Duas horas depois, cheguei a Conclave, sentindo a acidez no estômago enquanto subia ao palco de um teatro vazio.
A sala estava imersa na escuridão, exceto por um amplo círculo de luz que iluminava a mesa dos professores. Caminhei até a borda daquela luz e esperei. Aos poucos, os nove professores interromperam suas conversas e voltaram-se para mim.
Eles estavam sentados diante de uma imponente mesa em forma de meia-lua, elevada o suficiente para que, mesmo sentados, me olhassem de cima. Eram homens de aparência austera, suas idades variando do maduro ao avançado.
Um silêncio prolongado se instalou até que o homem no centro — presumivelmente o Reitor — fez um gesto para que eu me aproximasse.
— Venha até onde eu possa vê-lo melhor. Assim está bom. Olá. Qual é o seu nome, garoto?
— Vanitas, senhor.
— E por que está aqui?
Encarei-o diretamente.
— Quero frequentar a Academia. Quero me tornar um arcanista.
Olhei para cada um deles. Alguns pareceram achar minha resposta divertida. Nenhum, no entanto, demonstrou surpresa.
— Você está ciente — disse o Reitor — de que a Academia é para a continuação dos estudos, não para o início deles, correto?
— Sim, senhor Reitor. Eu sei.
— Muito bem. Posso ver sua carta de apresentação?
Não hesitei.
— Receio não tê-la, senhor. Ela é absolutamente necessária?
— É comum haver um patrono — ele explicou —, preferencialmente um arcanista. A carta dele nos informa sobre seu conhecimento, suas áreas de excelência e suas fraquezas.
— A arcanista com quem estudei se chama Marceline, senhor. Mas ela nunca me deu uma carta de apresentação. Posso recitar o que ela diria, se desejar.
O Reitor meneou a cabeça, sério.
— Infelizmente, não temos como saber se você realmente estudou com uma arcanista sem algum tipo de comprovação. Tem algo que possa corroborar sua história? Alguma correspondência, talvez?
— Ela me deu um livro antes de nos separarmos, senhor. Dedicou-o a mim e assinou com seu nome.
O Reitor sorriu, com um ar leve.
— Isso parece apropriado. O livro está com você?
— Não — respondi, deixando a amargura transparecer em minha voz. — Tive que penhorá-lo em Notrean.
À esquerda do Reitor, Mestre Hilme, o Retórico-Mor, fez um som de desgosto ao ouvir meu comentário, o que lhe rendeu um olhar irritado do Reitor.
— Vamos, Azir — disse Hilme, batendo a mão na mesa. — É óbvio que o garoto está mentindo. Tenho assuntos mais importantes a tratar esta tarde.
O Reitor lançou-lhe um olhar severo.
— Não lhe dei permissão para falar, Mestre Hilme — disse, mantendo os olhos fixos nos dele até que Hilme desviasse o olhar, carrancudo.
O Reitor voltou a me encarar, mas então notou um movimento de um dos outros professores.
— Sim, Mestre Loran?
O professor alto e magro me examinou com uma expressão impassível.
— Qual é o nome do livro?
— Crítica e Retórica, senhor.
— E onde você o penhorou?
— Na livraria Restauração, na Praça Praieira.
Loran virou-se para o Reitor e disse:
— Partirei amanhã para Notrean a fim de buscar materiais para o próximo período letivo. Se o livro estiver lá, trarei de volta. Isso poderá esclarecer a questão.
O Reitor acenou levemente com a cabeça.
— Obrigado, Mestre Loran — disse ele, recostando-se na cadeira e cruzando as mãos à frente. — Muito bem, então. O que a carta de Marceline diria sobre você, caso ela a tivesse escrito?
Respirei fundo.
— Ela diria que sei de cor as primeiras noventa conexões por simpatia. Que domino destilação dupla, titulação, calcificação, sublimação e soluções de precipitados. Que sou versado em história, argumentação, diferentes gramáticas, medicina e geometria.
O Reitor lutou para não deixar transparecer um sorriso de divertimento.
— É uma lista impressionante. Tem certeza de que não esqueceu nada?
Pensei por um momento.
— Ela provavelmente mencionaria minha idade, senhor.
— Quantos anos você tem, garoto?
— Meu nome é Vanitas, senhor.
— Vanitas. — Um sorriso quase imperceptível surgiu em seu rosto.
— Farei catorze, senhor.
"Isso sem contar minha vida anterior", pensei.
Um murmúrio leve percorreu o ambiente enquanto os professores trocavam discretos gestos e olhares; alguns levantaram as sobrancelhas, outros reviraram os olhos. Hilme, particularmente, revirou os seus com visível desgosto. Apenas o Reitor permaneceu imóvel, inabalável.
— E de que maneira, exatamente, ela mencionaria a sua idade? — indagou o Reitor.
Esbocei um sorriso sutil.
— Ela insistiria que os senhores a ignorassem.
Um silêncio quase palpável tomou conta da sala. O Reitor respirou fundo, recostando-se na cadeira com um ar contemplativo.
— Muito bem. Temos algumas perguntas para você.
Dessa forma, o verdadeiro teste havia começado.