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"Eu não faria isso," Rosa respondeu, temendo que ele pudesse ter uma impressão errada dela. Ela não andava por aí ateando fogo nas coisas. Não a menos que ele planejasse mantê-la aqui contra a sua vontade.
"Aceitarei a sua palavra. Com licença," Zayne disse, virando-se para voltar ao seu trabalho.
"Você não vai colocar alguém na porta para me vigiar?"
Zayne parou já que a pergunta dela o confundiu. "Você quer estar aqui como prisioneira ou como convidada? Você não parece satisfeita quando eu a trato bem, nem quando não a trato como prisioneira. Você está me espionando?"
Rosa deu um passo para trás enquanto Zayne voltava para a porta aberta. "N-Não," ela respondeu. "Eu não me importo com a guerra."
Os cantos dos lábios de Zayne se curvaram ao achar a resposta dela interessante. "Bem, você está presa ao seu pequeno mundo com seus problemas. Eu não espero que você queira me espionar, mas caso você pense que essa será sua maneira de conseguir dinheiro e mudar sua vida, você não sairá daqui viva se eu a pegar bisbilhotando."
Seria um grave erro ela pensar que ele era o mesmo que Graham. Era fácil se livrar de espiões aqui e não se preocupar com o rei ficar chateado por derramar sangue quando ele deveria estar aqui apenas para falar em nome de seu rei.
"Eu não vou bisbilhotar," Rosa respondeu.
"Ótimo. Só porque não há um guarda do lado de fora da sua porta, não significa que você não está sendo vigiada. Onde está aquela faca que você tinha?" Zayne perguntou, procurando pela pequena coisa que não poderia causar muito dano.
Rosa não sabia se deveria compartilhar o que tinha feito, mas, novamente, com o sangue em seu quarto e Jonathan com um ferimento grave que não estava lá antes, era fácil adivinhar o que ela tinha feito. "Alguém tentou me machucar, então eu usei."
"Você machucou alguém com aquela coisinha? Muito bem," Zayne a aplaudiu.
Rosa não esperava um elogio por ferir alguém. "Você está me elogiando por machucar alguém?"
Era a coisa mais estranha que ela já tinha ouvido.
"Era a sua vida ou a dele. A maioria das pessoas não tem o que é preciso para revidar. Você quer que eu lhe repreenda por reagir? Não seria isso tolo?" Zayne perguntou.
"Seria," Rosa respondeu baixinho. Era só que ela nunca tinha chegado ao ponto de ser capaz de esfaquear alguém e, depois de fazê-lo, era difícil se conformar com o fato de que poderia ter tirado a vida de alguém.
Jonathan merecia morrer, mas ela ainda tinha que superar o que fez. Ela sempre se considerou preparada para matar alguém se necessário, mas os pensamentos que vieram a seguir não eram agradáveis. Isso a fez se sentir mais como um monstro e Rosa odiava isso, porque Jonathan merecia a morte.
Zayne não conseguia entendê-la. Ela era a pessoa mais confusa que ele conheceu desde que chegou a esta terra. "Você parece ser a pessoa que todos querem. Havia um soldado que queria persegui-la, mas eu o impedi. Parecia que vocês dois se reconheceram. Ele é um dos seus admiradores?"
Rosa ficou presa na revelação de Zayne de que ele havia impedido Matias. "Você me seguiu da sala de armazenamento?"
"Não. Eu não pude passar pela frente da sala de armazenamento, então fui por esse caminho e encontrei você se espremendo pelo portão. Não tema, você não tem outro perseguidor para adicionar à sua lista. Agora, responda minha pergunta," disse Zayne.
"Ele não é um dos meus admiradores. Ele não é nada," Rosa sorriu.
Zayne notou como o sorriso não alcançou seus olhos. Não havia calor nele. Ela teria sido útil se tivesse algum tipo de relação com aqueles soldados. Rosa fugiu, então ela não poderia estar em bons termos com o homem que ele viu indo atrás dela.
"Se você se lembrar de que ele é algo, por favor me informe. Eu poderia ter algum uso para você que lhe dará algum dinheiro em troca. Nada que exigiria que você se encontrasse com ele," Zayne rapidamente acrescentou para acabar com o medo que ela mostrou.
Por alguma razão, Rosa o fazia lembrar de um coelhinho indefeso cercado por predadores. À sua maneira, ela também deveria fugir dele.
"Eu a impedi de descansar o suficiente. Com licença," ele disse, deixando-a mais uma vez.
Rosa estremeceu quando a porta se fechou. Nada havia mudado, embora ela estivesse fora do bordel, e ela não achava que algum dia mudaria, então ela foi até a porta para trancá-la. Qualquer um poderia ter a chave, mas ela se sentia mais segura sabendo que havia trancado.
Rosa olhou em volta do grande quarto que era mais do que suficiente para ela. "É só por um momento," ela lembrou a si mesma, sem querer se acostumar com isso.
…
Afastado do acampamento dos soldados, Graham sentou-se com uma garrafa meio vazia em suas mãos enquanto ouvia o relatório de seu guarda sobre o paradeiro de Rosa. Era a quarta garrafa que ele pegava desde que foi informado de que Rosa estava desaparecida.
"Um incêndio e depois Rosa desaparece. Não é uma mera coincidência," Graham falou, suas palavras arrastadas porque ele não estava em seu juízo perfeito. "Ela chama por um homem na cidade e depois desaparece. Acham que sou um tolo?"
Graham não achava que Rosa fosse tola a ponto de fugir dele quando ela sabia que pertencia a ele e somente a ele. Ela fez algumas tentativas de correr dele, mas nunca fugiu do bordel desde o erro que cometeu quando era jovem.
Alguém mais havia roubado a sua coisa. A mulher que ele deixou claro que só pertenceria a ele. Ele deveria ter marcado seu nome na cabeça dela ou por todo o corpo para que esses tolos entendessem?
"Procuramos por perto e questionamos todos sobre onde a viram pela última vez. Ainda não descobrimos por que havia sangue no chão dela-"
"Eu te disse para não vir até mim a menos que você encontrasse algo ou a encontrasse!" Graham gritou, jogando a garrafa no tolo à sua frente.
Graham levantou-se, seu corpo balançando por causa do estado de embriaguez. "Encontre-a antes do fim do dia ou eu quero a sua cabeça. Alguém entrou aqui e roubou o que me pertence! Eu não permitirei que a cidade zombe de mim. Encontre um soldado chamado Matias e pergunte se ele esteve aqui na noite passada."
Graham não achava que era uma mera coincidência que os soldados do rei chegassem aqui e Rosa de repente sumisse. O rapaz que escapou com seus dedos anos atrás voltou e pensou que poderia roubar dele.
"Eu possuo aquele bastardo, então traga-o para mim," disse Graham.
"Sim, Mestre Graham."
Graham ainda tinha que ter Rosa depois de esperar todos esses anos. Se ele não pudesse tê-la, então não iria permitir que outro a tivesse. Uma vez que ela voltasse, ela não veria a luz do dia, pois ela estaria acorrentada à sua cama.
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