Pelos próximos dias, Edart focou seu esforço em montar uma base, onde ele poderia dormir tranquilamente, longe do vento frio da noite, estar sobre um teto para que a chuva não o incomode e protegido contra outros animais ou monstros que poderiam atingi-lo.
O abrigo que ele criou foi algo simples, usando seu controle sobre mana. Escolhendo um lugar mais alto, onde a água dificilmente iria se acumular, Edart começou criando um buraco no chão, com a forma de elipse. Tinha o tamanho de 2 metros de comprimento por 1,5 metros de largura, com a profundidade de 1 metro.
Encostado em uma das paredes, ele criou uma elevação de 30 centímetros, que seria sua cama, tendo 80 centímetros de largura. Na outra parede, ele criou pequenos espaços que serviriam como estante para guardar suas coisas.
Para proteger-se da chuva, Edart manipulou a terra e criou uma cúpula elíptica em cima de seu abrigo. Criar isso levou algumas tentativas. No início, sempre que estava prestes a terminar, a cúpula não suportava seu peso e desabava.
Para resolver esse problema, Edart começou a injetar sua mana junto à terra, o que deixou a terra mais compactada e resistente, assim a cúpula suportou seu peso e não desabou mais. Vendo esse efeito, Edart fez toda a terra de seu abrigo ser mais resistente e compacta, assim ele esperava que seu abrigo resistisse mais e evitasse que a água se acumulasse nele.
Para evitar que a água entrasse quando chover, ele criou um valo ao redor do abrigo, para captar essa água e direcionar para outro lugar.
Ele também criou pequenas janelas na parte mais perto do solo, onde a parede da cúpula era mais vertical. Esse local foi escolhido por ser mais fácil de evitar que a água entrasse.
Por fora, em cada janela na parte de cima e nas laterais, ele criou uma canaleta, a fim de não deixar a água escorrer para dentro.
Para fechar essas janelas, ele criou algumas pranchas de madeira com mana, que eram seguradas por pequenos L que estavam em cada lado da janela, menos em cima, que era por onde ele colocaria a prancha de madeira. A porta também seguia os mesmos princípios, no entanto, ele teve que criar um pequeno quadrado que se estendia da cúpula para servir de entrada e a porta era inclinada em um ângulo de 45 graus.
Tudo isso não poderia ser criado em apenas um dia, pois sua mana não conseguia acompanhar todo esse gasto. Enquanto sua mana era recuperada, Edart realizou outros trabalhos como:
Criou um espaço para uma fogueira, embora não tenha fogo, ele já deixou a madeira preparada para quando conseguir.
Trabalhou no pomar de maçãs, limpando as árvores de ervas daninhas e matos que cresceram pelo chão. Era importante eliminar essas plantas para que não houvesse concorrentes pelos nutrientes do solo. Assim, as macieiras poderiam produzir mais e frutas maiores.
Um dia, Edart injetou um pouco de sua mana em uma das macieiras, ele queria ver se isso podia auxiliar a planta, como se fosse um adubo artificial. Ele não tinha muitas esperanças que funcionavam, só restava esperar e ver se daria frutos.
Além disso, Edart preparou e criou outras coisas. Perto do riacho, ele achou uma planta que tinha folhas grandes com mais de 30 centímetros de largura e comprimento. Além de serem grandes, também eram resistentes, embora não muito, ainda precisaria de algum esforço para rompê-las.
Como isso em mãos, Edart pegou mais algodão com a ideia de criar linha. Com as folhas e a linha em mãos, ele improvisou uma agulha de madeira e começou a costurar. Depois de muitas tentativas fracassadas, finalmente uma pequena bolsa estava parada à sua frente.
— ["Nome: Bolsa de Folhas."]
— ["Descrição: Uma pequena bolsa frágil feita de folhas, sua capacidade não passa de um cubo com aresta de 15 cm e não deve carregar muito peso, ou ela pode acabar ficando pelo caminho."]
Embora não carregasse muita coisa, suas 'Bola de Vida', os núcleos de slimes, ervas e pétalas de flores e as amorrinhas seriam leves o suficiente para serem guardadas na bolsa.
