Everly chegou de volta à mansão, e no momento em que entrou, encontrou Valerio sentado no sofá da sala de estar com a cabeça apoiada para trás.
"Sir Avalanzo..." Ela chamou e Valerio levantou a cabeça.
"Onde você foi?" Ele perguntou em tom neutro.
"Um… Fui resolver uma coisa urgent-"
"Neemias me disse isso. Eu estou perguntando onde você foi especificamente." Seus olhos preguiçosos fixaram-se na direção de onde ele podia ouvir a voz dela.
"Ah…um… Eu só fui buscar meu resultado de exame no hospital." Ela respondeu.
"Você está doente ou algo assim?" Como se estivesse preocupado, Valerio perguntou em um tom ligeiramente preocupado.
"Não…não exatamente." Everly balançou a cabeça enquanto caminhava para se sentar no sofá oposto ao dele. "Meu corpo tem agido muito estranhamente por um mês agora, então eu queria descobrir qual é o problema, mas, por mais decepcionante que seja, deu tudo negativo. Então eu ainda estou sem pistas." Ela explicou.
"Entendo." Valerio se levantou do sofá e estendeu a mão para ela. "Eu gostaria do meu banho agora." Ele falou com ela.
Everly assentiu e segurou sua mão, mas antes de poderem dar um passo à frente, Valerio parou e virou a cabeça para olhá-la com uma expressão de preocupação entre as sobrancelhas.
"Você está machucada?" Ele perguntou com um pouco de apreensão em seus olhos.
Everly olhou para ele, confusa, e balançou a cabeça devagar.
"Não… Por quê?" Ela perguntou.
"Você exala cheiro de sangue." Ele respondeu.
"Ye! O-quê você quer dizer?" Extremamente confusa, Everly piscou para ele rapidamente.
"Você é surda? Eu disse que você cheira a sangue." Agora realmente irritado, Valerio franzia a testa para ela.
"M-mas eu não estou machucada ou nada." Ela balançou a cabeça para ele.
"Mesmo? Então isso significa que você está naqueles dias do mês?" Ele perguntou casualmente, e Everly piscou para ele rapidamente.
"Não… Eu não estou. Por que você perguntou isso tão casualmente?" Ela perguntou, sabendo muito bem como os homens reagem a tal coisa.
Valerio arqueou a sobrancelha para ela e a olhou incrédulo. "E por que eu não deveria? Eu deveria ficar enojado ou o quê?" Ele questionou.
"Bem, não exatamente. Mais ou menos—bem, eu não sei." Everly gaguejou.
"Você é inacreditável!" Valerio a repreendeu. "Você se importa de tomar um banho primeiro antes que eu faça? Eu estou tentando evitar algo." Ele perguntou e, embora atônita, Everly assentiu.
"Ok, se é isso que você quer."
Ela deu de ombros e o levou para o quarto dele no andar de cima.
Ela voltou para o dela e entrou no banheiro.
Ela começou a tirar a roupa, mas foi então que descobriu que seu casaco estava manchado de sangue.
"Merda!" Ela xingou, percebendo com certeza que estava sujo desde o ocorrido mais cedo.
Mas espera aí...
Voltando à parte em que Valerio disse que ela cheira a sangue; como ele sabe disso?
Ele tem um faro para sangue ou algo assim? porque nem ela, que tinha o sangue no próprio corpo, conseguiu cheirá-lo.
Não é nem o seu próprio sangue!
Ok, pode parecer loucura, mas às vezes ela não consegue deixar de se perguntar sobre muitas coisas.
Há apenas muitas coisas estranhas sobre Valerio que ela não consegue entender.
Por exemplo, como exatamente ele consegue ouvir os pensamentos dela? Além disso, às vezes ele se move mais rápido do que um humano normal deveria.
Ela lembra do dia em que brigaram; ele tinha chegado antes dela num piscar de olhos.
Para ser honesta, ela sentiu como se sua alma tivesse fugido do corpo, porque aquilo era algo que ela nunca tinha visto antes.
