordem para os homens que pudessem lutar se preparassem e os outros que não pudessem permanecessem em suas cabines. Logo o primeiro escorpião atirou no veleiro da esquerda seguido pelo segundo escorpião que ficava na proa do navio.

Henry gritou:

"Continuem com os disparos tentem afundar o navio da esquerda! E se preparem para combate próximo com o navio da direita."

Todos acenaram e esperaram, os arqueiros do nosso lado começaram a subir nos mastros tentando garantir uma posição mais alta. Quando os dois navios se aproximaram para que pudessem atirar flechas um no outro eu me protegi atrás de um barril, mas não antes de ver pelo menos 30 homens no convés de cada navio inimigo, eu então aguardei a aproximação final.

Nosso escorpião da direita finalmente acertou o navio da esquerda novamente e foi em um dos mastros, o mastro quebrou com a força da seta enorme caindo na segunda vela do navio e finalmente parando-o, ficando apenas ao alcance de flechas. Henry gritou novamente:

"ARQUEIROS FOGO PESADO NO NAVIO DA ESQUERDA NÃO DEIXEM ELES ATIRAREM EM NÓS!"

Naquele momento o segundo veleiro finalmente bateu em nós com seu casco lateral alinhando os dois navios lado a lado e começando o conflito. Eu sai da cobertura e tirei minha espada enferrujada. Tinha me acostumado a usar ela durante os treinos e ela era bem mais leve que a outra que comprei no ferreiro junto com as armaduras. Assim que a luta começou eu sai da proteção e ataquei um homem que foi em direção a outro tripulante, ele estava distraído e foi pego de surpresa por mim, a espada mesmo enferrujada ainda era afiada e o cortou do pescoço até o abdômen fazendo ele cair no chão. Logo em seguida olhei em todas as direções procurando o próximo inimigo e tive que me jogar no chão para evitar um pirata que veio balançando numa corda do outro navio, o maldito que veio "voando" me pegou de surpresa e quase me cortou. Me levantei e vi ele voltando na corda, antes de apontar minha mão para ele:

Bola de fogo!

A chama o atingiu e ele voltou em chamas durante o balanço reverso da corda para seu navio antes da corda também queimar e ele cair ainda gritando pelas altas temperaturas. Não prestei atenção nele antes de olhar ao redor e já ver quase todos encerrando suas lutas. Guardei a espada e tirei as minhas duas pistolas antes de atirar em um pirata que ainda resistia.

"BANG"

Após o barulho alto, a bala o atingiu no peito fazendo-o cair imediatamente. A arma de fogo fez um estrondo tão enorme e inédito, fazendo inimigos e aliados me olharem antes de eu apertar o segundo gatilho atirando na cabeça de outro pirata, isso imediatamente fez os 3 últimos piratas vivos largarem as armas e se renderem. Todos os homens da minha tripulação olhavam assustados para as armas nas minhas mãos que ainda saiam fumaça de seus canos.

Guardei elas e tirei uma besta atirando no outro navio distante e isso fez todos os homens acordarem de seu susto ao perceberem que a batalha não tinha acabado, logo nosso navio se aproximou do outro que estava parcialmente destruído. Só então notamos que a maioria dos piratas já estavam crivados de flechas graças aos nossos arqueiros e poucos restavam, logo eles foram cuidados sem nem mesmo precisar de eu ir até lá.

De certo modo acabou mais rápido do que eu esperava, para um primeiro combate usar o pequeno escorpião com certeza nos ajudou a evitar o ataque de dois grupos ao mesmo tempo, já que teríamos sido atacados por quase 60 piratas ao invés dos 30 azarados.

De repente, escutamos passos pesados e metálicos chamando a atenção de todos no navio, e vimos uma armadura enorme e arredondada andando no convés do nosso navio. Não pude deixar de cair na gargalhada quando vi Gordo Zhang coberto dos pés à cabeça em metal pesado e segurando um machado enorme, mas convenientemente já era tarde demais para ele participar da batalha.

Deixei a tripulação cuidar dos detalhes do saque e fui tomar café da manhã com Omar e o gordo blindado. Enquanto estávamos lá olhei para Omar e sua espada e ele disse que era um presente de seu pai. Acenei em admiração pois sabia que era um tesouro magico feito em Aço Valiriano.

