*Nota de Introdução: "Capítulo repostado no volume para Especiais - Publicado no dia 01/01/2025 e respostado no dia 02/01/2025."
As árvores retorcidas da Floresta dos Goblins pareciam formar um labirinto vivo, cujos galhos escuros projetavam sombras dançantes sob a luz escassa. Gronnak caminhava com passos lentos, a respiração pesada ecoando no silêncio do bosque. O cheiro pungente de folhas apodrecidas misturava-se à tensão crescente em seu peito. Ele sabia que estava em terras hostis, mas precisava de informações. Durin estava em perigo, e não haveria descanso até que ele a encontrasse.
Não demorou para que ele fosse cercado por uma horda de goblins. Olhos brilhavam entre as árvores, e suas risadas guturais ecoavam como sinfonia macabra. Gronnak sabia que poderia dizimá-los com facilidade, mas conteve-se. Empunhando apenas sua coragem, ele ergueu as mãos em um gesto pacífico.
- Gronnak: "Não vim causar mal a vocês." - Disse ele, sua voz grave mas controlada. - "Procuro informações sobre uma anã capturada por demônios."
Os goblins hesitaram, trocando olhares confusos. A palavra "anã" parecia estranha para eles, mas "demônios" trouxe um calafrio perceptível. Um deles, mais alto que os outros e com cicatrizes cruzando o rosto, avançou. Seu nome era Tadyus.
- Tadyus: "O que você quer aqui, seu idiota?!" - Gritou Tadyus, a voz carregada de raiva e medo. - "Este lugar já sofreu demais por causa dessas criaturas!"
Gronnak inclinou levemente a cabeça, num gesto de respeito.
- Gronnak: "Peço desculpas por minha intrusão." - Respondeu ele calmamente. - "Mas preciso saber, se ouviram algo sobre demônios levando alguma prisioneira mulher?"
Os goblins trocaram murmúrios nervosos. Tadyus cuspiu no chão, irritado, mas finalmente respondeu:
- Tadyus: "Qualquer ser vivo capturado por aquelas criaturas foi levado à Prisão de Surtur, ao noroeste daqui." - Ele apontou com uma garra trêmula. - "Mas é uma loucura! Os demônios de lá são poderosos demais! Já escravizaram quase todas as nossas vilas, dizimaram raças... e ouvi rumores sobre experimentos num laboratório lá dentro."
- Gronnak: "Obrigado. Vocês deram uma esperança a esta busca. É tudo o que preciso." - Sem esperar mais, ele partiu.
Ao se aproximar das terras sombrias da Prisão de Surtur, o calor do ambiente tornou-se sufocante, o ar carregado com o cheiro acre de enxofre. Gronnak sentiu algo incomum. Uma presença densa, feroz. Antes que pudesse reagir, uma Esfera de Magma cortou o ar, atingindo seu ombro e atravessando sua pele como uma faca incandescente. Um rugido ecoou dos céus.
Agares, o Carrasco, surgiu como uma tempestade de fogo, aterrissando com um impacto que rachou o solo. Sua figura imponente era envolta em chamas dançantes, e seus olhos brilhavam como carvões em brasa.
- Agares: "Então você é a fonte dessa energia irritante." - Rosnou Agares, sua voz reverberando como trovão. - "Um gigante ousando pisar em território proibido?"
Gronnak se colocou de pé, o sangue escorrendo de seu ferimento. Ele firmou os pés no chão e encarou o demônio sem medo.
- Gronnak: "Não busco confronto." - Respondeu. - "Mas se me impedir de encontrar minha amiga, não hesitarei em lutar."
Agares riu, um som gutural que fez o solo tremer.
- Agares: "Lutar? Contra mim? Você não é nada diante do meu poder."
Sem aviso, Agares lançou uma de suas técnicas: Colunas de Lava. Do chão, pilares de magma surgiram, tentando engolir Gronnak. O gigante reagiu rapidamente, invocando Iron Wall, criando uma barreira de metal puro que resistiu ao ataque, embora começasse a derreter sob o calor intenso.
