Chapter 2 - Despertar

— "Arrrgh".

Sentindo uma dor horrível por todo o corpo, Edart foi acordado. Parecia que seu corpo estava queimando e milhares de agulhas foram espetadas ao mesmo tempo, por todo o seu corpo. A cada respiração que dava, parecia que os pulmões estavam queimando com uma forte sensação de ardor, a dor era insuportável e a cada segundo tornava-se pior.

Não muito tempo depois, ele desmaiou de dor. A última coisa de que conseguiu se lembrar foi de ver algumas palavras flutuando no ar, 'Deve ser alguma alucinação' pensou ele.

— ["Iniciando sistem…"].

Ali, deitado inconsciente em um gramado macio, o corpo de Edart começou a passar por mudanças que nenhum cientista da Terra poderia descrever. Para poder viver nesse novo mundo e aproveitar o que ele tem a oferecer, seu corpo teve que mudar e essa mudança não seria suave e tranquila, mas para sua sorte, ele não teria que aguentar toda essa dor.

— "ssssghnnnnn" Depois de um tempo desconhecido, Edart acordou e respirou profundamente assustado, mas lembrando da dor que ele sofreu ao respirar, ele fechou a boca rapidamente e se preparou para aguentar, mas depois de alguns segundos não aconteceu nada. Surpreso com isso, mas ainda com medo, deu uma pequena respirada e se preparou para a dor que não veio novamente.

Relaxando por não sentir mais dor, voltou a respirar normalmente e a cada respirada, seu corpo encheu-se de energia. 

Uma energia que ele nunca tinha sentido antes em seus 19 anos de idade, parecia que era invencível. Com essa sensação, fechou os olhos e se concentrou nesse sentimento, ali ficou deitado por alguns minutos apenas aproveitando.

— ["Adquirida habilidade 'Percepção de Mana (Comum) (Nível: 1)'"].

— ["Descrição: Ao se concentrar no mundo à sua volta, percebe-se que tudo está conectado com uma estranha energia (Mana), desde as pequenas formigas até as gigantescas montanhas, tudo é preenchido com essa energia. Essa habilidade ajuda na percepção da energia ao redor, quanto maior o nível da habilidade, melhor e mais fácil será perceber essa energia"].

— "Que diabos é isso!" - gritou Edart.

Edart abriu os olhos e ficou olhando atordoado para o céu. Lá entre ele e o céu, havia palavras escritas e em seu ouvido, com uma voz suave e feminina, podia ouvir a narração dessas palavras. Lentamente, a narração terminou e logo depois as palavras sumiram de sua visão.

Depois de um tempo, Edart voltou a si e começou a pensar: 'estou sonhando, só pode ser isso, não tem mais nenhuma explicação. Ouvi dizer que tem gente que tem sonhos lúcidos. Esse deve ser um deles, então é assim que se parece, dá até para sentir dor como na realidade, que medo, mas é apenas um sonho, logo devo acordar' ….. 'Sim, sim, sim, é isso, ahhh que alívio, tudo não passa de um sonho' …... 'Agora só preciso esperar e logo vou acordar'.

Deitado sobre a grama macia, Edart ficou observando o céu azul e o que tinha ao seu redor, esperando acordar e sair desse sonho. Ao longe, pela sua visão periférica, ele podia ver algumas árvores, o que lhe disse que deveria estar em uma pequena clareira.

Voltando sua atenção para o céu, percebeu haver algo estranho e fora do lugar.

No céu, que deveria ter uma lua apenas, tinha duas, uma grande e azulada, tendo 3 vezes o tamanho da lua da Terra e outra cinza que se parecia com a lua que ele conhecia, mas era maior, aproximadamente 1,5 vez o tamanho da lua da Terra.

Surpreso com essa descoberta, ele ficou observando essas luas que lhe traziam uma profunda sensação de tranquilidade.

Na Terra, um de seus passatempos era observar o céu noturno, principalmente a lua, pois não tinha condições para comprar um bom telescópio e observar outros objetos celestes. Durante isso, o tempo passou e logo se foram 10 minutos. 'Já faz um bom tempo, nunca sonhei por tanto tempo, já devia ter acordado'. Após ter esse pensamento, outra mensagem apareceu em sua visão com um barulho vindo da sua barriga.

— "Arghhhh".

— ["Afligindo por condição de status: 'Fome (leve)'"].

— ["Vida e Vigor se regenerarão mais devagar, você deve comer alguma coisa para o efeito ser suspenso"].

