"Por que ela ainda não está morta?"
Estas foram as primeiras palavras que Serena ouviu quando abriu os olhos e viu um casal parado perto de sua cama. Ela franziu a testa, tentando distinguir seus rostos e entender sobre quem estavam falando, mas isso parecia exigir muito esforço.
"Ela deveria estar morta! Que maldição! Agora que a vendemos, ela acorda. Essa vaca não nos serve mais," a mulher sibilou, a voz transbordando frustração.
"Esse não é o problema. O problema é, e se ele quiser devolvê-la? Não podemos deixar isso acontecer. Já enviamos o dinheiro para nosso filho... Precisamos convencer o presidente Hawk a aceitá-la. Espere, e se conseguirmos que os médicos lhe deem um 'certain' algo? Para deixá-la morrer..."
A mente de Serena nadava em confusão. Quem eram essas pessoas? Sobre o que estavam falando? Eram fazendeiros discutindo sobre gado? Mas por que estariam aqui em seu quarto? Conversas sobre matar vacas deveriam ser feitas lá fora...
Foi então que ela olhou em volta com mais atenção, paredes brancas brilhantes, o cheiro de antisséptico no ar e o bip constante de monitores médicos. Este não era o seu quarto. Era um quarto de hospital! Por que ela estava em um hospital?
Seus olhos se arregalaram então. Seriam essas pessoas que estavam falando sobre ela? Era ela a vaca que planejavam matar? Era ela quem deveria estar morta? Não, não, não. Ela precisava entrar em contato... Seus pensamentos pararam. Com quem ela precisava entrar em contato para que viesse salvá-la?
O pânico começou a se infiltrar. Por que ela não conseguia se lembrar de quem era seu contato de emergência? E por que essas pessoas falavam dela como se fosse um objeto, uma propriedade para ser vendida e devolvida? E deixada para morrer?
A voz do homem cortou o nevoeiro de seus pensamentos. "Se ela acordar completamente e começar a fazer perguntas, pode arruinar tudo. Precisamos agir rápido. Talvez devêssemos dar a ela o medicamento nós mesmos antes que o CEO Hawk chegue... assim ele terá o que quer, e nós não precisaremos devolver o dinheiro."
A outra mulher franziu a testa diante disso e protestou, "Mas, querido, essa é a nossa filha..."
O coração de Serena quase parou.
Filha? Essas pessoas eram seus pais? Uma onda de choque e traição a invadiu, deixando-a atordoada. Não, não, não. Isso não podia ser verdade! Seus pais não se pareciam com esses. Eles eram... Ela fechou os olhos e tentou pensar em seus pais, desesperada para ver um rosto ou lembrar de um nome. Eles definitivamente a amavam e não eram... Mas ela também não conseguia se lembrar do rosto ou nome deles.
Lágrimas desceram pelas suas bochechas à medida que ela lentamente percebia o que estava acontecendo. Ela estava no hospital sem memórias do que acontecera e as únicas duas pessoas no quarto, supostamente seus pais, queriam que ela morresse.
O que ela deveria fazer agora?
Antes que ela pudesse processar tudo isso, a porta do quarto se abriu abruptamente. Um homem alto com olhos frios e penetrantes entrou. Sua presença era dominadora. Sua atitude era intimidadora.
O casal se enrijeceu à vista dele, medo evidente em seus olhos. E até mesmo Serena ficou atônita por um momento. Quem era esse homem? Ele parecia familiar, mas ao mesmo tempo não. Havia algo nele que a fazia fixar o olhar...
"Sr. Hawk... sua esposa," o homem, seu suposto pai, gaguejou.
O homem fez um som de desdém e falou em um tom baixo e controlado, "O que você disse?"
A voz do homem estava tão baixa que Serena forçou para ouvir o que ele estava dizendo. Este homem era seu marido. Era aquele que a tinha comprado de seus pais. Seu nome era Hawk.
O casal caiu de joelhos e imediatamente abaixou suas cabeças, "Sr. Hawk, não pensávamos que nossa filha acordaria assim. Você deve ser a estrela da sorte dela. Ela esteve em coma por mais de um ano, você sabe disso. Por favor, acredite em nós. Mas não se preocupe... você terá uma esposa morta em breve."
"O que você quer dizer?" Ele questionou com um tom frio, fazendo Serena estremecer de medo.
Seu marido era mais assustador que os outros dois. Ele parecia ser capaz de matar uma pessoa com apenas um olhar. Ela não ousou piscar enquanto observava a interação entre ele e o casal.
Os pais dela se olharam. Então a mulher, presumivelmente sua mãe, falou, "Sr. Hawk, sabemos que você queria uma mulher morta por esposa. Já que ela foi retirada do suporte de vida e parece estar se recuperando, sabemos que ela não é mais útil para você. Mas veja bem, ninguém sabe que ela acordou. Talvez possamos simplesmente lhe dar um medicamento... e então ela morrerá de novo."
Serena franziu a testa. Será que seus pais a odiavam tanto a ponto de fazerem isso? Sua mãe parecia especialmente ansiosa para se livrar dela.
O silêncio depois disso era sufocante. Ela precisava encontrar uma maneira de escapar, antes que eles pusessem em prática seu plano e a matassem. Ela esteve em coma por um ano, então poderia ser impossível lutar fisicamente contra eles.
O que ela deveria fazer?
"Vocês me acham um assassino?" o homem perguntou friamente, sua voz cortando a tensão no quarto. O coração de Serena pulou com uma fagulha de esperança—este homem não queria que ela morresse! Talvez ela tivesse uma chance de viver!
A mulher mais velha rapidamente se retratou, sua voz tremendo. "Claro que não, senhor! Não ousaríamos pensar em tal coisa. Mas você queria uma mulher morta. E agora ela está viva..."
"E daí?" A voz de Aiden Hawk era afiada e inabalável. "Eu simplesmente me divorciarei dela, e vocês podem me devolver meu dinheiro."
"Senhor, por favor, tenha piedade de nós," a mulher implorou. "Não temos dinheiro! Tudo que nos deu foi gasto para pagar nossos credores. Tivemos que pegar tantos empréstimos para mantê-la viva! Agora que liquidamos nossas dívidas... não, não, não! A transação está feita! Ela é sua esposa agora. Não vamos aceitá-la de volta."
Os olhos do Sr. Hawk se estreitaram. Ele deu um passo em direção ao casal, sua presença ficando ainda mais intimidadora. "Vocês acham que podem ditar termos para mim? Vocês falharam em cumprir o que foi acordado. Não me importo com suas dívidas ou desculpas."
Enquanto isso, Serena já havia começado a formular um plano. À medida que sentia o movimento voltar às suas pernas, ela fez um esforço lento. As pessoas na sala estavam tão envolvidas em discutir que não perceberam que ela agora estava sentada.
Com uma intensidade focada, Serena se mexeu e lançou seu corpo em direção a ele, enquanto chamava, "Marido!"
Surpreendido pelo som, Aiden Hawk virou-se na hora certa para ver um corpo frágil vindo em sua direção. Instintivamente, ele a segurou, seus braços envolvendo sua cintura de forma protetora.
Serena não tinha ideia se era atraente ou não, mas decidiu lhe dar o seu melhor sorriso enquanto sussurrava, "Marido. Estou acordada," e rapidamente enterrou o rosto em seu peito.