Raphael estava do lado de fora da porta da Lanchonete do Scotty da noite anterior e olhou para a placa. "Lanchonete do Scotty," ele disse, lendo as palavras que brilhavam em uma escrita cursiva vermelha brilhante.
O restaurante como um todo não era o que ele jamais imaginou que entraria. O exterior branco parecia bastante deteriorado, e havia até algumas pichações grafitadas ao lado.
"Só espero que não peguemos uma intoxicação alimentar," resmungou Lucien enquanto abria a porta e deixava os outros entrarem primeiro.
"Bem-vindos à Lanchonete do Scotty. Sente-se onde quiser, e alguém logo virá atendê-lo," disse a voz de uma garçonete animada. Damien a encarou por um segundo e respirou fundo. Sob todos os outros cheiros, ele captou o que estava procurando,
"Humano," ele disse baixinho em voz baixa. Dominik resmungou e caminhou em direção a uma cabine no canto mais distante. Ele podia facilmente ver qualquer pessoa que se aproximasse da mesa ou que entrasse pelas portas da frente e não precisaria se preocupar com alguém se aproximando por trás.
A loira se afastou, já distraída por uma mesa anterior.
Lucien olhou para a superfície da mesa enquanto ele e Damien deslizavam para um lado do estofado de couro falso da cabine enquanto Raphael ia sentar-se ao lado de Dom. Seus lábios se curvaram enquanto ele olhava fixamente para um ponto bem na sua frente. Não havia como ele tocar em qualquer coisa neste lugar, muito menos comer nele.
"Oi," disse uma nova garçonete se aproximando da mesa. "Posso começar com alguma coisa para vocês, ou já sabem o que vão pedir?"
"Nós só viemos aqui para pedir desculpas," disse Raphael, com um sorriso encantador no rosto enquanto olhava para a mulher à sua frente. "Meu irmãozinho e seus amigos estavam incomodando o cozinheiro aqui ontem à noite, e eu pensei que o mínimo que poderia fazer era vir hoje e garantir que eles não voltarão."
O sorriso amigável em seu rosto vacilou por um segundo enquanto ela piscava para ele algumas vezes.
"Seu irmãozinho estava incomodando o cozinheiro ontem à noite?" ela perguntou novamente. Raphael ergueu uma sobrancelha. Ele não tinha o hábito de repetir a si mesmo, então ele não se preocupou em responder à pergunta dela.
"Com licença," ela disse. Ela girou e se dirigiu para a parte de trás do restaurante antes que eles pudessem dizer outra palavra.
"Paul," eles ouviram a garçonete dizer. "Tem um grandalhão aqui dizendo que veio pedir desculpas por aqueles merdinhas ontem à noite."
"Agora, Addy," veio a voz masculina que Raphael reconheceu da noite anterior.
"E por algum motivo, você não achou que deveria mencionar isso quando chegou em casa?" Damien se encolheu ao ouvir o quão alta estava a voz da garçonete, mais do que grato por não estar na ponta da bronca.
"Addy," disse o homem.
"Não me venha com "Addy", Paul. Você deveria ter me dito!"
"Por quê? Eles não eram nada além de um bando de merdinhas tentando impressionar as namoradas."
"Eu não me importo. Não se deve correr riscos!"
"Eu estou completamente bem. Nem um arranhão," veio a voz do homem divertido.
"Você pelo menos estava com sua arma?"
"Estava," ele a tranquilizou.
"Tudo bem. Mas não vou deixar isso para lá."
"Agora, não vá botar fogo no mundo comigo ainda nele, Adaline. Tudo está bem quando termina bem."
Houve silêncio por um momento antes de a garçonete, Adaline, voltar da cozinha até a mesa.
"Garanta que seu irmão e seus amigos não voltem, entendido?" ela exigiu, olhando o Alfa nos olhos sem vacilar.
Algo estava diferente sobre ela.
Raphael respirou discretamente, tentando captar o cheiro dela, mas além de bacon e café, não havia nada.
Ela estava sem cheiro.
Raphael congelou quando percebeu isso. Ele alternava seu olhar entre ela e a porta que levava à cozinha. Quais eram as chances de haver duas pessoas sem cheiro em um restaurante decadente?
"O que você recomenda?" perguntou Damien, sua voz interrompendo o que quer que estivesse na cabeça de Raphael.
"Desculpe?" respondeu Adaline, com uma expressão de confusão no rosto.
"Para o almoço. O que é bom aqui?" ele continuou, dando-lhe um sorriso flertador.
"Boa tentativa," ela disse com um sorriso próprio. "E praticamente tudo. Mas acho que depende do que você quer."
"Nós vamos querer o bife de 64 oz, malpassado, batata assada com creme de leite, salada Caesar ao lado. Água para beber," disse Raphael, sem se dar ao trabalho de olhar para o cardápio ou para a garçonete enquanto fazia o pedido. Ele tinha mais do que o suficiente em seu prato e não precisava adicionar um mistério extra à sua agenda já lotada.
A garçonete simplesmente ergueu uma sobrancelha, mas não se moveu para anotar nada. "Receio que os maiores bifes que temos sejam de 32 oz," ela disse, batendo a ponta do lápis em seu bloco de notas.
"32 mais 32 são 64," disse Dominik enquanto continuava olhando para seu telefone. A empresa farmacêutica ainda não havia respondido ao seu e-mail anterior, e agora ele estava ficando preocupado.
"Então, só para deixar claro, cada um de vocês quer dois bifes de 32 oz malpassados, batatas assadas e uma salada Caesar?" ela perguntou, olhando para eles como se fossem estúpidos.
"E um milkshake de chocolate," interrompeu Damien, o sorriso nunca deixando seu rosto.
Ela o olhou e assentiu com a cabeça antes de se afastar para fazer o pedido deles.
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Eu ainda estava resmungando baixinho pelo fato de Paul não ter mencionado que foi abordado por esses lobos.
Agora, eu não era uma pessoa que se irritava facilmente. Na verdade, quase todas as células do meu corpo evitavam causar ou fazer parte de uma confrontação. No entanto, quando eu perdia a paciência, eu tinha apenas uma frase para viver; sempre perdoar, nunca esquecer, e lembrar onde você colocou o corpo.
Eles queriam entrar no meu território e ameaçar a única pessoa que eu realmente me importava? Então, eu esconderia seus corpos em um lugar onde ninguém pudesse encontrá-los.