Gronnak contra-atacou com Iron Spikes, lançando lanças de metal afiadas contra Agares. O demônio sorriu, desviando com agilidade impressionante.
- Agares: "Interessante. Você tem potencial. Mas isso não é suficiente!"
Com um movimento rápido, Agares invocou Chicote de Aço Ardente, girando a arma flamejante em direção a Gronnak. O impacto jogou o gigante para trás, mas ele se recuperou, canalizando energia para ativar sua área de domínio, Zona Divina de Gaia. O chão ao redor dele tremeu, e fragmentos de rocha e metal foram moldados em armas improvisadas que ele lançou contra Agares.
Por um momento, parecia que Gronnak estava ganhando terreno. Ele conseguiu criar uma abertura com um Colossus Punch, um golpe tão poderoso que jogou Agares para trás, fazendo o demônio grunhir de dor.
- Agares: "Você é mais forte do que imaginei..." - Admitiu Agares, com um sorriso perverso. - "Mas isso acaba aqui."
Agares entrou em sua Yfrit Form e começou a conjurar Tempestade de Fragmentos, uma técnica devastadora que criava uma chuva de lâminas incandescentes. Gronnak percebeu o perigo e, em um movimento calculado, usou Metal Echo para distrair Agares e recuou rapidamente, desaparecendo entre as rochas enquanto o demônio liberava sua fúria.
- Agares: "Corra, gigante!" - Rugiu Agares. - "Mas isso ainda não acabou!"
Depois de dias vagando, Gronnak finalmente alcançou seu destino, as terras da Nação dos Gigantes. A visão de suas montanhas familiares trouxe um momento de alívio, mas ele não podia descansar. Enquanto caminhava pela trilha, encontrou um estranho encapuzado que também parecia estar indo em direção às terras dos gigantes. Havia algo peculiar naquela figura, mas Gronnak decidiu não interferir.
Um mês se passou até que ele chegasse à cidade principal. Sob o sol dourado que iluminava as ruas de pedra da Cidade dos Gigantes, Gronnak se aproximou dos velhos amigos Grendor e Palnak. Os dois gigantes, de sorrisos fáceis e vozes retumbantes, estavam parados em frente a uma pequena praça, erguidos como torres imponentes sobre o fluxo cotidiano da cidade.
- Grendor: "Gronnak! Finalmente deu as caras!" - Gritou Grendor, segurando um barril de cerveja como se fosse uma caneca. - "Venha tomar uma com a gente, faz tempo que não brindamos juntos!"
Palnak, com sua risada profunda e trovejante, completou:
- Palnak: "Hoje o mundo pode esperar, amigo. Nada que uma boa bebida não resolva."
Mas Gronnak balançou a cabeça, seu semblante era sombrio, marcado pela determinação.
- Gronnak: "Não posso, Grendor, Palnak. Não há tempo para isso. É urgente. Minha amiga, Durin... ela foi capturada pelos demônios. Preciso salvá-la, custe o que custar."
Os dois gigantes se entreolharam, seus sorrisos desaparecendo. Grendor foi o primeiro a falar, sua voz agora carregada de gravidade.
- Grendor: "Gronnak, isso é loucura. Não é algo que possa resolver sozinho. Os demônios não são qualquer inimigo."
- Palnak: "Então por que não pede ajuda ao Rei dos Gigantes?" - Sugeriu Palnak, franzindo a testa. - "Você sabe que ele tem os meios para reunir as tropas. Nós podemos enfrentar os demônios juntos."
Gronnak fechou os punhos, seus olhos brilhando com uma chama interior.
- Gronnak: "A Nação dos Gigantes não está em guerra contra os demônios. O Rei não vai se envolver, e não quero perder tempo tentando convencê-lo. Lúcifer evita nosso povo porque nos teme, mas isso também significa que estamos sozinhos."
O som de vozes elevadas chamou a atenção dos três gigantes. Não muito longe dali, próximo aos portões do palácio, o encapuzado era jogado ao chão por um dos guardas. O homem cambaleou, mas antes que Gronnak pudesse reagir, ele se levantou e correu, desaparecendo pelas ruas estreitas.
