Chereads / Em Busca de uma Vida Tranquila em Outro Mundo / Chapter 21 - Quarto misterioso.

Chapter 21 - Quarto misterioso.

Parado em frente à porta com sua mão estendida, quase a tocando, Edart tinha um dilema em sua cabeça. Se esse comodo fosse realmente um laboratório, não seria possível ter algum feitiço de defesa? Já que o quarto tinha um feitiço de limpeza.

Éris garantiu que não havia nada lá de perigoso, no entanto, Edart não podia deixar de pensar que o feitiço fosse tão avançado que poderia se esconder deles.

— "Seja o que for, não posso passar o dia inteiro parado aqui igual uma planta." Com seu porrete em mãos, empurrou vagarosamente a porta. Lentamente, ela se abriu e revelou seu interior. Para sua felicidade, não havia feitiços de defesa na sala.

— "Você estava certa e que bom que estava." Edart comentou enquanto observava o quarto.

O comodo não era muito grande, contudo havia muitas coisas nele. No centro, havia uma bancada de pedra negra com muitas coisas em cima. Nas paredes, havia mais bancadas e armários com porta de madeira e vidro, o que dava uma visão do interior do armário.

O quarto era bem iluminado, tendo amplas janelas nas três paredes que não estavam conectadas ao resto da casa. Olhando para o teto, dava para ver o telhado, que embora tivesse uma parte inclinada, o topo do telhado era plano, tendo uma claraboia de vidro para iluminar o laboratório.

— ["Após limpar a poeira e as teias de aranha, podemos fazer uso desse local."]

— "Sim, com um pouco de trabalho, talvez conseguimos fazer poções de vida e mana, não precisando mais fazer aquelas rusticas 'Bola de Vida'."

Não perdendo mais tempo, Edart abriu caminho entre o mar de teias de arranha e entrou no laboratório que parecia ser de química ou alquimia.

Vasculhando o local, Edart achou muitos frascos de vidro parecidos aos que são usados em laboratórios da era moderna. Havia béquer, tubo de ensaio, erlenmeyer, kitasato, proveta, balão de fundo chato e redondo, entre outras coisas que Edart imaginou que seria usado em algum processo químico que ele desconhecia.

Alguns dos frascos estavam quebrados, contudo, eram poucos. Também havia frascos com líquidos dentro, ao usar 'Identificar', tudo o que teve de resposta era: —["Líquido estranho, não seguro para ingestão."] Edart não iria arriscar e jogaria isso fora depois. Com o passar do tempo, o que quer que estivesse dentro desse frasco havia estragado, sobrando apenas um líquido estranho.

Conforme vasculhava, encontrou potes de cerâmica com ingredientes para alquimia, infelizmente todos já estavam estragados. Todo o cômodo estava preparado e montado para trabalhar com alquimia. Se Edart quisesse se aprofundar nessa área, ele teria todo o equipamento à sua disposição, o que lhe daria uma grande ajuda.

—"Isso parece bom, não vejo a hora de criar uma poção de vida, no entanto, vamos dar uma atenção a esses dois."

Em todo laboratório, havia dois móveis que não pareciam estar relacionados à alquimia diretamente. O primeiro era uma estante, que continha livros e pergaminhos, o outro era, um baú, que Edart não sabia o que continha dentro dele.

—"Vamos começar com o que tem mais valor. Éris, você vê algo de valor no meio dessa pilha de livros e pergaminhos?"

Olhando para a estante de livros, os olhos de Edart brilhavam como se diante dele estivesse o tesouro mais valioso do mundo. O que para ele era conhecimento e informações sobre esse mundo em que ele apareceu, se pudesse descobrir algo sobre isso, seria a melhor coisa no momento.

Todo conhecimento é valioso e pode ajudar a viver nesse novo mundo.

Éris demorou alguns segundos, logo ela disse o que ele esperava.

— ["Nos livros, eu não vejo nada de especial, mas há um pergaminho que parece especial. Quando observado com 'Percepção de Mana', pode ser visto um pequeno brilho avermelhado em volta dele."]

Edart havia parado de usar a 'Percepção de Mana' o tempo todo, se ele mantivesse ativo durante um dia inteiro, no final do dia estaria com muita dor de cabeça e no outro dia se sentiria muito cansado, mesmo tendo dormido bem.