Colocando a mão sobre sua barriga e olhando para essas estranhas palavras flutuando novamente em sua visão, um pensamento veio a sua cabeça. 'Não me diga que isso não é um sonho, essas sensações, essa fome, tudo parece ser tão real para ser um sonho, mas eu me lembro bem de ter deitado na minha cama quente e macia'.

Com esse pensamento, Edart senta-se rapidamente e olha ao redor. Olhando para o gramado, para as árvores ao longe, das quais algumas estão cercadas por pequenos arbustos, para as pedras que aparecem aqui ali. Observa como o vento balançava as copas das árvores e como o vento passava por ele.

Aproveitando o vento, ele se preparou para cheirar os odores da floresta, esperando um cheiro agradável. "Ssssnnnff". "Coff Coff", mas o que vem ao seu nariz é o cheiro de excrementos de algum animal.

— "Droga, maldito animal, isso é real de mais para ser um sonho" disse Edart em frustração.

'Onde eu estou? Como vim para aqui? Como volto para casa? O que eram aquelas palavras na minha visão? E aquela voz, será que tem alguém me observando?'. Com essa última pergunta em sua mente, Edart olhou rapidamente em sua volta procurando por alguém ou algo que lhe desse alguma resposta.

Não achando nenhuma resposta para suas perguntas, Edart decidiu se concentrar em seu maior problema por enquanto, a fome. Ele olhou para os arbustos próximos às árvores no limite da clareira e começou a se aproximar, 'talvez seja um arbusto de frutinhas', pensou ele.

Chegando mais perto, conseguiu ver alguns pontos vermelhos entre os arbustos e começou a ficar animado. Finalmente em frente do arbusto pode ver as familiares amorrinhas vermelhas que comia em sua infância quando ia na casa de seus avós que ficava no interior.

Com as alegres lembranças do passado, Edart esqueceu-se completamente da sua situação e começou a comer as amorrinhas. 

Passou os próximos 20 minutos indo de arbusto em arbusto, pegando todas as frutinhas que via e colocando na boca. Como as plantas estavam próximas umas das outras, foi uma tarefa difícil que rendeu alguns arranhões em seus braços e pernas.

— "Crack". Ouvindo galhos se quebrando, Edart endireitou o corpo e olhou em volta assustado. Olhou em todas as direções, mas não viu nada, não vendo nenhum animal ou ser vivo, ele decidiu voltar a sua tarefe de procurar comida.

Quando estava se abaixando para começar a procurar mais amorrinhas, ele sentiu um forte impacto contra seu peito. — "Bamm", que o empurrou para fora dos arbustos, caindo de bunda no chão. — "ssssghnnnnn". Com o impacto, o ar saiu de seus pulmões, então ele respirou fundo para recuperar o ar perdido.

O impacto foi como se alguém tivesse chutado uma bola de futsal com muita força em seu peito, como ele não estava preparado para isso, foi pego de surpresa e perdeu o folego. Levando a mão ao peito, começou a esfregar contra o peito e logo a dor diminuiu.

Levantado a cabeça e preparando-se para levantar, ao mesmo tempo em que procurava o que o atingia, viu entre os arbustos uma figura pequena com pelos brancos e olhos vermelhos, tinha um olhar de raiva e em sua visão tinha Edart como alvo.

Assustado, Edart se afastou da criatura rastejando para trás, não conseguiu ir muito longe, menos de 1 metro depois, ele bateu contra uma árvore. Ali, ele ficou olhando para o coelho, tentando entender o que estava acontecendo e apalpava inconscientemente o chão em busca de alguma arma.

Como se entendesse que Edart não conseguia fugir para lugar nenhum, o coelho começou a correr em frente com a intenção de atacar. Em um instante ele fechou à distância de três metros entre eles e pulou para acabar com a vida de Edart.

Edart que estava apavorado e apalpava o chão em busca de algo para se defender, sentiu algo em sua mão que podia segurar. Quando o coelho pulou sobre ele, como se seu corpo reagisse sem ele mandar, sua mão se envolveu no objeto e seu braço descreveu um arco na horizontal.

Por um lance de sorte, o objeto que ele pegou era um galho de árvore com uns 60 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro, acertou em cheio o pequeno coelho e o enviou voando direto contra uma pedra a uns dois metros de distância.

Ele seguiu a trajetória do coelho e viu como ele bateu contra a pedra e ficou ali tentando se levantar, sem sucesso. Edart levantou e começou a avançar contra o coelho com cuidado. Ao chegar, viu como o coelho estava sofrendo, devido à batida contra a pedra e ao golpe de Edart, deve ter quebrado alguma coisa. O coelho ainda era um filhote, tendo um corpo fraco, mesmo assim conseguiu acertá-lo com força, o que não fazia sentido para ele.

