Sentado no meio do pomar de maçãs, banhado pela luz do Sol, Edart estava refletindo sobre seus próximos passos. Havia algumas coisas que ele poderia fazer agora, porém ele não conseguiu decidir o que fazer.
Ele estava em dúvida entre ir atrás dos slimes, para tentar conseguir mais alguns níveis, montar um novo acampamento aqui ou explorar a região a leste e ver se realmente estava em uma ilha.
— "O que devo fazer?"
Escutando isso, Éris falou tentando ajudar Edart a decidir.
— ["Os slime não vão a lugar nenhum, todo esse tempo que estivemos aqui eles nunca saíram da planície, podemos ir atrás deles após termos um local para ficar."]
Edart não sabia o motivo, mas os slime pareciam adorar ficar nas planícies e era pouco os casos de slimes entrando na floresta.
— "Só espero ter tempo para isso." Falou baixo, com um pouco de medo ao pensar no urso.
— "Então vamos explorar um pouco e ver se encontramos algum local bom para criar um novo acampamento."
— ["Sim, seria triste mexer nesse local."]
Após trabalhar no pomar, removendo as ervas daninhas e cuidando das macieiras, o local ficou muito bonito e tinha uma bela paisagem para relaxar. Doeria estragar essa visão.
Tendo se decidido, Edart se levantou e preparou para partir. Ele iria para o Leste dessa vez, além do norte para onde foi o urso, essa era a única direção que ele não explorou muito bem.
Pegando seu porrete e partiu para explorar.
…
A floresta da região leste não era muito diferente das outras regiões, as árvores altas predominavam todo o horizonte, mesmo tendo muito espaço entre elas, a visão era bloqueada depois de certa distância.
No chão, os já conhecidos arbustos de amorrinhas vermelhas preenchiam o espaço vazio entre as árvores.
Para não perder o caminho de volta, mesmo com Éris podendo guiá-lo. Edart ia fazendo marcações nas árvores, isso tomou tempo, mas garantiria um caminho de volta.
— "Éris, você viu algum lugar bom para montar acampamento?"
— ["Nada de especial, todos são iguais, podemos simplesmente criar um acampamento perto do pomar."]
Edart estava procurando por um lugar que fosse mais fechado, tendo alguns morros em volta ou que as árvores fossem mais densas. Assim, ele poderia criar um acampamento defensivo, onde fosse fácil defendê-lo se fosse atacado.
O ideal era ter apenas uma entrada, assim não teria que se preocupar em ser atacado por todos os lados.
— "Podemos apenas criar muros de terra, vai levar tempo, mas no final funcionará da mesma maneira."
Ele estava com medo de criar o mesmo abrigo de antes e ser encurralado dentro sem ter como fugir.
Após andar tanto, Edart perdeu a esperança de achar um local bom para seu acampamento, mesmo que achasse, ficaria muito longe da planície e dos slimes. No entanto, ele não voltou imediatamente, continuou em frente tentando achar uma praia, o que confirmaria que estava em uma ilha.
…
O tempo passou e Edart continuou avançando floresta adentro até que mudanças começaram a ocorrer.
— "Essa sensação, você está sentido isso também?"
— ["Não, além da floresta que parece mudar, não vejo ou sinto nada fora do normal."]
— "Eu vejo, deve ser coisa da minha cabeça."
Edart parou para descansar, ele não se sentia cansado de andar, no entanto, nos últimos minutos, uma sensação de opressão começou a afetá-lo. Para entender melhor isso, ele parou e focou nesse sentimento.
Edart não sabia diz o que era, ele não entendia isso, pois nunca sentiu isso antes. Parecia como se algo quisesse afastá-lo e impedir ele de avança pela floresta. Por mais que tentasse entender de onde vinha isso, não encontrou nada que pudesse ser o causador disso.
Não chegando a nenhuma conclusão, começou a avançar novamente, a cada metro que andava, a sensação que sentia aumentava, intrigado com isso ele se esforçou a continuar.
— "Éris, preste muita atenção à nossa volta, tem algo muito estranho por aqui."
— ["Sim, vou prestar atenção, mas o que tem de estranho aqui, não vejo nada de diferente."]
Como ela não tinha um corpo físico parecia não ser afetado por isso ou talvez quem causasse isso não tinha noção que ela estava aqui, Edart não sabia o que era e ficou mais instigado a achar o causador disso.
— "É uma sensação que aumenta conforme avançamos. Essa sensação parece querem me impedir de avançar nessa direção…"
Depois de uma pausa, ele continuou.