Éris já não sofria disso e, como ela podia usar as habilidades dele, ela ficou encarregada de usar a percepção e ele só usaria quando necessário.

Ativando a habilidade, logo identificou qual era o pergaminho e tirou da estante. Edart não sabia como era feito esse 'papel', que parecia como uma folha sulfite, era branca, sem mancha, também era fina e parecia bastante resistente. Em volta do pergaminho, havia uma fita dourada com alguma escrita que ele não entendia, havia um lacre vermelho sobre a fita que mantinha o pergaminho fechado.

— "Que fascinante" Disse Edart observando o intrincado emblema impresso na cera. O emblema consistia em um triangulo, onde em cada ponta havia um círculo com um símbolo dentro. Desses círculos saíam linhas em direção ao centro do triangulo, onde tinha outro círculo com outro símbolo dentro.

Edart não sabia o que o símbolo interno queria dizer, no entanto, os três externos pareciam representar a terra, água e fogo. Era uma especulação que não poderia ser confirmada. 

Havia escritas por todo o selo que não entendia e nem se deu o trabalho de tentar entender. Essa escrita pareciam runas nórdicas, só que mais complexas.

Como esse pergaminho continha mana, Edart não sabia o que esperar e estava com receio de abrir. Depois de juntar coragem ele começou abrir e disse.

—"Me deseje sorte."

Depois de quebrar o selo, desenrolou o pergaminho. Quando estava na metade um brilho laranjado apareceu num instante e uma onda de calor passou por ele. Edart fechou os olhos e esperou pelo pior. Depois um minuto, nada aconteceu, ele abriu o olho direito, vendo o pergaminho aberto em suas mãos sem nada de erado.

Examinado o pergaminho de cima a baixo ele chegou a uma conclusão.

—"Não entendo nada do que está escrito aqui." Disse desanimado, quase chorando de frustração. Essa era sua esperança de adquirir algum conhecimento, porem como era analfabeto nesse mundo, todo o conhecimento contido nessa estante seria inútil.

—"Éris, me diz que você pode entender isso!"

—["Sinto muito Edart, entendo tanto quanto você. Não desanime, com algum tempo podemos entender isso ou podemos achar alguém que entenda."]

—" Sim, podemos fazer isso, só espero que não demore muito. Bem, vejamos se conseguimos interpretar algo disso."

Dando uma segunda olha com mais calma, Edart começou pelo que parecia ser o título. Havia uma escrita que ele chamou de 'escrita rúnica' no centro e em cada lado tinha um simbolo.

Na esquerda, estava desenhado o que parecia ser uma chama e do outro lado tinha uma bola que parecia estar em chamas.

Abaixo disso, havia algo escrito em rúnico, infelizmente Edart não tirou nada de útil disso. Após isso, formas geométricas foram desenhadas uma sobre a outra com mais escrita rúnica em volta. Havia algo nisso que deveria ser importante, mas para Edart parecia apenas um embaralhado de formas geométricas.

Não tendo mais nada, ele voltou à única coisa que entendeu.

— "Fogo e uma bola em chamas, o que poderia ser isso? Um feitiço sobre como incendiar coisas?"

Edart não queria desistir disso ainda, isso poderia ser um feitiço que poderia ajudá-lo em suas próximas batalhas. Pelos próximos minutos, ele tentou diversas coisas.

— "Se isso é um pergaminho de feitiço, eu não deveria aprender isso só de pegar na mão? Talvez…" Com uma nova ideia, Edart fechou os olhos e começou a pensar em aprender o feitiço. Conforme o tempo passava, mais o pergaminho se aproximava de sua cabeça. No final, ele estava esfregando o pergaminho na cabeça na tentativa de aprender o que quer que estivesse escrito nele, infelizmente nada funcionou.

— "Ainda bem que não tem ninguém para me ver fazendo isso." Disse em voz baixa, se sentindo envergonhado do que acabara de fazer.

— "Talvez se eu recitar algo, coisa como um canto de evocação, como naqueles animes e livros que li", disse para si.

Edart não esperava ter sucesso, mas ele sempre se imaginou jogando feitiços por aí quando estava na terra. Então, ele não poderia deixar de tentar com a possibilidade de ter sucesso. Assim, ele começou a dizer qualquer coisa.