Vendo-o sofrer, Edart decidiu que, devia acabar com isso, para que o coelho não sofra mais. Com um golpe forte contra a cabeça, a dor e a vida do coelho se foram, restando apenas uma massa vermelha no local. Em seguida, a voz que se tornava cada vez mais familiar e as palavras apareceram em sua visão.

— ["Você matou um 'Coelho branco de olhos azuis (Jovem)(Nível: 3).'"].

— ["Você ganhou 15 de XP"].

— ["Você subiu de nível, agora seu nível é 2"].

— ["Você ganhou 2 pontos de atributo para distribuir livremente entre seus atributos principais"].

— ["Você cassou sou primeiro animal selvagem, emprego 'Caçador (Comum)(Nível: 1)' está disponível"].

Edart ficou atordoado com essas informações, parecia que ele estava em um jogo, mas não teve tempo para pensar, pois as notificações continuaram vindo sem parar.

— ["Adquirida habilidade: 'Rastreio (Comum)(Nível: 1)' "].

— ["Descrição: Você se tornou um 'Caçador' e para poder caçar, você precisa rastrear suas presas. Consegue achar e seguir trilhas com mais facilidade.

Essa habilidade aumenta sua percepção conforme for evoluindo. Percepção +1."]

— ["Adquirida habilidade: 'Manejo de Porretes (Comum)(Nível: 1)' "].

— ["Descrição: Você tentou usar um galho de árvore como arma e descobriu que conseguia. Sua compreensão sobre como usar porretes como arma e dano infligido aumenta conforme maior for o nível dessa habilidade.

Essa habilidade aumenta sua força conforme for evoluindo. Força +1."].

Logo as notificações pararam, a voz sumiu de seu ouvido e as letras sumiram de sua visão. Edart ficou parado em pé, atordoado em frente ao coelho morto por alguns minutos, tentado compreender tudo o que viu. Se tivesse outro coelho, ele seria morte e nem saberia como morreu.

— "Isso… Eu entrei... em algum jogo, mas como, isso se parasse com a realidade, mas tem essa coisa de níveis… isso é… tão confuso".

Enquanto isso, um cheiro de sangue começou a subir e atingiu seu nariz e ele olhou para baixo.

— "Melhor eu enterrar isso, poderia comer assado, diz que coelho tem gosto de frango. Mas não tenho fogo e nem sei como limpar isso. E se tiver alguma doença... certo, vamos começar enterrando o coelho e depois sair daqui, não quero que algum animal maior apareça".

Usando o galho como pá, Edart cavou rapidamente uma cova rasa com 10 cm de profundidade, 20 cm de comprimento por 10 cm de largura. O coelho era um filhote e não era muito grande.

Depois, ele voltou para a clareira e foi para o lado oposto, segurando seu porrete firme em sua mão e atento a qualquer movimento, pronto para revidar. A clareira tem por volta de 200 metros de diâmetro.

Chegando na linha das árvores, ele viu os mesmos arbustos que antes, ainda sentindo fome, foi até os arbustos em busca de mais amorrinhas. Diferente de antes, foi muito mais cauteloso e com seu porrete cutucou os arbustos e esperou para ver se algo saia deles. Quando teve certeza de que não tinha nada, ele começou a procurar e comer.

— [" Removido condição de status: 'Fome (leve)'"].

— ["Vida e Vigor se regenerarão normalmente"].

Vendo esse aviso, ele não parou, ficou procurando e comendo por mais 10 minutos.

— "ahhhh… estou satisfeito, agora tenho que entender melhor a minha situação, mas tenho medo de ficar aqui e ser atacado"

Edart começou a procurar por uma árvore que fosse alta que ele pudesse escalar. Não muito longe, ele encontrou uma árvore de 12 metros de altura, seu galho mais baixo estava a 1,5 metro de altura, eles eram grossos e aguentariam seu peso e outros animais teriam dificuldade de subir, pensou ele.

Depois de algumas tentativas, ele conseguiu subir e parou a 8 metros, para cima os galhos começaram a ficar muito finos. Sentado com um galho entre as pernas e o troco da árvore nas costas, ele começou a pensar sobre o que aconteceu até aqui.

— "Não se passaram 2 horas desde que acordei, mas parece que passei uma semana aqui…".

Com um lugar para descansar, ele começou a pensar sobre as estranhas mensagens.

— "Isso se parece como se fosse um jogo, será que não tenho uma aba de status ou algo do tipo".

Quando estava pensando sobre isso, muitas palavras começaram a aparecer em sua visão.