Isabella Petrov
A conversa que tive com Aleksander no hospital ainda está clara em minha mente, ela fica matutando dentro de mim, ela não me deixa dormir e tudo parece mais claro agora, parece que tirei um peso das costas. Eu sempre soube que tinha algo de errado comigo, só não esperava que fosse Algo tão grave como o facto de eu não ser uma Constantine legítima. Eu sempre soube que não era filha da minha mãe, eu só não tinha provas para tal.
— Zayka, não fique assim, eu não gosto de ver você assim, me irrita, grita comigo, me chama de diabo, inventa alguma coisa para nós brigarmos, mas não fique assim tão quieta me sinto impotente com isso — Aleksander parece realmente assustado em me ver tão calma.
A verdade é que eu não estou irritada com ele, eu estou assustada com o quão as pessoas podem ser tão más e sem coração, a ponto de trair uma amiga e roubar a filha dela. Eu quero tanto encontrar minha verdadeira mãe e falar que não odeio ela.
— Eu não estou chateada com você Aleksander, eu estou assustada com a minha família, eu sabia que a minha mãe, quer dizer Giana Constantine, era um monstro, só não imaginei que fosse tão horrível assim — me atrapalho tentando trocar os nomes.
A verdade é que eu passei toda a minha vida, chamando Giana Constantine de mãe que agora, parece estranho chamar ela pelo nome.
— Eu sei Zayka, mas lembre-se, não podemos fazer nada ainda, faz algumas semanas que Mikhail foi a Itália e não tenho notícias boas ainda, a carta de enviei para a Camorra não foi respondida ainda, não sabemos como as coisas vão se desenrolar daqui para frente — Aleksander me abraça e faz carinho em meus cabelos.
Há dias atrás Aleksander me contou que puniu os homens do conselho que se juntaram ao Ygor, mas ele não fez nada com ele ainda, segundo ele, nós precisamos de ajuda primeiro, antes de colocar Ygor para julgamento, não sabemos como os aliados dele vão reagir a isso. Eu já imaginava que alguém muito próximo de Aleksander fosse o traidor, até pensei em Mikhail, mas nunca em Ygor, ele foi o irmão que Aleksander sempre quis, ele foi criado como o próprio Pakhan, mas mesmo assim se atreveu a tentar puxar o tapete do melhor amigo e líder. A ambição humana é um sentimento muito assustador, ele destrói almas e vidas.
Meu celular toca do nada, despertando nós dois, Aleksander tirou o dia só para ficar comigo em casa, ele diz que momentos como esse são importantes para nós dois, para fortalecer os nossos laços. Eu sinceramente adorei a ideia, nunca pensei que o diabo fosse tirar um tempo para ficar em casa e assistir filmes chatos e bregas.
— Oi pai, como está? — atendo com muita alegria e muita expectativa.
Mas a voz que me recebe não é a do meu pai, é a voz da última pessoa que eu queria escutar no momento. A bruxa da Giana Constantine.
« Isabella, seu pai não está bem, volte para casa » a desgraçada nem sequer se deu o trabalho de perguntar como estou, mas também, o que esperava? Ela é a desgraçada que arruinou a vida da minha verdadeira mãe.
As palavras dela me pegam de surpresa, eu não esperava por uma notícia tão assustadora e avassaladora, como essa.
— Como assim? Como o meu pai está? — grito desesperada. Do meu lado Aleksander se levanta surpreso e tenta me acalmar.
O meu pai esteve no ninho de cobras, todo esse tempo, a pessoa com quem dorme com ele é uma assassina e desgraçada.
« Volte logo para casa, ele vai morrer » a desgraçada desliga o celular na minha cara, não me dando tempo de sequer sancionar o que está acontecendo.
O meu pai está morrendo, ele está doente e precisa de mim.
— Aleksander! Meu pai está doente, ele precisa de mim, por favor — minhas lágrimas banham os meus olhos, e meu corpo fica trémulo.
Aleksander segura o meu corpo para que eu não caia no chão, ele me abraça e limpa as minhas lágrimas. Eu não posso crer que isso, está mesmo acontecendo comigo, o meu pai pode morrer a qualquer momento.
— Não se preocupe com isso Zayka, iremos a Itália ainda hoje — meu marido garante com determinação.
Ele me deixa sentada na sala e corre para arrumar as nossas malas, ele nem sequer se importou de madar os servos da casa, ele mesmo fez isso. Ele me deixou na sala, para que eu não fosse fazer muito esforço, com a gravidez ainda no início, emoções fortes podem causar um aborto espontâneo e não podemos correr esse risco. Cinco minutos depois de Aleksander subir para organizar as nossas malas, ele desce com pressa e freneticamente.
— Venha meu amor, não se preocupe, seu pai vai ficar bem — o diabo simplesmente me chamou de amor de forma tão natural que duvido que ele tenha notado que fez isso.
