As ruas estavam todas iluminadas, mas as fontes já não estavam totalmente intactas, pois nesta região nada ficava intocado por tempo suficiente. Em cada viela pareciam que olhos observavam, esperando para abater. Neste lugar um homem encapuzado intitulado Rodrick caminhava olhando para suas costas, com ansiedade.
O distrito a sua frente se abriu em pequenas vielas cada vez mais curtas, alguns maltrapilhos pediam por moedas ou o que fosse necessário, mulheres desesperadas por algo para comer ofereciam mais que palavras, mas o homem mantinha seu rosto firme e endireitado.
Mais alguns passos e pode ver então as características luzes, o avermelhado atingindo parte de seu rosto. As vielas deram espaço para uma grande praça principal, ele então retirou seu capuz, não possuia nenhuma capa sobre o ombro, pois um membro da Casa das Cobras não a usa.
Caminhou pelas ruas até um dos maiores estabelecimentos, na porta algumas mulheres, estas com roupas de seda fina de um lilás profundo reaçando seus olhos, maquiagem em seus rostos as tornavam desejáveis a todos homens ou mulheres.
"Olá meu querido, não deseja uma noite que nunca irá esquecer" disse a primeira mulher mordendo os lábios, mas o homem intitulado Rodrick apenas a ignorou dizendo "Leve-me ao seu senhor, ele está a minha espera"
"Ele pode esperar, não deseja me possuir, ou a nós três?" disse a segunda mulher tocando em seus ombros, a terceira a acompanhou, empregnando em seu casaco um doce cheiro de cerejas "Não as desejo, levem-me a ele e me darei por satisfeito"
"É claro meu senhor, mas não se arrependa depois" terminou dizendo a primeira mulher cujo nome era Cristal, ela bateu na grande porta negra do estabelecimento "Temos um convidado, e ele deseja ver o mestre"
Antes de ser ver o interior, o perfume de rosas tomou conta das narinas do homem intitulado Rodrick, este por sua vez começou a caminhar em direção ao interior.
O estabelecimento estava repleto de lamparinas engatadas nas paredes, o local em si para o homem é profano, mulheres e homens sem escrúpulos, intoxicados pela lúxuria e extasê. Mulheres vieram em sua direção o tocando nos braços fortes, em suas partes mais baixas, seus olhos brilhando de forma não-natural.
"Senhor Rodrick, vejo que chegou a tempo, meu mestre está ocupado no momento, deseja beber algo?" Rodrick apenas a olhou, a mulher apontando para a direção de um peuqueno bar "Nada desejo, apenas conversar com o homem"
"Mas ele não está preparado para o senhor, afinal há outros afazeres neste momento, por favor, me siga" o homem aceitou com relutância, olhando oara as escadas de mármore que levavam ao andar superior.
O estabelecimento apelidado de Donzela d'água tinha dois andares e diversos quartos, em seu centro ficava a grande praça dos cem, onde homens e mulheres se desfrutavam sem pudor ou cortinas, os homens despojavam suas virilidades, alguns acabavam se tomando de tantos prazeres que se tornavam ousados. Ao lado após uma porta que isolava os barulhos da sala principal, um bar estava posta.
Um homem atrás da bancada servia outras pessoas, estas com máscaras em seus rostos, desfrutando de coloridas e refrescantes bebidas e de beijos apaixonados. O homem intitulado Rodrick desviou o olhar, se sentando ao lado da mulher que o guiava, ela portava um colete de couro negro, sua roupa de seda branca, sua calça longa e esura, o rosto belo, pálido e sem maquiagem, os olhos azúis como safira.
"Enquanto aguardamos meu mestre, experimente um de nossas bebidas, prometo que irão lhe dar um estímulo" a mulher disse o olhando com calma
"Não desejo seus afrodisíacos, não estou aqui para prazeres" o homem retrucou com seu rosto duro. "Certamente, afinal tem sua esposa esperando em sua cama, talvez até se aquecendo sozinha"
O homem intitulado Rodrick se estremeceu, não esperava terem conhecimento de sua vida, poucos conheciam os membros da Casa das Cobras, mesmo que não usassem suas capas, poucos eram corajosos para descobrirem sobre os assassinos das sombras.