Agora depois do fim de Valíria a espada é sem dúvidas inestimável. Gordo pergunta sobre o barulho que ouviu, e Omar olha para mim e parece querer perguntar sobre as pistolas, mas não faz, já que também manteve sua espada em segredo até agora. Eu digo a Gordo que foi uma invenção mágica que criei. Não demora muito até o primeiro imediato nos encontrar e começar seu relatório:

"Temos 8 piratas sobreviventes que se renderam, os outros estão mortos ou gravemente feridos. Do nosso lado temos 2 tripulantes feridos e nenhuma baixa. Os 2 navios tem uma carga razoável em tapeçarias, provavelmente saqueada de outro viajante infeliz que foi atacado, e temos também comida extra para 7 dias e água extra para 16 dias. Um dos navios está muito danificado e o outro ainda está funcional podemos levá-lo até a próxima cidade e vendê-lo ou mantê-lo já que sua velocidade não é ruim. Já os homens, o Capitão disse que vocês dois podem decidir o que fazer com eles. Podemos levá-los até a próxima cidade e vendê-los como escravos ou entregá-los à justiça e coletar alguma recompensa do Senhor local, mas para isso teríamos que alimentar eles por 1 mês. A solução mais simples costuma ser jogá-los no mar e deixar seu destino nas mãos dos Deuses."

Percebo que o imediato não fala sobre prata ou ouro, parece que a carga de tapeçaria e a venda do navio também seriam dividida entre o Capitão os oficiais e os homens.

"Omar você decide sobre o navio e a carga de tapeçaria."

Me viro então para o imediato e acrescento:

"Mantenha os prisioneiros acorrentados vou usar eles como cobaias, se sobreviverem aos meus experimentos deixarei eles irem."

"Sim senhor! E os piratas feridos? Devemos curar eles para serem cobaias também?"

"Não há necessidade de desperdiçar recursos médicos, execute todos!"

O imediato acena e deixa nossa cabine.

 

***

 

Enquanto isso o discípulo de Esmer está relatando a seu mestre sobre a batalha que aconteceu:

"Mestre você ouviu o barulho? Depois daqueles estrondos os dois piratas caíram mortos atingidos por algo que ninguém conseguiu ver! Nunca vi ou ouvi sobre tal feitiçaria antes! Você sabe de algo assim?"

"Eu já disse antes, você precisa ser mais humilde. Mesmo entre os aprendizes existem aqueles com um legado e herança profundos. Ele já pode ser considerado um Aprendiz Sênior se tiver dominado pelo menos dois feitiços de fogo. Não importa se ele herdou esses totens de sua família ou os dominou sozinho, poder ainda é poder. Você deveria se informar sobre essa reunião que eles vão fazer com Zaya. Fazer amizade com outros aprendizes antes que virem Magos oficiais ou Mestres vai apenas ser bom para você no futuro."

Depois do aprendiz acenar e sair da área da cabine de Esmer, ele fica refletindo por um bom tempo tentando descobrir algo em sua memória sobre a arma magica usada por Rafael.

Enquanto isso no quarto de Liza e Zaya:

"Você não vai acreditar Omar tem uma espada de Aço Valiriano! Eu mesmo vi e quando perguntei ele confirmou! Eu também perguntei sobre o barulho alto que ouvimos e ele disse que foi Rafael que usou uma arma estranha. Quando perguntei a um dos tripulantes ele disse que nunca viu tal arma antes na vida! Pode atingir o inimigo de longe sem que ninguém veja nada, tudo que viram foram um buraco sangrento nos corpos mortos. Eles estão dizendo que é uma poderosa arma mágica. Aqueles dois não são incríveis?"

Zaya estava sem paciência pela primeira vez, desde o ataque dos piratas sua irmã não parava de elogiar os donos do veleiro. Quando o assunto era magia ela sempre ajudava sua irmã sem nunca se irritar, mas ficar falando sobre garotos estava realmente fora do interesse de alguém tão nerd como Zaya. Apesar de ela se interessar bastante sobre as tais "armas mágicas" era apenas um interesse nos estudos mágicos e não no dono da arma. De repente os pensamentos de Zaya foi interrompido quando o aprendiz de seu pai e companheiro de estudos mágicos chegou em sua cabine. Após entrar ele começou:

"Zaya eu ouvi falar que vamos ter um tipo de reunião de aprendizes a bordo, quando você ficar sabendo sobre os detalhes me avise sobre a data, se eu não estiver muito ocupado irei comparecer."

Do mesmo jeito que veio, ele foi embora sem dar bom dia, sem perguntar se estou bem ou qualquer conversa desnecessária. Direto ao ponto, como esperado de Vitarys… O jovem de origens nobre valiriana se vê acima de tudo, e assim como eu, seu interesse é apenas na magia. Mas fica claro que também está interessado na reunião ou jamais teria vindo perguntar a mim. Sem saber de nada sobre essa reunião não tenho escolha a não ser pedir a Liza, que sai correndo animada até a cabine de Rafael.