— "Se não querem que vamos nessa direção, deve ter algo de valor. Isso pode nos auxiliar nas próximas lutas."
Conforme avançava, mais essa opressão tentava o impedir, contudo, não conseguia para ele.
— ["Entendo. Tome cuidado, se ficar muito perigoso, voltaremos."] Disse Éris com preocupação.
— "Não vou fazer nenhuma loucura, só quero ver o que é isso."
Edart avançou pela floresta, ao mesmo tempo, a sensação aumentava. Tentando o impedir e fazê-lo recuar, por um momento até que funcionou, contudo, quando Edart se sentiu preso, o que o impedia, começou a sumir e não atrapalhou mais, tudo o que restou foi a sensação, dizendo para ele recuar.
Conforme anda pela floresta, as árvores ficam menores e cada vez menos eram vistas. Logo, Edart estava parado na beirada da floresta, com olhos arregalados de surpresa.
Edart esfregou seus olhos várias vezes e olhou novamente para frente, pois não acreditava no que estava vendo.
— "Éris, isso… isso é real. Eu não estou sonhando, não é?"
Por um tempo não houver resposta, o que deixou Edart pensando que isso era um sonho.
— ["Não, você não está sonho, e aquilo está realmente lá"].
Edart soltou um suspiro de alívio e voltou sua atenção à cena na sua frente.
Conforme a floresta terminava, uma campina tomou conta da paisagem. Com uma leve inclinação, o terreno subia até chegar a um pequeno planalto, onde uma pequena cabana estava construída. Olhando além da cabana, uma grande cordilheira se estendia de norte a sul, parecia ser impossível passar por aí.
— "Espero que ainda seja habitável."
Não conseguindo esperar mais, Edart começou a caminhar apressadamente, quase correndo. Quando ele começou a correr, aquela sensação aumentou e o impediu de andar por um momento, resistindo a isso, ele se esforçou e seguiu em frente, logo a sensação sumiu quase por completo.
Logo ele chegou perto da cabana e começou a ver os detalhes da construção. Nesse momento, ele viu um pequeno riacho que vinha de trás, passava pela direita da cabana e seguia em direção à floresta. Esse provavelmente era o mesmo riacho que ele seguiu na noite anterior.
— "Pelo menos tem água por perto" Disse com um sorriso no rosto, ele já estava convencido de tornar essa cabana em sua casa.
Olhando para a ela, ele viu seu formato, sua estrutura maior tinha o formato de L, sendo que a entra casa ficava no topo do L e a base fica para os fundos, na lateral tinha um anexo que era menor e parecia ser construído depois.(Formato da casa. -L ).
Era construído com madeira e pedras, o fundamento da casa era feito de pedras e uma pequena parte da parede tinha uma altura de 80 centímetros.
O telhado também era de pedra, sendo que elas eram pequenos retângulos empilhados uniformemente, como em um telhado de uma casa moderna. No lado oposto do anexo, encostado na parede, havia uma torre de pedra que Edart deduziu ser uma chaminé para um fogão ou forno.
O restante era feito de madeira, das paredes até a porte e janelas, algumas das quais estavam inclinas preste a cair. Parecia haver algumas telhas quebradas também, fora isso, a cabana parecia estar em boas condições.
— "Está melhor do que imaginei, com algum trabalho ficará ótimo."
— ["Tomo cuidado ao entrar, pode haver algum perigo."]
Ao escutar isso, Edart que estava avançando em direção à porta, parou, verificou seu redor. Segurando firme seu porrete, ele foi até a porta. Em frente dela, Edart viu como a porta estava aberta com uma pequena fresta. Sem esperar, levantou seu porrete e forçou a porta a abrir.
Éris já havia verificado o interior e não tinha nenhum sinal de mana. Assim que a porta sofreu sua força, ela começou a cair para trás, as dobradiças que estavam nas últimas não aguentaram e quebraram com sua força.
"Bamm!"
Assim que a porta bateu contra o chão, uma espeça nuvem de fumaça subiu, era tanto pó, que a visibilidade na casa chegou a zero. Vendo isso, Edart se afastou e esperou a poeira baixar.
— "Já deve estar abandonada há algum tempo. Provavelmente o dono daqui era o dono das macieiras."
A poeira não demorou para baixar, assim que foi possível enxergar dentro da cabana, Edart não perdeu tempo e começou a procurar.
