Adeline riu baixinho.
"Você realmente mata tão facilmente." Sua falta de hesitação em sacar uma arma e atirar de tal distância não era brincadeira.
Mas, pensando bem, não havia menos que esperar. Ele era o próximo chefe de um dos maiores grupos da máfia na Rússia. Seria piada se ele fosse um cabeça de vento como Dimitri.
César brilhou, inclinando-se para ficar mais próximo à altura dela. "Você mata antes de ser morto, é simples assim."
Ele estendeu a mão, passando os dedos por alguns fios de cabelo que caíam sobre o rosto dela. "Eu te assustei?" Seu tom era brincalhão, uma alegria na sua língua.
"Me assustar?" Adeline gargalhou, baixando a cabeça para rir com a mão cobrindo a boca. "César, eu já vi muito pior do que isso. Claro, eu me assustei, mas você definitivamente não me assustou. Eu sei ao que estou me comprometendo."
"Fofa…" Foi dito em um momento de deslumbramento, antes dele segurar o rosto dela com a mão enluvada. "Vou garantir que você aproveite o primeiro passo de tudo isso. Deixe comigo."
Aproveitar, é?
Adeline respirou fundo, dizendo, "Espero não me decepcionar."
"Decepcionada?" Os olhos travessos de César examinaram o rosto dela com uma expressão divertida. "Deixo você julgar. No entanto…" Ele segurou o queixo dela entre seu polegar e indicador, fazendo-a olhá-lo. "… Eu gostaria de um beijo como recompensa."
"O-quê?" Adeline piscou, gaguejando.
"Mmmm, eu gostei do sabor dos seus lábios." Havia uma entonação na voz de César e algo parecido com um sorriso brincalhão nos seus lábios.
Os olhos de Adeline se arregalaram ligeiramente.
Ele era tão honesto que ela só podia ficar parada e olhar para ele, nem mesmo certa de como responder.
Tudo o que ela fez foi afastar a mão dele com um sorriso suave. "Até logo, César." Ela se virou e saiu para entrar no carro à sua espera.
"Vou considerar isso um sim," César refletiu, sorrindo de orelha a orelha.
Assim que Sokolov dirigiu levando Adeline, sua expressão mudou, e o sorriso que ele mantinha desapareceu instantaneamente. Alguém que mal o conhecia poderia assumir que ele tinha uma personalidade dividida.
"Isso pode ser muito mais interessante do que eu esperava." Ele caminhou em direção ao carro onde Nikolai estava esperando e entrou, relaxando.
Nikolai fechou a porta e correu para o carro, tomando seu lugar no assento do motorista. Liga o motor e saiu, acelerando em direção à casa da família Kuznetsov.
"Como está o negócio com Rurik? O que aconteceu?" César o questionou de repente. Seus olhos fitavam Nikolai com ferocidade pelo espelho retrovisor.
Nikolai engoliu em seco, com o peito começando a bater freneticamente.
"Senhor, e-eu posso explicar."
"Explicar o quê?" O olhar de César se tornou sombrio.
Nikolai nervosamente respondeu, "Eu marquei a reunião com ele, mas ele não respondeu. Eu mandei email e liguei, mas nada funcionou."
"Rurik está me sacaneando? O que você está fazendo com ele?." César perguntou, pegando seu telefone do bolso. "O Yuri sabe disso?"
"Não." Nikolai balançou a cabeça.
"Ligue para o Yuri, informe-o sobre isso e desapareça até você encontrar o Rurik." César rosnou com olhos furiosos e atendeu a chamada do telefone. "Quarenta e oito horas é tudo o que você tem. Eu quero um relatório depois disso!"
"Sim, senhor!"
——
Mikhail apressou-se até o banco de trás e abriu a porta.
Dimitri, vestido em um fino terno preto com seus cachos escuros bem arrumados, desceu. Seus olhos cinzentos vasculharam o prédio do bar iluminado por luzes coloridas, e seu rosto se contraiu em uma carranca.
"Vamos." Ele se aproximou da entrada e entrou na boate. Mikhail seguiu atrás.
O lugar estava lotado de todo tipo de gente, desde aqueles afiliados de alguma forma até civis com boas conexões. Havia uma música alta e estrondosa que poderia possivelmente estourar os tímpanos, e luzes coloridas emanavam da bola de disco no teto.
Os olhos de Dimitri buscaram pela boate e logo pousaram em Adeline naquele vestido vermelho sedutor que expunha muito bem sua longa e bonita perna esquerda. O brilho suave dos seus cabelos castanho-escuros saltando até o fundo enquanto ela dançava ao som hipnótico que o DJ tocava o fez ficar paralisado.
Ela dançava sozinha, e a maneira como seu corpo se movia flexivelmente o hipnotizou de tal forma que por um momento ele se perguntou se realmente estava olhando para sua esposa—a Adeline que ele conhecia.
Ele nunca a tinha visto dessa maneira.
Logo depois, ele observou um cara aleatório se aproximar por trás de Adeline e pousar a mão em seus quadris. Adeline riu, claramente alterada, e descansou a cabeça no ombro do rapaz.
A expressão atordoada no rosto de Dimitri desapareceu imediatamente, substituída por uma furiosa. Ele fechou as mãos em um punho apertado e se aproximou com os olhos tremendo de irritação.
"Cai fora!" Sua presença súbita e tom de voz assustaram o homem atrás de Adeline.
Antes de o cara poder reagir, Dimitri o empurrou e agarrou o pulso de Adeline. Ele a arrastou para fora do bar, sem sequer dar a ela um momento para processar e entender toda a situação.
À distância na boate, escondido pela multidão, estava ninguém menos que César, com um coquetel entre os dedos, observando Dimitri puxar Adeline para fora. Ele estava sentado com as pernas cruzadas e os lábios curvados em um sorriso malicioso.
"Ah, minha pequena humana," ele murmuravá para si mesmo, insatisfeito. "Eu estava realmente adorando."
No meio do caminho para a imensa e vasta casa dos Kuznetsovs que abrigava toda a sua matilha da Noite Vermelha, ele mudou de ideia e decidiu parar na boate onde Adeline tinha ido.
Assim como Dimitri tinha sido enfeitiçado, ele estava da mesma forma.
Assistir Adeline dançar sozinha no centro da pista de dança e rosnar para os homens que apareciam por trás dela era divertido.
Ele precisava dela sozinha na pista, para se banhar em sua beleza e saciar os olhos com seus movimentos. Para observar sua figura perfeita naquele vestido feito sob medida se mover ao ritmo da música.
César soltou um suspiro exagerado de decepção, colocando o coquetel no balcão.
"Ele pegou o que é meu." Ele se levantou do banco, pronto para sair do bar com uma expressão cruel. "Eu terei que pegá-la..."
"...Logo."