Me junto a ele, saímos de casa escoltados por uma grande equipe de seguranças, desde o ataque que o meu marido sofreu há dois meses atrás, os nossos seguranças foram redobrados. A viagem decorre de forma tão calma e suave, em todo momento Aleksander fazendo carinho em meus ombros, para que eu não fique tão nervosa por causa do bebé. Quando finalmente chegamos ao aeroporto, somos encaminhados a uma pista particular, onde um jato nos espera.
— Vamos Zayka, precisamos chegar logo lá — Aleksander me ajuda a chegar no jato super luxuoso da Bratva.
Sem muito trabalho, entramos no jato e o luxo toma os meus olhos, o diabo é realmente soberbo ele adora se exibir.
— Vamos dormir Zayka, você precisa descansar — meu marido me guia até o quarto no jato, ele prepara a cama e se junta a mim.
Aleksander me abraça por trás, e faz carinho em minhas costas. Ele está tão calmo que é impossível não ficar calma também.
— Minha querida diabinha, fica calma, vai dar tudo certo — Aleksander sussura em meu ouvido.
Sua voz fria e calma, me deixa extremamente calma e durmo durante a viagem toda. Eu dormi pesado, descansei a minha mente e alma, meu corpo também descansou. Quando chegamos a Itália, Aleksander me acordou e me ajudou a descer do jato. A viagem de carro, até a casa dos meus pais foi feita com paz.
— Bella! Eu senti sua falta — Cássia me abraça com força, ela parece feliz em me ver, mas além da felicidade, ela está triste.
Retribuo ao abraço dela com vontade, eu estava morrendo de saudades dela, eu não via ela há aproximadamente quatro meses, desde que me casei com Aleksander não voltei para casa para visitar a minha família.
— Eu também senti sua falta irmãzinha, como estão as coisas aqui? — cumprimento entrando dentro da casa em que por muito tempo chamei de lar.
Estar de volta nesse inferno é realmente péssimo, ainda mais sabendo que o meu pai está doente. Aleksander entra logo em seguida, observa a casa com desprezo, como se estivesse entrando em uma lixeira, ele passa os olhos em tudo. Estudando o ambiente a sua volta.
— Oh! Minha querida, você voltou finalmente — Giana Constantine vem sorrindo até mim ela tenta me abraçar mas eu me esquivo de seu contacto sujo.
— Oi mãe, como está o meu pai? — forço um sorriso para que ela não desconfie de nada.
Antes de sairmos de casa, Aleksander me falou para tomar cuidado com as coisas que falo e me falou para esconder a minha barriga, as coisas não estão bem para nós e não posso correr o risco de deixar ele descobrir como estamos. Minha mãe força um sorriso e aponta com a cabeça a parte superior da casa. Sem esperar por sua permissão, subo até o quarto do meu pai e o encontro deitado na cama.
— Papai, o que fizeram com você — ele está deitado na cama, cheio de tubos e parece extremamente frágil.
Meus olhos enchem-se de lágrimas instantaneamente, ele nem sequer está acordado, está respirando a base de tubos.
— Me perdoa por não estar aqui com você, eu não sabia o que estava acontecendo — minhas mãos tremem a medida que falo.
O quarto está calmo e tem cheiro de hospital, esse cheiro é sufocante e me deixa enjoada, engulo uma Náusea que ameaça me fazer vomitar. Fico muito tempo conversando com o meu pai até que noto a demora do meu marido em se juntar a mim no quarto. Saio do quarto e vou a procura dele pela casa.
— Cássia, você viu meu marido? — questiono minha irmã.
Antes que Cássia possa me responder, a desgraçada da minha madrasta surge dos infernos e destila seu veneno.
— Seu marido está no jardim, conservando com Fiorella, a mulher que ele realmente ama — a desgraçada fala com tanto prazer que parece estar saboreando as palavras.
Saio da sala em disparada, atrás deles, quando chego no jardim não faço muito barulho, me escondo atrás de uma árvore e escuto a conversa deles.
— Por quê ainda está casada com ela Aleksander? Por acaso gosta dela? Pensei que eu fosse o amor da sua vida? — Fiorella se joga em meu marido, ele não faz absolutamente nada.
— Acha que eu me importo com você? Acha que chega aos pés dela? Você não é nada comparado a ela, você é uma vadia desesperada por atenção — Aleksander fala com tanta calma que sinto pena da vadia da minha irmã — Isabella, ela é tudo que de melhor existe no mundo, ela é o calor que aquece as minhas noites frias, ela é como um raio de sol, ela é melhor que qualquer pessoa que existe nessa drogada de mundo, sou eu quem não mereço ela, eu não chego aos pés dela, ela é o meu mundo e se você se atrever a tentar se comparar a ela novamente, eu vou matar você sem exitar — as palavras dele me deixam emocionada, ele realmente está se declarando para mim?