"Surpreso?" a mulher perguntou o observando
"Não, apenas aprecio a coragem de seu mestre" respondeu o homem com ambas as mãos sobre a mesa, um atendente trouxe a mulher um refresco de cor azulada "Mas o que ele deseja comigo, poderia apenas ter se encontrado com meus companheiros"
"Meu mestre gosta de toques mais pessoais, afinal qualquer homem que apareça para os mestres da sombras está disposto a ser o centro das atenções entre as demais Casas" a mulher bebericou sua bebida, deixando a marca do batom na taça, ela continuava a olhá-lo.
"Diga-me, sabe meu nome moça?" perguntou o homem intitulado Rodrick enquanto bebia da taça.
"É claro que não, meu mestre apenas nos informa o necessário, mas me diga, porque aceitar o encontro se não o desejava" a mulher indagou já sabendo da respota do homem, ele terminou a bebida antes de responder.
"Seu mestre é alguém bem valioso, e ao completar ele terá uma dívida para comigo, algo que posso usar quando julgar necessário" o homem intitulado Rodrick terminou, a mulher apenas o observou olhando no fundo de seus olhos.
Por fim a porta se abriu enquanto eles se entreolhavam, da sala principal além dos sons intermináveis, um homem com apenas uma calça repleta de brilhantes saiu, olhou para a mulher e disse. "O mestre estará aguardando nosso senhor em sua sala"
"Explendido, eu lhe mostrarei o caminho, e Charles, o casal ali espera por sua companhia"
"É claro minha senhora, uma boa reunião para os senhores"
O homem intitulado Rodrick seguiu a mulher escada acima, novamente passando pelo salão principal, os convidados agora o observavam melhor, o homem sentia sua visão ficar levemente turva. Tentava manter os olhos fixos na mulher a sua frente, mas as outras ao seu redor o atraiam, vestidas de formas vulgares, com seios e vergonhas a mostra, algumas cobertas por colares, outras perfumadas com frutas, flores.
Mulheres deitadas ao chão, enquanto homens as davam prazer, seus gemidos agora penetravam seus ouvidos, o homem sentia algo em suas calças, desejou se controlar e lembrou da bebida, mas não soube o porque de tê-la bebido, nem o que o forçara.
"Não tente lutar contra, o senhor foi intoxicado no momento em que adentrou este local" a mulher lhe disse enquanto o guiava pela escada. "Afinal assim eles aproveitam mais, e quanto mais aproveitarem, melhor para meu mestre"
"Me trouxe a uma armadilha" o homem intitulado Rodrick disse tentando alcançar seu pequeno punhal.
"Meu senhor, não há necessidade para tais objetos, se desejássemos sua morte, garanto que já a teria" a mulher o alertou, o homem então deixou de tocar em sua arma.
As escadas sobre seus pés brilhavam em seu olhar, a droga seja o que fosse parecia aumentar seus sentidos, um afrodisíaco, o estimulava a ter desejos que antes não tinha por ninguém a não ser sua esposa. Aquele local fora construído para tal, assim como a Casa das Luas, criada pelo imperador para que a prostituição pudesse ser oficial na capital.
Uma porta então se pôs diante do homem, coberta por um tecido vermelho, a mulher parou diante da porta enquanto o homem a aguardou, tentando resistir as tentações da carne. A mulher pareceu provocá-lo enquanto andava vulgarmente até as maçanetas.
Mas ao abrir a porta todos seus pensamentos se dissiparam, o homem então voltou ao seu consciente, transtornado pelo que acontecera apenas olhou novamente para a mulher, ela retocava seu batom.
"Então foi assim" ele disse olhando para o instrumento na mão da moça.
"Um homem esperto, entendo o porque de ter sido escolhido, agora irei me retirar, se desejar algo mais, sabe onde me encontrar" e deixou o local descendo novamente as escadas para o salão.
A sala do mestre era ampla, com uma grande mesa de carvalho polido a sua frente, uma pequena mesinha de vidro continha diversas bebidas engarrafadas, as paredes cobertas por cortinas de seda vermelhas continham as três luas da Casa. Um homem estava parado diante de algumas cortinas, o homem intitulado Rodrick se aproximou fazendo uma reverência com gracejo.
