Isabella Petrov
— Me Desculpe meu amor, eu só pensei em ajudar você e ao nosso filho, me perdoa por favor, me perdoa — Aleksander sussura me abraçando para tentar me acalmar.
Agora que o perigo passou, parece que posso me permitir sentir todas as coisas e todas as dores. As minhas pernas doem de forma tão forte que a única coisa que eu quero no momento é me sentar.
— Ah! Eu preciso me sentar, minhas pernas estão me matando — me afasto de Aleksander e me sento no chão mesmo, estou tão cansada que não me importo com o lugar onde vou me sentar.
O homem que está ao lado se Mikhail se afasta dele e inesperadamente, ele dá um soco bem dado no meu marido que cai no chão.
— Isso é pelo que você fez seu irmão fazer com a minha filha — o velho berra desferindo mais socos no rosto do meu marido, para o meu espanto, Aleksander não revida.
Aleksander continua deitado no chão, recebendo socos da parte do velho, tento ir até o meu marido, mas a desgraça do irmão mais novo dele, me impede, ele também está com a cara toda arrebentada. Luto nos braços de Mikhail, quando ele finalmente vê que o meu marido já recebeu o que merece, ele me solta.
— O que você está fazendo seu velho desgraçado, eu vou te matar — bato nos braços do velho para que ele solte o meu marido, ele não revida, por quê ele não está revidando?
A cena seria cómica se não fosse tão trágica, nós quase morremos há minutos atrás, o velho nos ajudou a passar pela guerra, o que está acontecendo agora? Por quê ele está batendo no meu marido, quem ele pensa que é? Venho desgraçado.
— O desgraçado do seu marido, obrigou o irmão mais novo dele, a engravidar a minha pobre filha, só para forçar uma aliança entre nós — o velho explica quando finalmente cansa de bater o meu marido.
As palavras dele me pegam de surpresa, como assim ele obrigou o meu cunhado a engravidar uma jovem para forçar uma aliança, que tipo de monstro faz isso? Coitada da moça que sofreu isso, ninguém merece uma coisa dessas, ainda mais tendo um bebé em jogo. Olho com decepção para o meu marido, não posso crer que ele fez algo assim com alguém.
— Você fez isso? — faço a pergunta com bastante raiva, como é que ele teve coragem de fazer isso — Eu te fiz uma pergunta Aleksander! — grito quando ele não responde a minha pergunta.
Aleksander parece assustado e envergonhado, ele abaixa a cabeça e abana a mesma concordando, eu não posso crer que isso seja verdade. Corro até ele.
— Seu desgraçado — chuto as bolas dele com a vontade do mundo, não estou nem aí se ele vai ou não fazer filhos, qualquer coisa eu faço uma inseminação — Pau mandado — chuto as bolas de Mikhail que deu corda para que as loucuras do meu marido tivessem espaço, ele é tão irresponsável quanto Aleksander.
O velho Cassano sorri satisfeito, minha irmã também, os seguranças estão surpresos com isso. Estou pouco me fodendo se eles vão perder o medo no chefe deles, ele foi uma pessoa horrível ao propor um absurdo desses ao irmão mais novo dele.
— Isabella Petrov, muito prazer — cumprimento o velho que tem um sorriso nos lábios, eu julguei mal ele no princípio, ele teve toda a razão do mundo de espancar o meu marido, se eu estivesse no lugar dele, eu faria o mesmo.
[...]
Assim que voltamos a casa, o cenário parece fúnebre, os soldados estão todos em posição de ataque, como se a guerra não tivesse sido ultrapassada ainda, mas eles estão certos, só porque Ygor foi pego, isso não implica que estamos em paz, Giana não foi pega ainda e para piorar os homens da Yakuza cessaram fogo, mas não se renderam, o que quer dizer que eles podem muito bem ter parado com tudo para que possam se reagrupar e nos atacar novamente.
— Vocês chegaram, que bom, vocês estão bem — minha sogra veio logo me abraçando.
Ele está cheia de olheiras, como se estivesse chorando, ela não está como a mulher que estou acostumada a ver. Para além da minha sogra, na sala estão o meu sogro, Catarina, mais duas pessoas, uma moça loira e muito linda, pela semelhança com o velho que bateu o meu marido há minutos atrás, ela é a jovem que meu cunhado engravidou pela loucura do meu marido. Mas o que me chama a atenção na sala, não é a jovem e sim, a senhora do lado dela, ela é tão linda que parece um anjo, mas não é a beleza dela que me encanta, é o facto de ela ser a minha cara, nós somos tão idênticas que até posso jurar que ela é a minha mãe biológica. Ela é a minha mãe biológica?
— Ah! Eu perdi alguma coisa aqui? — faço graça só para desfazer o ambiente fúnebre na sala.
Minha mãe parece assustada, como se não fosse uma boa ideia estar diante de mim, mas porra! Eu não estou chateada com ela, eu sei o que aquela bruxa fez com ela e sei tudo o que ela fez comigo, ela foi a única culpada nisso.
