Serena olhou pela janela, espantada. Saber que quase morreu fez com que ela desse mais valor a tudo. Ela estava tão feliz que até ignorou o homem que a fitava em silêncio ao seu lado. Não era culpa dela se ele teve que ir às compras!
Será que ele realmente esperava que ela saísse na frente de tantos repórteres vestindo uma camisola de hospital? Claro que ela se recusou a ir com ele e fez com que ele comprasse roupas para ela! Para um homem, ele até sabia o tamanho dela muito bem!
Ela é que deveria estar zangada com isso!
Justamente nesse momento, o carro desacelerou e Serena não pôde deixar de franzir a testa. Eles não estavam mais olhando para altos e belos prédios novos, mas sim para velhos edifícios negligenciados. O carro parou e a expressão de Serena se aprofundou.
Ela olhou para o homem silencioso ao seu lado, que continuava olhando para frente, com uma expressão ilegível. O edifício lá fora parecia estar em um estado ainda pior do que os outros.
E quando o motorista anunciou, "Chegamos." Ela não pôde deixar de arregalar os olhos.
"Você mora aqui?"
Como esperado, o homem lhe lançou um olhar de desprezo, "VOCÊ mora aqui."
Serena arregalou os olhos em descrença enquanto processava as palavras do homem. "Você está brincando, certo? Eu não moro aqui. Deve haver algum engano."
Ao invés de responder, ele se inclinou, desafivelou o cinto de segurança e abriu a porta para ela num movimento rápido, ordenando, "Saia. Estão à sua espera."
"Eu não vou!" Serena protestou, segurando o cinto de segurança como se fosse uma salvação. "Este lugar parece horrível. Eu me recuso a sair!"
A paciência do homem se esgotou. Ele saiu, andou até o lado dela e a levantou do carro à força. Então, deixando-a ali, ele se dirigiu para entrar no carro, mas antes que ele pudesse, ela segurou seu braço, "Não! Você não pode me deixar aqui! Isso não está certo! Marido! Como você pode fazer isso com sua esposa?"
"Chega de teatro. Ninguém vai vir te salvar."
Rapidamente, ela olhou ao redor e percebeu que o que ele disse era verdade. Alguns transeuntes lançaram olhares breves com leve curiosidade, mas rapidamente voltaram aos seus afazeres, aparentemente indiferentes ao seu desespero.
Bem, ela não desistiria!
"Você é um famoso magnata dos negócios! O que você acha que a imprensa vai dizer quando descobrirem que você expulsou sua esposa doente? Eu sei que alguém aqui vai gravar isso e vender para a mídia por um preço alto! É só esperar Aiden! Você é o..."
Como esperado, algumas pessoas começaram a tirar seus celulares, sentindo uma oportunidade... Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa ou anunciar o nome dele, Aiden rapidamente cobriu a boca dela com sua mão e a empurrou de volta para o carro.
Uma vez lá dentro, o homem a encarou com fúria. Ele segurou seu pulso com força, seus olhos brilhando de raiva. "Não tente fazer algo assim novamente," ele alertou, sua voz baixa e ameaçadora.
Ela tentou puxar sua mão, mas o aperto dele se apertou. "Você pensa que é esperta, não é? Tentando usar a mídia contra mim? Cuidado, Serena... Seus truques se esgotarão algum dia."
Serena o encarou, "Eu não precisaria usar truques se você não tentasse fugir da sua responsabilidade."
***
"Aqui, assine estes."
Serena olhou para a pasta que o homem colocou na frente dela como se ela a tivesse ofendido pessoalmente. Sem se dar ao trabalho de abri-la, ela fixou seu olhar em Aiden.
"O que é isso?"
Depois de tentar abandoná-la, o homem a trouxe para este escritório isolado. Agora ele queria que ela assinasse alguns papéis aleatórios? Como se ela fosse!
"Esqueceu como ler depois do acidente?" ele respondeu, seu tom irritantemente convencido.
Com um resmungo, ela abriu a pasta e franziu a testa. O documento parecia interminável, cheio de jargões legais e termos que a faziam sentir tontura. No entanto, não demorou muito para ela reconhecer o que era. "Este é um contrato para vivermos como marido e esposa pelo próximo ano," ela declarou, olhando para ele com uma mistura de curiosidade e suspeita.