— "Fogo apareça. Queime em minhas mãos. Solte uma labareda. Fogo saia voando." Enquanto dizia frases parecidas com essas, ele apontava sua mão para frente na tentativa de ver o fogo saindo dela. Após pronunciar muitas dessas frases e sem ter sucesso, ele parou e tentou pensar no que estava errando.

— "Talvez se eu criar uma história com algo relacionado ao fogo que seja forte…"

Assim que pensou em algo, enquanto segurava o pergaminho com a mão esquerda, apontou a direita para frente. Edart tinha certeza de que falharia, contudo, ele queria tentar porque parecia legal e queria esquecer do que aconteceu nos últimos dias. Então começou a falar.

— "Oh, grande mundo, o poder dos poderes. Dai-me o poder de evocar o fogo de dentro dos vulcões, concentrado…" Nesse momento, ele tentou pensar em uma forma para o fogo. Após pensar um pouco, lembrou do pergaminho e a forma contida neles. Isso não demorou nem um segundo, então ele continuou.

—"… em uma bola de fogo, para poder lançar em meus inimigos e reduzi-los a cinza…" Quando chegou a última parte, ele se lembrou dos magos de fogo dos jogos no seu mundo, onde seu primeiro feitiço geralmente era uma bola de fogo. Mantendo em mente a imagem de uma bola de fogo voando em direção a seus inimigos, ele gritou a parte final.

— "… Bola de Fogo!!!!"

No primeiro momento, nada aconteceu, como Edart esperava. Contudo, assim que estava prestes a abaixar a sua mão. Uma sensação de calor tomou conta de seu corpo. Todos os seus membros se esquentaram, principalmente seu peito. Logo, todo calor se acumulou em seu braço direito.

Em menos de um segundo, apenas a palma da mão estava quente e começou a ficar insuportável para ele. No próximo segundo, uma pequena bola de fogo do tamanho de uma bola de tênis pairou na frente de sua mão.

Fascinado com tudo o que aconteceu, Edart observava tudo com o máximo de atenção juntamente com a 'Percepção de Mana' não querendo perder nada. Mais um segundo se passou. De repente, a esfera de fogo que ele observava desapareceu de sua visão.

— "Para onde foi?" No mesmo momento em que terminou sua pergunta, um som de vidro quebrando ressoou em seus ouvidos, chamando sua atenção.

Ao olhar na direção do barulho, Edart viu a pequena bola de fogo atravessando e quebrando a janela de vidro à sua frente.

A esfera voou através da janela para a parte de trás do prédio por cerca de 20 metros. Após percorrer essa distância, ela atingiu o chão e explodiu em chamas, abrindo uma pequena cratera no local de impacto.

Edart observou tudo isso de boca aberta. Um minuto depois que tudo aconteceu, ele voltou a si.

— "Eu fiz isso, eu realmente fiz isso" Disse sem acreditar, com muita felicidade por ser capaz de fazer isso. No entanto, ele percebeu algo que diminuiu sua felicidade.

— "Eu quase explodi e coloquei fogo na casa que acabei de achar."

Percebendo isso, ele decidiu sair e dar uma olhada no local do impacto. Não querendo levar o pergaminho para fora, levantou a mão esquerda em direção ao armário para deixá-lo lá. Infelizmente, sua mão estava vazia.

— "Não me diga que era de uso único?" Edart falou, começando a ficar em pânico por desperdiçar algo tão valioso.

— ["Quando você conseguiu ativar o feitiço, o pergaminho virou um punhado de luz e entrou em seu corpo. Você estava tão concentrado que não percebeu isso."] Éris se adiantou e falou. Escutar isso o acalmou.

— "Teve alguma mensagem de habilidade?" Perguntou curioso, para saber se conseguiu adquirir uma nova habilidade.

— ["Sim, para não atrapalhar sua concentração, eu impedi as notificações aparecerem em sua visão. Posso mostrar elas agora se você quiser."]

— "Obrigado, pode reproduzir elas agora." Edart ficou feliz de que Éris tenha pensado nisso, assim nada atrapalhou sua concentração, o que deu a chance de ele aprender mais sobre os feitiços.

Logo as mensagens começaram a aparecer em sua visão.