Edart aproveitou e criou uma corda de algodão maior e mais grossa para servir como alça da bolsa, assim pode prender na cintura sem problemas. Ele também injetou um pouco de mana na bolsa para fortalecer a folha, fazendo a bolsa durar mais tempo.
Aproveitando essas folhas grandes, Edart pegou folhas menores que estavam secas, espalhou em sua cama de terra compactada e por fim colocou as folhas maiores para cobri-las. Não era nenhuma cama 5 estrelas, mas era muito melhor do que dormir no chão duro ou em cima de uma árvore.
Por fim, conforme sobrava tempo, ele faz algumas laças, elas eram boas contra slimes, porém depois de alguns usos, elas se quebravam de alguma maneira que era impossível reutilizar, assim ele fez um estoque para as próximas batalhas.
Assim, cinco dias se passaram em um piscar de olhos.
…
Esses últimos dias foram cansativos de uma maneira diferente de lutar contra slime, manipular a mana para criar coisas do nada não era uma tarefa fácil, exigindo muito esforço mental de Edart.
Contudo, ele foi recompensado com 4 níveis em 'Manipulação de mana' que chegou ao nível 5. Embora tenha evoluído bastante, a dificuldade de manipular a mana não diminui muito. Isso mostrava o quão difícil era trabalhar com a mana diretamente. Isso apenas deixou Edart com mais vontade de melhorar essa habilidade, infelizmente sua quantidade de mana o limitava na prática.
Ele aprendeu que usar sua mana para manipular a mana do ambiente facilitava muito no processo, mas também significava que sua mana era consumida. Então só restava praticar pouco a pouco a cada dia.
Duas outras habilidades também evoluíram, sendo que 'Gambiara' ganhou dois níveis e 'Identificar' chegou ao nível 10, rendendo mais 3 pontos em percepção para ele. No dia anterior, ele conseguiu aumentar seu nível, que também chegou a 10.
Ele não ganhou nada de diferente além dos dois pontos de atributos, que ele alocou em resistência, fazendo seu vigor chegar a 40.
Hoje fazia duas semanas que Edart não via outro ser vivo que pudesse falar com ele, isso deixou um sentimento estranho nele e a vontade de encontrar civilização aumentou.
Tendo finalizado seu acampamento, ele reuniu comida, algumas 'Super Bola de Vida', seu porrete, duas lanças e sua bolsa de folhas.
Edart conseguia viver por um tempo com os recursos que tinha em volta de seu acampamento, não corria o risco de morrer de fome, sede ou frio à noite, ele decidiu que era hora de explorar mais longe de sua base e ver se encontrava alguma coisa boa.
— "Já faz duas semanas que estou nesse mundo. Está na hora de achar pessoas." Edart disse cheio de animação.
Com tudo pronto, ele partiu em direção à 'Planície Gosmenta' onde havia o riacho que corria entre a divisa da planície e a floresta. O céu acabara de clarear, ele tinha um dia inteiro para explorar.
O riacho corria de leste para oeste, sendo que a sudeste havia o pomar e não tinha sinais de pessoas. Edart decidiu seguir o curso do riacho. Ele andou no riacho, pois a profundidade não chegava ao seu joelho e a maioria das vezes estava abaixo da canela. O fundo também era relativamente plano, cheio de pequenas pedras, propício para ele caminhar lá.
Ele andou pelo riacho por algum tempo, ao seu lado direito estava a floresta e à esquerda a planície cheia de slime. Edart não sabia por que, mas os slimes não se aproximavam do riacho, isso o intrigou por um tempo, no entanto, esse fato o ajudou avançar rapidamente, assim ele não se importou muito com isso.
O tempo passou e sem perceber, ele andou 5 km. O pequeno riacho contornou toda a planície, até que entrou na floresta novamente. Edart agradeceu por esse riacho não cruzar a planície, ou ele teria que lutar para avançar, o que atrasaria muito ele e ficaria perigoso se ele adentrasse muito na planície.
