Malva imediatamente levou as mãos à boca e se forçou a parar de gritar. Ele ergueu uma sobrancelha com a reação dela e olhou em volta do interior da carruagem, avaliando obviamente a situação.
Malva apenas olhou fixamente, não era como se pudesse fazer algo a mais. Ela ainda não havia se recuperado do choque de estar literalmente olhando nos olhos do Rei Vampiro novamente. Ela realmente havia subestimado o quão atraente ele era.
"Você está bem?" Ele perguntou depois que seus olhos fizeram uma varredura na situação.
Malva tentou falar, mas suas palavras soaram abafadas, então ela lembrou que ainda estava com as mãos sobre a boca. Ela retirou as mãos e respondeu, "Sim, estou bem."
"Bom," ele murmurou, olhando-a de maneira estranha.
Malva desejou que o chão se abrisse e a engolisse, não ajudava o fato de que tudo em que conseguia pensar enquanto o olhava era o beijo, e ela tocou os próprios lábios sem sequer perceber.
"Imagino que você foi atacada por um Paler." Ele pegou um caco de madeira quebrada enquanto falava.
Malva assentiu vigorosamente. Ele olhou para ela. "Os guardas responsáveis pelo seu transporte estão incapazes de falar, então precisarei que você me conte tudo o que aconteceu." Ele passou a mão livre pelos cabelos.
Os olhos de Malva arregalaram, "O que quer dizer com incapazes de falar?" Seu coração acelerou quando fez a pergunta. "Aconteceu algo com eles?" Ela ofegou.
Ele franziu o cenho para ela. "O que há com ela?" Ele perguntou, gestando em direção a Vae com a cabeça.
"Ela está sofrendo de perda de sangue, ela teve que dar sangue para Damon." Ele virou a cabeça bruscamente para olhá-la, parecia irritado por algum motivo. "Ele estava gravemente ferido, então eu dei minha permissão."
"Venha comigo," ele murmurou e esticou a mão.
Malva não sabia como reagir a princípio. Obviamente ele estava pedindo permissão para tocá-la depois de ordenar que ela o acompanhasse. Ela saiu do transe e deu a ele sua mão. Ele segurou sua mão suavemente, sua palma era fria. Ela mal teve tempo de processar essa informação quando ele firmemente a puxou para fora da carruagem.
Malva ofegou e cambaleou um pouco ao pousar no chão pelo puxão inesperadamente forte. Ele rapidamente colocou as mãos em volta da cintura dela para impedir que caísse ou pior. Malva congelou enquanto seus movimentos desajeitados paravam imediatamente.
Suas mãos estavam literalmente queimando um buraco em sua roupa. Era bastante irônico porque ela sabia o quão fria era sua pele, se tivesse esquecido, a palma fria contra a dela era bastante o lembrete.
Ele apertou levemente — Malva não achava que fosse intencional — antes de soltar lentamente sua cintura mas ainda segurava sua palma. Ela entendia que o sol estava quente, mas o calor que sentia era surreal. Mesmo a palma fria dele não fazia nada para aplacar aquilo, ela quase podia jurar que piorava.
Imediatamente ela notou que não estavam diretamente debaixo do sol, mas sim uma sombra cobria ambas as carruagens e a maior parte dos arredores.
Ela teria prestado mais atenção ao resto do ambiente, mas o rei vampiro estava tão próximo que seu processo de pensamento não funcionava. Era até um milagre que conseguisse ficar de pé.
"Está tudo bem?" Ele perguntou de novo e ela assentiu, não achava que sua boca funcionaria com a maneira como estava se sentindo.
Ele não soltou sua mão, em vez disso começou a puxá-la. "Preciso que me conte tudo o que aconteceu na viagem, porque pelo visto, você é a única que pode fazer isso."
O pequeno corpo de Malva seguiu atrás do seu enorme. Ela tinha certeza de que se ele não a estivesse puxando, não conseguiria acompanhá-lo. Ela olhou para trás, para a carruagem, Vae ainda estava lá dentro.
"Não se preocupe," o rei vampiro disse sem olhar para trás. "Eles vão cuidar dela. Sei que você gostaria de descansar, mas isso não pode esperar. Prometo que não tomarei muito do seu tempo." Isso soava como um pedido, mas Malva sabia que estava longe disso.
Malva assentiu, mesmo que ele não estivesse olhando para ela. Não era como se tivesse alguma reclamação sobre para onde ele a estava levando. Francamente falando, ela estava bem com qualquer lugar. Ela apenas não esperava vê-lo tão rapidamente, ela nem havia saído da carruagem, então uma parte dela estava um pouco aliviada e uma parte muito nervosa.
Logo eles subiram as escadas que levavam à entrada principal. Era um conjunto enorme de portas e era um pouco maior do que as portas principais do castelo do pai dela. Ela se perguntou se ainda poderia chamá-lo de pai, afinal ele só desempenhou seu papel por um dia e foi na sua sentença disfarçada de casamento.
Destaa vez, no entanto, havia dois guardas segurando a porta aberta. Era quase acolhedor. Ela balançou a cabeça para afastar os pensamentos enquanto seguia quietamente atrás dele. Ela passou pela porta para um espaço aberto. Era bastante enorme e ela sabia que teria que escalar muito para tocar o teto.
A primeira coisa que Malva notou foi que não havia cortinas, o que significava que não havia janelas. Assim que sua mente registrou esse pensamento, a porta se fechou e mergulhou o ambiente na escuridão.
Malva gritou e pulou ao mesmo tempo. Sua reação fez com que ele desse uma risadinha. Malva sabia que poderia ouvir aquilo o dia todo.
"Hmm," ele disse e seu aperto se firmou. "Você terá que se acostumar com a escuridão. Você está com os vampiros agora, como você sabe, a escuridão é onde residimos."
Malva tentou não revirar os olhos com as palavras forçadas dele, mesmo que suas palavras a assustassem um pouco. Quão diferentes eram os vampiros dos humanos e ela seria capaz de se adaptar? Ela não conseguia imaginar estar sempre no escuro, será que se acostumaria com isso?
Contudo, não era apenas o fato de estar escuro, mas mais sobre o fato de que ela não conseguia ver nada. Se ele não a estivesse guiando, só os céus sabiam onde ou em que ela bateria a cabeça.
Ela estava prestes a dizer isso a ele quando a porta se abriu novamente e ela viu um guarda trazer Vae para dentro do castelo. Malva soube imediatamente que a criada estava inconsciente. Malva esperava que ela apenas tivesse adormecido.