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Chapter 43 - XLII. ADMISSÃO PT.1

Duas horas depois, cheguei a Conclave, sentindo a acidez no estômago enquanto subia ao palco de um teatro vazio.

A sala estava imersa na escuridão, exceto por um amplo círculo de luz que iluminava a mesa dos professores. Caminhei até a borda daquela luz e esperei. Aos poucos, os nove professores interromperam suas conversas e voltaram-se para mim.

Eles estavam sentados diante de uma imponente mesa em forma de meia-lua, elevada o suficiente para que, mesmo sentados, me olhassem de cima. Eram homens de aparência austera, suas idades variando do maduro ao avançado.

Um silêncio prolongado se instalou até que o homem no centro — presumivelmente o Reitor — fez um gesto para que eu me aproximasse.

— Venha até onde eu possa vê-lo melhor. Assim está bom. Olá. Qual é o seu nome, garoto?

— Vanitas, senhor.

— E por que está aqui?

Encarei-o diretamente.

— Quero frequentar a Academia. Quero me tornar um arcanista.

Olhei para cada um deles. Alguns pareceram achar minha resposta divertida. Nenhum, no entanto, demonstrou surpresa.

— Você está ciente — disse o Reitor — de que a Academia é para a continuação dos estudos, não para o início deles, correto?

— Sim, senhor Reitor. Eu sei.

— Muito bem. Posso ver sua carta de apresentação?

Não hesitei.

— Receio não tê-la, senhor. Ela é absolutamente necessária?

— É comum haver um patrono — ele explicou —, preferencialmente um arcanista. A carta dele nos informa sobre seu conhecimento, suas áreas de excelência e suas fraquezas.

— A arcanista com quem estudei se chama Marceline, senhor. Mas ela nunca me deu uma carta de apresentação. Posso recitar o que ela diria, se desejar.

O Reitor meneou a cabeça, sério.

— Infelizmente, não temos como saber se você realmente estudou com uma arcanista sem algum tipo de comprovação. Tem algo que possa corroborar sua história? Alguma correspondência, talvez?

— Ela me deu um livro antes de nos separarmos, senhor. Dedicou-o a mim e assinou com seu nome.

O Reitor sorriu, com um ar leve.

— Isso parece apropriado. O livro está com você?

— Não — respondi, deixando a amargura transparecer em minha voz. — Tive que penhorá-lo em Notrean.

À esquerda do Reitor, Mestre Hilme, o Retórico-Mor, fez um som de desgosto ao ouvir meu comentário, o que lhe rendeu um olhar irritado do Reitor.

— Vamos, Azir — disse Hilme, batendo a mão na mesa. — É óbvio que o garoto está mentindo. Tenho assuntos mais importantes a tratar esta tarde.

O Reitor lançou-lhe um olhar severo.

— Não lhe dei permissão para falar, Mestre Hilme — disse, mantendo os olhos fixos nos dele até que Hilme desviasse o olhar, carrancudo.

O Reitor voltou a me encarar, mas então notou um movimento de um dos outros professores.

— Sim, Mestre Loran?

O professor alto e magro me examinou com uma expressão impassível.

— Qual é o nome do livro?

— Crítica e Retórica, senhor.

— E onde você o penhorou?

— Na livraria Restauração, na Praça Praieira.

Loran virou-se para o Reitor e disse:

— Partirei amanhã para Notrean a fim de buscar materiais para o próximo período letivo. Se o livro estiver lá, trarei de volta. Isso poderá esclarecer a questão.

O Reitor acenou levemente com a cabeça.

— Obrigado, Mestre Loran — disse ele, recostando-se na cadeira e cruzando as mãos à frente. — Muito bem, então. O que a carta de Marceline diria sobre você, caso ela a tivesse escrito?

Respirei fundo.

— Ela diria que sei de cor as primeiras noventa conexões por simpatia. Que domino destilação dupla, titulação, calcificação, sublimação e soluções de precipitados. Que sou versado em história, argumentação, diferentes gramáticas, medicina e geometria.

O Reitor lutou para não deixar transparecer um sorriso de divertimento.

— É uma lista impressionante. Tem certeza de que não esqueceu nada?

Pensei por um momento.

— Ela provavelmente mencionaria minha idade, senhor.

— Quantos anos você tem, garoto?

— Meu nome é Vanitas, senhor.

— Vanitas. — Um sorriso quase imperceptível surgiu em seu rosto.

— Farei catorze, senhor.

"Isso sem contar minha vida anterior", pensei.

Um murmúrio leve percorreu o ambiente enquanto os professores trocavam discretos gestos e olhares; alguns levantaram as sobrancelhas, outros reviraram os olhos. Hilme, particularmente, revirou os seus com visível desgosto. Apenas o Reitor permaneceu imóvel, inabalável.

— E de que maneira, exatamente, ela mencionaria a sua idade? — indagou o Reitor.

Esbocei um sorriso sutil.

— Ela insistiria que os senhores a ignorassem.

Um silêncio quase palpável tomou conta da sala. O Reitor respirou fundo, recostando-se na cadeira com um ar contemplativo.

— Muito bem. Temos algumas perguntas para você.

Dessa forma, o verdadeiro teste havia começado.