"Quieto, apenas escute" disse o mestre com uma voz calma como neve caindo, ele então fez um gesto para que o homem intitulado Rodrick se aproximasse, e assim o fez.
"O que ouve?" o homem intitulado Rodrick ouviu apenas gemidos, altos, na sala ao lado uma mulher de longos cabelos ruivos e uma máscara de corvo dava prazer há um homem de pele cor de bronze, ele com uma máscara de lobo.
"Apenas sons de prazer" o homem intitulado Rodrick respondeu.
"Não, não é apenas isso, há mais no sexo que apenas prazer, a paixão, desejo, estes são os motivos para virem a este estabelecimento"
"Entende bastante sobre sexo não?" disse o homem intitulado Rodrick.
"Mas é claro, afinal esta é a razão de viver, entenda meu caro, todos nascemos para foder, procriar, continuar nossa linhagem e eles farão o mesmo, se não fosse por isso, nada existiria."
"Se o senhor diz, mas não é este motivo para eu estar aqui" o homem intitulado Rodrick caminhou até uma das cadeiras, enquanto o mestre lhe serviu um copo de vinho de cidra.
"Bom, devo dizer que vocês são complicados de se conversar, afinal não esperaria nada mais dos espiões imperiais, mas diga-me Rodrick, acho que devo chamá-lo assim, porque aceitou conversar comigo" disse o mestre colocando suas mãos sobre a mesa. Ele retirou um pequeno caximbo, colocando algumas ervas ele o tragou antes de ser respondido.
"Suas ofertas são generosas no mínimo, mas devo dizer, minha Casa não deve saber sobre nosso negócio" avisou o homem intitulado Rodrick.
"Mas é claro, bom, antes tenho de lhe contar uma história, quando eu era pequeno vivia por estas mesmas ruas, vendo todo tipo de maltrapilhos, violadores, ladrões, todos buscando o pouco de fama e ouro que lhes era possível arranjar, mas com o tempo, quando o império fora consolidado, todos foram enforcados aos poucos, minha mãe uma delas, pega vendendo seu corpo em troca de migalhas de pão para mim e minha irmã"
"Vamos direto ao ponto podemos?" disse impaciente o homem intitulado Rodrick, mas o mestre o interrompeu erguendo sua mão e colocando o cachimbo sobre a mesa.
"Não posso pular , é importante. Continuando, a partir deste momento decidi por fazer algo para minha família. Comecei pequeno, primeiro com alguns assaltos há nobres bêbados, depois mais ousado, roubando carruagens de comerciantes e vendendo seus produtos por preços mais baixos, colecionei alguns cortes, arranhões, quase perdi meus membros, mas isso apenas me ensinou a não parar, e agora estou aqui, mestre de um estabelecimento de prazer, o melhor de toda Delemont, e aqui está você, e aqui está seu trabalho, eu desejo mais do que tenho aqui, eu vim do nada e ganhei poder ecônomico, o que necessito agora então?" disse o mestre olhando para seu contratado.
"Poder político" respondeu o homem intitulado Rodrick.
"Homem esperto, e necessito do senhor para tal, seu primeiro trabalho será algo relativamente simples, efetue-o e terá parte do pagamento, então receberá o próximo passo, temos um acordo?" perguntou o mestre apontando para o homem a sua frente.
"E o que necessitarei realizar?" indagou o homem intitulado Rodrick
"Simples, preciso que assassine um rei"
O hoeme o olhou surpreso, acreditava ser uma piada, mas o mestre o olhou com o resto sério e sereno, então percebeu que se tratava de um pedido verdadeiro, ele então apertou sua mão aceitando o contrato.
"Aguardo por grandes notícias" terminou o mestre.
Antes que se desse conta estava na rua da praça principal de Delemont, pessoas andavam a sua volta, o observando com olhos atentos e duvidosos, então virarvam os olhares, o homem apenas vestiu seu capuz e partiu em retorno a sua casa, pois no dia seguinte deveria começar seu planejamento.
Matar um rei, as palavras ainda soavam estranhas em sua boca, um gosto amargo era deixando, então um sorrivo perverso se abria, não importava o alvo, seria feito, afinal necessitava da dívida de um homem poderoso como o grande Theodor Moore.