Nada de mais aconteceu entre os núcleos dos Barton-Grant e dos Millman nas semanas seguintes. Porém, num belo dia, Stephen chegou à sala de Aisha com toda sua altivez.
— Aqui estão as provas que decretarão seu fim, Aisha — disse jogando uma pasta de papéis na mesa.
Aisha olhou para o "enteado", surpresa.
— Pensou que ia conseguir guardar seu segredo pelo resto da vida?
— Não devo nenhuma explicação para você, Stephen… Por favor, me deixe!
— Mas como não deve? Escondeu a real identidade por mais de dez e quer continuar agindo como isso fosse a coisa mais natural do mundo… Acha que somos um bando de palhaços, que continuaremos rindo e aplaudindo uma farsante que enganou um senhor de idade, para se apossar da sua fortuna.
— Não enganei ninguém… O próprio Edwin foi quem me ajudou com meus documentos pessoais.
— Quer enganar quem, Aiha? ...Não passa de uma fraudadora, fugitiva que entrou em outro país para conseguir aplicar o maior golpe da sua vida.
— Não sou nenhuma fraudadora, nem muito menos fugitiva… De onde tirou isso?
— Meus irmãos e eu realizamos uma investigação e aqui está o dossiê detalhando tudo… Por Deus! Por que fomos tão burros e não fizemos essa bendita investigação antes?! Estava na cara, desde o princípio, que você não passava de uma interesseira.
— Sou herdeira, Stephen, portanto, não preciso dar golpe em ninguém para conquistar fortuna.
— Se é assim, por que não está à frente do grupo Barton? E por que não usa seu real nome?
— Isso não lhe diz respeito. Muito em breve provarei minha inocência e terei de volta o que sempre foi meu por direito. Agora… por favor, saia e me deixe como eu estava.
— Ok! É bom já indo se despedindo dessa sala e também da empresa, isso porque logo mais seu novo escritório será na cadeia.
Após a conversa com Aisha, Stephen foi até a sala de reuniões e convocou uma reunião de emergência.
Durante a reunião, todos ficaram sabendo a verdade sobre Aisha. A mesma foi destituída do cargo de presidente do grupo Millman.
Como o processo movido pelos irmãos Millman contra Aisha ainda não havia sido levado à julgamento, o dossiê organizado por Stephen foi adicionado ao caso.
As coisas se agilizaram e em dois dias o processo finalmente estaria sendo julgado no tribunal.
Nesse meio tempo, Aisha acabou sendo surpreendida.
Uma visita inesperada aparece em sua casa.
Eva viajou à Inglaterra, mesmo correndo o risco de não ser recebida por Aisha.
A mulher pressentiu, de alguma forma, que a enteada estava precisaria do seu apoio.
— Senhora Riley! Há uma mulher lá fora, desejando falar com a senhora — disse uma funcionária da casa.
— Uma senhora querendo conversar comigo?! …Quem é essa senhora?
— Ela se chama Eva e disse que é da família da senhora.
Ficou pensando, mas, para não deixar a funcionária por muito tempo esperando, deu finalmente sua resposta.
— Deixe-a entrar! Irei recebê-la na sala.
— Sim, senhora!
Levando em conta apenas a saudade, Eva abriu os braços e foi ao encontro da enteada.
— Que saudade que eu estava de você, minha filha.
Por educação, Aisha acabou retribuindo o gesto.
A confiança em sua madrasta havia sido abalada desde o dia em que ela soube que Marie e Bryce haviam se casado e Eva não lhe contou nada.
Aisha passou a acreditar que a madrasta sempre soube das armações do genro e da filha, e que estava do lado deles.
Eva foi recebida friamente pela dona da casa.
Mas antes que a própria encerrasse a conversa e pedisse para que se retirasse, a mulher tomou-lhe as mãos e pediu suplicante.
— Por favor, me perdoe, Aisha… por toda a minha omissão e pelo todo o mal que lhe fiz, ao pedir que deixasse o país como uma fugitiva… Eu devia, eu mesma, ter te defendido. Contratado os melhores advogados e deposto contra o meu genro. Porém, não pensei direito e acabei cometendo o maior dos erros.
Aisha permaneceu sem dizer nada, enquanto que Eva descarregava tudo o tinha para falar sem parar para dar uma pausa.
Enfim a mulher chegou ao assunto da "recente" viagem da sua filha Marie à Londres, e acabou fazendo-lhe um alerta.
E foram tantas as súplicas e palavras de carinho da madrasta para com a enteada, que a mágoa de Aisha foi instantaneamente se desfazendo.
Horas e horas as duas mulheres passaram conversando.
Frágil, a executiva contou sobre a situação que estava passando. Do julgamento pelo o qual enfrentaria no tribunal no dia seguinte.
Eva solidarizou-se e disse que acompanharia Aisha, mesmo a própria não pedindo para que a acompanhasse.
Mas não foi nem preciso a enteada convidá-la, tendo em vista que Aisha disse para que se hospedasse em sua casa.