Chereads / O Vício Cruel de Alfa / Chapter 3 - Na Cama

Chapter 3 - Na Cama

Quando Ofélia voltou para a mesa, Ofélia já estava lá sentada, pálida e abalada. Ele sorriu para si mesmo, sabendo que ela nunca contou a ninguém sobre a conversa. Quem acreditaria em alguém que gagueja como ela?

Neil se aproximou dela. Ele levantou a mão, fingindo dar um tapa nela, mas ela já estava se preparando. Ofélia abaixou a cabeça, apertou os dentes e fechou os olhos. Ela não poderia se defender contra um vampiro. Era contra a lei um humano revidar contra seres sobrenaturais.

De repente, Neil acariciou seu pescoço. Todos estavam observando.

Neil engoliu e olhou ao redor, imaginando se tinha visto corretamente antes. Deve ter sido um truque da luz. Não havia como aquele homem estar intrigado por Ofélia.

"Por que machucar seu rosto agora, quando eu posso apenas machucar você na cama?"

Ofélia desejou poder cair morta ali mesmo. Ela ouviu um barulho ao longe lá fora, mas esperava que fosse suas famílias partindo.

"Levante-se, estamos indo embora das festividades."

Ofélia permaneceu sentada. Ela era teimosa, apesar de ter sido espancada pela avó tantas vezes.

Se Neil fosse forçá-la, ele teria que fazer isso com as próprias mãos. Se Ofélia fosse sofrer, ela faria ele trabalhar por isso.

"Você ainda não entende a sua situação."

Ofélia chiou quando ele agarrou punhados de seu cabelo e puxou sua cabeça para trás. Os convidados nem se mexeram. Seu couro cabeludo queimava, lágrimas cobriam seus cílios, pois ela estava cheia de emoção. Seu ódio superou seu medo, mesmo que por um breve momento.

"Escolte-a de volta para suas câmaras de cama. É a tenda menor bem ao lado da nossa," Matriarca Eves ofereceu com um sorriso brilhante. "Está ficando tarde."

"Ficarei feliz em ter um gostinho antes do casamento então," Neil disse de forma repugnante.

A expressão da Matriarca Eves tornou-se tensa. Ela se virou para sua neta. "Lembre-se de dar boa noite ao seu pretendente, Ofélia."

Pretendente? Esse homem era mais velho que meu pai! Ofélia, tremendo, fechou os olhos e obedeceu.

- - - - -

Caminhar para o quarto era como buscar a morte. Ela se sentiu sendo arrastada como um porco para o abate pelos corredores.

As joias de prata de Ofélia estavam tão frias quanto a lâmina do carrasco. Durante todo o caminho, ela pensou sobre as palavras de seu pai. Havia uma ordem de proteção para ela, mas por quê?

Seria pelo seu sangue? Dez anos atrás... Foi o mesmo tempo que seu avô morreu. No entanto, a única lacuna nas memórias de Ofélia era quando ela tinha dez anos. O que exatamente aconteceu com ela? Com todos ao seu redor? Ela... fez algo?

"M-meu sangue," Ofélia tentou. "Eu-eu acho que você—"

"Não me importa o que você pensa," Neil retrucou.

Ofélia continuou perdida em seus pensamentos.

Mais pessoas sabiam sobre as habilidades ocultas de Ofélia do que o esperado. Era por isso que consideravam o sangue de Ofélia proibido? Uma vez que a notícia se espalhasse, o que as pessoas fariam com ela? Milhares de perguntas passavam por sua mente. Por que os Supremos Senhores de ambas as espécies estavam interessados em protegê-la? Eles poderiam simplesmente transformá-la em uma vaca leiteira para cura.

Afinal, a magia de cura era rara e um em dez mil magos a possuía. Havia apenas cinquenta mil magos registrados, o que significa apenas cinco em todo o mundo.

"V-você está desafiando os Grandes Senhores," Ofélia advertiu Neil, que caminhava com um murmúrio, mesmo que sua esposa tivesse descoberto seu plano.

"Serei o primeiro então," Neil disse arrogantemente.

'Bem, então espero que eles o esventrem e o pendurem como um grande peixe para alertar os outros,' Ofélia pensou friamente consigo mesma. Enquanto caminhava pelas pessoas, ela mantinha a cabeça baixa, pois um humano nunca deveria olhar nos olhos de um sobrenatural.

