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"Para que conste oficialmente no registro, preciso que você diga mais uma vez. Sra. Amélie Ashford, você concorda com este divórcio?"
Benjamin Andersen, um juiz de direito e amigo de confiança da família há muitos anos, levantou os olhos dos papéis do divórcio e segurou a caneta, pronto para entregá-la. Ele tomou um momento para olhar a mulher sentada ao seu lado — na verdade, ela não parecia que tinha vindo se divorciar. Se alguma coisa, parecia que tinha vindo esfregar algo na cara de alguém, talvez até se vingar.
O rosto dela estava fresco com toques sutis de maquiagem, seus cabelos longos e soltos caíam em ondas lustruosas pelas costas. Ela estava vestida com um vestido de seda verde-escuro na altura dos joelhos e não usava joias ou acessórios, exceto por um par de brincos de pérola.
Um visual simples, mas de alguma forma marcantemente inapropriado, que contrastava acentuadamente com as cores sombrias e simples usadas pelos outros presentes na sala.
Estava gloriosa e digna, como sempre, exalando uma autoridade real distinta. Até o juiz tinha que admitir que alguém teria que ser um verdadeiro idiota para se divorciar de uma mulher de presença tão inacreditável.
Os olhos de Amélie estavam fixos na parede atrás do juiz. Tudo que ela tinha que fazer era dizer sim — ela estava pronta para isso de qualquer maneira — ainda assim, algo lá no fundo a impedia de dizer. Era ridiculamente absurdo.
Richard Clark se mexia desconfortavelmente em sua cadeira e soltou um grunhido irritado, embora abafado. Samantha Blackwood, a amante de Richard, colocou a mão bem feita na mesa e começou a tamborilar nervosamente suas unhas. Cada vez que tocavam a madeira polida, soava como tiros.
A combinação da impaciência conjunta deles trouxe Amélie de volta à realidade. Movendo seus olhos de volta para o juiz, ela tomou mais um momento para saborear o silêncio e finalmente respondeu, "Sim. Eu concordo com este divórcio."
Um lampejo de um sorriso escondido gracejou os lábios de Samantha enquanto Richard suspirava aliviado. Ambos já estavam cientes da decisão firme de Amélie, mas agora era finalmente oficial.
Richard foi o primeiro a colocar sua assinatura no documento, então chegou a vez de Amélie. Ela colocou os documentos à sua frente e olhou para o nome do ex-marido, escrito com tinta preta por sua mão. Ela já estava acostumada com isso; administrar a empresa juntos fez com que ela revisasse milhares de documentos assinados por Richard. Ainda assim, ela nunca havia considerado que haveria um tempo em que veria sua assinatura em papéis de divórcio.
'Lá se vão os anos que desperdicei neste casamento... terminando com apenas um traço da minha caneta. Acho que foi inteligente da minha parte não ter adotado seu sobrenome afinal.'
Amélie soltou um suspiro sutil de arrependimento e finalmente moveu sua mão sobre a página. Estava feito. Ela assinou. Agora, estava divorciada.
O juiz colocou seu selo em cada página para oficializar e estava prestes a colocar os documentos em sua pasta quando Amélie moveu a mão sobre a mesa, quase como se quisesse agarrar os papéis, e perguntou, "Poderia não esconder seu selo por enquanto?"
A sala de conferências voltou a ficar em silêncio. O Sr. Andersen, Richard e Samantha fixaram os olhos arregalados em Senhorita Ashford, seu assombro era quase palpável.
Finalmente, Richard se inclinou sobre a mesa e estreitou os olhos. "O que isso significa? De que você precisa do selo dele?"
Com um leve sorriso em seus lábios cor-de-rosa, Amélie retirou alguns documentos de sua bolsa e os colocou na mesa diante do juiz. Sem mesmo olhar para seu agora ex-marido, ela explicou, "Preciso do selo dele para carimbar minha certidão de casamento."
"O quê?!" Richard saltou de sua cadeira, o rosto ruborizado. "Amélie, que diabos você está falando?!"
Senhorita Ashford franziu a testa enquanto observava a reação do ex-marido. Por que ele se importava? Sua amante estava bem ali ao lado, e ele agia como se ela o estivesse traindo.
Com um longo suspiro, ela abriu um pequeno bolso frontal de sua bolsa, tirou um anel de noivado de ouro rosé com diamantes e o colocou em seu anelar. Com a voz firme e fria, ela finalmente respondeu, "Vou me casar, Richard. Meu novo marido está prestes a entrar."
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A família Ashford e a família Clark tinham estado estreitamente ligadas há bastante tempo. Desde que fundiram suas empresas para formar o Grupo JFC, um dos maiores conglomerados de investimentos do país, as duas famílias se uniram mais do que apenas em um sentido empresarial.
Alexander Ashford, pai de Amélie, e Christopher Clark, pai de Richard, concordaram que seus filhos se casariam e gerenciariam juntos o futuro do Grupo JFC. Acreditavam que seus filhos formando uma família de verdade fortaleceria o vínculo dentro da empresa também.
Como resultado, assim que Amélie fez quinze anos, a mãe de Richard, uma mulher de alta posição social e educação impecável, a acolheu sob sua asa e a criou para ser a esposa perfeita da alta sociedade.
Amélie não se importava. Quando sua própria mãe morreu quando Amélie tinha apenas cinco anos, Laura Clark sempre agiu como uma figura materna para ela.
Tudo o que ela fez, tudo o que aprendeu, foi pelo bem do futuro marido e pela parte da empresa que estava prestes a assumir. Ela foi moldada para um papel único, e como era o destino de todas as mulheres de seu círculo, Amélie não via nada de errado nisso.
Ela estava bastante contente vivendo a vida que tinha sido preparada para ela e não se importava em passar o resto de sua vida em um casamento arranjado com Richard, seu amigo e companheiro por muitos anos.
Sim, ela era relativamente feliz.
Até que Richard decidiu arruinar tudo.
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