Aisha custou a acreditar no que estava acontecendo.
Pela segunda vez na vida, foi expulsa da própria empresa.
Era muita desventura para uma pessoa só.
Mas a mulher não se deixou abater no primeiro momento.
Isso porque, imediatamente entrou em contato com o seu advogado para conseguir uma mandato judicial para conseguir voltar à empresa.
Quando avisado do retorno de Aisha, Stephen correu para tentar barrá-la. Contudo, por conta da determinação judicial, ele não pode fazer nada.
Desde de manhã, os três irmãos herdeiros estiveram em reunião com diretores, afim de discutir sobre a venda da empresa.
Entretanto, por conta da contestação do testamento deixado pelo senhor Edwin, as discussões não tiveram nenhum resultado.
De volta a sua cadeira de presidência, a CEO chamou a secretária executiva, com a intenção de saber o teor da reunião entre os principais executivos e os filhos do falecido marido.
— Desculpe-me pelo o que ocorreu mais cedo, senhora Riley. Peço-lhe que me entenda. Eu estava apenas cumprindo ordens.
— Entendo, sim, dona Genevieve. Eu no seu lugar, acredito que também faria o mesmo. Agora, aproxime-se e me conte tudo o que viu e ouviu durante a reunião dos três espertalhões.
A secretária não perdeu tempo e falou sobre tudo o que aconteceu entre os herdeiros e a diretoria.
— Não acredito que aqueles inúteis pretendem se desfazer do patrimônio que o pai batalhou tanto para consolidar… São mesmos uns filhos ingratos. E o pior de tudo, é que não aceitam e querem, a qualquer custo, descredibilizar a veracidade do testamento do Edwin. Mas… eu ainda continuo aqui e não vou deixar que isso aconteça.
— Eu estarei ao seu lado, senhora. Pode contar comigo! —, declarou a secretária , demonstrando a sua fidelidade.
— Obrigada pelo apoio, dona Genevieve. Sua ajuda será de imenso valor para mim.
Após ser informada sobre os últimos acontecimentos, Aisha começou a traçar estratégias para dar um basta nos planos sórdidos dos irmãos Millman.
Sendo que uma delas, era a de se reunir ainda naquele mesmo dia, com os demais executivos do grupo.
A executiva por sua vez não conseguiu levar o seu objetivo adiante, isso porque um dos Millman surgiu na sala da profissional, sem ao menos esperar ser anunciado.
O filho do meio do senhor Millman era da mesma estirpe do primogênito da família, tendo em vista que a sua ganância falou mais alto.
Em tom menos agressivo, porém igualmente prepotente, tal qual o seu irmão Stephen, Henry chegou tentando intimidar a executiva:
— É melhor desistir logo do processo na justiça. Não vale a pena se desgastar tanto, para no final sair derrotada.
— Não tente me amedrontar com as suas palavras Henry. Pois não irá conseguir. A justiça está do meu lado… Sei que irei vencer a batalha.
— Está bem, mulher. Se é assim que você deseja, assim será.
Henry falou o que pretendia dizer para a executiva e deixou a sala.
Na sequência, o homem voltou à sala de reuniões e lá contou para seus irmãos o que a viúva do seu pai falou.
— Então quer dizer que aquela mulher não pretende mesmo desistir da batalha —, disse Stephen.
— Ela está convicta de que sairá vitoriosa no processo.
— Vamos deixar que ela continue pensando assim… Podemos contar com a influência e a tradição do nome da nossa família, Henry. Sem contar que o trabalho em conjunto dos nossos advogados, que são os mais renomados do país, será nosso maior trunfo.
No dia seguinte, Aisha retornou à empresa.
O sucesso e crescimento do grupo Millman dependiam muito do seu excelente trabalho como CEO da companhia.
Mas Aisha não foi a única acionista a pisar na empresa naquele dia.
O trio de irmãos Millman, assim como outros acionistas minoritários, também foram até a empresa.
Como se ocupassem altos cargos dentro da empresa, Stephen e Henry chegaram à empresa usando terno e gravata, e cada um carregando a sua pasta.
Como no dia anterior, uma nova reunião foi convocada pelos herdeiros Millman.
Dessa vez os três irmãos desejavam que a equipe de negociação os informassem, sobre quais grupos nacionais e internacionais já haviam demonstrado interesse pela compra da empresa.
— A Barton-Grant & Co., localizada na América, já vem há algum tempo demonstrando muito interesse pela compra da companhia. Inclusive, a Riley e mais alguns diretores, aqui presentes, viajaram até lá para fazer uma contraproposta — declarou um dos diretores.
— Ah é! E porque não fecharam negócios? — perguntou Stephen.
— A senhora Millman não estava interessada na venda da companhia, mas sim na compra do grupo americano.
— Mulherzinha mais incompetente, de demonstrar interesse e tentar aumentar o valor proposto pelo grupo estrangeiro não… Tudo isso porque ela prefere ficar brincando de grande mulher de negócios.
— A senhora Riley não é nenhuma incompetência. Sendo que ela leva o trabalho de CEO do grupo Millman muito a sério —, declarou a secretária, dona Genevieve, em defesa da sua chefe.
Os irmãos pareciam não ter gostado nenhum pouco da declaração da subordinada. Tendo em vista que se sentiam fartos de tanto ouvirem outras pessoas elogiando o trabalho da Riley, como a líder da empresa.
Como punição ao atrevimento da secretária executiva, um dos irmãos Millman exigiu que ela fosse buscar café e servisse aos ali presentes. Sendo que, a partir dali, esse seria o principal cargo da competente dona Genevieve.
A informação de que havia um comprador em potencial deixou os irmãos empolgados. Tanto que Stephen pediu para que uma das secretárias entrasse imediatamente em contato com o grupo estrangeiro.
A Barton-Grant & Co. continuava com o mesmo interesse de antes. Assim sendo, representantes dos dois grupos marcaram de se reunir para debater a proposta de compra e venda e, posteriormente, fechar negócio.
— Precisamos agilizar para ontem, o processo de anulação do testamento. Se quisermos nos ver livre da empresa — disse Stephen para os irmãos, ao ficarem sozinhos na sala.
— Não se preocupe, Stephen. Ainda esse mês, a justiça nos dará ganho de causa — disse Henry.
— Assim eu espero! —, declarou o herdeiro mais velho.
Encerrada a reunião, parte dos acionistas, incluindo os irmãos Millman, foram embora.
De olho nos acontecimentos, dona Genevieve esperou dar um tempo, para poder sondar as demais secretarias e assim ficar por dentro de tudo. Tendo em vista que ela foi, em determinado momento, convidada a se retirar da sala.
Com as informações coletadas, a mulher dirigiu-se à presidência e contou tudo para a sua chefe.
— Senhora… Fiquei sabendo que os Millman entraram em contato com a Barton-Grant & Co. e pretendem fechar negócio com eles.
— Por Deus! Logo com o grupo americano… Mas aqueles lá não perdem tempo —, declarou a executiva, parecendo incomodada.
Seguindo os passos dos filhos do falecido marido, Aisha não poupou dinheiro ao contratar grandes advogados para cuidar do seu caso. Da mesma forma que também estava super empenhada em resolver a questão, logo.
Tanto que ela começou a sair bem mais cedo do trabalho para se reunir com os seus defensores. Sendo que tal fato deu o gás que Aisha precisava para se sentir um pouco mais confiante, em relação ao processo.