Enquanto Sylvia e Anastasia enfrentavam a dupla de assassinos, acabaram se separando, com cada uma combatendo em uma extremidade da carruagem, mas ainda lado a lado. O assassino que lutava contra Sylvia sacou um katar, que antes estava preso em sua coluna. A arma consistia em uma adaga de punho com lâmina central, cercada por duas lâminas finas e curvadas nas laterais que se estendiam até a ponta. O oponente de Anastasia empunhou uma dao, cuja lâmina ficava mais robusta na ponta, dando-lhe um ar mais agressivo. Havia também adornos verde-escuro no centro da lâmina, que lembravam a textura de pele de répteis.
"Esses assassinos quase não deixam brechas..."
Sylvia refletiu, analisando a postura de seu adversário. Ele mantinha a lâmina central sempre pronta para bloquear ataques frontais, enquanto as lâminas laterais garantiam proteção extra. Sua mão armada estava posicionada na altura do peito, enquanto a desarmada descansava junto à cintura, mantendo uma guarda fechada que favorecia a defesa, mas limitava suas investidas. Em contraste, Sylvia mantinha os dois braços erguidos, o direito à altura do peito com o chakram preso em seu pulso, e o esquerdo segurando o anel da arma, deixando a longa corrente que as conectavam cair no chão. Eles se estudaram por alguns instantes, em busca de uma abertura decisiva.
"!"
Sylvia foi a primeira a agir, lançando o chakram da mão esquerda. O assassino prontamente se moveu para bloquear o ataque vindo pela lateral, mas ao fazer isso, recuou alguns passos para não comprometer sua defesa. Sylvia, no entanto, puxou a corrente com a mesma mão, redirecionando o chakram para o pulso que empunhava o katar, tentando desarmá-lo. O assassino, ao perceber, recuou o braço, evitando ser cortado, mas acabou preso pela corrente que o envolveu.
"Maldita pirralha..."
Ele tentou livrar o pulso da corrente, mas percebeu que a energia mágica de Sylvia fluía através do metal, dificultando ainda mais seus movimentos enquanto a corrente se apertava.
"Agora te peguei."
Sylvia avançou rapidamente, e quando se aproximou o suficiente, pisou na corrente ao perceber ele tentar recuar, forçando o assassino a permanecer no lugar e expondo sua guarda.
"Não deixarei você fugir."
Ela então saltou, girando no ar para desferir um chute vertical com o calcanhar, mirando na cabeça do inimigo. O assassino, usando o antebraço livre, conseguiu bloquear o golpe.
"Como essa garota consegue antecipar meus movimentos com tanta precisão...?"
Surpreso com a habilidade dela, ele empurrou a perna de Sylvia e passou por baixo da corrente que prendia seu pulso, mudando de posição e aproveitando para tentar atingi-la com um chute nas costelas, usando a sola do pé.
"Tsc..."
Sylvia usou o impulso do empurrão para girar o corpo e se jogou ao chão, caindo de joelhos e evitando o chute. Rapidamente, contra-atacou com uma rasteira, derrubando o assassino ao acertar seu calcanhar enquanto a outra perna ainda estava no ar, fazendo-o bater a nuca no chão.
"Argh!"
O assassino agonizou. Com a abertura criada, Sylvia se levantou, deslocou o chakram restante para sua mão e subiu no peito dele, cortando-lhe a garganta com um movimento rápido e preciso, encerrando a luta.
"Arf..."
Ofegante e exausta, Sylvia se sentou ao lado do corpo, largando o chakram e observando o lado oposto da carruagem, onde Anastasia continuava sua batalha.
"Vocês são irritantes!"
Anastasia parecia frustrada, perdendo a paciência com aquela luta e balançando a Foice do Clima antes de avançar. Com um golpe vertical, tentou acertar seu oponente, que conseguiu recuar com um salto ágil. No entanto, Anastasia manobrou a arma, evitando que a lâmina cravasse no chão e rapidamente o acompanhou, subindo outro golpe cortante, desta vez partindo o assassino da dao ao meio.
"Uau, ela é incrível... Então esse é o poder de uma aprendiz?"
Refletindo sobre o que acabara de presenciar, Sylvia, ainda cansada, lembrou dos tempos em que Dalan treinou com Ferneck, o que a fez se levantar novamente.
"Desista... Você não vai me acertar."
Aiden estava do outro lado da carruagem, observando o assassino das adagas que respirava pesadamente, enquanto ele permanecia intacto.
"Não se gabe só porque tem um título no submundo e é um representante... Se quer que eu desista, vai ter que me matar."
O assassino murmurou, empunhando suas duas adagas. Em uma última tentativa, ele correu em direção a Aiden, desferindo uma série de cortes rápidos, mirando diversas partes do corpo.
"Se é isso que quer..."
Aiden respondeu, desviando dos ataques. Sendo atingido no antebraço já ferido em um dos golpes, canalizou sua energia mágica e tocou o peito do assassino, devolvendo o hematoma após ter formado um "X" na região com linha tracejada. Esse toque abriu um corte profundo, perfurando o coração de seu oponente.
