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Chapter 14 - Ele Não Tem Cheiro

Olhando para a caixa em sua mão, ficou surpreso ao ver que era exatamente a mesma que a A.M.K. havia lhes dado todo mês nos últimos anos.

"Estou impressionado," resmungou Damien, virando-a em suas mãos. Até vinha com uma data de validade e um número de produção.

Ou esse cara estava conseguindo diretamente da própria empresa, ou ele era realmente bom em vender suas drogas.

"Não, você não está. Mas tudo bem. Você sabe onde é a saída," resmungou o Traficante, claramente sem mais interesse em ser cordial.

"E o pagamento?" perguntou Damien com um sorriso. A rua dizia que ele nunca pedia pagamento. Era isso que o diferenciava de todos os outros traficantes. Mas isso era impossível. Essas coisas valiam uma fortuna, especialmente aqui nas ruas.

"São de graça, o que você já sabe porque sua irmã já te contou," respondeu o Traficante. Ele ainda permanecia nas sombras até agora, recusando-se a mostrar o rosto para Damien. Mas se ele realmente achava que conseguiria se safar da alcateia, ele teria outra coisa chegando.

"De alguma forma, você não me parece alguém tão estúpido," deu de ombros Damien, sem pressa. O homem à sua frente não iria a lugar algum, exceto passando por ele, e mesmo que conseguisse fazer isso, ainda precisaria passar pelo resto deles.

Houve o som de um spray aerosol antes do homem sair para a luz.

"Eu não sou o bandido aqui," disse o Traficante, entrando na luz. Suas mãos estavam estendidas para os lados, mostrando que ele não estava armado. "E se você continuar por esse caminho, só vai irritá-la ainda mais."

"Ela?" perguntou Damien, confuso. Ele examinou o homem à sua frente. Ele parecia algo de uma revista GQ, em vez da imagem que Damein tinha em sua mente.

Que traficante não parecia um traficante?

Damien já sabia a resposta para essa. Quando se estava lidando com alguém lá no alto da organização.

"Ah, não é à toa que ela não pensa tão bem dos lobos. Vocês estão sempre correndo atrás do próprio rabo em vez de ver o que está bem na frente do focinho. Mas tudo bem. De qualquer forma, vocês não precisam ver," riu o Traficante, com uma mão no bolso da calça social.

O lobo dentro de Damien se agitou, não gostando da falta de respeito no tom do outro homem. Enquanto o vento não cooperava para poder cheirá-lo, ele sabia o suficiente para saber que o homem não era um lobo.

Os lobos eram os reis desse território, e enquanto outros transmorfos eram permitidos viver aqui, eles podiam ser facilmente expulsos se não demonstrassem o devido respeito aos que governavam.

"Tentando descobrir como me punir por não me submeter?" riu o homem; ele se encostou no grande contêiner de lixo ao lado dele, parecendo completamente confiante.

"De forma alguma," deu de ombros Damien, tentando controlar seu lobo. "Só estou tentando entender por que você acha que pode traficar em nosso território."

"Provavelmente porque este não é o seu território," riu o homem como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais engraçada de todas.

"Gostaria de tentar essa afirmação novamente?" perguntou um novo homem enquanto se aproximava de Damien por trás.

Damien baixou a cabeça para Raphael e deu um passo para o lado, mostrando deferência ao seu alfa. Enquanto Raphael normalmente não exigia essas ações do seu círculo íntimo, Damien e os outros ainda insistiam em fazê-lo na presença de estranhos.

"Alfa," assentiu o Traficante. Sua postura casual não mudou, mas ele não ignorou Raphael. Era a quantidade mínima de respeito que alguém deveria mostrar em relação ao Alfa.

Mas por alguma razão, isso não incomodava o lobo de Raphael tanto quanto ele pensava que incomodaria.

"É você quem está vendendo os Supressores de Cio?" perguntou Raphael; ele examinou o homem à sua frente. Seu lobo queria ter cautela, sabendo que o homem poderia ser uma ameaça se pressionado demais, mas também sentia o mesmo que os outros rapazes sentiam em relação a ele.

Era uma situação estranha, uma que ele nunca havia experimentado desde que formou seu círculo íntimo.

"Sou eu. Mas isso é simplesmente porque queríamos garantir que as fêmeas ainda obtivessem o que precisavam," deu de ombros o homem.

"Nós? Quem somos nós?" perguntou Raphael, com um pequeno sorriso no rosto.

"Ah, você quer saber meus segredos, né? Não vai acontecer. Você pode controlar sua matilha, mas não sabe nada sobre o mundo ao seu redor fora dela."

"Essa é a segunda vez que você menciona que não estamos vendo o que está na nossa frente. Por que você não nos conta? Chega de todas essas charadas e merdas," resmungou Lucien enquanto saía das sombras.

Mesmo estando em menor número, o Traficante não se intimidou.

Ele estava prestes a abrir a boca quando um telefone começou a vibrar.

"Sim?" atendeu o Traficante, seus olhos nunca deixando os três homens na frente. "Entendido. Vou verificar. Devemos informar os lobos?" O sorriso no rosto dele se alargou enquanto ele encarava Raphael. "Tudo bem. Só pensei em perguntar."

Alguns segundos depois, o homem desligou o telefone e voltou sua atenção para os três homens. "Bem, isso foi divertido. Mas tenho que correr. Espero que não estejamos fazendo esse mesmo vai e vem da próxima vez que nos encontrarmos."

O homem avançou como se esperasse que Raphael e Damien se afastassem para deixá-lo passar. No entanto, Raphael levantou a mão, impedindo-o.

"Se você acha que vai sair dessa viela vivo, está muito enganado. Não toleramos Traficantes em nosso território. Há apenas uma maneira de sair daqui, e é dentro de um saco de cadáver," sorriu Raphael, seu demenor nunca mudando.

"Ah, mas minha Chefe me pediu para investigar algo, e eu não posso negar a ela," deu de ombros o homem como se não fosse grande coisa.

Lucien rosnou, avançando. Mas o homem recuou e simplesmente... desapareceu.

"Que diabos?" resmungou Lucien, olhando ao redor. As sombras o impediam de distinguir qualquer coisa.

Dando um passo à frente novamente, ele olhou para baixo e viu um monte de roupas à sua frente. No entanto, mesmo depois de chutá-las algumas vezes, nada apareceu.

"Eu teria apostado que ele era um urso," resmungou Damien, encostando-se à parede ao lado dele. "Ele tinha a atitude de um deles."

"Sim, mas você notou algo?" apontou Raphael. Ele avançou até estar ao lado de Lucien e então se agachou, pegando a camisa. Levando-a ao nariz, aspirou profundamente. "Ele não tem cheiro."