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Chapter 4 - Culpa e Arrependimento

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'Que diabos está acontecendo?! Por que ainda estou vivo?'

Arabella piscou repetidas vezes ao despertar em seu quarto.

Ela se sentou e olhou ao redor.

Estava confusa ao se encontrar em seus aposentos no Palácio Imperial.

A última coisa que se lembrava, ela estava na torre de magia e tinha certeza de que cortara a própria garganta.

Ela se recordou de ouvir alguém chamar seu nome antes de tudo escurecer.

Alguém veio em seu socorro e a curou? Ela sobreviveu?

'Eu pensei que tivesse sido profundo.'

Ela era muito fraca? Ou isso era o pós-vida?

Ela caminhou até o espelho e arfou ao encarar uma versão mais jovem de seu rosto.

Deveria ter quarenta anos, mas seu rosto havia voltado ao de vinte e dois anos atrás, quando ela ainda tinha dezoito anos.

Arabella franziu o cenho ao olhar para baixo e reconhecer o vestido que estava usando.

Já fazia muito tempo desde então, mas era a camisola que as empregadas a fizeram vestir para sua primeira noite com Ferdinand.

Aquele canalha e lixo de marido.

Ela sentiu raiva novamente só de se lembrar dele.

Isso a confundiu e fez sua cabeça doer tanto pelo fato dele ter morrido tentando protegê-la.

Mas como exatamente o outrora poderoso Imperador foi morto tão facilmente?

Foi culpa dela.

Mais exatamente, ela havia envenenado suas refeições todos os dias.

Era um veneno de ação lenta. Mas com a força e resistência dele, demorou muito mais do que o planejado para surtir efeito até que finalmente ele mostrou pequenos sinais de fraqueza.

Ela maquinou para eliminar Ferdinand da mesma maneira que seu filho morreu.

Ela queria que ele experimentasse o que seu filho passou, então usou um veneno que tinha os mesmos efeitos do que ele usou para matar o único filho deles.

Quando os efeitos do veneno finalmente pioraram, Arabella informou o Rei Ícaro, o inimigo mais forte de seu marido, que a hora havia chegado para Ferdinand e Valeria caírem.

Eles desencadearam uma guerra civil em Valeria para que Ferdinand ficasse sobrecarregado com mais trabalho à medida que seu corpo continuava a enfraquecer pelo veneno.

Quando a insatisfação do povo piorou, o Rei Ícaro e todos os inimigos de Ferdinand se uniram para atacar Valeria.

E, claro, Arabella já havia secretamente trazido algumas pessoas de Ícaro para abrir os portões.

Valeria foi pega despreparada devido à crise interna. Assim, Ícaro venceu conforme planejado.

Arabella deveria ser esposa do Rei Ícaro enquanto ele ascendia para ser o próximo Imperador de um império ainda maior, mas ela tinha outros planos.

Estava resolvida a seguir seu filho para o além assim que o plano tivesse sucesso.

E assim ela fez.

'Mas que diabos é isso?!'

Olhando ao redor do quarto, e julgando pela sua aparência, por mais impossível que parecesse, ela tinha voltado ao tempo em que tinha dezoito anos.

Hoje era seu casamento com Ferdinand e ele logo visitaria seu quarto para que consumassem a união.

'Por que tenho que viver como esposa dele novamente?'

Arabella andava agitada pelo quarto, horrorizada, pensando no que deveria fazer.

Julgando pela sua aparência, as empregadas terminaram de prepará-la para sua primeira noite com Ferdinand.

'Por que eu tinha que renascer quando tudo finalmente acabou?'

Ela finalmente havia conseguido sua vingança contra Ferdinand. Seu objetivo estava completo. Não havia mais razão para estar viva.

'Isso é meu castigo por tudo o que fiz?'

Arabella sabia que havia cometido muitos pecados.

'Mas eu realmente tenho que viver essa vida horrível com ele novamente?'

Ela cerrou os dentes. Ela não poderia possivelmente viver aquela vida novamente.

Estava exausta.

