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Chapter 7 - VII - Um Aliado Para O Rei

— Tio, qual é o seu nome? — Simon questionou enquanto se espreguiçava com um sanduíche na mão, como se falasse com um velhinho na rua, e não um espírito mentor. — Você tem um, não é?

Há esse ponto, o Rei já não sabia porque ainda se surpreendia com alguma coisa. Ainda no dia de ontem, circulava por esta caverna infectada por parasitas. Apenas esperando o dia que conhecesse alguém digno o suficiente de repassar o título de Herói e finalmente descansar em paz.

Então chegou David, o Príncipe Dos Feéricos, com todas as suas alterações de humor, conquistas e feitos interessantes. Depois vieram essas crianças, fascinante e irritantes na mesma medida, e agora, por algum motivo, o quarto que serviu como uma lembrança de sua punição por virar as costas para o seu povo se tornou um piquenique dentro de casa.

Uma tolha cafona e confortável fora posta a uma pequena mesa perto da cama, onde há um tempo atrás, repousava o corpo físico do Rei, antes de ser saqueado. As crianças conversavam e brigavam, lanches e suco em mãos, Jin se intrometia as vezes, provocativo como sempre.

David estava um pouco retraído e Mike o encarava as vezes com um olhar preocupado. O Rei olhou duas vezes para Mike, incerto do que seus olhos viam. Pelos céus! Pensava o Rei, aquilo brilhando em seu ombro não são Fadas Do Exílio?

Pequenas criaturas orbitavam em volta de Mike, saindo e entrando em seu pingente como se fosse uma porta aberta.

Tio, tentando falar com você!

Simon tentou cutucar o Rei, mas seu dedo o transpassava, já que Rei não tinha um corpo físico. Todavia, o movimento chamou a atenção do Rei, que era o objetivo do garoto.

— Como consegue me ver, garoto?

Simon deu de ombros.

Pra resumir? Sou aprendiz de Destiny.

O Rei não sabia dizer ao certo se conseguia entender Simon. O garoto tinha um sotaque estranho, parecido com o do Príncipe, mas um pouco mais forte, com palavras que o Rei não compreendia.

— Não está falando do Espírito mais poderoso de todo Arbor está? A protetora do Bosque? — O Rei soou um pouco sarcástico, mesmo que não fosse sua intenção. — Você é o Escolhido?

— Algo assim…. — Simon deu de ombros novamente, como se ter o único título capaz de desafiar a autoridade do Príncipe Dos Feéricos não fosse grande coisa. — Simon Allans, prazer! Agora me fala seu nome.

O Rei riu.

— Allans? Como aquele garoto?

David olhou para os dois imediatamente, como se suspeitasse que estavam falando dele. Ou talvez só prevendo que Simon estava falando besteira (de novo), visto ao olhar de aviso que deu em direção ao Escolhido.

— Acho que não dá pra ter o mesmo nome sendo só o cunhado, né?

— Não mesmo. — Mais uma gargalhada sincera escapou do Espírito Mentor. — Meu nome…. Ora, garoto. Faz um bom tempo que não perguntam meu nome, tenho que admitir.

Simon simplesmente o encarou com grandes e brilhantes olhos azuis.

— Você não tem nome, tio?

O Rei inclinou a cabeça, tentando lembrar seu nome. Tantos séculos preso em uma caverna cobram seu preço. Um sentimento que espíritos não deveriam ter se apossou de seu peito, por um momento, a solidão.

— Vou te chamar de Roberto, então! Você tem cara de Roberto. O que acha?

Pela terceira vez, o Rei riu de um jeito que não fazia há muitos séculos, desde que seu filho parou de visitar essa Caverna Sagrada, pelo menos. E visto como o Rei teve que conhecer uma versão velha e amargurada de sua neta, ele supôs (corretamente) que seu filho havia falecido.

— Roberto é um bom nome… — O Rei elogiou com uma voz suave.

Enquanto isso, Mike e Jin quase discutiam com olhares. Jin queria ir embora, voltar para a Europa e para sua televisão enorme que não existia no mundo fantástico de Arbor. Jin jamais iria se opor à ir em uma aventura, não quando seu trabalho de guarda costas era tão entediante, — suas próprias palavras, — mas não em Arbor, ou em qualquer lugar que o Feiticeiro Negro estivesse.

Jin Yang odiava feiticeiros!

Mike iria ficar, e não iria voltar atrás tão cedo. David ainda precisava dele, e se tivesse que ficar preso em uma caverna com monstros estranhos (que não eram exatamente monstros) para descobrir como, Mike o faria sem pensar duas vezes.

Após mais um arquear de sobrancelhas e um olhar determinado, Jin suspirou dramaticamente, jogando os braços para cima em sinal de desistência.

— Então, pirralho…. — Começou Jin, enquanto Mike acenava positivamente, o encorajando. — Qual é o plano?

David parou o sanduíche antes de entrar na sua boca, desviando o olhar atento da conversa animada entre Simon e o Rei.

— Plano? Do que você está falando?

— É, o plano. Ou vai me dizer que destruir os parasitas do quarto que sentenciou seu tio ao sono da Bela Adormecida foi só você surtando?

— Jin!

— Foi mal, patrão! — Jin ergueu os braços quando Mike sibilou, não se sentindo nenhum pouco culpado. Mesmo que as bochechas de David estivessem um pouco coradas.

— Disseram que iam para casa depois do banquete…. — O príncipe ignorou Jin, olhando para Mike.

— E nós vamos, mas o banquete ainda não acabou, certo?

O banquete em homenagem à David, que havia voltado para Arbor e foi recebido oficialmente como o Herdeiro Dos O'Niell. A comemoração duraria 14 dias, e eles já estavam no dia décimo. O que significava: David tinha quatro dias para encontrar A Armadura De Aled, antes que eles fossem embora.

— Sim, mas….

— E você tá procurando uma armadura legal, então nós vamos ajudar! — Angel comentou, empolgada.

— Como você sabe?

— Jin. — Ethan e Angel disseram ao mesmo tempo, apontando para o Ceifador, que deu de ombros.

— Fofoqueiro…

— Roqueiro de mer….

— Rapazes! — Advertiu Mike, fazendo ambos se entreolharem, emburrados, quase como irmãos discutindo.

— O que mais ele contou?

David estava irritado e preocupado na mesma medida. Ele não queria que ninguém se machucasse nessa caverna caso as coisas ficassem perigosas. Ao mesmo tempo, conhecia Mike e o Trio Do Caos por tempo o suficiente para saber o quanto eram teimosos. E o olhar determinado de Mike…

David suspirou, bagunçando seu cabelo em um ato ansioso. Então Simon, o garoto que não perdia tempo em entrar em uma confusão, surgiu em sua frente no mesmo instante, os olhos brilhando.

— Aí, cunhadinho! — Chamou Simon, por um apelido que somente ele achava engraçado. Pelo menos, assim pensava o príncipe. — Por que não quer ser um Herói?

David olhou para o Rei, boquiaberto. Afinal, de todos os Espíritos Mentores que conheceu, aquele era o primeiro tão fofoqueiro. O quarto compartilhou um silêncio confuso, enquanto o Rei apenas encarava o príncipe com um olhar culpado.

— Opa…