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Chapter 31 - Adeus, querida.

Ana, ao chegar nas escadas, sentiu uma pontada de terror. Ela sempre teve pânico daquela escada. Os degraus se perdiam de vista de tão enormes. Mas sem pensar duas vezes, ela olhou para trás e, quando ia descer as escadas, uma mão brutalmente segurou seu braço, fazendo-a parar abruptamente.

— Você é bem intrometida, não é, Ana? — A mulher falou com um sorriso irônico. Era Lucy, que a encarava com um olhar malévolo e cruel. — Não tenho nada contra você, mas se continuar cruzando o meu caminho, nada de bom vai acontecer com você e com sua criança. — Disse num tom ameaçador.

Há um tempo que ela segue os passos de Alexia e quando viu que Ana tinha visto ela, Lucy surtou. Ela está disposta a convencer Ana a não ir atrás de Alexia, mas Ana sabia que não poderia simplesmente deixar sua amiga. Ela precisava de respostas e não estava disposta a desistir.

— Solte-me, Lucy. — Ana disse com voz firme, tentando se soltar do aperto de Lucy. — Eu preciso ir atrás dela. Algo aconteceu, eu sei. — Ana falou com a voz emocionada.

Lucy olhou nos olhos de Ana com intensidade e sorriu.

— Não seja tola, Ana. Essa é a sua chance de finalmente ficar com tudo que Mael deixou nas mãos do lunático do seu marido.

— Matheo e eu não precisamos do dinheiro que é da Alexia, trabalhamos para ter o nosso. — Ana falou sem hesitar.

— Tolinhos! Não joguem sua vida fora por ela. Pois se você insistir, terei que me livrar de você! — Lucy passou a mão na barriga de Ana e sorriu maliciosamente. — Pense nela! Você não quer ver sua filha sofrer, não é mesmo?

Ana se assustou com o tom da ameaça. Ela tentou se soltar mais uma vez, mas Lucy a segurou com mais força, seus olhos brilhando com uma fúria assassina. Ela parecia estar disposta a tudo para impedir Ana de ir atrás de Alexia.

— Me solta! — Ana gritou. Ao ver a forma que Lucy sorria com seu desespero, ela temeu o pior. — Socorro... — Ela gritou algumas vezes.

Ana utilizou todo seu esforço para se libertar do aperto de Lucy, mas antes que pudesse fazer isso, a suposta mãe de Alexia a empurrou com força. As tentativas de se equilibrar falharam miseravelmente, fazendo com que Ana caísse mais de 25 degraus.

— Adeus querida. Eu tentei te avisar. — Ela fingiu um choro e saiu rindo, fechando a porta atrás dela.

Ana sentiu uma dor lancinante pelo corpo e então tudo ficou escuro...

Enquanto isso, Matheo estava em uma reunião de trabalho quando recebeu a ligação do hospital. Seu coração disparou ao ouvir a voz do médico do outro lado da linha, informando-o sobre o acidente de Ana.

— O que aconteceu? Como ela está? — Matheo quase gritou, sua voz embargada pelo medo e preocupação.

— Senhor Laurent, sinto muito informar que Ana teve uma queda grave. Ela está sendo levada para a cirurgia neste momento e... — o médico pausou por um momento, engolindo em seco antes de continuar. — Ela perdeu muito sangue e está em estado crítico. Vamos fazer o possível, mas as chances não são boas.

Matheo sentiu a sala girar ao seu redor. A mulher que ele amava estava lutando pela vida. O nervosismo tomou conta dele e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

— Minha filha, como ela está? Ela vai ficar bem, não vai?

— Vamos fazer o possível senhor Laurent.

— Por favor, salve minha esposa, salve minha mulher! — Ele implorou. — Me mantenha informado. Eu vou para o hospital imediatamente. — Matheo desligou o telefone e se levantou, mal conseguindo se concentrar em direcionar suas palavras para seus colegas de trabalho.

Ele correu para o hospital, sua mente girando com pensamentos angustiantes. E quando finalmente chegou, teve a pior notícia que alguém poderia receber.

— Eu sinto muito, senhor. Fizemos tudo que era possível, mas... infelizmente a Ana faleceu na cirurgia.

— Não! — Ele gritou sem acreditar.

Não conseguindo conter o desespero, Matheo caiu de joelhos, soltando um gemido de dor incontrolável. Ele perdeu a mulher que amava, a mãe de sua filha. Toda a esperança e sonhos que tinham construído juntos se desfizeram diante de seus olhos. Ele sentiu uma mistura avassaladora de tristeza e raiva, sem conseguir entender como algo assim poderia ter acontecido.

Enquanto isso, a pequena Marcela passou por alguns exames. Apesar de ter nascido antes do tempo, ela era uma menina forte e saudável. Matheo a segurava em seus braços, sem saber o que havia acontecido. Ela era agora a única ligação que Matheo tinha com Ana, e ele sabia que teria que ser forte por ela. Mas mesmo assim, o vazio deixado pela perda da esposa era avassalador.

Andando em passos lentos e derrotados, o médico o leva para se despedir da esposa antes de levarem para perícia.

— Matheo, não podemos demorar. — O médico comenta sem jeito. Matheo, por sua vez, mal ouve. Seus olhos estavam fixos na esposa.

— Amor... por que me deixou? — Ele fala segurando em sua mão. Matheo tremia e chorava sem conseguir se controlar.— Como vou viver sem você? Abra os olhos, veja como nossa filha é linda.— sentado na cadeira ao lado da cama, ele agarra a cintura de Ana e chora compulsivamente.— Não me deixe, amor, por favor, não me abandone.— Matheo olha para o rosto antes cheio de vida, agora pálido. Ele estava saindo quando seus olhos caem sobre o braço de Ana, nele havia um enorme hematoma. Ana tem a pele clara, qualquer batida ou aperto fica evidente.—O que é isso?.— ele pergunta para o médico.

— Acreditamos que seja do tombo.— a enfermeira que acompanhava disse com os olhos atentos onde ele estava olhando.

— Tombo? Isso são marcas de dedos!— Ele fala um pouco alterado.— Minha mulher foi empurrada, isso não foi um acidente. Alguém matou a mãe da minha filha.