Desgastada.

E à beira da insanidade.

Ela só queria dormir e descansar eternamente.

'Devo fugir?'

Ela foi até as janelas à procura de uma rota de escape.

Sempre havia pelo menos dois cavaleiros guardando sua porta, então ela não poderia sair por lá.

'Ainda é tão belo!' Arabella ofegou ao ver a capital de sua janela.

Parecia que havia sido apenas alguns minutos atrás quando ela observava a capital em chamas.

Mas agora, ainda estava em seu pleno esplendor.

Edifícios de design sofisticado maravilhosamente elaborados. Um planejamento de cidade artístico. Uma fonte imensa e linda no meio da praça com um espaço vasto ao redor para encontros. Estradas e calçadas pavimentadas. Inúmeras lojas, lanchonetes e estalagens.

Era um local vibrante e colorido cheio de vida e agitação. Realmente a capital de um enorme império.

A cidade estava cheia de alegria e gargalhadas enquanto eles celebravam o casamento de seu Imperador.

Era tão diferente da vista que Arabella estava observando antes.

Um mar de chamas. Fumaça negra densa. Um cheiro pútrido. Ruas ensanguentadas. Cadáveres por toda parte. Gritos horrorizados e desesperados. Crianças chorando. Cavalos relinchando. Cavaleiros gritando.

E seu marido morto em seus braços.

Algo pingou em suas mãos.

'Eh? O que é isso?'

Arabella olhou para cima para ver se havia água pingando do teto. Não havia. Claro que não haveria. Este era o Palácio Imperial.

Sua visão embaçou.

Ela piscou rapidamente ao perceber que era dela.

'Por que estou chorando?'

Ela olhou novamente para a vista da janela.

Ela sentiu um nó na garganta e uma dor no peito.

Havia crianças brincando alegremente e correndo atrás uma das outras.

Havia mulheres com bebês conversando com todos para se juntar à celebração.

Ficou pior.

Suas lágrimas inundaram seus olhos até que ela não conseguia mais ver.

E de repente, ela estava tremendo enquanto chorava e caía de joelhos.

'Essas eram todas as pessoas que morreram por causa de mim?'

Essas crianças e bebês seriam cavaleiros naquela altura. Eles até poderiam ter seus próprios filhos.

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'Por que? Por que estou me sentindo assim?'

O peito de Arabella doía tanto e se sentia tão pesado enquanto ela chorava.

Ela se sentia sobrecarregada, arrependida e triste.

Ela pensou que havia muito tempo tinha parado de sentir todas essas emoções. Mas agora, ela estava sentindo todas elas novamente.

'Por que? É porque eu renasci?'

Arabella estava tomada pela culpa enquanto observava todas aquelas pessoas felizes lá embaixo.

Eles estavam entre as pessoas que podem ter morrido durante o ataque final do Rei Icaro.

Eram pessoas que morreram por causa dos seus planos. Por causa da sua vingança.

'Eu só vinguei meu filho. O que tem de errado nisso? Ele era inocente. Não precisava morrer tão jovem,' ela argumentava consigo mesma.

Mas isso justifica envolver todas essas pessoas?

E todas aquelas crianças tiveram de morrer também porque o filho dela morreu?

Eles também eram inocentes. Eram jovens também.

Arabella mordeu o lábio enquanto tentava parar de soluçar.

Ela tinha milhares de vidas nas suas mãos agora. Ela arruinou tantas vidas ao fazer o império cair.

Antes, ela não se importava em cometer um crime tão atroz. Não se importava que todos no império morressem, incluindo ela mesma.

Por que ela se importa agora?

Por que isso a incomoda?

É porque ela ainda não foi prejudicada agora? Porque o pecado ainda não foi cometido nesta vida?

Ou ela estava mentindo para si mesma todo esse tempo?

. . .

"... "

".."

Ao continuar observando a cena abaixo, Arabella prendeu a respiração quando de repente ouviu vozes em sua cabeça.

[A Imperatriz é tão bela! Eu me sinto tão abençoado por ter visto o rosto dela.]

