"Melhor agora?"
Houve um momento de silêncio pelo corredor. Até Conan olhou para ela, com os olhos arregalados. Ele cuidadosamente desviou o olhar para Abel e, para sua surpresa, este último tinha uma expressão atordoada. Foi apenas por um segundo, mas Conan sabia o que tinha visto.
Abel levantou a outra mão e acenou. "Não mostre seu rosto para mim a menos que seu rei vá de joelhos e implore." Ainda com os olhos sobre ela. "Agora suma antes que eu mude de ideia."
Assim que essas palavras saíram de seus lábios curvados, seus dedos enrolaram em volta da mão dela, olhos cintilando ameaçadoramente. Ele deu um passo à frente, inclinando-se para um olhar mais atento.
"Agora estou com fome", ele enrolou, quase coquete. "Qual chá você vai preparar, querida?"
"Uh... meu favorito...?" Ela manteve sua expressão controlada enquanto segurava sua alma para que não deixasse seu corpo. "Vamos?"
"Muito bem." Seu sorriso se alargou, inclinando a cabeça ligeiramente.
Com isso dito, Aries segurou sua mão e o levou a quem sabe onde! Ela não tinha chá nem equipamento algum para fazer um! Então Aries lançou um olhar cúmplice para Conan, e este último assentiu, captando sua mensagem silenciosa para lhe fornecer o equipamento necessário.
Enquanto os dois saíam com Aries liderando Abel enquanto segurava sua mão, Conan suspirou aliviado. Ele pôs seus olhos na delegação de outro reino. Alguém até desabou de joelhos por medo e alívio. Tudo que eles podiam fazer era observar a figura de Aries, que os salvou do próprio diabo.
'Senhor Conan, você me deve uma.' Era o que os olhos dela lhe diziam mais cedo, e o último assentiu discretamente.
'Obrigado, Senhora Aries.' Conan suspirou aliviado enquanto mantinha seu olhar nas costas de Abel. Aquilo foi surpreendente, ele pensou. Abel normalmente se gabava de seu animal de estimação, mas pensar que ele realmente escutaria Aries. Conan apenas esperava que Aries conseguisse de alguma forma acalmá-lo ou desviar a atenção de Abel ao seduzi-lo.
Assim que eles viraram o corredor, Conan virou-se e encarou os idiotas que pensaram que poderiam fazer e dizer o que quisessem naquele lugar. Se não fosse por Aries, o chão onde estavam teria sido pintado de vermelho.
Ele clicou a língua quanto mais pensava sobre isso. "Você ouviu Sua Majestade. A menos que seu rei implore de joelhos, nunca mais mostre seu rosto aqui. E como ousa desrespeitar a Senhora Aries num lugar onde Sua Majestade pode ouvi-lo? Se você preza pela sua vida, aprenda a segurar sua língua e conheça seu lugar."
*****
Aries baixou a cabeça, agarrando sua saia sob o olhar dele. Ela levou Abel ao estudo onde ela tinha tido uma aula anteriormente, já que era o mais próximo. Agora, ela estava simplesmente esperando pelo equipamento para preparar o chá. No entanto, mesmo que tivessem se passado apenas três minutos desde que se sentaram um diante do outro, já parecia trinta horas.
Enquanto isso, Abel estava apreciando a vista dela. Com os nós dos dedos apoiados no queixo, o canto de seus lábios se curvou maliciosamente.
"Querida." Ele conteve o riso quando ela estremeceu ao ser chamada. "Não disse que quer brincar comigo? Por que não está dizendo nada?"
"Uhm..." Aries lançou um olhar cauteloso para ele, pegando a diversão em seu rosto. Certamente Conan a usou como bode expiatório. "Sobre o jardim..."
"O que tem ele?" ele inclinou a cabeça ligeiramente. "Flores são agradáveis aos olhos, mas não sustentam um homem. Batata é melhor."
Dessa vez, Aries franziu o cenho e olhou para cima. "Perdão?"
"Vou plantar batatas já que não posso deixar outros cobiçarem minha batata." Ele lançou-lhe um olhar cúmplice, sorrindo ao ver a reação dela. "Não sou generoso?"
"..." Por um momento, Aries ficou em transe. Inicialmente, ela pensou que Abel destruiu o jardim para lhe agradar. Mas... ele ordenou que arrancassem o jardim para plantar batatas? No final, era culpa dela que aquelas flores que não estavam fazendo mal a ninguém encontraram um fim prematuro?
'Por que ele está olhando para mim como se tivesse feito um bom trabalho e merecesse elogios?' ela se perguntou, mantendo a sanidade firme já que havia subestimado quão imprevisível ele poderia ser. 'Vou enlouquecer antes dele nesse ritmo.'
"Querida, não fique surpresa!" Ele riu balançando a cabeça. "Seja grata por eu não ter pensado em plantar corpos mortos em vez disso. Oh... isso não é uma ideia ruim. Um cemitério dentro do palácio, para variar. Agora que penso sobre isso, cadáveres são um excelente fertilizante. Fico curioso para saber que cara Conan fará se eu sugerir isso."
'Bom Senhor...' Aries queria falar, mas toda vez que ele abria a boca, sua língua enrolava. Seus olhos desviaram para a porta. Não estava tão longe, mas parecia que a distância era comparável ao céu.
BATIDAS NA PORTA!
Aparentemente, batidinhas suaves vieram de fora da porta antes de se abrir cuidadosamente. A empregada chefe entrou empurrando uma bandeja sobre rodas, mantendo a cabeça baixa. Ela saudou o único sol do império e Aries antes de declarar sua intenção.
"Minha senhora, este é o chá que você pediu ao Senhor Conan." A empregada anunciou, vendo Aries acenar com a cabeça.
"Obrigada." Aries apresentou um sorriso gentil. "Eu cuidarei disso a partir de aqui."
"Sim, minha senhora." A empregada manteve a cabeça baixa, afastando-se sem fazer o menor ruído. Assim que ela partiu, Aries suspirou aliviada. Felizmente, o chá chegou na hora certa para ela poder se distrair por um segundo.
"Vou preparar o chá agora, Abel." Ela corrigiu quando ele levantou uma sobrancelha. Ela não esperou por sua resposta, levantando-se de sua cadeira e caminhando em direção à bandeja sobre rodas. Como havia espaço suficiente, Aries decidiu preparar o chá ali mesmo antes de servi-lo à mesa.
Aries estava de costas para Abel. Então, ela não podia ver que ele estava olhando para as suas costas. Ninguém poderia dizer exatamente o que ele tinha em mente, mas qualquer coisa que fosse, só anunciava problemas.
Ele olhou para a mão que ela beijara mais cedo, estreitando os olhos. Quando um brilho cintilou neles, o canto de seus lábios se curvou em um sorriso.
'Ela fica mais esperta a cada dia e esta sedução frágil é mortal...' Abel levantou os olhos e fixou-os nas costas dela. '... mas isso me faz querer me deleitar com ela.'