Ele também esperava que esse riacho se encontrasse com um rio maior, mas isso não aconteceu.
Quando o riacho entrou na floresta, ainda não era meio-dia, tendo um pouco de tempo, Edart avançou, mas com mais cuidado.
…
O tempo passou e o Sol chegou ao seu ápice. Edart parou e comeu.
Já estava chegando o momento de voltar, se ele avançasse muito mais, quando fosse voltar, poderia ficar escuro o que seria perigoso.
Mesmo assim, ele decidiu avançar por mais um tempo, havia algo no ar, algum cheiro familiar, que ele não se lembrava exatamente o que era, ele tinha uma ideado do que poderia ser, mas precisava verificar para ter certeza.
Mais uma hora passou, o cheiro aumentou. Ele continuou seguindo o riacho e logo a floresta sumiu.
O riacho continuava por mais algumas dezenas de metros, onde se unia com um corpo de água maior.
Vendo isso, Edart ficou com uma confusão de sentimentos dentro de si. Como ele queria, o pequeno riacho se uniu com um corpo maior de água, mas não era exatamente o que ele esperava.
Diante de seus olhos, havia uma praia de arreia branca que se estendia por uns 50 metros. Logo depois, ondas quebravam na areia branca. Depois disso, um estreito de água se estendia por uma longa distância. Edart estimou que era por volta de 1 km.
Depois disso, havia outra praia e outra floresta.
Edart se aproximou e foi com cuidado até o final da praia, ele chegou até onde as ondas se quebravam e sentiu a água passar pelos seus pés. Depois de um tempo ele abaixou e passou a mão na água, após isso, experimentou um pouco.
Assim que ele fez isso, um gosto salgado preencheu sua boca. Como ele pensava, isso era provavelmente um mar e o cheiro que ele sentiu antes no ar, era o sal do mar.
Edart olhou para os dois lados da praia, e ela se estendia por uma longa distância que seus olhos não podiam ver o final. Ele olhou para a terra em sua frente tentando descobrir qual era uma ilha. Ele não tinha certeza se alguma era, mas havia uma sensação incomodando-o, dizendo que uma das porções de terra era uma ilha.
Não tendo opções, ele virou-se para o norte e começou a correr, tentado chegar ao final de uma das praias.
Quarenta minutos depois, a praia onde ele estava começou a fazer uma curva para o leste, e ele conseguiu ver mais água a cada momento. Logo ele parou e olhou para o outro lado do estreito, lá ele pode ver a praia continuar reto, sem mostrar nenhum indício que pararia.
Tudo levava a crer que ele estava em uma ilha e pelos sinais de abandono no pomar, seria muito difícil ele encontrar pessoas aqui. Se ele quisesse encontrar alguém, ele teria que sair dessa ilha, o que parecia impossível.
Embora Edart soubesse nadar, ele não arriscaria entrar nesse mar, sabe-se lá o que estava esperando ele entrar para comê-lo, assim ele pediu uma segunda opinião.
— "Éris, o que você acha, podemos cruzar esse estreito com segurança nadando?"
— "Eu não recomendo, conforme você corria, eu pude ver grandes pontos de mana, não sei dizer o que era, mas seria bom ter algum cuidado, seria melhor se você atravessasse de barco."]
Como Éris ficava de olho a sua volta o tempo todo com percepção de mana, ela conseguia perceber coisas que ele não via.
Escutando o que ela disse, Edart pensou. 'Não temos um barco, porem fazer uma jangada talvez seja possível.'
Não tendo muito o que fazer aqui e com muitas coisas em que pensar, Edart falou.
— "Vamos resolver isso outra hora, está ficando tarde, temos que voltar."
Edart não perdeu tempo e refez seu trajeto, voltando para sua base.
Ele esperava encontrar um rio que pudesse seguir e chegar a um vilarejo, infelizmente ele descobriu que poderia estar preso em uma ilha, mas não tinha certeza. Decidiu que seria melhor voltar e pensar com calma para achar o melhor caminho a seguir.