"Ugh..."
O assassino das adagas expeliu sangue pela boca antes de cair ao lado de Aiden, morrendo rapidamente.
"..."
Aiden olhou para o corpo caído, sem expressar nenhuma emoção. Enquanto isso, sua mente começou a reviver memórias distantes, e ele fixou os olhos nos cortes em seu antebraço, o sangue pingando sobre o inimigo derrotado.
"Por que estou lembrando deles agora...?"
Aiden questionou a si mesmo, recordando imagens borradas de seus pais. No entanto, a lembrança de Aanuvi estendendo a mão para ele enquanto estava ajoelhado no chão voltou à sua mente, despertando-o de seus devaneios quando ouviu Sylvia e Anastasia do outro lado.
"Será que elas estão bem...?"
Perguntou-se em voz baixa, enquanto amarrava seu antebraço novamente com as faixas para estancar o sangramento. Em seguida, pulou para o topo da carruagem. Nos arredores da cidade de Aanuvi, Dalan ainda lutava contra a mulher das garras.
"Não tenho chances de vencer essa luta..."
Dalan reconheceu, mal conseguindo se manter de pé devido ao cansaço extremo e à dor dos ferimentos. Seu corpo tremia com cada pequeno movimento, incapaz de seguir lutando. Nesse momento, a mulher parou de atacar, observando-o.
"Parece que você nem consegue mais se mexer. Para uma criança, você foi impressionante."
A mulher disse, abaixando o braço. Suas garras, que se estendiam das luvas, começaram a encolher, comprimindo-se até romper o ligamento dos ossos que as formavam.
"Eu diria que você é um Prodígio da Adaptação, um título apropriado para alguém que aguentou tanto em completa desvantagem... Mas nossa diversão acabou."
Ela continuou, enquanto as garras se reestruturavam na luva, estalando durante o processo, transformando-se em extensões rígidas de suas unhas.
"Por que você fez isso...?"
Dalan perguntou, ainda confuso sobre o motivo dela ter matado o líder, que deveria ser seu aliado.
"O quê...?"
A mulher pareceu surpresa com a pergunta repentina, mas logo soltou uma risada.
"Pelo visto, você ainda é muito ingênuo..."
Ela riu por alguns segundos e subiu as unhas pelo rosto. Retirando seu tapa-olho, revelou um olho com a pupila totalmente branca, sem qualquer brilho.
"Neste mundo podre, traição acontece quando menos se espera, especialmente de quem menos esperamos. A principal lei no submundo é nunca confiar em ninguém, nem na sua própria família ou sombra, pois matar ou morrer é um hábito rotineiro. Se quer confiança, pague por ela. As pessoas se vendem por um determinado valor... É assim que a realidade funciona por baixo dos panos. Eu não tinha motivos pessoais para matar ele, apenas o usei como degrau por ser fraco. Em uma organização, o que importa é quem é forte o suficiente para ocupar uma posição, e ele não era. Agora, eu assumirei o lugar dele."
A mulher continuou, se aproximando de Dalan lentamente.
"Abra os olhos para a realidade, garoto. Você sequer sabe por que está lutando tanto. Empunha essa espada sob as ordens da aprendiz de Aanuvi, mas isso faz de você um simples cão sem dono, obedecendo a alguém que mal conhece."
Chegando perto o suficiente, ela usou as unhas de sua luva para abaixar a espada de Dalan, e com a outra mão, tocou sua bochecha, especialmente sobre o ferimento. Seus rostos ficaram bem próximos por um breve momento.
"Uma vida sem vontade própria sempre será dominada pelo poder de outra pessoa... Seja um líder de cidade ou os escalões mais altos da hierarquia do reino, você estará sempre sob o controle deles. Pessoas hipócritas, mas que são vistas como benevolentes pelo povo."
A mulher o encarou, segurando seu pescoço, enquanto Dalan permanecia pensativo, sem oferecer resistência. Aproveitando o momento, ela posicionou as unhas na barriga dele, prestes a matá-lo.
"!"
De repente, a mulher recuou instintivamente ao sentir algo vindo do galho de uma árvore próxima. Soltando Dalan, percebeu que um objeto havia sido arremessado em sua direção, escapando por pouco, mas ainda sofrendo um arranhão no antebraço. No entanto, ela conseguiu manter certa distância.
"Você realmente é bem problemático, sabia...? Deixando essa mulher tagarelar enquanto tenta te matar. Se eu não tivesse aparecido, você nem teria pedido ajuda."
Hannabel pousou à frente de Dalan, resmungando sobre sua imprudência.
"Ah, você apareceu... Eu quis lutar até o fim, por isso não chamei... Mas sabia que você apareceria na hora certa."
Dalan respondeu com um sorriso nervoso, antes de cair de costas no chão, apoiando-se com as mãos e soltando a Agdornius.
"Hum... Bem, descanse um pouco por agora, você já lutou o bastante."
Hannabel disse, voltando sua atenção para a mulher, que a encarava com desdém.