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De longe, o som de passos leves, mas confiantes, rompeu o silêncio da floresta. O cheiro de madeira úmida pairava no ar, enviando arrepios pela minha espinha. A mão de Vicente apertava meu ombro com firmeza, oferecendo uma sensação de calma da qual eu precisava, mas não era suficiente para aplacar a inquietude crescente que havia se instalado desde que eu peguei o Coração de Licaão. Aquele poder ainda pulsava dentro de mim, contorcendo-se como uma fera selvagem à espera do momento certo para se libertar.
Estávamos perto da fronteira da matilha do Vicente, quando de repente, a voz que eu estava esperando – e também temendo – ecoou entre as árvores.
"Aimee," a voz era fria e zombeteira. "Então você finalmente veio."
Eu congelei no lugar, virando-me em direção à fonte da voz. Sob a sombra de uma grande árvore, Emily estava orgulhosa, um sorriso discreto no rosto, como se já soubesse todos os segredos que eu carregava.