Ao entrar, a primeira coisa que ele viu foi uma mesa com quatro cadeiras, três delas estavam junto à mesa, além do pó em cima delas, nada parecia fora do lugar. A última está deitada no chão com uma das pernas quebrada.
Edart não sabia se foi o tempo ou outra coisa que quebrou ela, mas isso não importava.
Contra a parede havia um fogão a lenha com algumas panelas de barro em cima. Ao lado, estava uma bancada de pedra, que provavelmente serviria para preparar a comida. Em baixo havia um armário com as portas inclinadas. Edart sentiu falta de uma pia, contudo ele poderia fazer uma lá depois, por enquanto ele lavaria as louças no riacho.
'É melhor que nada.' Pensou ao olha sua nova cozinha.
Seguindo para o fundo, tinha uma porta à direita que levava ao anexo. Mais para trás, havia outras duas portas, uma na parede do fundo, bem à direita, e outra na parede esquerda. Essas portas devem levar para a base do L.
— "Éris, quer adivinhar o que tem atrás dessas portas?"
— ["Um quarto, um banheiro e um laboratório."] Ela falou sem vacilar.
Edart não sabia porque ela parecia ter tanta certeza, mas se importou.
— "Pode ser dois quartos também em vez de um laboratório."
— ["Quer apostar?"]
Edart sentiu algo estranho nisso, achando melhor não arriscar.
— "Melhor não, só vamos ver quem está certo."
— ["Covarde!"]
— "Você disse alguma coisa" Ele não havia escutado direito, pois ela falou muito baixinho.
— ["Eu disse: continue."] Como ele não tinha certeza do que ela falou antes, ele decidiu por continuar.
A primeira porta aberta foi a do fundo. Esse cômodo era um banheiro, havia uma banheira ao fundo do banheiro e uma estante perto da porta. No chão, perto da banheira, tinha um ralo, que deveria servir para levar a água para fora da casa ao terminar o banho.
Não tinha privada para sua infelicidade, Edart seria obrigado a continuar indo à natureza fazer suas necessidades. Se conseguisse esquentar água, ele poderia tomar um banho quente e relaxar um pouco.
A próxima porta foi a da parede esquerda, que levava à base do L. Ao abrir a porta, uma enorme cama apareceu em sua visão. Havia quatro travesseiros, barcos muito macios, a roupa de cama era branca e muito macia. Edart não aguentou e se jogou na cama.
— "Eu vou ficar aqui para sempre!!"
Na mesma hora ele teve vontade de dormir e quase o fez, deitado na cama aproveitando cada momento, ele olhou em volta. O quarto era muito simples, além da cama, havia duas cômodas, uma em cada lado da cama.
No fundo do quarto, que era o final da perna do L, tinha uma extensão circular feita de vidro com uma cúpula feita também de vidro que dava uma vista de 180 graus de todo o exterior. Isso era tudo no quarto.
— "É simples, mas tem tudo o que um quarto precisa. Mas tem algo estranho aqui."
Levantando, Edart olhou em volta, se aproximou de uma cômoda e passou a mão.
— "Não tem poeira! Como isso é possível? Será que tem alguém morando aqui? Mas, por que limparia apenas esse quarto?"
Éris se adiantou e falou.
— ["Parece haver algum tipo de controle de mana aqui. Eu consegui ver uma fraca mana circulando no quarto. Isso pode ser o responsável por deixar o quarto limpo."]
Ao escutar isso, Edart foi até a cozinha, juntou o pó e foi até a porta do quarto. Sem entrar no quarto, ele jogou um punhado de pó para dentro, ao entrar no quarto, o pó começou a sumir, logo não havia mais nenhum vestígio de poeira no quarto.
Quando a poeira entrou no quarto, Éris acompanhou a mana se movimentar no quarto e relatou para ele.
Vendo isso, Edart ficou fascinado, ele não sabia como funcionava, mas ficou pensando nas possibilidades e facilidades que a magia poderia criar. Uma casa que não fica suja era apenas uma coisa menor, o que um feitiço maior poderia fazer.
— "Eu preciso aprender a fazer isso."
— ["Talvez o laboratório tenha livros sobre isso."]
Ao pensar sobre o quarto que restava, Edart esperava, do fundo do coração, que esse cômodo fosse realmente um laboratório.
Não perdendo tempo, foi em direção ao último quarto. Parado em frente à porta, ele segurou a maçaneta com entusiasmo. Ao abrir a porta, ela rangeu um pouco e logo o interior do quarto apareceu.