Serena leu os documentos cuidadosamente. Os termos eram realmente razoáveis... não era ruim. Mas ela não gostava desse homem. Jogando de lado a pasta, ela deu de ombros e disse, "Eu não vou assinar."
O homem estreitou os olhos para ela e Serena sentiu uma extrema satisfação! Como ele ousava beijá-la e depois não deixá-la estapeá-lo por isso!
"Por que não?"
"Primeiro, preciso que você responda algumas perguntas. Tipo, por que você precisava de uma 'esposa' morta? Quer dizer, você parece bem - você parece ok, beija ok, e a julgar pelas suas roupas, você também ganha bem. Então, por que não casar com uma mulher que está realmente viva? Você tem algum tipo de doença indizível?"
"Isso não é da sua conta."
Ela fez beicinho, cruzando os braços desafiadoramente. "Então eu não vou assinar nada, e definitivamente não vou com você."
Aiden olhou para a mulher na cama e se perguntou a mesma coisa. O que havia de errado com ele que escolheu ela para ser sua esposa?
"Preciso lembrá-la que você é quem me implorou para ajudá-la?"
"Eu me lembro.. Essa conversa aconteceu depois que eu sofri o acidente, afinal. Mas as coisas mudaram um pouco, marido. Agora, muitas pessoas me conhecem como sua amada esposa que acordou. E sua avó também me aceitou. Então, eu posso me mudar para a sua casa sem assinar esses papéis, não é? Por que então todo esse trabalho?"
"Você acha que isso é um jogo, Serena? Você acha que pode entrar e fazer o que quiser sem nenhuma consequência?"
"Estou apenas tentando descobrir as consequências para mim mesma. Você precisava de uma mulher morta então o que me diz que você não vai tentar me matar?" Imediatamente sua postura mudou de argumentativa para vulnerável, fazendo Aiden olhá-la com admiração outra vez. Ela podia mudar mais rápido que um camaleão.
Com um suspiro, ele respondeu, "Eu não preciso que você esteja morta. Minha avó tem sido intransigente sobre eu arrumar uma esposa, algo que eu não preciso ou quero. Eu planejava deixar você 'morrer' e..."
"Fazer o papel de amante lamentoso?" Inesperadamente, Serena riu, fazendo com que ele piscasse surpreso.
Cobrindo a boca, ela balançou a cabeça. "Só por isso, eu morreria para ver como você se lamenta. Consegue me dar uma demonstração?"
Os olhos de Aiden se estreitaram, um lampejo de irritação atravessando seu rosto. "Isso não é brincadeira, Serena."
Ela baixou a mão, seu riso se transformando em um sorriso malicioso. "Ah, eu sei. Mas se vamos fazer isso, podemos muito bem encontrar alguma graça nisso, certo? Então, qual era o plano? Você fazia o papel de marido devastado enquanto eu jazia em um caixão? Você ia chorar? Ou ia ser do tipo forte e silencioso?"
Isso a fez ter outro acesso de riso ao imaginar este homem chorando. Aiden suspirou, beliscando a ponte do nariz. "O plano era manter minha avó feliz sem me envolver de verdade em um casamento. Você era para ser uma solução conveniente."
A expressão de Serena suavizou um pouco. "Então, é realmente sobre sua avó? "
"Sim," Aiden admitiu, seu tom mais sincero. "Ela passou por muita coisa. Eu não queria desapontá-la, mas também não queria ser forçado a um casamento que eu não queria."
Serena considerou isso por um momento, então suspirou. "Tudo bem, eu entendo. Eu vou assinar esses papéis pela avó. Mas se você quer que eu concorde com isso, eu preciso de algumas garantias. Você tem que me prometer que eu realmente não acabarei morta neste acordo."
Os lábios de Aiden tremeram, mas ele rapidamente se recompôs, "Você tem minha palavra. Você não acabará morta."
"E me ajudar a encontrar minha identidade? Isso também é uma promessa que você pode fazer?"