Os Lordes foram gentis o suficiente para ajudá-la a encontrar o irmão dela. Lorde Quintus foi quem falou com ela, os outros dois estavam em silêncio e apenas os seguiam.
"Para onde estamos indo, Meu Senhor?" Angélica perguntou.
"Eu acho que seu irmão pode estar com Sua Majestade," Lorde Quintus respondeu.
Por que o irmão dela estaria com o Rei?
Eles a levaram para o salão onde o Rei a tinha levado na noite anterior. Como Lorde Quintus previu, o irmão dela estava sentado com o Rei e eles conversavam animadamente.
Angélica estava tanto surpresa quanto confusa.
"Vossa Majestade," Lorde Quintus falou, interrompendo a conversa deles.
O Rei se virou para eles, e seus olhos se estreitaram ao vê-la.
"Lady Davis veio aqui procurando por seu irmão," Lorde Quintus explicou.
O irmão dela se virou e ficou surpreso ao vê-la.
O Rei se inclinou para trás em seu sofá e inclinou a cabeça para um lado enquanto a olhava.
Angélica fez uma reverência. "Vossa Majestade, peço desculpas por incomodá-lo tão tarde."
"De forma alguma. Por favor, venha e sente-se." Ele fez um gesto em direção ao sofá ao lado dele.
Angélica não sabia por que olhou para Lorde Quintus, como se ele fosse menos perigoso. Ele parecia letal, com aqueles olhos prateados brilhando como a ponta afiada de uma espada. Seu cabelo corvo e pele pálida que parecia nunca ter visto o sol o faziam parecer tanto morto quanto bonito. Uma criatura de aparência tão peculiar.
Ele lhe deu um sorriso que era para ser tranquilizador, mas só o fazia parecer predatório.
Angélica voltou-se para o Rei e foi sentar no sofá, em frente ao irmão. "Por que você ainda está aqui?" ela perguntou a ele.
"Pai disse para esperá-lo, mas ele não voltou," o irmão dela respondeu.
Onde poderia estar o pai dela?
Angélica olhou para o Rei, "Peço desculpas pelo transtorno, Vossa Majestade." Ela pediu desculpas novamente.
Onde estava o pai dela, e o que ele estava fazendo?
Ele sorriu para ela. "Não precisa se desculpar. Seu irmão é uma companhia agradável e eu tive a chance de vê-la novamente."
O Rei era hábil com palavras, e seu sorriso encantador não facilitava as coisas para ela. Ela sorriu de volta constrangida, depois desviou o olhar. Como se magneticamente atraída por Lorde Rayven, ela olhou nos olhos dele dentre todas as pessoas na sala. Ele a observava, assim como os outros dois Lordes e o Rei. Mas enquanto todos a olhavam com curiosidade, ele a olhava com desdém.
"Você sabe onde seu pai pode estar?" O Rei perguntou, chamando sua atenção novamente.
"Não, Vossa Majestade. Esta é a primeira vez que algo assim acontece," ela disse preocupada. "Estou com medo que algo tenha acontecido a ele, especialmente com o que tem acontecido na cidade."
O Rei assentiu pensativamente. "Não se preocupe. O assassino está atrás de jovens mulheres. Seu pai provavelmente está ocupado com outra coisa e pode estar aqui a qualquer momento."
Ele deu um sinal para os Lordes se retirarem, e eles os deixaram a sós. Angélica olhou para o irmão nervosamente. Ela não estava apenas nervosa por estar ali com o Rei, mas também por seu pai estar desaparecido até aquela hora.
Um servo entrou com bebidas e as colocou na mesa. "Você parece angustiada. Tome algo para beber," o Rei disse. Em seguida, ele fez um gesto para William também tomar uma bebida.
"Obrigado, Vossa Majestade," o irmão dela disse, pegando a taça sem beber.
"Por que o assassino está mirando em jovens mulheres, Vossa Majestade?" ele perguntou.
"Estamos tentando encontrar o assassino e então poderemos descobrir por quê," o Rei respondeu. "Até lá, você deve proteger sua irmã."
William assentiu. "Claro, Vossa Majestade."
O Rei riu.
"Você sabe que seu nome significa protetor?"
William balançou a cabeça.
"Acho que seu pai escolheu o nome perfeito para vocês dois... ou foi sua mãe?"
"Foi minha mãe," Angélica disse.
Agora o Rei se virou para ela com aquele olhar curioso em seus olhos que nunca desaparecia. "William me disse que queria se tornar um cavaleiro."
Angélica assentiu. "Sim, mas o pai acha melhor ele se tornar um cortesão."
"Eu disse a ele que ele poderia se tornar ambos se quisesse. Seu irmão é um garoto muito inteligente."
"Ele é, Vossa Majestade," Angélica concordou, sorrindo para o irmão.
Ela estava feliz que o rei reconheceu seu talento e o deixaria fazer ambas as coisas. Embora ela desejasse que o irmão não se envolvesse na política e na família real de forma alguma.
Mas se era realmente o que ele queria fazer, então ela só poderia apoiá-lo. E quem sabe, ela mesma poderia se tornar uma real se o rei decidisse transformar sua curiosidade em algo mais. Isso a assustava por algum motivo.
"O que você diz, William? Não é uma má coisa se tornar um cortesão." O Rei falou com o irmão dela.
"Se esse é o seu conselho para mim, então vou guardá-lo no coração, Vossa Majestade," o irmão dela respondeu.
O Rei se inclinou para frente e deu um tapinha no ombro dele. Eles pareciam se dar bem.
"Vossa Majestade, acho que é melhor irmos para casa. Tenho certeza que você está ocupado e precisa descansar," Angélica disse.
Eles não poderiam passar a noite inteira no castelo esperando pelo pai dela.
"Sim. Você também deveria descansar. Tenho certeza que seu pai voltará para casa em segurança."
Angélica se levantou e fez uma reverência, depois virou-se para o irmão. "William."
William se levantou e inclinou-se. "Obrigado pela sua hospitalidade, Vossa Majestade."
Pelo modo como o Rei sorriu para o irmão dela, ela teve a impressão de que ele gostava dele e achou isso de alguma forma doce.
"Vou providenciar alguém para levá-los para casa," o rei disse.
"Obrigada, Vossa Majestade, mas nosso mordomo está esperando lá fora," Angélica disse a ele.
"Não acho que seu mordomo possa protegê-la do que está matando as jovens mulheres."
Angélica teve a impressão de que o rei sabia mais do que estava revelando e ele estava certo. Seu mordomo não era um espadachim ou um lutador.
"Lorde Rayven vai escoltá-la para casa." O rei acenou em direção à porta.
Lorde Rayven?!
Angélica virou-se para a porta e viu Lorde Rayven parado na entrada. Ela segurou a respiração enquanto encontrava o olhar dele novamente, esperando que ele a olhasse de forma diferente. Talvez esquecesse o que aconteceu na última vez, mas ele parecia ainda guardar rancor. Não a pessoa certa para protegê-la, ela pensou.
Por que ele entre todos os outros Lordes?