Um suspiro profundo saiu de seu nariz, e uma curiosidade intensa a dominou.
Bem, ela pode muito bem descobrir hoje.
Seus lábios se curvaram em um sorriso, e ela tomou seu banho.
Vestiu-se com calças de moletom casuais e uma blusa, e depois penteou o cabelo.
Ela caminhou em direção ao quarto de Valerio e bateu duas vezes levemente na porta.
Valerio deu a ela permissão, e ela entrou para vê-lo deitado na cama, com o cabelo espalhado por toda parte e os olhos fixos no teto como se pudesse ver algo.
"Sir Avalanzo-"
"Você fala demais." Valerio falou com ela antes de ela terminar a frase. "Mas não se preocupe, eu não me importo; estou acostumado agora." Ele completou.
"Sir Avalanzo…"
"Você sabe, eu estava pensando em comprar tampões de ouvido, mas então de novo, já me acostumei com sua vozinha estridente. Então, está tudo bem." Ele deu de ombros.
Everly o encarou e, sem conseguir se conter, explodiu em risadas com as mãos agarrando a barriga, deixando Valerio completamente confuso.
"Por que... você está rindo? Você acha engraçado? Eu estou falando sério, caso você pense que estou brincando." Ele a repreendeu.
"Eu sei. Eu sei que você está falando sério, hahahaha, mas eu simplesmente não consigo—eu simplesmente não consigo hahahaha me conter." Everly selou os lábios, tentando se controlar.
Valerio olhou para ela preguiçosamente. "Então, por que está rindo? Eu pareço engraçado para você? Tem alguma coisa no meu rosto?" Ele perguntou, um pouco cauteloso.
"Não! É que, já que minha voz é tão fina, para que você precisa de tampões de ouvido? A função da sua audição é tão ruim assim?" Ela perguntou com um sorriso zombeteiro nos lábios.
"Você—" Valerio piscou furiosamente, sem acreditar no que acabara de ouvir ela dizer. "Você acabou de me insultar indiretamente?" Ele perguntou.
"Sim. Quer dizer, estou aprendendo com você. Não sou uma boa aluna?" Ela perguntou enquanto começava a caminhar em direção a ele.
"Eu nunca te ensinei nada! O que exatamente você está insinuando, mulher?" Ele perguntou e Everly riu baixinho.
"Bem, você não me ensinou diretamente, mas indiretamente." Lembra quando você me chamou de ave sem cérebro?" Ela arqueou a sobrancelha enquanto começava a desabotoar a camisa dele.
"Bem, você estava sendo sem cérebro naquele dia! Quero dizer, quem diabos faz chá verde daquele jeito? Qualidade tão ruim!" Valerio fez um clique com a língua para ela.
"Bem, você estava sendo burro nesse caso também! Porque quem iria querer comprar tampões de ouvido quando o que ouvem nem é alto? Isso faz sentido para você?" Ela zombou enquanto tirava a camisa dele.
Uma leve carranca apareceu no rosto de Valerio e ele abriu a boca para falar. "Você sabe que... deveria ter sido galinha sem cérebro porque sinceramente, te chamar de ave sem cérebro é um baita elogio." Ele estreitou os olhos para ela, e o queixo de Everly caiu.
"O-quê você quer dizer com isso?" Ela perguntou.
"Veja bem, aves têm mais cérebro comparado a uma galinha. GALINHAS não fazem nada além de correr por aí e grasnar até seus ouvidos sangrarem. O que te descreve perfeitamente!" Ele deu de ombros.
"Você! Galinhas nem grasnam!" Everly o encarou irritada.
"Tanto faz, não me importo. Só não pense nunca que você pode ganhar algo que eu comecei." Valerio a repreendeu.
"Bem, pelo menos você sabe que começou." Ela fez beicinho e caminhou com ele para o banheiro.
Ela encheu a banheira e se virou para ele.
"Posso lavar o cabelo para você?" Ela perguntou de repente.