- Palnak: "O que foi isso?" - Perguntou Palnak, levantando uma sobrancelha.
Gronnak permaneceu calado, seus olhos fixos na direção em que o encapuzado havia sumido. Por um momento, ele considerou ir atrás dele, mas logo desistiu da ideia. Suspirando, ele olhou para os amigos e, pela primeira vez naquela manhã, sorriu ligeiramente.
- Gronnak: "Certo. Talvez uma bebida não faça mal. Mas apenas uma."
A noite caiu sobre a Cidade dos Gigantes, e a taverna estava vibrante com vozes e risadas. Gronnak, Grendor e Palnak estavam sentados em uma mesa, enquanto o cheiro de hidromel e carne assada permeava o ar. Foi então que Gronnak o viu, o encapuzado estava ali, sentado sozinho no balcão, bebendo uma cachaça forte. Quando o homem virou o copo, seu capuz escorregou, revelando um rosto que misturava feições humanas com escamas brilhantes. Um dragonoid.
Sem hesitar, Gronnak levantou-se e atravessou a sala, seus passos ecoando como trovões no chão de madeira. Ele parou ao lado do dragonoid, que o encarou com olhos semi-cerrados, já embriagados.
- Gronnak: "Quem é você? E o que queria com o Rei dos Gigantes?" - Perguntou Gronnak, sua voz firme como rocha.
O dragonoid, que mais tarde se apresentou como Keldor, ergueu o copo e tomou outro gole antes de responder, sua voz carregada de irritação.
- Keldor: "Você se intromete demais, gigante. Meu negócio com o Rei não te diz respeito."
Gronnak cruzou os braços, sem se abalar e continuou encarando. Keldor bufou e, num movimento rápido, ergueu-se e empurrou Gronnak para fora da taverna. A luta que se seguiu foi brutal, mas não mostrada em detalhes. O resultado, no entanto, era claro, a taverna estava em chamas, e Gronnak foi jogado ao chão do lado de fora, enquanto gritos e aplausos ecoavam lá dentro.
- Keldor: "Você não entende o que está se metendo, gigante!" - Rugiu Keldor, apontando um dedo para Gronnak. - "Deixe isso para trás, ou será sua ruína."
Gronnak se ergueu, limpando a poeira das roupas.
- Gronnak: "Minha amiga está na Prisão de Surtur. Preciso salvá-la, e não vou desistir."
Ao ouvir isso, Keldor pareceu recobrar a lucidez. Ele olhou para baixo, sua expressão se suavizando.
- Keldor: "A Prisão de Surtur… eu já estive lá. Uma garota anã me salvou… mas, quando voltei para casa, minha raça havia sido destruída. Desde então, procurei ajuda para enfrentar os demônios, mas o Rei dos Gigantes negou meu pedido."
Gronnak franziu a testa, suas palavras saindo como um sussurro.
- Gronnak: "O nome dessa anã… por acaso, era Durin?"
Keldor ergueu o olhar, surpreso. Uma única lágrima escorreu de seus olhos reptilianos, brilhando sob a luz da lua.
Na manhã seguinte, Keldor estava ocupado ajudando a reconstruir a taverna. Enquanto trabalhava, ele se virou para Gronnak e disse:
- Keldor: "Quando isso terminar, você e eu vamos treinar. Há um lugar em minhas terras, o Vulcão de Uatumã. É lá que os dragonoids atingem sua verdadeira força. Talvez você consiga se aprimorar lá também."
Os dois viajaram ao vulcão, onde passaram doze meses de treinamento intenso, moldando corpo e espírito. Keldor ensinou a Gronnak técnicas de resiliência e controle, enquanto o gigante compartilhava os segredos de sua habilidade espiritual, Gênesis. Ao fim de dois meses de planejamento, eles estavam prontos para invadir a Prisão de Surtur e resgatar Durin, com corações cheios de determinação.