[A Imperatriz é verdadeiramente a dama mais justa. Ela parece uma deusa.]

[Sua Majestade deve estar feliz.]

[O Imperador deve estar mais motivado agora depois de se casar com uma esposa tão adorável.]

[Espero que sejamos abençoados com príncipes e princesas em breve.]

[Quero me casar com alguém tão bonita quanto a Imperatriz.]

[Tenho que ir para casa. Estou bêbado agora.]

[Meu bebê também está comemorando o casamento. Olha como ele está se comportando bem hoje.]

[Tenho que servir mais comida.]

Arabella segurou a cabeça enquanto pensamentos aleatórios de várias pessoas subitamente surgiam em sua mente. Ela cobriu os ouvidos enquanto se tornava uma mistura ensurdecedora de vozes.

Ainda assim não parou.

Ela segurou a cabeça com as mãos quando sentiu que ela poderia explodir se continuasse ouvindo tudo, e fechou os olhos.

O barulho finalmente desapareceu.

'O que foi isso?!'

Ela se levantou e o barulho ensurdecedor veio novamente quando seus olhos vislumbraram todas as pessoas abaixo.

O barulho parou quando ela se virou.

Arabella caminhou cambaleante até a cama e se jogou se sentindo tonta de "ouvir" tanto barulho. Mas não eram os ouvidos que doíam, já que o barulho estava diretamente dentro de sua cabeça.

'O que há de errado comigo?'

Primeiro, ela renasceu de repente. Segundo, ela de repente ouviu pensamentos em sua cabeça.

"Arabella, estou entrando."

Ela se enrijeceu instantaneamente ao ouvir aquela voz fria e familiar.

Foi há poucos minutos quando aquela voz agradeceu fracamente por ela ser sua esposa. Mas agora, soou forte, firme e perigosa.

Imperador Ferdinand Valeria. Seu marido.

'O QUE EU FAÇO?! O QUE EU FAÇO?'

Ela pensou em fugir pela janela, mas ainda estava se sentindo tonta.

Antes que pudesse decidir, a porta rangeu e abriu. E lá veio Ferdinand, parecendo tão bonito em seus vinte anos.

Ferdinand tinha vinte e três anos quando se casaram, então ele tinha quarenta e cinco anos de acordo com a memória dela.

O da sua memória ainda era bonito, mas mais velho e mais magro. Ele havia perdido peso por ter que trabalhar tanto devido a todos os problemas que ela causou e o veneno que ela adicionou à comida dele.

Os olhos dele também não pareciam tão focados quanto agora.

[Ela está chorando! Ela ainda sente falta do antigo amante?]

Arabella estremeceu quando ouviu o pensamento dele e rapidamente secou as lágrimas.

[Ela está tentando esconder. Ela está com medo de mim? Ah, é claro, ela está. Minha reputação vai longe.]

'Não estou com medo de você,' Arabella pensou e o encarou diretamente.

Os dias em que ela estava tão assustada com ele se foram. Ou os momentos em que ela poderia desmaiar só de um olhar dele.

Ela esteve com ele por vinte e dois anos e dez foram gastos planejando e tentando matá-lo até que finalmente conseguiu.

O que ela teria agora para temer? Todo o seu medo dele se foi. Ela sabia exatamente como arruiná-lo. Ela poderia fazer isso de novo se quisesse.

Mas ela deveria?

'Ah, isso mesmo. Será que me foi dada a chance de atormentá-lo uma segunda vez? É essa a minha chance de fazê-lo pagar novamente?'

"Obrigado por se tornar minha esposa," ela lembrou de suas últimas palavras e o único sorriso que ela viu em seu rosto antes de ele morrer.

Ela hesitou.

Qual era esse sentimento de perda que ela estava sentindo?

Ela não deveria sentir nenhum pesar por ele.

Então, que sentimento era esse?

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N/A:

Usarei [ ] para indicar que era algo que Arabella ouviu em sua mente e não com os ouvidos.

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