Ofélia tinha esperança. Ela acreditava que Killorn estava vivo. Um homem tão poderoso como ele não teria morrido tão facilmente. Ela se lembrava da tensão de seus músculos fortes, da saúde de sua pele bronzeada, e de sua agilidade apesar de seu porte poderoso.

Ofélia só havia compartilhado uma noite com Killorn. Uma. Longa. Noite.

Ofélia teve uma percepção alarmante. Ela queria ver Killorn mais uma vez. Sua boca tremeu, pois ela sabia que isso seria impossível. Agora que ela pertencia a outro homem, não havia retorno. Não mais as chamas prateadas queimando em seus olhos, o brilho de seu cabelo escuro sobre seu olhar, e a profundidade de suas expressões.

Não mais Killorn Mavez.

Ofélia baixou a cabeça em derrota. Ela de repente lamentou carregar a prata esterlina que queimava a pele dos sobrenaturais. Ela queria machucar Neil, da mesma maneira que ele a machucou. Neil era o patrocinador de sua família, e ela era um sacrifício.

"...você tem certeza?"

Ofélia olhou para o grupo de criados pelos quais eles acabaram de passar. De repente, ela viu seus olhos se arregalarem com o que o outro disse. Em segundos, eles estavam correndo. Novamente, com aquela comoção. O que estava acontecendo?

"Aposto que todo Alfa e vampiro estão com inveja de mim agora," Neil continuou. "Afinal, serei o primeiro vampiro a desafiar as ordens de ambos os Senhores Supremos."

'Deus, apenas cale a boca,' Ofélia desejou que ele batesse a cabeça em uma parede ou algo assim. Com esse pensamento horrível, ela franziu a testa para si mesma. Todas essas palavras que queria dizer, mas nunca tinha coragem. Ela tinha medo de ser espancada por um homem da mesma maneira que sua avó costumava abusar dela. Os golpes de um homem eram mais fortes.

Ofélia segurou firmemente seu vestido branco de tributo. Suas palmas estavam úmidas de suor. Ela queria esconder o tremor de suas pontas dos dedos, mas não conseguia.

"Irmão, aí está você!" Nathan comemorou ao ver o mais novo. Ele sorriu e se apoiou em uma criada dos Eves, com o braço possessivamente ao redor de seus ombros enquanto eles ficavam fora da tenda do quarto de Ofélia. Ele se recusava a deixar o irmão mais novo ser o único a se divertir.

Ofélia observou o anel de casamento de Nathan e a criada dos Eves que a servia na tenda. Ela viu a expressão assustada da garota humana. Vampiros eram amantes—mas apenas entre si. Humanos eram apenas alimento. A criada dos Eves tinha negligenciado Ofélia, mas teve a audácia de pedir sua ajuda.

"Que coisinha mais deprimente," Nathan disse secamente, olhando Ofélia com desinteresse. Mas ele viu um vislumbre do pescoço dela, magro e longo como um cisne. Ele sentiu seus caninos se projetarem e fazerem cócegas no seu lábio inferior.

"Se eu não posso ter um tributo bonito," Neil comentou, obviamente se referindo a Roselind, a irmã mais velha de Ofélia. "Então eu bem que poderia ter o melhor prato da noite!"

Nathan, seu irmão, rugiu de riso, mas seus olhos nunca se enrugaram.

Neil sabia que seu irmão mais velho estava com ciúmes. Todos os vampiros por perto estavam. Eles salivavam ao pensar em Ofélia. E quem sabe? Se Neil se cansasse dela, ele deixaria seus colegas provarem um pouco, por um preço. Sim… que ótimo plano.

Neil poderia usar Ofélia como uma vaca leiteira. Neil sugaria o sangue dela pelo valor que valesse.

"Sua avó está vindo logo com seu pai a reboque, se você vai fazer algo, faça rápido," Nathan riu, observando Ofélia tentar correr para a tenda e a fechar atrás de si.

Ofélia escapou para dentro, seus dedos se atrapalhando para abotoar o tecido da entrada. Tarde demais. Neil rasgou os botões e entrou na grande tenda com dossel. Ele olhou ao redor, mas em particular, para a cama improvisada no canto.

"B-boa noite," Ofélia conseguiu dizer, tentando fazê-lo ir embora.

"Deite-se na cama," Neil ordenou. "Sua avó ficaria bem em me deixar provar um pouco de você antes do casamento."

Um casamento que apenas você sabia que aconteceu — mas ninguém mais sabia. Ofélia guardou esse comentário para si mesma.