— Meu amor eu quero te apresentar alguém — o desgraçado do meu marido tenta puxar assunto comigo, mas eu estou com tanta raiva dele que hoje ele não dorme no mesmo quarto que eu, ele vai dormir no quarto de visitas e sozinho.
Pelo que eu percebi e pela diferença de idade entre nós, está mais do que claro que eu e a garota enganada por Mikhail somos irmãs, ela é a minha irmã mais nova por parte de mãe. Mesmo que ela pareça um anjo, pela aproximação delas e pelo jeito que a minha mãe a protege, elas são mãe e filha.
— Não me chame de meu amor Aleksander, você e eu temos muito que conversar — berro irritada me afastando dele, minha sogra parece surpresa com jeito que falo com o meu marido.
Parece que os dois irmãos problema, planejaram isso juntos, sem informar a ninguém.
— O que está acontecendo aqui? Vocês dois quase morreram e já estão brigando? — minha sogra repreende nós dois como se fôssemos duas crianças indisciplinadas.
Eu não quero levar uma notícia tão chata como essa para a minha sogra, mas porra! Aleksander merece receber uma boa lição pelo que fez com a minha irmã. Eu vou contar para a minha sogra, para que ela faça o que eu não posso fazer por estar grávida.
— Ivana, eu não quis brigar com ele, mas parece que o seu filho só piora coisas — vou até a minha sogra e dou um abraço nela — Você acredita que ele fez, Mikhail enganar a moça que está ao lado da mãe, só para forçar uma aliança entre nós? — explico de forma determinada, eu espero que ele leve uma verdadeira sova.
Minha sogra parece confusa com o que estou falando, ela vira a cabeça de um lado para o outro procurando a pessoa de quem estou falando, parece até que ela não conhece Mikhail, será que o meu sogro não sabe que teve um filho na juventude?
— Quem é Mikhail? — minha sogra Indaga surpresa procurando por Mikhail.
Essa família é verdadeiramente uma confusão, além de finalmente encontrar a minha mãe, eu tenho que explicar a minha sogra que o marido dela foi infiel há anos atrás.
— Ah! Mikhail é o meu Consigliere mama, vamos deixar a família Cassano uns instantes sozinhos — Aleksander surge para me salvar do constrangimento que eu causaria a família com a minha boca grande.
Minha sogra assim como o meu sogro, seguem o meu marido para o piso superior, Caty e Cássia vão até a cozinha. Na sala ficamos só eu, minha suposta mãe e minha suposta irmã e Mikhail.
— Raio de sol, vamos deixar eles conversarem — Mikhail vai até a minha irmã.
Ele tenta se aproximar dela, mas Sophie afasta sua mão e corre da sala. Minha mãe parece muito nervosa, ela até está trémula. Eu não entendo o porquê de ela estar tão nervosa, eu já sei o que aconteceu, a única coisa que eu quero é falar com ela e entender por quê, ela não veio me tirar daquele inferno que era a casa Constantine.
— Eu vou deixar vocês a sós — o velho se retira da sala.
Minha mãe está sentada na cadeira, ela nem sequer consegue me encarar, ela acha que odeio ela, mas não estou, eu estou feliz na verdade, porque o sangue grotesco que corre nas veias de Giana Constantine, não é o mesmo com o meu.
— Vamos até o escritório, lá teremos mais privacidade — eu não quero ser fria com ela.
Minha mãe se levanta trémula e vem até a minha atrás, ela me segue de forma vacilante, como se não quisesse ficar no mesmo ambiente que eu, não vejo motivos para isso. Entro no escritório nas calmas, abro a porta e dou espaço para que ela também entre. Minha mãe entra vacilante e sorri nervosa.
— Pode se sentar onde quiser senhora Isabella — estou tão nervosa em estar diante da minha mãe que não sei o que falar, estou falando coisas sem noção.
Minha mãe se senta e aperta as mãos para tentar controlar suas emoções. Ela ainda não pode me encarar, ela ainda está de cabeça baixa, não me encara.
— Obrigada minha querida, você é muito bonita — ela sussura finalmente.
Sua voz sai trémula e rouca, parece até que ela esperou por essa conversa por muito tempo, mas agora que estamos de frente uma para outra, as palavras sumiram completamente . Ela morde os lábios e Porra! O que eu devo falar para ela? O que falar para uma pessoa que você não conhece mas que compartilha o mesmo sangue.
— Obrigada, a senhora não precisa sentir medo de mim, eu não guardo rancor, eu sei que tudo foi culpa daquela bruxa — assim que as minhas palavras chegam aos ouvidos dela, minha mãe finalmente se atreve a me encarar, ela levanta a cabeça e finalmente olha nos meus olhos.
Ela é tão linda e parecida comigo que parece que estou vendo a mim mesma no espelho. Ela tem o cabelo preto igual ao meu, o corpo curvilíneo e os olhos negros igual a noite, ela é a minha mãe, ela é Isabella Cassano. A mulher que foi vendida como prostituta e foi separada de sua filha recém nascida. Ela sofreu tanto que posso ver a dor está estampada em seu olhar, mesmo que ela seja uma mulher linda e forte, ela sofreu muito.