Ofélia permaneceu colada no seu lugar. Se ele ia transformar isso em um pesadelo para ela, ela lhe daria inferno. Apanhar ou não, seu destino já estava selado.

No fundo, ela ouviu um leve alvoroço do lado de fora, mas Neil estava focado demais em sua desobediência. Havia uma razão para fazer os tributos ficarem nas tendas — era para garantir que ninguém fizesse nada com eles. Tudo que uma mulher precisava fazer era gritar e todos ouviriam.

"Você vai fazer o que eu digo," Neil advertiu. "Você será oficialmente minha esposa em breve. Você é minha tributa, eu a possuo agora! Eu escolhi você na cerimônia, todos viram isso."

Todo mundo. Viu. Isso.

Ofélia engoliu em seco. Sem aviso, ele agarrou seus pulsos e a arrastou para a cama. Ela abriu a boca para gritar, mas ele a tampou.

"Mmph!" Ofélia gritou, mas foi abafado.

Neil a prendeu na cama, seus joelhos pressionando os dela para baixo. Lágrimas se acumularam em seus olhos. Aterrorizada por sua vida, ela sentiu seu coração acelerar, suas palmas ardiam. Por um breve segundo, ela pensou ter visto um brilho de luz roxa saindo de suas pontas dos dedos. O quê?

Se essa era a vida dela como um tributo, vinda de uma casa poderosa, ela não podia imaginar o que as outras mulheres estavam passando. Será que todas estavam sendo violadas em seus próprios quartos? Sua cabeça girava. De repente, ela viu uma sombra se aproximando da entrada da tenda.

"Meu senhor!" uma voz gritou ao longe, acompanhada pelo estrondo de passos. Ninguém estava preparado para isso, nem mesmo Neil que continuou seu monólogo.

"Eu te possuo agora. Eu posso te prostituir e sua família não se importaria!" Neil cuspiu enquanto sua mão livre começava a alcançar por baixo do vestido dela. Ela lutou com força, mas ele já sentia. Sua roupa íntima. Ela lutava contra ele, mas estava fraca, e os dedos dele já roçavam o tecido ao lado.

Lágrimas preencheram seus olhos. Seu estresse estava no auge. Ele viu a derrota lentamente tomar conta de seu rosto. Então, ele soltou sua boca para vê-la balançar a cabeça.

"N-não—"

"Eu posso arruinar e violar este corpo como eu desejar," Neil sorriu maldosamente para ela. "Ninguém dirá uma única palavra. Não há ninguém no mundo para te proteger, Ofélia Eves Nileton."

"Exceto eu." Um homem saiu das sombras e abordou abruptamente a cama. Sua voz era mais fria que a morte. Ele olhava com a intenção de um massacre.

A cabeça de Neil girou em descrença. "Que diabos—"

Rudemente, uma mão enorme agarrou o rosto de Neil. Ofélia gritou em choque.

A respiração de Ofélia ficou presa em sua garganta. Um homem alto e sombrio saiu das sombras com uma espada do tamanho de sua perna. Ele era mais bonito que a própria noite, com olhos frios e sem vida.

"Os Lobisomens Mavez estão aqui!"

Era tarde demais. Neil não estava preparado.

Ofélia respirou a tempo de ouvir um alto THUD!

"ARGHHHHH!" Neil rugiu de dor enquanto seu crânio era esmagado em uma só pegada.

Ofélia ofegou, enquanto algo frio espirrava todo sobre ela. Vampiros eram criaturas de sangue frio. Ela piscou uma vez. Ent

ranhas permaneceram em seu vestido.

Sangue. Estava. Por. Todo. Lado.

Vermelho jorrou do buraco no peito de Neil. Um segundo depois, o agressor arrancou sua arma. Ele sacudiu sua espada em um único golpe, o sangue espirrando de sua lâmina.

Então, o corpo de Neil caiu de Ofélia e se espatifou no chão. Seu rosto plantou o chão, beijando-o com seus lábios sem vida.

Ofélia encarou a espada afiada e brilhante do intruso. Ele a segurava firmemente, as veias de seus antebraços saltando, seus músculos se contraindo. Ela soltou um suspiro trêmulo quando viu a grande tenda em sua calça.

"É assim que uma esposa em luto saúda seu marido moribundo?"

A cena diante dela era uma que ela nunca esperou — nem em um milhão de anos.

Seu primeiro marido havia assassinado seu agressor. Killorn Mavez estava vivo — e ele estava furioso.